A maior ameaça enfrentanda
nas primeiras histórias da série Perry Rhodan foi sem dúvida o mutante Ivã
Ivanovitch Goratchim.
Aliado involuntário do
Supercrânio, que usara seu poder mental para controlá-lo, Ivã conseguia nada
menos que transformar qualquer pessoa ou coisa em uma bomba atômica.
O personagem fez sua
estréia no volume 27 da série, escrito por Clark Darlton. No número anterior o Supercrânio
fora vencido na terra e fugira para Marte onde estava sua arma secreta, o homem
que podia provocar explosões nucleares. Como vencer um inimigo desses?
Darlton detalha o
surgimento do mutante como consequência da explosão da primeira bomba atômica
russa, em 1949. Segundo Darlon, o acontecimento surpreendeu e apavorou o mundo
ocidental, mas também os cientistas soviéticos quando as condições
metereológicas desfavoráveis fizeram com que uma nuvem de poeira radioativa se
abatesse sobre eles. Como resultado, Ivã e sua jovem esposa Ludmila tiveram um filho
que parecia um monstro de duas cabeças.
Isso por si só já era uma
novidade. Os mutantes que haviam aparecido até então na série tinham tido
apenas mutações positivas. Afinal, quem não quer ganhar um poder especial? Mas
todos sabemos que a radiação na maioria das vezes provoca mudanças negativas,
então o surgimento de Ivã torna mais verossímil o exército de mutantes.
A capa alemã mostra Ivan Ivanovicthc. |
Mas há uma outra questão
interessante no volume. As duas cabeças são chamadas pelo Supercrânio
erroneamente de Ivã e Ivanovitch. Segundo Darlton, o vilão “nunca dera a menor
atenção ao fato de que os costumes russos exigem dois nomes para cada
pessoa; no caso de Goratchim, Ivã era o
nome propriamente dito, enquanto Ivanovitch apenas significava filho de Ivan”.
É bem possível que a
sequência fosse uma homenagem ao escritor russo Nicolai Gógol, cujo conto mais
famoso, O capote, era protagonizado por um personagem chamado Akaki Akakievitch
– e o nome do personagem era usado como elemento de humor, uma piada que só
faria sentido na Rússia.
Clark Darlton nitidamente
era fã de Gógol, tanto que um dos episódios escritos por ele na série, O
pseudo, era quase que uma adaptação espacial da peça O inspetor geral (O título
original era O falso inspetor). Desse modo não é estranho pensar que lá no
início da saga de Perry Rhodan já tivesse colocado essa referência à obra do
escritor russo.
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