Uma das
razões pelas quais gosto muito da saga de Protheus é que, embora fosse uma
história de super-heróis, a história flertava com o terror.
O vilão,
afinal de contas, era um verdadeiro personagem de terror: alguém capaz de
controlar a realidade, que precisa de corpos para se manter vivo (corpos que
apodrecem com o tempo) e tem como único ponto fraco metais.
A segunda
parte da história, publicada em The Uncanny X-men 126, é uma perfeita
demonstração desse hibridismo.
Na HQ, os X-man chegam à ilha Muir após o apelo de Lorna e
descobrem que Protheus se apossou de um dos corpos do Homem-múltiplo e pode
estar em qualquer lugar da Escócia, usando provavelmente outro corpo.
O horror irrompe quando os mutantes encontram Proteus. Ele
primeiro tenta se apossar do corpo de Wolverine, mas não consegue por conta do
esqueleto de adamantium. Ele então distorce a realidade, fazendo com que
Wolverine simplesmente pire (afinal, ele é como um animal, com sentidos
super-aguçados).
Proteus tem o poder de distorcer a realidade.
A sequência mostra a incrível interação da dupla John Byrne -
Chris Claremont.
Byrne cria formas distorcidas, irreais, enquanto Claremont
passa a sensação vivida pelos personagens Noturno e Wolverine através do texto,
usando inclusive a sinestesia, uma figura de linguagem em que as sensações dos
sentidos são confundidas: “Noturno faz o melhor que pode para tranquilizar seu
amigo... sem saber que, graças a Protheus, Wolverine percebe suas palavras como
gotas de chuva laranja”.
Nem Tempestade é páreo para Proteus.
Nem mesmo Tempestade é capaz de dar conta do mutante X.
A edição termina com Ororo criando um vendaval enquanto o vilão avança sobre ela: “Ela ataca com tudo que tem... seu rosto implacável, enquanto percebe que, desta vez, dar o melhor de si não bastará. Pois, passo a passo, inexorável, Proteus está se aproximando. Se aproximando para matar!”.
A impressão que tínhamos ao ler é de que aquele era um
verdadeiro vilão, alguém capaz de matar sem nem mesmo pestanejar mesmo os
personagens mais poderosos.
Depois disso, as histórias de super-heróis convencionais
pareciam todas infantis demais.
Sem comentários:
Enviar um comentário