sábado, dezembro 05, 2020

Asas demoníacas sobre Shadizar

 


Eu devia ter uns 14 anos e, na época, se você quisesse pagar um conta deveria enfrentar uma fila enorme no banco. E eu era responsável por pagar as contas da casa. Certa vez a fila era tão grande que saía do banco e serpetenteava por toda a quadra. Para se distrair, alguém levou um gibi, que acabou emprestando para a pessoa do lado, que emprestou para a outra, que emprestou para a outra, até que chegou em minhas mãos e só devolvi quando li tudo, incluindo a sessão de cartas. Era a Superaventuras Marvel número 4 e, entre todas as histórias, uma das que mais me chamaram atenção foi uma aventura de Conan escrita por Roy Thomas e desenhada por Barry Smith, Asas demoníacas sobre Shadizar, publicada originalmente na revista Conan The barbarian número 6.
Essa é uma história de quando a equipe já estava mais afinada e já tinha entendido o personagem, depois do tropeço das primeiras revistas.
Conan conhece Jena. 


Na HQ, conan está com um saco cheio de moedas de ouro quando entra numa taverna. Lá ele conhece uma prostituta, Jenna, que o convence a fundir o ouro no formato de coração (segundo ela, mais fácil de carregar) e o leva para o deserto, onde, no meio de um beijo, os dois são atacados por sacerdotes do deus noturno e a moça é levada por eles para servir de sacrifício.
Conan, depois de procurar o ferreiro que a moça dizia ser seu tio (era mentira), resolve resgatá-la sozinho, disfarçando-se com o manto vermelho dos adeptos do culto.
O deus noturno é, na verdade, um imenso morcego (é impressionante como na era hiboriana existiam muitos animais enormes e mais impressionante ainda como eles eram quase sempre confundidos com divindades!).
Na era hiboriana qualquer animal gigante era considerado um deus. 


Conan, claro, salta no morcego e salva a moça, mas acabam no deserto. Desgastado pela luta, é consolado pela moça, que lhe sugere e tenha sonhos dourados. Quando acorda, sozinho, em pleno deserto, Conan descobre que a moça fugiu levando o coração de ouro e concluí: “Eu fiquei com os sonhos.. e ela com o ouro”.
Estava ali todos os elementos de uma boa história de Conan, a começar pela filosofia de Robert E. Howard, segundo a qual a verdadeira honra só pode ser encontrada em um selvagem. Terminar com a adorável moça roubando o ouro daquele que a salvou representa muito bem isso. Junte a isso cultos estranhos, muita ação, o traço de Barry Smith, que já começava a se tornar aquele que todos conhecemos, um Conan que, apesar de seu gesto heroico, é pouco cavaleiro, e temos uma ótima aventura do barbáro. 

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