quarta-feira, agosto 23, 2023

Batman - morte em família

 


Em 1989 os quadrinhos de super-heróis estavam passando por uma grande transformação, em especial as histórias do Batman.
Obras como  Cavaleiro das Trevas e Piada Mortal haviam elevado o personagem a nível de dramaticidade poucas vezes alcançado. Além disso, o vilão Coringa, que antes era pouco mais que um palhaço, tornara-se um assassino serial.

Muitos leitores não gostava do Robin Jason Todd.


Esse novo Batman parecia não combinar com um parceiro mirim. Além disso, os leitores pareciam não ter muita empatia pelo  novo Robin, Jason Todd. Aliás, a ideia da morte do Robin já havia sido explorada por Frank Miller em cavaleiro das Trevas. Mas, temerosa da repercussão, a DC resolveu consultar os leitores através de um número de telefone. Se o número de ligações pedindo a morte do personagem fosse maior que os dos que queriam que ele se salvasse, Todd morreria. E foi o que aconteceu (descobriu-se depois que o processo foi fraudado por um homem que programou seu telefone para fazer centenas de ligações pedindo a morte de Robin).
A história faz uma referência sutil à Piada Mortal. 


A saga ficou sob a batuta de Jim Starlin, responsável pelos roteiros e Jim Amparo, nos desenhos. Amparo é um desenhista competente, mas nem de longe genial - nem se compara, por exemplo, com Neal Adams, só para ficarmos em outro artista cujo nome é associado ao Batman. Assim, a força da HQ fica toda no roteiro de Starlin.
Na história, Jason Todd descobre que a mulher que ele acreditava ser sua mãe era na verdade sua madastra e vai em busca de sua mãe verdadeira. Em paralelo, o Coringa, após fugir da cadeia, descobre que está sem dinheiro e resolve vender um míssel nuclear para angariar fundos.  
A sequência em que o Coringa bate no menino prodígio com um pé de cabra é marcante.


Morte em família sofre de alguns roteirismos, como a coincidência de as supostas mães de Robin estarem sempre em locais nos quais está também o Coringa. Mas a força do texto é tanta, em especial na humanização dos personagem, que nos esquecemos disso. O texto seduz o leitor fazendo com que a narrativa se desenvolva de forma fluente. E o ponto alto, claro, é a morte de Robin nas mãos do Coringa. A sequência é crua, sinal dos novos tempos, e, ao mesmo tempo, pungente.

A edição ganhou uma capa variante de Mike Mignola, usada pela Abril ao publicar a história.


Ali morria não só o parceiro do Batman, mas também o antigo Coringa, que nos velhos tempos prenderia o menino-prodígio em alguma engenhoca e contaria seus planos enquanto o herói mirim fugia. Em seu lugar surge um Coringa psicopata, assassino, frio.
Essa história foi reunida em álbum capa dura na coleção de Graphics DC da Englemoss e é um dos itens obrigatórios dessa coleção.

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