Desde que John Byrne entrou no título dos X-men este foi aos poucos galgando espaço e ganhando fãs. O desenho limpo e altamente expressivo casava perfeitamente com o texto de Chris Claremont. O que Byrne trazia de ação, Claremont trazia de aprofundamento dos personagens.
Mas o ponto de virada do título, o ponto que a partir do qual ele se tornou o mais badalado e revolucionário do mercado de quadrinhos americanos foi The Uncanny X-men 123. Nesse número (e no seguinte), os mutantes enfrentam Arcade, um vilão criado pela dupla Byrne e Claremont em uma aventura do Homem-aranha e do capitão Bretanha.
O vilão cria um parque de diversões mortal. |
A própria ideia do vilão é totalmente inovadora: um playboy que mata seu pai para conseguir a herança e monta um pinball gigante com o objetivo de assassinar heróis. É uma estrutura que permite histórias repletas de ação desenfreada e perigos variados.
Mas o roteiro acrescenta mais um elemento a essa fórmula: Colossus passa por uma lavagem cerebral, é convencido de que sua adesão aos X-men foi uma traição à Rússia e se transforma no Proletário, um herói soviético, cujo objetivo é matar os mutantes.
Claremont aproveita algo que já estava elaborando muito antes: o fato de que Piotr Rasputin nem sempre se sentia um integrante dos x-men e tinha sérias dúvidas sobre sua participação na equipe. Isso cria um dilema único, uma vez que os outros integrantes da equipe não querem matar o colega – mas podem ser mortos por ele.
O resultado é uma aventura totalmente empolgante, em que as possibilidades do Mundo do crime, o parque de diversões mortal criado por Arcade, são muito melhor exploradas do que na aventura do Homem-aranha.
A Abril tirou todas as referências ao comunismo do uniforme do Colossus para evitar problemas com a censura. |
Aliás, a Abril deu sorte: a RGE só tinha publicado os X-men até a aventura anterior, uma HQ morna. Quando começou a publicar os X-men em Superaventuras Marvel 14, a editora da árvore pegou os mutantes em seu melhor momento. Uma curiosidade é que a Abril mudou o nome Proletário para Gigante do Norte e tirou todas as referências ao comunismo no uniforme do personagem provavelmente porque ainda vivíamos a ditadura militar - as mudanças provavelmente foram efetuadas para evitar problemas com a censura.
Em tempo: a capa do número 123 ficou a cargo de Terry Austin, que embora fosse um ótimo arte-finalista, não era um grande capista. No número 124 o desenho da capa voltou a ficar a cargo de Dave Cockrum, que conseguiu dar toda a dramaticidade que a cena exigia.
1 comentário:
Qual foi o número da SAM publicada aqui, o 14? E qual foi o ano de publicação? Foi por causa da censura mesmo ou a Abril não queria nenhuma propaganda comunista nas suas HQs?
Enviar um comentário