Até a edição 7, Morféa era
vista como o membro mais inofensivo do Esquadrão Atari. Afinal, seu poder era
apenas a empatia e ela até então se revelara uma pacifista, fazendo o possível
para evitar conflitos (não por acaso ela atua como psicóloga).
No número 7, intitulado
Contra ataque, vemos Morféa em todo o seu esplendor, a começar pela capa, na
qual ela enfrenta o ser que na edição anterior havia torturado Tormenta.
Na história, Martin
Champion se entregara ao vilão achando que com isso este libertaria seu filho,
o que não acontece. Embora Dart e Paco Rato ainda estejam soltos, percorrendo
os dutos de ventilação da nave, tudo parece perdido.
É quando a empata vai até
a nave disposta a resolver a situação.
Então descobrimos que ela
tem um ferrão mental forte o suficiente para deixar desacordado qualquer um dos
soldados inimigos.
Morféa enfrenta um ser que se alimenta da dor...
Ao tentar libertar
Tormenta ela se defronta com Psyklops, um ser que se alimenta da dor alheia.
Usando seus poderes sobre a empata, ele a faz reviver seu passado, uma forma
extremamente eficiente de aprofundar a personagem, pois acontece no meio da
ação e está diretamente relacionada com ela. Não é o tipo de flash back que
parece uma quebra da narrativa e, portanto, muitas vezes é pulado pelo leitor.
Nesse flash back
descobrimos que Morféa foi criada numa sociedade em que todos são iguais, como
formigas e o pronome “eu” é proibido. Levada à rainha por sua inadequação, ela
se lamenta: “Eu sou tão solitária”. Por sua incapacidade de fazer parte da
massa, ela é punida.
Todas essas recordações
trazem muita dor para a personagem, para deleite de Psyklops, mas Morféa
consegue se recompor numa sequência genial, em que texto e desenhos se unem
perfeitamente. Ela inicialmente está caída no chão, com o uniforme usado por
todos no mundo natal, mas vai se levantando aos poucos e sua roupa se
transformando. Sua fala: “Este ser é importante! Este ser é real! Eu... sou importante!
Eu... sou real! Eu... não serei destruída! Eu... não permitirei”. O uso do
pronome pessoal se associa ao empoderamento da personagem, sua afirmação de
identidade, que ganha vulto quando ela finalmente contra-ataca.
A sequência genial mostra a personagem superando o domínio do vilão.
Essa união de ação
empolgante, cenários e personagens diferenciados e aprofundamento psicológico fez
com que Esquadrão Atari se tornasse uma das séries mais célebres da DC de todos
os tempos. Cortesia de Gerry Conway e José Luís Garcia-Lopez.
Sem comentários:
Enviar um comentário