quarta-feira, outubro 30, 2024

A longa noite, de Raymond Chandler

 

Raymond Chandler era um dos principais escritores do policial noir. Em A longa noite, ele mostra porque era o mestre do gênero.

A história começa em um bar, no qual está o detetive Philp Marlowe, o famoso personagem de Chandler. Um homem entra, pergunta a respeito uma mulher, dá a descrição dela e, em seguida é assassinado por um bêbado que estava lá aparentemente por acaso.

Esse acontecimento aparentemente casual vai dar origem a toda uma trama, que dura uma noite inteira, em que os fatos vão se sucedendo um atrás do outro. É aquele tipo de história em que algo pequeno revela algo maior, que revela algo maior e assim sucessivamente, deixando o leitor continuamente supreso com o desenrolar dos acontecimentos.

Chandler, juntamente Dashiell Hammett, revolucionaram o gênero policial ao unirem descrições realistas de cenas de crime com uma narrativa ácida e diálogos sarcásticos.

A maestria do escritor já pode ser percebida desde o primeiro parágrafo, no qual ele fala do vento do deserto, que estava soprando sobre a cidade. É uma noite em que “esposas submissas passam o dedo pelo fio de facões de carne e contemplam, pensativas, os pescoços dos maridos”.

As descrições são precisas e ao mesmo tempo exageradas, como em: “O sujeito moreno levou uma semana inteira para cair” ou em diálogos, como em:

- Eu também não gosto de ser testemunha. O pagamento é muito baixo.

Muitas das histórias de Chandler foram transpostas para o cinema, com grande sucesso, e lendo A longa noite, entendemos porque. Sua narrativa era praticamente uma cena decupada. Há, por exemplo, uma sequência em que e o detetive conhece a garota que será seu interesse romântico na história. Ela está metida em apuros e Chandler usa o elevador e o medo de alguém que poderia emergir dele como elemento de suspense, pontuando a narrativa. De tempos em tempos ele acrescenta: “O elevador parou lá embaixo”; “o elevador começou a descer novamente”. Era só seguir o texto e filmar.

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