Certamente uma das mais estranhas histórias do Monstro do
Pântano é Pog, publicada em Swamp Thing 32, com desenhos de Schawn McManus.
Essa história é uma menos celebradas pelos leitores, a
maioria dos quais deixou escapar a referência óbvia. Pog é a versão de Alan
Moore para Pogo, de Walt Kelly.
Essa tira de quadrinho surgiu inicialmente como um gibi da
Dell Comics, mas logo migrou para os jornais, sendo publicada por até 500
períodicos na sua fase áurea.
Walt Kelly usava Pogo para falar de temas políticos e ecológicos. |
Pogo é um gambá antropomorfizado que vive em um pântano com
seus amigos, o jacaré Albert, a coruja Howland Owl, a tartaruga Churchy La
Femme, o mastim Beauregard Bugleboy e o porco-espinho Porkypine.
Inteligentemente, Walt Kelly usava o formato aparentemente inocente de história
em quadrinhos com bichinhos para refletir sobre a sociedade em que vivia e
fazer forte crítica política. O senador Joseph McCarthy, por exemplo, apareceu
na história como um gato selvagem de tendências ditatoriais chamado Simple J.
Malarkey. Na HQ o gato desencadeia um reino de terror e intimidação no pântano.
Walt Kelly também usava as tiras e páginas dominicais para
difundir ideias ecológicos. Uma frase de uma das histórias tornou-se lema de
grupos de ecologistas: “Nós encontramos o inimigo, e ele somos nós”.
Alan Moore faz uma homenagem a Pogo.
Moore usa todo esse contexto na história com maestria,
imaginando um grupo de animais que cruza o universo em busca de um planeta onde
poderão viver em paz depois de seu planeta ter sido destruído por uma espécie
predadora, que não vivia em harmonia com a natureza.
O protagonista é Pog, e seu amigo (que tem grande importância
na história) é um jacaré nitidamente baseado no jacaré Albert. Também é
possível perceber na tripulação um equivalente a um porco espinho. Além disso,
a nave é uma tartaruga.
O grupo chega à terra e descem exatamente no pântano onde
vive o Monstro do Pântano. Eles ficam
maravilhados com a natureza exuberante e acreditam que finalmente acharam a
Dama, a terra prometida. Mas a dura realidade logo se revelará para eles.
Essa é a história mais declaradamente ecológica do Monstro do Pântano
O curioso dessa história é que Moore simplesmente inventou
uma língua para os animais alienígenas (o que deve ter dado um trabalho
monstruoso para os tradutores). Um exemplo: “Atmosfitos medianamente
toleráveis... gravifícos bastantes para manter a água parada no fundo... então,
segundo minha calculetagem... vocês podem se desentranhar com plena imunidade
diplomática”.
Posteriormente, em uma história em que o Monstro do Pântano
visita o planeta Rann, Moore voltou a brincar de criar uma língua, mas dessa vez
o fez de forma muito mais ampla.
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