Em 1971 o psicólogo Philip Zimbardo conduziu uma experiência para entender como uma prisão afeita o comportamento dos prisioneiros. Para isso, ele selecionou 24 estudantes, considerados os mais equilibrados psicologicamente entre 70 voluntários. Como era época da impopular Guerra do Vietnã, ninguém queria ser guarda – de modo que tiveram que sortear quem seria prisioneiro e quem seria guarda.
A experiência logo saiu do controle. Os guardas abusavam repetidamente de seu poder, humilhando e torturando psicologicamente os prisioneiros, que eram muitas vezes acordados de madrugada para contagens que duravam horas ou sessões de humilhação – que incluíam desde humilhação sexual até obrigar um estudante religioso a proferir palavrões. Até mesmo Zimbardo e seus assistentes saíram do controle, estimulando o comportamento dos guardas.
A experiência, que deveria durar duas semanas, foi abortada no sexto dia, quando o nível de descontrole dos guardas chegou ao seu auge.
O que começou como uma pesquisa sobre o comportamento dos prisioneiros terminou com um dos maiores alertas já feitos sobre os perigos do poder e do abuso de autoridade.
O episódio ganhou um filme dirigido por Kyle Patrick Alvarez e lançado pela Netflix em janeiro de 2018. O diretor busca fazer uma reconstrução o mais próxima possível dos acontecimentos reais, inclusive do ponto de vista visual (a experiência foi filmada, por isso há muitas imagens disponíveis). Além disso, o uso inteligente de closes torna tudo ainda mais pungente e assustador . As expressões faciais destacam a reação dos presos, de repente imersos em algo que não compreendem e a espiral de sadismo dos guardas, cada vez mais fascinados com as delícias do poder.
O experimento de aprisionamento de Stanford é um filme assustador sobre como pessoas normais podem se tornar psicopatas e deixar aflorar toda a sua maldade numa situação de poder e de grupo – e sobre como essa sensação de poder vai contaminando a todos, inclusive os pesquisadores. E um grande alerta sobre os perigos do poder.
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