terça-feira, setembro 17, 2024

O Super-homem é judeu

 

 Joseph Goebbels, o ministro da propaganda de Hitler, dizia que "Super-Homem é judeu", rebatendo a propaganda aliada feita pelos quadrinhos norte-americanos da época. Referia-se também ao fato de que os dois criadores do personagens, o roteirista Jerry Siegel e o desenhista Joe Shuster, eram judeus. Mas será que o herói é realmente judeu?
Uma leitura literal de sua história não permite esse tipo de interpretação. Afinal, o personagem é um alienígena, enviado à Terra ainda bebê e que, no trajeto, torna-se super-poderoso, vindo a ser o grande defensor da humanidade.
Entretanto, alguns pesquisadores têm destacado as semelhanças do mito super-heroiesco com o mito do messias judaico.
Afinal, seria natural para dois judeus, num período turbulento, em que todo o povo de Israel era perseguido, criar um personagem que representasse o Messias. Para os judeus, o Messias é o enviado divino, que vem à terra para trazer uma era de paz e felicidade.
A primeira indicação de que o personagem estaria ligado a esse mito está no seu nome de batismo, Kal-el. A palavra El em hebraico que significa Deus.
Além disso, ele vem para a terra num foguete, ainda bebê, exilado de sua terra, da mesma forma que Moises é colocado em um cesto e lançado no rio para ser criado pelos egípcios. O Super-homem, como os judeus da época, inclusive seus autores, é um homem sem terra, e é obrigado a esconder sua verdadeira identidade.
No livro Homens do Amanhã, Gerard Jones diz que “histórias de identidade secreta sempre encontraram eco entre os filhos de judeus imigrantes em virtude da necessidade de máscaras; máscaras que permitiam à pessoa tornar-se um americano moderno, consumidor das coisas do mundo. Mas, ao mesmo tempo permitem fazer parte de uma sociedade antiguíssima, ser um elo de uma velha cadeia sempre que ela estivesse no seio seguro daqueles que conheciam seu segredo. Um Clark Kent nas ruas e um super-homem em casa”. 
Para Jones, o Capitão América avançou ainda mais na metáfora judaica. Os leitores de quadrinhos sabem que ele é Steve Rogers, um garoto franzino, curvado, um Zé-ninguém, que, graças ao soro do super-soldado, torna-se um herói. ¨Ele é o garoto subnutrido do gueto que adquire força desmedida ao agarrar as oportunidades americanas; o ressabiado sobrevivente do velho país que renasce como o judeu combativo graças à mistura americana de violência e liberdade¨.
Na medida em que fizeram a metáfora da elevação do povo judeu através dos emergentes meios de comunicação, os autores do Capitão América capturaram também o espírito do norte-americano comum, que via seu país tornar-se a grande potência mundial, superando as velhas potências européias.
Além das metáforas mais óbvias, vale lembrar que praticamente todos os desenhistas, roteiristas, editores e donos de editores da era de ouro eram judeus. Explica-se isso pelo fato de que os quadrinhos na época eram vistos como subliteratura, desprezadas pelos chamados artistas sérios. Os judeus, ao contrário, agarraram essa oportunidade e fizeram dos super-heróis o maior símbolo da grande virada estabelecida por eles no novo mundo. Não é à toa que os nazistas sempre foram os vilões prediletos dos quadrinhos.

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