segunda-feira, outubro 21, 2024

A imparcialidade jornalística

 


Nunca existiu jornalismo imparcial ou isento. A parcialidade dos jornais se mostrava no ângulo ou aspecto específico dentro de um mesmo fato.

Um exemplo. Um politico comparece a uma inauguração. Ele anda altivo até o palanque, tropeça e cai, depois se levanta, faz o discurso e vai embora. O Jornal A publica como imagem da matéria o político caminhando altivo. O jornal B publica como ilustração da matéria o político caindo. Nenhuma das duas imagens é imparcial e cada uma revela uma escolha do que destacar no fato. Mas ambas representam aspectos do que aconteceu. Os fatos estavam ali.  

Mas, ultimamente, um novo tipo de “jornalismo” tem surgido. Nesse tipo de jornalismo, a notícia é criada do nada, sem nenhuma amparo em fatos. Sobre o fato acima, por exemplo, o jornal C poderia publicar uma foto do político tocando sanfona no palanque, ou seja, algo totalmente forjado.

Existe uma piada, contada em cursos de comunicação, para exemplificar essa escolha a escolha do ponto de vista como forma de parcialidade. O fato era uma corrida entre um carro americano e um russo. O americano vencera a competição, mas a manchete do jornal russo era: “Carro russo chega em segundo, carro americano chega em penúltimo”. A piada pretendia demonstrar a manipulação da notícia. Mas hoje em dia surgiu um tipo de jornalismo em que a manchete seria: “Carro brasileiro chega em primeiro e vence carro russo e americano”.

O jornalismo bolsonarista tem se destacado nessa terceira vertente aproveitando o fato que nas redes sociais, notícias falsas têm 70% mais chances de serem compartilhadas. Fatos, pesquisas, tudo pode ser livremente inventado. Um exemplo: Uma notícia dizia que uma análise microscópica das vacinas contra covid tinha revelado imagens do que pareciam pequenos submarinos. Fonte: a imaginação do jornalista.

Outra dizia que álcool não servia para matar o coronavírus, e sim o vinagre. Pura invenção. Notícia tirada do nada.

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