segunda-feira, junho 24, 2024
Antropofagia, de Tarsila do Amaral
Superaventuras Marvel 25: a primeira revista Marvel que comprei
Rocketman
domingo, junho 23, 2024
Revista Imaginário traz artigo de Gian Danton sobre a evolução do texto nos quadrinhos americanos
A revista Imaginário é uma das mais importantes publicações acadêmicas do Brasil sobre quadrinhos e cultura pop. No número 21 ela trouxe um artigo meu, escrito em parceria com Rodrigo Bandeira, sobre como texto evoluiu nos quadrinhos americanos, indo desde a abordagem redundante em que texto e desenhos competiam para transmitir as mesmas informações, até o uso criativo e revolucionário do texto.
O texto é resultado de mais de 30 anos lendo e estudando quadrinhos. Quando comecei a escrever roteiros, uma das coisas que percebi é que, para ter bons textos, precisa saber "ler" as HQs. Isso significava uma leitura mais apurada, em que eu procurava distinguir os elementos do roteiro, em termos de estrutura e de texto. Quando gostava de algo, eu me perguntava: o que faz disso uma obra tão boa? Quais as caracteríticas do texto que fazem com que ele seja uma leitura tão agradável?
Com o tempo essa leitura mais apurada foi se transformando em textos e artigos. Esse artigo em especial é meio que um resumo do que descobri nesses 30 anos a respeito de como os quadrinistas foram melhorando a parte textual dos quadrinhos.
Uma curiosidade é que o artigo foi escrito durante a pandemia, enquanto eu estava convalescendo de covid-19. Rodrigo Bandeira, que aparece como co-autor, me ajudou bastante, conseguindo informações, imagens, dando ideias.
Leia mais sobre essa edição:
Para acessar a revista clique aqui.
Para ir direto ao meu artigo, clique aqui.
O dia em que Loki roubou o martelo de Thor
Após criar o poderoso Thor, Stan Lee e Jack Kirby foram cuidar de outros títulos – em especial o Quarteto Fantástico, a vaca leiteira da Marvel à época. Quem ficou responsável pelo deus do trovão foi Robert Bernstein no roteiro (a partir de história de Stan Lee) e Joe Sinott nos desenhos.
Exemplo do trabalho dessa dupla criativa foi a história publicada em Jorney in to Mistery 92. A trama já é resumida na capa, com Loki quebrando grilhões e se vangloriando: “Eu consegui! Roubei o martelo do Thor! Agora o deus do trovão está à minha mercê!”. Caído no chão, o cabeludo herói estica a mão para sua arma e pensa: “Não consigo alcançá-lo! Dentro de alguns segundos, todos os meus superpoderes terão sumido para sempre!”.
Loki desvia o mortelo, fazendo com que ele o liberte. |
Na verdade, o que acontecia no miolo não era exatamente isso. Ao participar das filmagens de um longa metragem, Thor lança seu martelo, mas Loki consegue desviá-lo para Asgard, fazendo com que ele se choque contra os grilhões que o prendem. Isso também faz com que o martelo fique perdido. Mas em nenhum momento o deus do trovão corre o risco de perder seus poderes para sempre, afinal, ele pede ajuda Odin, que o leva de volta a Asgard, local em que a condição na qual ele se transforma no médico aleijado não existe.
A história gira em torno de Thor tentando encontrar o seu martelo e as estratégias usadas por Loki para impedi-lo. Nesse meio tempo, o deus do trovão faz martelos substitutos com madeira e até com rocha, que ele cava com as próprias mãos.
Thor cria um martelo de madeira. |
O curioso é que, embora a ideia fosse de Stan Lee e usasse um dos personagens mais famosos da Marvel, essa parece uma história da DC. O ritmo é lento, arrastado, com enfoque muito maior nas estratégias dos personagens do que na ação. Faltava algo nos diálogos e faltava principalmente o talento de kirby, cujas imagens eram verdadeiras explosões de ação.
Shazam e a sociedade dos monstros
Fundo do baú - Túnel do tempo
Devido ao elevado custo de produção, esse seriado durou apenas uma temporada, com 30 episódios.
Mais forte que a vingança - o filme que serviu de inspiração para Ken Parker
O faroeste humano influenciou a série Ken Parker. |
Nas primerias histórias de Ken Parker ele era muito parecido visualmente com o protagonista do filme. |
Bruxaria, de James Robinson
O sucesso de Sandman fez com que surgissem várias séries derivadas, com personagens secundários da série. Entre as melhores, sem dúvida, está Bruxaria, de James Robinson.
As protagonistas da história são as três bruxas (também conhecidas como moiras ou hecatae) em uma jornada de vingança.
Na época do império romano, um ritual em homenagem à deusa que é três é interrompido por uma horda de bárbaros, que violentam e matam as mulheres. Uma delas, Ursula, faz uma oração implorando por vingança: “Ele vai tirar minha vida... esta vida. Mas haverá outras vidas quando eu poderei obter minha vingança”.
Teddy Kristiansen é responsável pelas sequências com as bruxas. |
A trama gira, então, em torno das reencarnações de Ursula e Cooth, na Idade Média, no século XIX e no século XX.
O interessante do roteiro é a forma como James Robinson usa o tema da reencarnação como motor dramático. Também curioso o uso da ironia do destino: sempre acontece algo que priva Ursula de sua vingança.
Uma das especialidades de Robinson era explorar a ironia entre texto e imagem. |
Aliás, Robinson é um mestre do uso inteligente da ironia, como nas sequências em que o texto, colocado num quadro de impacto, diz o oposto do que é mostrado no desenho. À certa altura, por exemplo, a protagonista está se referindo ao convento no qual passou a infância e adolescência: “Ah, a paz. Vou ter saudades disso também... a quietude e a tranquilidade”. A última parte do texto vem sobre uma página dupla na qual diversos homens invadem o convento e matam as freiras.
Cada parte da história é ilustrada por um desenhista. |
A série, em três partes, é ilustrada por diversos artistas: Peter Snejbjerg no primeiro número, Michael Zulli no segundo e Steve Geowell no terceiro. Teddy Kristiansen fica responsável por todas as sequências nas quais aparecem as três bruxas. A escolha dos artistas não é aleatória. Peter Snejbjerg é perfeito para a sequência da Idade Média com seu traço limpo e repleto de sombras. Michael Zulli em seu traço rebuscado e cheio de hachuras lembra as litografias do século XIX. E, finalmente, Steve Geowell dá um ar moderno para a terceira parte.
Outro aspecto digno de nota são as capas, de Michael Kaluta. Cada uma delas é focada em uma das três bruxas. Colocadas lado a lado, formam uma imagem só.
Perry Rhodan – O caso Columbus
O número 88 da série Perry Rhodan apresenta um dos maiores perigos enfrentados pela humanidade: a invasão dos Druufs.
No
número anterior, As cavernas do sono, descobrimos que os descendentes de
insetos tinham conseguido criar na Terra uma ponta de lança da invasão atrás de
uma empresa que prometia adormecer pessoas, mas na verdade os enviava para a
dimensão dos druufs, trocando seus corpos por corpos de jovens alienígenas. A partir
daí era só uma questão de tempo para descobrirem a localização de nosso planeta
e começarem o ataque – por alguma razão, nessa época, todo mundo queria atacar
nosso planeta.
Seria
um volume empolgante, especialmente por ser escrito por K. H. Scheer, um
especialista em descrições de batalhas. Acontece que Scheer usa todo o primeiro
terço do volume para ou rememorar fatos passados, ou introduzir diálogos irrelevantes
entre os personagens, ou descrever detalhes técnicos da preparação para a
guerra. Nesse sentido, vale a comparação com os primeiros livros escritos por
William Voltz, que tinham ação desde a primeira página.
sábado, junho 22, 2024
Surge o Quarteto Fantástico!
O lançamento do primeiro número do Quarteto Fanstástico, em novembro de 1961, mudou para sempre o mercado de quadrinhos norte-americanos. De uma editora decadente, que se resumia a Stan Lee e uma secretária, a Marvel (que na época não se chamava Marvel), começou uma caminhada que a transformaria na grande estrela do mercado, superando a gigante DC ainda na década de 60.
A leitura desse primeiro gibi (disponível no número dois da Coleção Clássicos Marvel), permite observar alguns segredos desse sucesso, a começar pela impressionante capa de Jack Kirby com o quarteto envolvido numa luta contra um monstro que surge das profundezas. A capa inteira é um exemplo perfeito de composição em que tudo funciona harmonicamente, com os elementos muito bem distribuídos, incluindo os balões de diálogos. “Eu não consigo ficar invisível rápido o bastante! Como vamos deter essa criatura, Tocha?”, pergunta Sue, enquanto seu irmão responde: “Espere e verá, irmã! O Quarteto Fantástico só começou a lutar!”.
Aqui temos várias inovações. Entre elas, o sentido de família, que iria ser a principal característica do título em todo esse tempo. Ao contrários de outros grupos de heróis, que se encontram aleatoriamente, os quatro vivem juntos, são uma família e enfrentam todos os problemas relacionados a isso, o que era uma tremenda novidade na época. Dá para imaginar a sensação que essa capa causou entre os garotos do início da década de 60.
Os autores criam mistério para instigar a curiosidade do leitor. |
O miolo também não deixa por menos. Os personagens são apresentados de forma a instigar a curiosidade do leitor. Reed atira um sinalizador, chamando o restante da família para o edifício Baxter, mas não vemos seu rosto. Então acompanhamos cada membro do quarteto vendo o sinal e respondendo ao chamado. Eles são apresentados de forma a instigar ainda mais o leitor, muitas vezes com toque de humor. Sue, por exemplo, fica invisível para pegar um taxi invisível, deixando o taxista aturdido.
Só quando atendem o chamado é que a narrativa paralisa e nos é contada a origem do grupo. E aqui mais uma inovação: a história é dividida em capítulos, sempre iniciados com uma imagem de impacto (posteriormente Jack Kirby usaria splash pages).
A demonstração dos poderes dos personagens é bem-humorada. |
A razão pela qual foram chamados: monstros estão surgindo das profundezas e destruindo usinas nucleares, um enredo que remetia diretamente aos gibis de monstros da Atlas na década de 50, versões suaves dos quadrinhos de terror.
Então, o Quarteto não só era uma família, era também um título que unia super-heróis, terror e ficção científica!
O vilão, o Toupeira, é apresentado como alguém rejeitado pela sociedade em razão de sua feiúra, que indo para o centro da terra se torna cego. Já ali observamos algo que caracterizaria os vilões da Marvel: nenhum deles era mal por ser. Todos eles tinham uma motivação, uma razão para suas ações.
Tirando um outro deslize (à certa altura o Sr. Fantástico tira de ação, jogado no mar, um monstro que tem asas!), é uma edição deliciosa de ler e totalmente inovadora.
A noite do jogo
Na toca dos leões
O Museu dos inválidos
Não se engane com o nome. O Museu dos inválidos é um museu militar, um dos mais completos do mundo, tendo desde armaduras e espadas da antiguidade até um míssel da segunda guerra mundial, passando por uma enormidade de armaduras medievais.
Cavalos também tinham armaduras. |
Um dos primeiros canhões. |
Tanque da I Guerra Mundial. |
Um míssel da II Guerra Mundial é exibido no espaço entre os andares. |
Túmulo de Napoleão. |
A frente do Museu. |
Um capacete e pontas de lanças da antiguidade clássica. |
Há uma quantidade enorme de armaduras no museu. |
As pessoas na Idade Média deviam ser bem pequenas. |