Os desenhos de Alex Ross fazem os super-heróis parecerem hiper-reais. |
A noção de simulacro remonta a Platão. Segundo ele, havia o modelo original, perfeito, no mundo das ideias. Em nosso mundo encontrava-se a cópia imperfeita desse modelo original. E, por último, havia a cópia da cópia, o simulacro. No simulacro, as imagens perdem seus referentes, são apenas signos, sem relação com o mundo.
A relação entre imagem e natureza muda, de forma radical, com as tecnologias digitais. A natureza é substituída por um simulacro. A imagem se descola da realidade física do objeto para se ater ao modelo do objeto. É o que Baudrillard chama de hyper-realité (hiper-realidade). Agora, a modelização do objeto é mais importante que o objeto. Não se trata mais de representar o mundo, mas de simulá-lo, ou até criá-lo.
Essas imagens, mais interessantes e vívidas que as imagens reais, criam uma espécie de hiper-realismo, que Umberto Eco no livro Viagem na irrealidade cotidian definiu através da comparação com o slogan da Coca-cola The real thing: “a imaginação americana deseja a coisa verdadeira e para atingi-la deve realizar o falso absoluto”.
Exemplo disso é o Museu da Cidade de Nova York com seus pergaminhos vendidos na loja, fac símiles do contrato de compra de Manhattan. A reprodução é cuidadosa, reproduzindo até mesmo o cheiro de papel velho. Ocorre que o contrato original era em holandês e o seu simulacro está em inglês.
O próprio Umberto Eco lembra que os quadrinhos já brincavam com a hiper-realidade, como nas histórias do Super-homem em que aparece a Fortaleza da Solidão com a representação fidedigna, mas ampliada, de lembranças de aventuras do homem de aço. Também ali estão diversos robôs, cópias fidedignas do próprio Homem de aço, simulacros do mesmo.
Nas palavras de Baudrillard os modelos deixam de ser uma projeção do real, mas tornam-se, eles mesmos, uma antecipação do real.
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