Raymond Chandler era um
dos principais escritores do policial noir. Em A longa noite, ele mostra porque
era o mestre do gênero.
A história começa em um
bar, no qual está o detetive Philp Marlowe, o famoso personagem de Chandler. Um
homem entra, pergunta a respeito uma mulher, dá a descrição dela e, em seguida é
assassinado por um bêbado que estava lá aparentemente por acaso.
Esse acontecimento
aparentemente casual vai dar origem a toda uma trama, que dura uma noite
inteira, em que os fatos vão se sucedendo um atrás do outro. É aquele tipo de
história em que algo pequeno revela algo maior, que revela algo maior e assim
sucessivamente, deixando o leitor continuamente supreso com o desenrolar dos
acontecimentos.
Chandler, juntamente
Dashiell Hammett, revolucionaram o gênero policial ao unirem descrições
realistas de cenas de crime com uma narrativa ácida e diálogos sarcásticos.
A maestria do escritor já
pode ser percebida desde o primeiro parágrafo, no qual ele fala do vento do
deserto, que estava soprando sobre a cidade. É uma noite em que “esposas
submissas passam o dedo pelo fio de facões de carne e contemplam, pensativas,
os pescoços dos maridos”.
As descrições são
precisas e ao mesmo tempo exageradas, como em: “O sujeito moreno levou uma
semana inteira para cair” ou em diálogos, como em:
- Eu também não gosto de
ser testemunha. O pagamento é muito baixo.
Muitas das histórias de
Chandler foram transpostas para o cinema, com grande sucesso, e lendo A longa
noite, entendemos porque. Sua narrativa era praticamente uma cena decupada. Há,
por exemplo, uma sequência em que e o detetive conhece a garota que será seu
interesse romântico na história. Ela está metida em apuros e Chandler usa o
elevador e o medo de alguém que poderia emergir dele como elemento de suspense,
pontuando a narrativa. De tempos em tempos ele acrescenta: “O elevador parou lá
embaixo”; “o elevador começou a descer novamente”. Era só seguir o texto e
filmar.
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