terça-feira, abril 04, 2023

A criatividade é o oposto da burocracia

 

O conceituado sociólogo italiano Domenico De Masi afirma que o século XXI será o século da criatividade. De fato, mais que qualquer bem material, a criatividade é um dos bens mais valiosos da atualidade.


Vejam, por exemplo, Bill Gates. O que fez dele o homem mais rico do mundo? Terras? Ouro? Fábricas? Não. O que ele tinha era uma idéia que facilitava o uso dos computadores.

A primeira e mais importante coisa para se dizer a respeito da criatividade é que ela é o oposto da burocracia.

O burocrata faz sempre as mesmas coisas, do mesmo jeito, e nunca erra, mas também não cria nada.

Você já reparou que quando um time está sendo incapaz de inovar, de surpreender o adversário, o locutor diz que a equipe está jogando um "futebol burocrático" ? E é isso mesmo: o burocrata é aquela pessoa incapaz de encontrar soluções novas para os problemas, seja um jogador de futebol ou um político.

A burocracia surge onde há o medo de errar.

Há chefes que dizem aos seus subordinados: "Não admito erros!". Se alguém lhe mostra um trabalho que apresenta algum problema, ele a repreende severamente.

Outros dizem: "Tenho sempre razão e demito qualquer funcionário que me disser o contrário".

Chefes assim são criadores de burocratas, pois seus subordinados, com medo da bronca, vão sempre fazer as mesmas coisas que já deram certo anteriormente e vão sempre concordar com ele. Ou seja, serão incapazes de criar.

Santos Dumont errou muito antes de inventar o avião. 



Os exemplos de invenções que começaram com erros são inúmeros. Santos Dumont, por exemplo, passou por vários vexames antes de conseguir criar um avião capaz de voar.

Muitas vezes o novo surge justamente do erro. O Champagne foi um vinho que fermentou. Cristóvão Colombo achava que chegaria às Índias navegando para o oeste. Errou feio, mas descobriu a América.

E quantas outras invenções e descobertas não surgiram em decorrência do erro?

Mas quem tem medo de errar, e incute esse medo em seus funcionários, fica parado, não evolui, e leva a breca.

Há algum tempo a revista Exame publicou uma matéria intitulada "A excelência mata". Nela, temos contato com vários casos de empresas que fracassaram por serem certinhas demais, em outras palavras, burocráticas.

Um ótimo exemplo é a Olivetti. Ela durante muito tempo dominou completamente o mercado de equipamentos para escritórios, fabricando máquinas de escrever.

Quando surgiram os primeiros computadores pessoais, os PCs, ela resolveu não investir. Afinal, os computadores eram caros e na época só os nerds pareciam se interessar por eles.

A Olivetti teve medo de errar e hoje está com um mercado que em breve não terá mais demanda.

Claro que passar o resto da vida se conformando com os próprios erros não vai tornar ninguém mais criativo, mas compreender que o erro é um risco quando se quer ser criativo, já é bom caminho.

Nas palavras de Domenico de Masi: "Enquanto o burocrata tem razão nove vezes em dez, o criativo, erra nove vezes, mas quando acerta uma vez, está abrindo novos caminhos para a humanidade. Na sociedade pós-industrial haverá cada vez menos lugar para burocratas".

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