quinta-feira, abril 25, 2024

Elektra vive

 


Uma das grandes inovações da primeira fase de Frank Miller no Demolidor foi a criação de Elektra, a grande paixão do herói. O fato dela ser uma assassina criou uma dinâmica única na série e um dilema ética para o herói poucas vezes visto nos quadrinhos de super-heróis. No auge da fama, Miller matou a personagem (em uma sequências mais emocionantes das HQs de todos os tempos). Mas provavelmente se arrependeu.
Elektra reapareceu logo depois, em uma HQ curta em que Murdock delira imaginando que personagem está viva. Depois em uma HQ em que o tentáculo tenta trazê-la de volta, sob controle dos assassinos. E, finalmente, em Elektra vive, publicada no final de década de 1980.
Quando o álbum foi publicado, Miller estava no auge da fama, o que lhe permitiu impor um formato gráfico diferenciado para os quadrinhos americanos. E estava no auge de sua capacidade como narrador gráfico. A começar pela capa, apenas como os créditos, título e a personagem andando em meio à neve. Outro destaque é a sequência de página inteira em que Murdock desce as escadas de seu apartamento. Com forte influência de Will Eisner, Miller aproveita a tendência do leitor de visualizar a página de cima para baixo para construir sua narrativa.
Miller assimilou muito bem a influência de Will Eisner. 


As cores de Linn Varley, esposa de Miller, destacam ainda mais a arte exuberante (bons tempos em que Miller sabia desenhar!!!).
A sequência em que Murdock vai à igreja para se confessar é relevante e revela muito sobre o personagem e suas origens católicas (algo que foi muito bem aproveitado na primeira temporada da série da Netflix). Mas as várias sequências de sonhos e do personagem se lembrando da personagem parecem apenas uma repetição do que Miller já tinha feito na revista do Demolidor.
A arte é impressionante. Mas a história era necessária? 


Enfim, a pergunta: apesar da qualidade visível do álbum, era mesmo necessária uma história a mais com Elektra?
Elektra Vive foi publicada no início da década de 1990 pela editora Abril e volta agora em um álbum capa dura pela editora Panini.

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