O filme O jovem hitlerista Quex foi uma das principais peças de propaganda nazista |
Pode parecer terrível, mas quase toda a propaganda atual tem suas origens no nazismo. Um dos assessores de Hitler era Goebbels, um gênio da propaganda. E a idéia revolucionária de Goebbels era a seguinte: uma propaganda, para funcionar, não pode parecer propaganda.
Ninguém
gosta de assistir propagandas. Você gosta? Ninguém gosta. Então a melhor
propaganda é aquela que parece tudo, menos uma propaganda.
Vamos
ver como era isso na prática nazista.
Um
filme sintomático, que fez muito sucesso na Alemanha da década de 30 foi O jovem hitlerista Quex. No filme, Quex
é um rapaz bom-caráter e bem-intencionado. O pai, alcoolatra e marxista, bate
nele e o obriga a cantar a internacional comunista. Os companheiros nazistas o
protegem. O pai, com o tempo deixa de beber e se reabilita, tornando-se um
nazista. O final da fita mostra Quex, assassinado por comunistas, agonizando e
vislumbrando a imagem de jovens uniformizados sob a proteção da suástica.
Precisa
dizer mais alguma coisa? O filme, embora fosse um drama, era pura propaganda, e
por isso fez sucesso. Por outro lado, quando a propaganda era muito óbvia, a
rejeição era grande.
Quando
Hitler resolveu adotar a solução final para os judeus, ele percebeu que seria
necessário preparar o espírito dos alemães para a matança que se seguiria. Ele
encomendou a um dos oficiais da SS um filme que tivesse essa função. O
resultado foi um fiasco. O filme, O
Eterno Judeu, tencionava mostrar como eram verdadeiramente os judeus por
trás das máscaras. E era bastante óbvio. Quando falava na sujeira dos judeus,
apareciam moscas na tela. O filme compara os judeus a ratos e mostra um
fervilhante amontado de roedores avançando contra o espectador.
O filme
foi um fracasso. As pessoas saiam do cinema vomitando e poucos ficavam até o
final.
Goebels
resolveu, então, fazer a sua versão. Ele encomendou a um de seus diretores um
filme sobre o judeu Suss, um ministro das finanças alemão do século XVIII que
seduzia as mulheres e explorava o povo com altos impostos. O filme traz aquela
historinha básica de toda novela mexicana: um casal de namorados está
apaixonado, mas a moça está prometida ao judeu rico. O rapaz é aprisionado, mas
consegue escapar e no final o vilão acaba sendo enforcado em praça pública.
A fita
foi um sucesso, chegando a ter grande bilheteria até mesmo na França. Isso
porque, embora fosse pura propaganda, não parecia propaganda.
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