domingo, janeiro 29, 2006
Monteiro Lobato
No início dos anos 90 uma editora me encomendou uma biografia de Monteiro Lobato para lançar na forma de livro nas bancas. Pouco depois de terminar, a editora faliu, o que mostra o quanto eu sou sortudo... Mas o Burburinho está publicando esse texto em capítulos. Para ler, clique aqui.
Crepúsculo dos Deuses
O melhor filme noir que já assisti foi Crepúsculo dos Deuses. Ah, e eu e Joe Bennett já fizemos uma HQ noir, que foi publicada em uma revistinha de terror. Acho que o título era mesmo Noir.
Um mergulho pelos mistérios do cinema noir
POR LUCIANA BORGES
Mulheres fatais e heróis atormentados esperam pelo espectador na Mostra "Filme Noir e suas Fronteiras", evento que acontece entre os dias 1º e 12 fevereiro, no Centro Cultural Bando do Brasil, em São Paulo. A seleção de clássicos do cinema noir apresenta 11 longas-metragens que fazem um panorama do movimento que teve origem no cinema americano, na década de 1940. Em cada filme, um elemento do noir ganha destaque, como, por exemplo, fotografia, personagens principais ou trama contada através de elipses no tempo. Leia mais
sexta-feira, janeiro 27, 2006
Texto no jornal do dia
Saiu hoje no Jornal do Dia uma matéria sobre o dia do quadrinho nacional. Junto com o texto sobre quadrinhos, foi publicado um artigo meu. Ocorre que o artigo saiu com um parágrafo que não fazia parte do texto. O texto original é este:
ROTEIROS DE QUADRINHOS
Embora essa seja uma faceta pouco conhecida de minha biografia, durante muito tempo fui roteirista profissional de quadrinhos (assinando como Gian Danton) e ainda escrevo alguns textos, a pedido de amigos desenhistas ou de editores. Alguns dos meus grandes amigos são desenhistas de quadrinhos, muitos de sucesso, como Miguel Delalor, que atualmente vive na França e publica na principal editora de quadrinhos da Europa, ou Bené Nascimento, que embora viva em Belém, é um dos grandes astros da editora norte-americana DC Comics e o principal responsável pelo sucesso do título Gavião Negro.
Nesses mais de 15 anos de atividade, tive a sorte de ganhar os principais prêmios da área, como HQ Mix, o Ângelo Agostini e o Araxá.
Alguns dos roteiristas mais importantes da geração atual foram meus alunos em cursos que durante algum tempo ministrei sobre o assunto na internet.
Essa experiência me mostrou que é impossível escrever quadrinhos sem ter uma sólida base de leitura. Um roteirista de quadrinhos é alguém que está antenado para todas informações possíveis. Nunca se sabe de onde pode surgir uma idéia. Em uma história recente que escrevi, tive de recorrer a vários exemplares das revistas National Geographic, Superinteressante e Scientific American e mergulhar na obra de Jorge Luís Borges.
Meu livro Watchmen e a teoria do caos mostra como o roteirista britânico Alan Moore usou os conceitos dos novos paradigmas científicos para elaborar sua obra-prima, Watchmen.
Recentemente, um editor de São Paulo me convidou a escrever um livro sobre as influências literárias nas histórias em quadrinhos. Fiquei na dúvida, não porque seja difícil encontrar exemplos, mas pelo contrário. Eles são tão abundantes que isso me obrigaria a uma exaustiva pesquisa bibliográfica e eu corria o risco de me esquecer de alguns casos exemplares.
Apesar disso, ainda existe um grande preconceito contra os roteiristas de quadrinhos, vistos como escritores menores, preconceito que senti na pele em uma lista de discussão de roteiristas na qual participo na internet.
Esse preconceito, além dos antecedentes históricos, tem, provavelmente sua origem no fato de que muitos acham que qualquer analfabeto pode bolar uma HQ.
Recentemente fiquei espantado ao descobrir que um rapaz que se orgulha de nunca ter lido um livro estava lecionando um curso de quadrinhos e sendo responsável justamente pela parte de roteiro! Da mesma forma que existem pessoas que nunca leram um livro lecionando cursos de quadrinhos, há outros que só lêem gibis de super-heróis norte-americanos, mangas feitos para a massa e só assistem aos filmes comercias norte-americanos.
Além daquilo que é mais conhecido pelos leitores em geral, um bom roteirista deve ler de tudo, dos luxuosos álbuns europeus de Bourgeon ao movimento nouvelle mangá, passando pelos escritores britânicos, como Alan Moore, Neil Gaiman, Petter Milligan e pelos clássicos como o Príncipe Valente, de Hall Foster. Aos que se interessam em fazer esses cursos, o melhor conselho é procurar conhecer quem são os professores, em que editoras eles publicaram e, conversando, procurar saber deles o nível de repertório, de leitura de livros e de mundo.
Caso não, é muito fácil para qualquer que um se auto-intitular roteirista de quadrinhos e ganhar dinheiro à custa de incautos, aumentando assim o enorme preconceito que existe contra essa área.
Ivan Carlo é mestre em comunicação e professor universitário
ROTEIROS DE QUADRINHOS
Embora essa seja uma faceta pouco conhecida de minha biografia, durante muito tempo fui roteirista profissional de quadrinhos (assinando como Gian Danton) e ainda escrevo alguns textos, a pedido de amigos desenhistas ou de editores. Alguns dos meus grandes amigos são desenhistas de quadrinhos, muitos de sucesso, como Miguel Delalor, que atualmente vive na França e publica na principal editora de quadrinhos da Europa, ou Bené Nascimento, que embora viva em Belém, é um dos grandes astros da editora norte-americana DC Comics e o principal responsável pelo sucesso do título Gavião Negro.
Nesses mais de 15 anos de atividade, tive a sorte de ganhar os principais prêmios da área, como HQ Mix, o Ângelo Agostini e o Araxá.
Alguns dos roteiristas mais importantes da geração atual foram meus alunos em cursos que durante algum tempo ministrei sobre o assunto na internet.
Essa experiência me mostrou que é impossível escrever quadrinhos sem ter uma sólida base de leitura. Um roteirista de quadrinhos é alguém que está antenado para todas informações possíveis. Nunca se sabe de onde pode surgir uma idéia. Em uma história recente que escrevi, tive de recorrer a vários exemplares das revistas National Geographic, Superinteressante e Scientific American e mergulhar na obra de Jorge Luís Borges.
Meu livro Watchmen e a teoria do caos mostra como o roteirista britânico Alan Moore usou os conceitos dos novos paradigmas científicos para elaborar sua obra-prima, Watchmen.
Recentemente, um editor de São Paulo me convidou a escrever um livro sobre as influências literárias nas histórias em quadrinhos. Fiquei na dúvida, não porque seja difícil encontrar exemplos, mas pelo contrário. Eles são tão abundantes que isso me obrigaria a uma exaustiva pesquisa bibliográfica e eu corria o risco de me esquecer de alguns casos exemplares.
Apesar disso, ainda existe um grande preconceito contra os roteiristas de quadrinhos, vistos como escritores menores, preconceito que senti na pele em uma lista de discussão de roteiristas na qual participo na internet.
Esse preconceito, além dos antecedentes históricos, tem, provavelmente sua origem no fato de que muitos acham que qualquer analfabeto pode bolar uma HQ.
Recentemente fiquei espantado ao descobrir que um rapaz que se orgulha de nunca ter lido um livro estava lecionando um curso de quadrinhos e sendo responsável justamente pela parte de roteiro! Da mesma forma que existem pessoas que nunca leram um livro lecionando cursos de quadrinhos, há outros que só lêem gibis de super-heróis norte-americanos, mangas feitos para a massa e só assistem aos filmes comercias norte-americanos.
Além daquilo que é mais conhecido pelos leitores em geral, um bom roteirista deve ler de tudo, dos luxuosos álbuns europeus de Bourgeon ao movimento nouvelle mangá, passando pelos escritores britânicos, como Alan Moore, Neil Gaiman, Petter Milligan e pelos clássicos como o Príncipe Valente, de Hall Foster. Aos que se interessam em fazer esses cursos, o melhor conselho é procurar conhecer quem são os professores, em que editoras eles publicaram e, conversando, procurar saber deles o nível de repertório, de leitura de livros e de mundo.
Caso não, é muito fácil para qualquer que um se auto-intitular roteirista de quadrinhos e ganhar dinheiro à custa de incautos, aumentando assim o enorme preconceito que existe contra essa área.
Ivan Carlo é mestre em comunicação e professor universitário
quarta-feira, janeiro 25, 2006
Do blog da Alcilene Cavalcante:
Mudando de tela
A competente jornalista Elaine Juarez, depois de mostrar sua competência no jornalismo da TV Marco Zero, é a mais nova contratada da TV Amapá, a afiliada da Globo por aqui. Sucesso pra você amiguinha.
Comentário: A Elaine estava dando um show no Meio-dia e cheguei até a comentar isso no blog antigo. Agora ela certamente vai brilhar mais ainda na TV Amapá.
A competente jornalista Elaine Juarez, depois de mostrar sua competência no jornalismo da TV Marco Zero, é a mais nova contratada da TV Amapá, a afiliada da Globo por aqui. Sucesso pra você amiguinha.
Comentário: A Elaine estava dando um show no Meio-dia e cheguei até a comentar isso no blog antigo. Agora ela certamente vai brilhar mais ainda na TV Amapá.
O Nemo Nox escreveu em seu blog:
[ 08:58 ] Ontem li Watchmen e a Teoria do Caos (Marca de Fantasia, 2005), do Gian Danton. Uma interessante aproximação da obra clássica do Alan Moore e do Dave Gibbons, Watchmen, com conceitos científicos contemporâneos como caos e fractais. O Gian Danton é colaborador do Burburinho e tem um weblog chamado Idéias de Jeca-Tatu. O livro é bacana, recomendo. #
Obrigado.
Dia do quadrinho nacional
30 de janeiro é o Dia do Quadrinho Nacional e o Jornal do Dia vai fazer uma matéria especial sobre o assunto. Uma atitude mais que louvável. A matéria sai na próxima sexta-feira.
A data foi escolhida por causa da primeira história em quadrinho nacional, Nhô Quin, de Ângelo Agostini, publicada pela primeira vez em 30 de janeiro de 1869. Muitos devem conhecer Agostini dos livros de história, pois ele foi um dos mais importantes ativistas abolicionistas e republicanos. Em sua homenagem foi criado também um prêmio, o mais cobiçado do quadrinho nacional, que é entregue em uma festa apresentada pelo Serginho Groisman (do Altas Horas). Eu ganhei o meu Ângelo Agostini em 2000 pelo meu trabalho na revista Manticore.
Fica a dica de pauta para outros órgãos de imprensa do Amapá.
Para maiores informações sobre Ângelo Agostini, clique aqui. Para saber mais sobre o dia do quadrinho nacional, clique aqui.
segunda-feira, janeiro 23, 2006
Geração roubada
Geração Roubada (Rabbit-Proof Fence, Austrália, 2002), do diretor Phillip Noyce (mais conhecido por thrillers políticos como Patriot Games e Clear and Present Danger), mostra aos espectadores de cinema de todo o mundo o segredo mais vergonhoso da Austrália: o esquema do governo para seqüestrar crianças aborígines. O filme conta a história real de três meninas tiradas de suas famílias, sob uma ordem oficial da política que visava acabar com a herança cultural dos habitantes originais da Austrália. Leia mais
A bela Betiie
Bettie Page pode não ter sido a pin-up mais bonita, mas certamente foi a que melhor encarnou o mito. Além de bela, ela conseguia perceber o que fazer para parecer sensual (ela sabia, por exemplo, que os homens apreciavam mulheres de salto alto e então, mesmo que estivesse descalça, levantava o joelho, imitando a posição do salto alto). Perseguida pelo marchatismo e acusada de comunista (quando, na verdade, ela provavelmente nem sabia que bicho era esse), a modelo desapareceu no auge da carreira, o que contribuiu mais ainda para torná-la um mito de beleza. Agora está sendo feito um filme sobre ela. Clique aqui e veja as imagens.
Compre o livro The real Bettie Page no Submarino.
A vingança como missão
Não se esperam das reações a Munique, de Steven Spielberg, apenas julgamentos estéticos. Até porque, nesse departamento, o filme, que estréia na sexta-feira 27, segue o figurino tradicional. É um thriller de espionagem, com a ação fazendo escala em vários países, agentes com missões de alto risco, explosões de prédios incendiando a tela e algumas imagens incômodas para os olhos, mas sem poder para embrulhar estômagos fortes. Spielberg tenta conter o tom espetacular, talvez porque não queira, como é comum em sua obra, criar uma narrativa de parque de diversões. Pois esse não é somente um filme de aventura e perseguições. Leia mais
sábado, janeiro 21, 2006
Monografia sobre Bob Esponja
A monografia O Merchandising Capitalista no Desenho Bob Esponja, de Wilker de Jesus Lira está disponível no site da Virtual Books. Confira.
Depois do começo
Essa é uma das melhores músicas do Legião Urbana. A letra é um primor de surrealismo (ou seria dadaismo?)
Depois do Começo
Legião Urbana
Vamos deixar as janelas abertas
E deixar o equilíbrio ir embora
Cair como um saxofone na calçada
Amarra um fio de cobre no pescoço
Acender o intervalo pelo filtro
Usar um extintor como lençol
Jogar pólo-aquático na cama
Ficar deslizando pelo teto
Da nossa casa cega e medieval
Cantar canções em línguas estranhas
Retalhar as cortinas desarmadas
Com a faca surda que a fé sujou
Desarmar os brinquedos indecentes
E a indecência pura dos retratos no salão
Vamos beber livros e mastigar tapetes
Catar pontas de cigarros nas paredes
Abrir a geladeira e deixar o vento sair
Cuspir um dia qualquer no futuro
De quem já desapareceu
Deus, Deus, somos todos ateus
Vamos cortar os cabelos do príncipe
E entregá-los a um deus plebeu
E depois do começo
O que vier vai começar a ser o fim
Depois do Começo
Legião Urbana
Vamos deixar as janelas abertas
E deixar o equilíbrio ir embora
Cair como um saxofone na calçada
Amarra um fio de cobre no pescoço
Acender o intervalo pelo filtro
Usar um extintor como lençol
Jogar pólo-aquático na cama
Ficar deslizando pelo teto
Da nossa casa cega e medieval
Cantar canções em línguas estranhas
Retalhar as cortinas desarmadas
Com a faca surda que a fé sujou
Desarmar os brinquedos indecentes
E a indecência pura dos retratos no salão
Vamos beber livros e mastigar tapetes
Catar pontas de cigarros nas paredes
Abrir a geladeira e deixar o vento sair
Cuspir um dia qualquer no futuro
De quem já desapareceu
Deus, Deus, somos todos ateus
Vamos cortar os cabelos do príncipe
E entregá-los a um deus plebeu
E depois do começo
O que vier vai começar a ser o fim
Um cartão que VISA te enganar
As promoções de vendas são uma ótima forma de conquistar o consumidor, mas isso não funciona se o consumidor perceber que está sendo enganado. Foi o que aconteceu comigo com relação ao cartão Visa.
Apesar de ter há algum tempo, eu usava pouco o cartão, até ser avisado por mala direta que estava participando de um clube de supervantagens. A cada compra efetuada no cartão, eu ganharia pontos que poderiam ser usadas para resgatar vários brindes. Entrei no site e logo decidi que iria resgatar uma assinatura da revista Superinteressante. Inclusive cheguei a pagar um valor para ampliar a validade dos pontos, já que eu tinha menos de 3 mil pontos e para a Super seriam necessários 4 mil pontos. Finalmente alcancei os 4 mil pontos, entrei no site e descobri que a Super havia aumentado para 4500 pontos. Mês seguinte eu já tinha conseguido esse valor, só para descobrir que havia aumentado para 5 mil pontos. Alcancei 6 mil pontos, só para descobrir que a revista tinha aumentado para 6.600 pontos. Mandei um e-mail para eles reclamando e dizendo que me sentia enganado. Dois dias depois recebi uma ligação de um funcionário do VISA indagando o que poderia fazer por mim. Expliquei o que tinha acontecido e ele sugeriu uma antecipação de pontos, mas quando foi fazer isso, descobriu que a assinatura da Super tinha aumentado para 8.880 pontos! Se eu já estava revoltado antes, fiquei muito mais depois disso. O VISA trata seus clientes como aquele charreteiro da história, que para fazer o burro andar pendura uma cenoura na frente dele, mas por mais que o burro ande, ele nunca alcança a cenoura. O burro, claro, somos nós que usamos cartão VISA...
O ÚLTIMO MAMÍFERO DO MARTINELLI
Duas pessoas que eu daria tudo para ter conhecido são Monteiro Lobato e Marcos Rey (pensando bem, pode acrescentar nessa lista Edgar Alan Poe e Isaac Assimov). Marcos Rey morreu há pouco tempo, e poderia te-lo conhecido se tivesse me atentado a tempo para sua obra.
Marcos Rey nos ensina que a clareza é a característica fundamental de uma boa obra literária. A clareza, aliada à imaginação e boa caracterização de personagens. Todas essas características podem ser percebidas em grau máximo em O último mamífero do Martinelli, livro que comprei em um sebo e li enquanto estava em Belém.
Na obra, um fugitivo da ditadura militar, depois de vários dias freqüentando cemitérios e igrejas, finalmente decide morar no edifício Martinelli, que já foi o maior e mais elegante de São Paulo, mas, na época em que se passa a história, está abandonado.
Depois de escolher um lugar parra morar, o personagem começa a revistar os apartamentos à procura de algo para vender e aplacar sua fome. Em sua busca, ele começa a encontrar pequenos objetos (um bilhete de despedida, uma ficha de jogo, uma bala encravada na parede) que contam a história das pessoas que viveram ali. E a história do fugitivo começa a se misturar com a dos antigos inquilinos do prédio.
Marcos Rey consegue fazer uma espécie de romance policial sem crimes em que a graça está não em descobrir quem é o assassino, mas sim o que aconteceu com os moradores do prédio. O escritor vai dando aos pistas aos poucos, deixando o leitor em suspense até o final do livro, suspense que se acrescenta à angústia de não saber se o fugitivo conseguirá fugir dos militares.
O livro é da Ática e pode agradar tanto adolescentes quanto adultos.
domingo, janeiro 15, 2006
Sem repertório, nada feito...
Minha visita a Belém me fez pensar um pouco sobre algumas questões, inclusive sobre a cena quadrinística de Macapá. Tanto na Caverna do Gibi quanto na casa do Bené, acabei me deparando com um grande variedade de quadrinhos que dão uma visão ampla sobre como estão os quadrinhos. A conclusão a que cheguei é de que os quadrinhos, depois de uma longa época dominada pela editora Image em que a regra era todo mundo imitar todo mundo, agora se voltam para a variedade. Em termos de mangá, por exemplo, deparei-me com O Espinafre de Yukiko, de Fréderic Boilet (Ed. Conrad), que aplica o intimismo da nouvelle vague aos quadrinhos.
Nos quadrinhos americanos, foi uma surpresa perceber a variedade do que está sendo publicado (O Bené recebe tudo que é publicado pela DC Comics, de modo que eu podia ter uma visão bem ampla). Havia espaço para humor, realismo e até para a porralouquice inteligente de um Grant Morrison (seu trabalho mais recente, WE3, é sobre um cão, um gato e um coelho que são transformados pelo exército dos EUA em máquinas de matar e se rebelam).
Bené, por exemplo, depois de anos imitando o estilo de outros artistas, pôde finalmente mostrar o seu traço em toda a sua exuberância criativa (com a ajuda dos arte-finalistas José Rui e Jadson, ambos de Belém), o que transformou o título Hawkman em um sucesso de vendas.
Uma coisa é certa: a época Image, de revistas sem histórias, com estilos uniformes e heróis psicopatas que se expressavam por monossílabos está definitivamente enterrada.
Enquanto isso, as pessoas que tenho encontrado em Macapá e que gostam de quadrinhos, parecem estar num passado remoto e acreditam que estão no topo da onda.
Um deles, que dá cursos de quadrinhos por aí, me disse que Lobo Solitário não era mangá porque os personagens não tinham olho grande e que o legal seria se todo mundo no X-men tivesse a personalidade do Wolverine... é que gente que acredita que seja possível escrever e desenhar quadrinhos sem ler livros, ver filmes ou entender de arte.
Na verdade, o pessoal daqui parece tão desatualizado que é incapaz até mesmo de perceber o que está acontecendo, mesmo que a novidade esteja sob seus narizes. Para entender algo é preciso ter repertório. Exemplo: a primeira vez em que li Monstro do Pântano de Alan Moore, detestei. O Bené, quando leu, adorou logo de cara. A diferença entre nós é que o Bené tinha todo um repertório para entender e apreciar o que estava lendo, afinal ele já lia uma ampla variedade de quadrinhos desde muito novo...
Cidadão Kane
Na casa do Jeferson assisti um documentário sobre o filme Cidadão Kane, fazendo uma comparação entre a vida de Orson Welles e de William Randolph Hearst. Rapaz, o filme é praticamente uma biografia do Hearst! Curiosamente, não foi o fato de ser retratado no filme que deixou irado o milionário dono de jornais. O que o deixou realmente P da vida foi a forma como foi retratada sua amante, que no filme é mostrada como uma cantora de ópera totalmente destalentosa. Na vida real a garota (lindíssima!) era um boa atriz de cinema.
Falando sobre Cidadão kane, dia desses eu estava assistindo com o meu filho Alexandre e explicando para ele porque esse é considerado o melhor filme de todos o tempos. Uma das explicações foi a questão da composição. Todos, absolutamente todos os fotogramas do filme têm uma composição totalmente harmônica. Cada um deles dava uma fotografia bela o bastante para colocar num museu. Geralmente a composição era com três elementos: um no centro e os outros dois no canto esquerdo e no direito. Em uma das cenas, a tomada mostra dois jornalistas conversando e, para compor o quadro, aparece ao centro da imagem de Kane refletida na janela.
Um outro detalhe importante é como o ângulo de filmagem ajuda a contar a história. Em uma das primeiras cenas, a mãe e o tutor do jovem Kane estão decidindo o que fazer com ele e o garoto aparece ao fundo, em último plano. Ou seja, o que ele realmente queria estava em último plano. Em outra cena, o governador em exercício chama a mulher de Kane para a casa da amante deste. E começam a conversar. Estão decidindo que Kane retirará sua candidatura para que o escândalo não venha a público. Eles estão lá em primeiro plano, decidindo, e Kane ao fundo e essa cena remente à cena de que falei anteriormente. Quando corta, Kane está em primeiro plano e diz: "Quem decide sou eu!". Percebe-se que ele só toma a decisão de ficar assumir publicamente a amante porque a situação remetia à sua infância... genial, genial...
Voltei...
Voltei de Belém. Essa ida para a cidade das mangueiras parece tere sido um evento cósmico sincronizado, como diria Stan Lee. Além do compadre Bené Nascimento, encontrei vários outros quadrinistas. Um dia marcamos de ir num barzinho e apareceram lá, além de mim e do Bené, o Jeferson (roteirista e dono da loja Caverna do Gibi), Alan Noronha (roteirista de quadrinhos), Andrei Miralha (desenhista, atualmente trabalha com animação), Jadson (desenhista, faz arte-final para o Bené), Hugo (quadrinista) e Miguel Delalor. Esse último foi a surpresa das surpresas, já que atualmente ele está na França, fazendo quadrinhos para a editora Dargaud. Outro que apareceu foi o Ronaldo Passarinho (crítico de cinema de O Liberal, autor do Blog de Cinema), que gosta e entende muito de quadrinhos. Falamos de muita bobagem e tivemos uma discussão acalorada sobre a Fantástica Fábrica de Chocolate, eu e o Bené defendendo a versão de Tim Burton e o Jeferson e o Ronaldo defendendo a versão da década de 70.
sexta-feira, janeiro 13, 2006
terça-feira, janeiro 10, 2006
De malas prontas...
Viajo para Belém nessa quarta. Vou ficar na casa do compadre Bené Nascimento, que atualmente desenha para a DC Comics e assina como Joe Bennett. Bené, depois de anos trabalhando para os EUA, finalmente virou astro depois do sucesso da série do Gavião Negro. Também vou encontrar como Jéferson, dono da Caverna do Gibi e com o Alan Norona, um grande escritor que só não é hoje conhecidíssimo porque não tem auto-disciplina e vive deixando de escrever... mas que é um verdadeiro irmão para mim. Já faz um bom tempo que não vejo esse pessoal (especialmente o Alan). Quando voltar, conto como foi...
O Jeferson, um dos grandes caras da cena quadrinística de Belém, me mandou a seguinte mensagem:
Já que o papo agora e novela ai vai uma listinha pessoal de algumas novelas que pelo menos tentaram propor uma nova linguagem a teledramaturgia da tv brasileira.
Irmãos Coragem- Um faroeste caboclo de proporções épicas de fazer inveja a qualquer Sergio Leone.
Roque Santeiro- Um roteiro altamente subversivo invadiu os lares brasileiros em 1985, depois de dez anos censurada a saga de roque santeiro e sua galeria de personagens inesquecíveis parava o Brasil as oito e meia da noite.
O Bem Amado- Primeira novela a cores da Globo e também a primeira a misturar critica social e humor de forma perfeita, pelas ruas da fictícia Sucupira desfilavam prefeitos corruptos , jagunços, padres, donzelas balzaquianas sem duvida a primeira obra prima de Dias Gomes.
Vale Tudo- Um retrato amargo de um Brasil onde a lei de Gerson ainda vigora.
Saramandaia- Gabriel Garcia Marques para as massas, pelas ruas da Cidade de Saramandaia circulavam personagens fantásticos, um homem que espirra formigas, lobisomens, Uma mulher obesa que explode em praça publica, um homem que pode voar.
Pecado Capital- “Dinheiro na mão e vendaval.....” quando o samba de Pulinho da Viola tocava as oito e meia da noite o Brasil parava para acompanhar a trajetória do taxista Carlão as voltas com uma mala de dinheiro encontrada no banco de trás de seu carro ate a sua morte no ultimo capitulo. Pecado Capital e de uma época em que o autor ainda era dono de sua própria obra.
Que rei sou eu?- Comedia escrachada sobre uma revolução popular contra a corrupção em um reino muito muito distante (ou não)
Guerra dos Sexos- A Globo contrata Fernanda Montenegro e Paulo Autran para tentar dar credibilidade as suas novelas não conseguiu mas criou uma obra prima do humor pastelão que criou um estilo novela que volta e meia e imitado.
Bem, já que ele decidiu fazer sua lista de novelas, aí vai algumas novelas que me marcaram. Como quase sempre estudei ou trabalhei à noite, poucas dessas novelas eu assisti integralmente, mas ainda assim me marcaram:
Pantanal – foi a primeira novela que despertou para o potencial artístico da teledramaturgia.
Renascer – o primeiro trabalho de Benedito Rui Barbosa depois de Pantanal, e provavelmente o ponto mais alto de sua carreira.
Roda de fogo – essa me chamou atenção pelo vilão carismático interpretado por Tarcísio Meira. O filho rebelde também era um personagem muito bom.
Alma Gêmea – de Walcyr Carrasco, pelo belo texto e pela temática espiritual.
O Bem amado – Dias Gomes foi um dos mais importantes dramaturgos brasileiros e mostrou isso nessa novela, que eu só fui conhecer depois, quando virou série.
Roque Santeiro – quem não assistiu? Ainda hoje, quando vejo pessoas falando difícil, mas sem qualquer conteúdo, lembro do professor Astrogildo...
Que rei sou eu? – na época dei pouca atenção para essa genial critica social. Essa novela é que o Bang Bang queria ser.
domingo, janeiro 08, 2006
Pimpinela escarlate
Minha leitura de filas (é o livro que eu levo para ler sempre que surge uma oportunidade, numa fila, por exemplo) é Pimpinela Escarlate, de autoria da Baronesa de Orczy. Escrito em época pouco posterior à Revolução Francesa, o livro conta a história de um misterioso personagem que se empenha em tirar nobres da França numa época em que ser nobre na França era ser freguês da guilhotina. É um dos livros de propaganda disfarçada de ficção mais antigos que conheço. Escrito por uma nobre, mostra os nobres como heróis e os plebeus como vilões magros e astutos que esfregam as mãos magras a cada minuto, maquinando planos diabólicos. Em vários sentidos, Pimpinela Escarlate é um precursor de heróis como Batman e Zorro (inclusive no que diz respeito ao maniqueísmo com que os personagens são apresentados).
O primeiro capítulo é promissor. No portão oeste de Paris está o sargento Bibot, um astuto revolucionário com faro sem igual para descobrir aristocratas disfarçados em fuga. Era como uma brincadeira de gato e rato. Bibot figia-se iludido pelo disfarce, mas quando o pobre nobre atravessava o portão e sentia-se livre, o sargento mandava em seu encalço dois guardas que o traziam de volta diretamente para os braços da mãe Guilhotina.
Bibot está sentado sobre um barril vazio e conta divertido as novas sobre um tal Pimpinela Escarlate. Recentemente uma fuga pelo portão norte colocara toda a guarda em prontidão.
Bibot, divertido, conta como ser dera a fuga. O pobre sargento responsável pelo portão Norte vira-se às voltas com um carroça cheia tonéis de vinho puxada por um velho acompanhada por um menino. Zeloso, o cidadão examinou os tonéis e, achando que estavam vazios, deixou passar. Meia hora depois chegou uma patrulha perguntando pela carroça. Ao saber que haviam deixado passar, os soldados correram pelo campo, em busca de sua presa. Quando a platéia lamentava ao displicência do responsável pelo portão norte, que não revistou direito os tonéis, vem revelação: na verdade, os guardas eram o Pimpinela Escarlate e os aristocratas por ele salvos...
Todos comentam entre si a astúcia do Pimpinela, mas Bibot assegura que nem toda essa astúcia o salvará. É quando uma velhinha, que passara o dia inteiro tricotando e se regozijando com as cabeças cortadas pela guilhotina, se aproxima do portão com sua carroça. Bibot pergunta se ela voltará no dia seguinte, e ela responde que provavelmente não, pois seu netinho, que está dentro da carroça, está com varíola, ao que toda a audiência recua. “Saia daqui imediatamente, mulher!”, ordena o sargento, para descobrir, depois, que a velhinha era ninguém menos que o Pimpinela Escarlate.
A esse início promissor segue-se uma narrativa com todos os vícios do romantismo. Uma pena, mas a novela deixou um legado: Pimpinela é o precursor dos heróis dos pulps e dos quadrinhos de super-heróis... (ah, e pelo jeito houve também um filme do Pimpinela...)
O primeiro capítulo é promissor. No portão oeste de Paris está o sargento Bibot, um astuto revolucionário com faro sem igual para descobrir aristocratas disfarçados em fuga. Era como uma brincadeira de gato e rato. Bibot figia-se iludido pelo disfarce, mas quando o pobre nobre atravessava o portão e sentia-se livre, o sargento mandava em seu encalço dois guardas que o traziam de volta diretamente para os braços da mãe Guilhotina.
Bibot está sentado sobre um barril vazio e conta divertido as novas sobre um tal Pimpinela Escarlate. Recentemente uma fuga pelo portão norte colocara toda a guarda em prontidão.
Bibot, divertido, conta como ser dera a fuga. O pobre sargento responsável pelo portão Norte vira-se às voltas com um carroça cheia tonéis de vinho puxada por um velho acompanhada por um menino. Zeloso, o cidadão examinou os tonéis e, achando que estavam vazios, deixou passar. Meia hora depois chegou uma patrulha perguntando pela carroça. Ao saber que haviam deixado passar, os soldados correram pelo campo, em busca de sua presa. Quando a platéia lamentava ao displicência do responsável pelo portão norte, que não revistou direito os tonéis, vem revelação: na verdade, os guardas eram o Pimpinela Escarlate e os aristocratas por ele salvos...
Todos comentam entre si a astúcia do Pimpinela, mas Bibot assegura que nem toda essa astúcia o salvará. É quando uma velhinha, que passara o dia inteiro tricotando e se regozijando com as cabeças cortadas pela guilhotina, se aproxima do portão com sua carroça. Bibot pergunta se ela voltará no dia seguinte, e ela responde que provavelmente não, pois seu netinho, que está dentro da carroça, está com varíola, ao que toda a audiência recua. “Saia daqui imediatamente, mulher!”, ordena o sargento, para descobrir, depois, que a velhinha era ninguém menos que o Pimpinela Escarlate.
A esse início promissor segue-se uma narrativa com todos os vícios do romantismo. Uma pena, mas a novela deixou um legado: Pimpinela é o precursor dos heróis dos pulps e dos quadrinhos de super-heróis... (ah, e pelo jeito houve também um filme do Pimpinela...)
Rising stars
Há algum tempo eu tinha comprado Rising Star (Mithos), mas só agora nas férias tive tempo de ler. O autor, J. M. Straczynski (o mesmo da HQ Poder Supremo e da série Babilon) parece ser um ótimo para recauchutar idéias antigas. Se Poder Supremo é uma releitura de Miracleman (alguns maldosos dizem que é plágio), Rising é uma mistura de Watchmen com Highlander. Como se vê, o homem é fã da obra de Alan Moore, o que é uma boa referência. A história segue a linha de Watchmen, mostrando de forma realista os super-heróis, mas acrescenta aquela coisa Highlander de um super-herói querer matar o outro para adquirir mais poder. Uma boa premissa, bons textos, bons diálogos. Só não é uma obra maior por conta do desenhista Keu Cha, que tem um estilo Image e, portanto, não sabe o que fazer quando está com um roteiro inteligente nas mãos. Percebe-se que ele se derrete mostrando cenas de ação, mas não consegue desenhar coisas básicas, como uma cadeira ou uma menina... Se você estiver disposto a pagar 30 reais, faça-o pelo roteiro...
Visita importante
O Edson Marques, autor do poema Mude, que foi plagiado em um comercial da FIAT, passou por aqui e deixou um comentário dizendo que lê meu blog. Fico muito honrado. Abaixo, o início do poema:
Mude Mas comece devagar,
porque a direção é mais importante que a velocidade.
Sente-se em outra cadeira,
no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho,
ande por outras ruas, calmamente,
observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os teus sapatos velhos.
Procure andar descalço alguns dias.
Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia,
ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas. Leia mais
Mude Mas comece devagar,
porque a direção é mais importante que a velocidade.
Sente-se em outra cadeira,
no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho,
ande por outras ruas, calmamente,
observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os teus sapatos velhos.
Procure andar descalço alguns dias.
Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia,
ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas. Leia mais
Mais sobre o mestre do stop motion
Dica do Nemo Nox:
Para quem quiser saber um pouco mais sobreo Ray Harryhausen antes de comprar o livro:
os filmes de ray harryhausen - parte 1 http://www.burburinho.com/20040926.html
os filmes de ray harryhausen - parte 2 http://www.burburinho.com/20041003.html
um susto...
Hoje minha filha Moira acordou vomitando. A sorte é que eu estava ao lado dela (provavelmente uma intuição, já que raramente eu durmo com ela). Como ela estava tossindo, achamos que fosse uma irritação na garganta. Não era. Logo ela vomitou de novo e tivemos de leva-la ao médico. No hospital, aplicaram plazil e aconselharam a dar água de coco, além de remédio para vômito. Ela voltou para casa , tomou o remédio, mas continuou vomitando. Aos poucos ela ia perdendo as forças e já não revelava mais nem a inteligência humor que a caracteriza. Fazia muito tempo que eu não ficava desesperado, tanto que comecei a ter reações físicas. Até a dor da coluna, que tinha cessado completamente depois que comecei a fazer hidrofisioterapia, voltou. Levamos ela para o hospital e ela ficou no soro, tadinha, com os olhos baixos. Percebi que ela estava melhorando quando ela observou, com humor, que eu e minha mulher estávamos com camisas e calças da mesma cor. Depois ela pediu comida e foi melhorando aos poucos, mas passamos quase que o dia inteiro no hospital. Só quando acontece algo assim é que a gente valoriza o fato de ter filhos saudáveis, brincando e sorrindo... e é nesses momentos que a gente percebe o quanto os filhos são importantes para nós... Agora ela está bem e ainda agora estava até arriscando uns passos de dança, apesar de nossa advertência...
sábado, janeiro 07, 2006
Livro homenageia mestre da stop-motion
Por Érico Borgo6/1/2006
Ray Harryhausen, o mestre da stop-motion (técnica de animação em que bonecos são fotografados quadro-a-quadro para dar uma sensação de movimento) será homenageado com um livro pela Billboard Books. Leia mais
Ray Harryhausen, o mestre da stop-motion (técnica de animação em que bonecos são fotografados quadro-a-quadro para dar uma sensação de movimento) será homenageado com um livro pela Billboard Books. Leia mais
Suicida detona explosivos e mata cinco pessoas em tribunal chinês
Atentado foi realizado pelo agricultor Qian Wenzhao, da 62 anos, que estava insatisfeito com uma decisão da Justiça do país após a morte de seu filho
PEQUIM - Cinco pessoas morreram e 22 ficaram feridas quando um homem detonou uma bomba no recinto de um tribunal no extremo oeste da China, informou neste sábado a agência oficial de notícias Xinhua. A explosão abalou o tribunal do condado de Minle, na província de Gansu, na manhã da sexta-feira. Leia mais
PEQUIM - Cinco pessoas morreram e 22 ficaram feridas quando um homem detonou uma bomba no recinto de um tribunal no extremo oeste da China, informou neste sábado a agência oficial de notícias Xinhua. A explosão abalou o tribunal do condado de Minle, na província de Gansu, na manhã da sexta-feira. Leia mais
sexta-feira, janeiro 06, 2006
Plágio
Este semestre reprovei duas alunas que usaram o artifício do plágio. E acabei me lembrando do texto abaixo, que escrevi há quase um ano:
Há algum tempo escrevi uma nota em meu blog sobre os alunos que, para não terem o trabalho de pesquisar e produzir seu próprio texto, entram na internet, copiam o texto e colam em seu trabalho, mudando apenas o nome do autor (e, claro, colocando o deles no lugar).
Uma leitora deixou um comentário dizendo que era infatilidade minha achar que o plágio é pernicioso e que ela agride a inteligência do professor. “O mundo é movimentado pelo plágio, se não fosse ainda andaríamos com a roda de pedra”.
É preocupante que alunos universitários ainda recorram ao plágio, mas é mais preocupante ainda que haja pessoas dispostas a defendê-lo, pessoas que acham que o plágio é normal e faz parte da vida.
Essas pessoas, na maioria, confundem plágio com citação ou embasamento. A citação é o embasamento são procedimentos normais em qualquer área de conhecimento e são o que permitem a evolução do conhecimento. Já o plágio é não só altamente recriminado, como é crime, segundo a lei 9610, de 19 de fevereiro de 1998.
Segundo essa mesma legislação, no artigo 46, o direito à citação é assegurado para fins de crítica, estudo ou comentários, desde que sejam apenas trechos e seja citados o nome do autor e a origem da obra. A legislação, além de explicar o que é uma citação, o diferencia do plágio. Usar uma frase de um autor, ou uma idéia dele e colocar em meu trabalho, indicando que aquela frase ou aquela idéia não é minha é citação. Tentar fazer com que as pessoas acreditem que determinada frase ou idéia é minha, isso sim é plágio. Mas a legislação deixa claro que isso só pode ser feitos com trechos de obras. Alguns alunos espertos copiam e colam todo um texto da internet e, pelo fato de terem tirado o nome do autor, colocando o deles no lugar, e feito uma ou outra pequena mudança, como colocar a referência do texto na bibliografia. Por mais que eles argumentem que se trata de uma citação, não há como negar: trata-se de um plágio.
A citação é a base da ciência e da filosofia. Todo grande autor utiliza o conhecimento anterior a ele para avançar a partir daquele ponto. Newton dizia que só tinha sido grande porque havia subido no ombro de gigantes.
Não há nada de errado em usar as informações coletadas por outras pessoas e avançar a partir delas. O que não posso fazer é pegar essa informação pronta e sair por aí dizendo que fui eu que a inventei.
Vamos a um exemplo ilustrativo: o avião. Eu poderia pegar as anotações de Santos Dumond e construir um 14 bis para mostrar para as pessoas e dizer: Veja, fui eu que inventei. Isso seria plágio. Ou eu poderia utilizar os avanços de Santos Dumond para construir um avião melhor. Isso não seria plágio (e seria muito elegante da minha parte dizer que só consegui chegar a esse avião melhor porque usei as descobertas de Santos Dumond).
Por outro lado, temos de fazer uma separação entre as informações que têm um autor definido e aquelas que já fazem parte do conhecimento da humanidade, já de domínio público. Por exemplo, se digo que a Terra é redonda, não preciso referenciar. Todos sabem disso.
Um mundo em que fosse impossível usar as informações criadas ou coletadas por outras pessoas seria um mundo parado. Nada se faria porque as pessoas estariam continuamente precisando repetir o que fez a geração anterior.
Mas, por outro lado, um mundo em que o plágio fosse a regra, também seria um mundo parado. Se cada geração plagiasse a anterior, ainda usaríamos rodas de pedra.
Há algum tempo escrevi uma nota em meu blog sobre os alunos que, para não terem o trabalho de pesquisar e produzir seu próprio texto, entram na internet, copiam o texto e colam em seu trabalho, mudando apenas o nome do autor (e, claro, colocando o deles no lugar).
Uma leitora deixou um comentário dizendo que era infatilidade minha achar que o plágio é pernicioso e que ela agride a inteligência do professor. “O mundo é movimentado pelo plágio, se não fosse ainda andaríamos com a roda de pedra”.
É preocupante que alunos universitários ainda recorram ao plágio, mas é mais preocupante ainda que haja pessoas dispostas a defendê-lo, pessoas que acham que o plágio é normal e faz parte da vida.
Essas pessoas, na maioria, confundem plágio com citação ou embasamento. A citação é o embasamento são procedimentos normais em qualquer área de conhecimento e são o que permitem a evolução do conhecimento. Já o plágio é não só altamente recriminado, como é crime, segundo a lei 9610, de 19 de fevereiro de 1998.
Segundo essa mesma legislação, no artigo 46, o direito à citação é assegurado para fins de crítica, estudo ou comentários, desde que sejam apenas trechos e seja citados o nome do autor e a origem da obra. A legislação, além de explicar o que é uma citação, o diferencia do plágio. Usar uma frase de um autor, ou uma idéia dele e colocar em meu trabalho, indicando que aquela frase ou aquela idéia não é minha é citação. Tentar fazer com que as pessoas acreditem que determinada frase ou idéia é minha, isso sim é plágio. Mas a legislação deixa claro que isso só pode ser feitos com trechos de obras. Alguns alunos espertos copiam e colam todo um texto da internet e, pelo fato de terem tirado o nome do autor, colocando o deles no lugar, e feito uma ou outra pequena mudança, como colocar a referência do texto na bibliografia. Por mais que eles argumentem que se trata de uma citação, não há como negar: trata-se de um plágio.
A citação é a base da ciência e da filosofia. Todo grande autor utiliza o conhecimento anterior a ele para avançar a partir daquele ponto. Newton dizia que só tinha sido grande porque havia subido no ombro de gigantes.
Não há nada de errado em usar as informações coletadas por outras pessoas e avançar a partir delas. O que não posso fazer é pegar essa informação pronta e sair por aí dizendo que fui eu que a inventei.
Vamos a um exemplo ilustrativo: o avião. Eu poderia pegar as anotações de Santos Dumond e construir um 14 bis para mostrar para as pessoas e dizer: Veja, fui eu que inventei. Isso seria plágio. Ou eu poderia utilizar os avanços de Santos Dumond para construir um avião melhor. Isso não seria plágio (e seria muito elegante da minha parte dizer que só consegui chegar a esse avião melhor porque usei as descobertas de Santos Dumond).
Por outro lado, temos de fazer uma separação entre as informações que têm um autor definido e aquelas que já fazem parte do conhecimento da humanidade, já de domínio público. Por exemplo, se digo que a Terra é redonda, não preciso referenciar. Todos sabem disso.
Um mundo em que fosse impossível usar as informações criadas ou coletadas por outras pessoas seria um mundo parado. Nada se faria porque as pessoas estariam continuamente precisando repetir o que fez a geração anterior.
Mas, por outro lado, um mundo em que o plágio fosse a regra, também seria um mundo parado. Se cada geração plagiasse a anterior, ainda usaríamos rodas de pedra.
Conhecimento folclórico?
O blog do jornaleiro publicou uma nota criticando uma repórter da TV Gazeta que, em uma material sobre o pessoal do interior, disse que eles só tinham conhecimento folclórico, quando na verdade deveria ter dito conhecimento empírico. Alguém deixou um comentário dizendo que o jornaleiro não era jornalista. Se seria, soubesse que no jornalismo deve-se procurar a compreensão geral e pouca gente compreende a expressão empírico. Aí a coisa virou um bafafá e até eu meti a colher.
Na verdade, o caso revela o grande dilema do jornalismo científico: como fazer matérias sobre assuntos que têm uma linguagem técnica, que poucos dominam?
Minha sugestão, no caso, era simplesmente não tocar não assunto, até porque mesmo empírico seria incorreto, pois ninguém tem só um tipo de conhecimento. O conhecimento empírico, por exemplo, é compartilhado por todos nós. Não uma única pessoa na face da terra que não tenha conhecimento empírico.
Mas se, pela própria característica da matéria fosse impossível não tocar no assunto? Nesse caso, ao invés de criar uma nomeclatura que não existe e é preconceituosa (dizer que os caboclos só têm conhecimento folclórico é o mesmo que dizer que o conhecimento deles não tem aplicação prática), talvez o melhor fosse simplesmente explicar o que se quer dizer. Por exemplo, a repórter poderia afirmar que o conhecimento do caboclo surge da observação da natureza.
Espero que a jornalista que fez a matéria não veja isso como uma crítica, mas como uma sugestão...
Na verdade, o caso revela o grande dilema do jornalismo científico: como fazer matérias sobre assuntos que têm uma linguagem técnica, que poucos dominam?
Minha sugestão, no caso, era simplesmente não tocar não assunto, até porque mesmo empírico seria incorreto, pois ninguém tem só um tipo de conhecimento. O conhecimento empírico, por exemplo, é compartilhado por todos nós. Não uma única pessoa na face da terra que não tenha conhecimento empírico.
Mas se, pela própria característica da matéria fosse impossível não tocar no assunto? Nesse caso, ao invés de criar uma nomeclatura que não existe e é preconceituosa (dizer que os caboclos só têm conhecimento folclórico é o mesmo que dizer que o conhecimento deles não tem aplicação prática), talvez o melhor fosse simplesmente explicar o que se quer dizer. Por exemplo, a repórter poderia afirmar que o conhecimento do caboclo surge da observação da natureza.
Espero que a jornalista que fez a matéria não veja isso como uma crítica, mas como uma sugestão...
quinta-feira, janeiro 05, 2006
Mais filmes baseados em quadrinhos
O Alex Genaro (do Universo Germinante) lembrou de mais alguns filmes baseados em quadrinhos: (como sempre, comentários entre parêteses)
Rocketeer - (boa HQ, bom filme)
Blade (nunca tive o menor interesse em assistir)
Casshern que é puro mangá. (não conheço)
O Jean Okada lembrou também do Quarteto Fantástico e do filme do Tenente Blueberry (que dizem não ter nada a ver com a HQ).
O problema com o filme do Hulk é que ele foi feito por alguém que não gosta de quadrinhos. Não há nada demais em explorar o lado psicológico dos personagens. Em Homem-aranha isso é feito com maestria. O problema no Hulk é que parece que o Ang Lee estava fazendo um filme intimista de repente se lembrou que tinha que colocar ação. Então metade do filme é intimista e metade é ação pura. Não há o equilíbrio entre os dois que caracteriza o Homem-aranha...
quarta-feira, janeiro 04, 2006
André Forastiere e o futuro da comunicação
André Forastiere, ex-sócio da editora Conrad, fala sobre o futuro da comunicação.
Mais filmes baseados em quadrinhos
O Jean Okada lembrou outros filmes baseados em quadrinhos. Alguns deles eu não tinha colocado em minha relação por achá-los ruins demais (o que está entre parênteses é comentário meu):
- Hulk - Tão ruin que o Eric Bana não quer nem ouvir em continuação.
- Flash Gordon", dos anos 80, adaptação trash das HQs do Alex Raymond; (Bem anos 80: um filme que acaba virando cult, de tão ruin... Alex Raymond não merecia...)
- O não menos tosco Mulher-Gato, com Hale Barry; (fracasso de público e de crítica)
- Estrada para Perdição; ( bom, mas não tem linguagem de quadrinhos)
- Os dois longas de Asterix; (boa lembrança!)
- Mortadelo & Salaminho - acho que não veio para o Brasil; (vi numa locadora um cartaz, mas não encontrei o filme. As histórias em quadrinhos eram muito divertidas)
- "O Espírito", adaptação dos quadrinhos do Spirit, de Will Eisner; eu não vi, mas dizem que é bem fraco;
- O Fantasma; (Bom para a sessão da tarde)
- Demolidor; (Dizem que foi detonado na mesa de edição. Em todo caso, não parece merecer atenção...)
- O Combate - Lágrimas do Guerreiro (adaptação do mangá "Crying Freeeman"); (É legalzinho. Tem mesmo linguagem de mangá)
- Batman Begins; (não sei como esqueci. Esse é bom)
- Anti-herói americano, filme sobre o universo quadrinístico de Harvey Pekar, criador da série de HQ "American Splendor". (Não assisti, mas todo mundo diz que é muito bom)
terça-feira, janeiro 03, 2006
Outro filme baseado em quadrinhos
O Nemo Nox, do blog Por um punhado de pixels lembrou de outro filme com linguagem quadrinística:
O filme Creepshow (1982), do George Romero, tinhatransformações diretas de quadrinhos para cenas,incluindo travelings de um quadrinho para outro.
Amplexos nemonoxianos
Vale lembrar que o filme é baseado nos quadrinhos da editora EC Comics e tinha roteiro de Stephen King...
Filmes com linguagem de quadrinhos
A Márcia Correa me pediu uma lista de filmes que usam linguagem de quadrinhos e achei que seria interessante compartilhar essa lista com meus leitores. Também peço que me ajudem acrescentando títulos. Na lista abaixo coloco adaptações e filmes, que, embora não sejam baseados em quadrinhos, usam sua linguagem:
Darkman - Um dos precursores de filmes com linguagem de quadrinhos. Dirigido por Sam Raimi, o mesmo que depois faria um ótimo trabalho no Homem-aranha.
Zatoichi – filme japonês, nitidamente baseado na linguagem do mangá Lobo Solitário.
Super-homem (o filme da década de 70) – até o surgimento de Homem-aranha, era o melhor filme baseado em quadrinhos. O diretor é o mesmo de O dia em que a terra parou.
Homem-aranha 1 e 2 – as duas melhores adaptações de filmes de super-heróis. Sam Raimi explora muito bem o lado humano do herói.
X-men – adaptação da série mutante sobre preconceito racial. O diretor Brian Singer está fazendo agora o Super-homem.
Do Inferno – adaptação relativamente fiel da história de Alan Moore sobre Jack, o estripador. Perde muito pelo fato de um filme de duas horas não conseguir passar tudo de uma obra de mais de mil páginas... Ótima interpretação de Johnny Depp.
V de Vingança – outra obra seminal de Alan Moore, adaptada pelos diretores de Matrix. Os fãs oscilam entre a ansiedade e o medo, já que a história sofreu mudanças.
Sin City – a mais fiel adaptação já feita de uma HQ. Sin City não é a melhor obra de Frank Miller e, para quem não conhece seu estilo, vai parecer meio agressivo, mas vale muito pelo visual.
300 de esparta – Baseado em uma obra de Frank Miller melhor que Sin City. A técnica usada será a mesma do filme anterior, com cenários colocados posteriormente, via digital. Tem Rodrigo Santoro como Rei Xerxes.
Corra Lola, corra – filme alemão. Não é baseado em quadrinhos, mas tem a linguagem e o tipo de experimentação narrativa que os quadrinistas estavam fazendo no final dos anos 80.
12 macacos – filme de Terry Gillian, que usa o mesmo tipo de experimentação narrativa dos quadrinhos anos 80. Gillian é fã de quadrinhos e queria fazer Watchmen, outra obra de Alan Moore.
Corpo fechado – do mesmo diretor de Sexto Sentido. Uma bela homenagem aos quadrinhos.
Matéria publicada no Correio Brasiliense de ontem
Em busca de bons programas
Pesquisa da Universidade de Brasília mostra que crianças e adolescentes do Distrito Federal desaprovam o que a televisão oferece e sentem falta de alternativas mais adequadas para a sua idade
Rachel Librelon Da equipe do Correio
Crianças e adolescentes estão insatisfeitos com o que a televisão aberta lhes oferece. Querem menos violência e mais finais felizes. Também desejam o fim de apresentadores adultos que imitam crianças, mais espaço para desenhos animados e programas informativos. Foi essa a conclusão de uma pesquisa coordenada pela professora Vânia Lúcia Quintão, da Faculdade de Educação (FE) da Universidade de Brasília (UnB). O estudo, concluído este ano, contou com a participação de bolsistas do Programa de Iniciação Científica (Pibic) e envolveu 424 estudantes de 12 escolas públicas do Distrito Federal. Na pesquisa, estudantes com idades entre 6 e 17 anos responderam a um questionário com 10 questões sobre televisão. O grupo de pesquisadoras queria saber o que eles mais gostavam e o que não queriam assistir na TV, e como seria a programação caso pudessem produzi-la. Os entrevistados também elaboraram o roteiro de um programa. "O mais surpreendente foi descobrir que não é verdade que as crianças gostam de programas de adultos", avalia Vânia. Os mais novos foram incisivos em afirmar que não querem novelas com enredos muito dramáticos. No total, 40% das crianças elegeram os desenhos animados como o que mais gostam de assistir na televisão (leia arte). As novelas ficam em segundo lugar e em terceiro, os programas infantis. Para a pesquisadora, se houvesse mais atrações voltadas para os pequenos, elas certamente ocupariam o segundo lugar. A violência é rejeitada por boa parte dos entrevistados. "O interessante é que eles gostam de assistir a lutas. Eles consideram que trata-se de uma briga simulada", explica a pesquisadora. Já os adolescentes sentem falta de roteiros que mostrem os problemas que eles vivem nessa faixa etária, como o primeiro beijo, gravidez e outros conflitos típicos da idade. A turma entre 12 e 17 anos está em busca de notícia, informação e algo que complemente o que aprendem na escola. "Acredito que isso acontece porque eles estão se preparando para o vestibular e precisam estar bem informados", avalia a coordenadora da pesquisa. Incentivo Na casa de Adélia Lavor, 37 anos, a televisão fica ligada o dia todo. O canal preferido dos dois filhos mais novos – Yasmim, de 2 anos, e Ivan, de 6 – é a TVE. Eles acompanham quase toda a programação do canal 2. Os meninos assistem ao Castelo Rá-tim-bum e a desenhos animados. Para alívio da mãe, são programas recomendados por educadores. "Eu incentivei o Ivan a ver e agora ele gosta", conta a dona-de-casa. A dupla pouco se importa com os outros canais. A mãe não proíbe que eles procurem outras emissoras, mas também não apóia. Adélia lembra do dia em que Ivan viu a chamada para um filme violento, que seria exibido à noite. O menino ficou dois dias assustado. "Acho que as emissoras deveriam se preocupar menos em gastar dinheiro e mais em dar oportunidade às crianças de conhecerem coisas boas", avalia.
Corrida para a internet
Vânia Quintão: as crianças não gostam de programas de adultos
Responsável pela pesquisa que avalia o que mais agrada e desagrada às crianças e adolescentes nos programas de televisão, a professora Vânia Lúcia Quintão acredita que eles assistem a produções de que não gostam porque não têm outra opção. A estudante Vanessa Cris tini Marques, 14 anos, no entanto, optou por abandonar a TV. Nas raras vezes em que se senta em frente à telinha é para ver algum noticiário. "Parei de assistir porque achei que ensinam muita coisa errada", explica. Para ela, a programação deveria ser mais educativa. "O problema é que a televisão acaba influenciando quem é mais novo e não tem opinião formada", diz a estudante. A mãe de Vanessa , a dona-de-casa Genilda Fernandes, 32, garante que a decisão de parar de assistir à TV foi da filha. Na casa da família, no Guará, não há programas proibidos, e os outros dois filhos não abriram mão da televisão. "Conversamos muito sobre o que está passando e procuro orientá-los", diz. Genilda "Acho que está tudo muito misturado. A programação não está dividida por idade. Tinha que existir uma separação." Atitudes como a de Vanessa estão mais comuns. Pesquisa do Centro Brasileiro de Mídia para Crianças e Adolescentes (Midiativa), concluída em 2005, mostrou que os jovens estão se afastando da TV. "O que mais chamou a atenção é que isso está acontecendo muito rápido", afirma a diretora-executiva do Midiativa, Sirlene Reis. Para ela, a tendência pode se refletir nas crianças. O estudo também mostrou que os jovens buscam interatividade e, por isso, migram para outros meios de comunicação, principalmente a internet. Sirlene lembra que TV aberta faz parte da educação. "A TV é uma concessão pública que deveria também se preocupar com a formação do cidadão".
Os 10 mandamentos da boa TV*1. Ser atraente Usar a linguagem dos jovens, ter música, ação, competições, movimento e humor. 2. Provocar curiosidade Mais do que transmitir informação, um programa de qualidade deve despertar curiosidad, gosto pelo saber e interesse por outras áreas, como esporte, música, cultura. 3. Confirmar valores Transmitir conceitos como: família, respeito ao próximo, solidariedade, princípios éticos. 4. Ter fantasia Estimular a brincadeira, a fantasia, fazer sonhar. 5. Não ser apelativo Não banalizar a sexualidade nem usar vocabulário chulo. Também não explorar a desgraça alheia e expor pessoas ao ridículo, não incentivar o consumismo e não mostrar o consumo de drogas e o comportamento violento como coisa normal. 6. Criar identificação Apresentar personagens, temas e situações que tenham a ver com essa identificação. É importante que os jovens vejam suas dúvidas, confrontos e anseios discutidos nos programas de televisão, que se identifiquem com as situações e extraiam daí algum ensinamento. 7. Mostrar a realidade É importante que o programa não mostre um mundo que não existe, que não iluda ou falseie a realidade. 8. Despertar o senso crítico Para os pais, o programa de qualidade é aquele que leva o jovem a refletir e dá espaço para ele pensar e adquirir uma visão crítica. 9. Incentivar a auto-estima Respeitar e valorizar as diferenças, não transmitir o preconceito e a discriminação através de estereótipos. 10. Preparar para a vida Abrir os horizontes, mostrar opções de vida que ajudem o jovem a escolher seu direcionamento.
domingo, janeiro 01, 2006
Sou quadrinhista sim, e daí?
Participo de uma lista de discussão sobre roteiro de telenovelas. O grupo foi criado no rastro do concurso da Record de roteiristas de novela e agrega muitos dos concorrentes.
No meio das discussões, acabei falando de minha experiência com quadrinhos duas vezes. A primeira delas foi quando surgiu a discussão sobre se valia a pena ganhar espaço em outras mídias, como teatro ou cinema, para conseguir espaço na teledramaturgia. Acabei falando de minha vivência com quadrinhos e disse que, provavelmente, o fato de eu fazer quadrinhos iria contar pontos negativos para mim.
Na outra situação, alguém puxou a discussão sobre as diferenças e semelhanças entre o roteiro de novela e de outras mídias. Toma-lhe comparar com roteiro para teatro e para cinema. Eu, de bobo, coloquei minha colher no angu e fiz uma comparação com o roteiro de quadrinhos.
Alguns dias depois recebi do administrador da lista a informação de que muitas pessoas lhe mandavam e-mails repetitivos, reclamando toda vez em que eu falava em quadrinhos.
Ora, a lista vinha discutindo muitos outros temas que não eram novelas, de minisséries a filmes, passando por teatro e até a Ordem Rosa Cruz e por isso fiquei abismado com a informação de que minhas referências aos quadrinhos provocavam protestos.
O próprio adminsitrador da lista, ao responder para uma moça se ela podia enviar à lista um texto de teatro, escreveu o seguinte:
"Pode colocar seu texto à disposição do grupo sim. Apesar de estarmos voltados para telenovela, sabemos que o bom escritor acaba flertando com todos os tipos de roteiro, até mesmo com peças de teatro."
Ou seja, teatro pode, quadrinhos não.
O que percebi é que havia falando antes era a mais pura verdade: mexer com quadrinhos não serve de escada para ninguém, já que o preconceito contra essa linguagem é tão grande que provavelmente as pessoas que interessam vão é torcer o nariz quando descobrirem que você faz ou fez quadrinhos. Ou seja, se vc fez teatro, conta pontos para você, se você fez quadrinhos, conta pontos contra.
Lembro de um amigo, professor universitário, que me dizia: Olha, em sua vida acadêmica não deixe o pessoal descobrir que você faz quadrinhos, pois isso vai ser péssimo para sua carreira...
Para mim é triste porque, como as telenovelas também já foram alvo de grande preconceito, pensei que estivesse lidando com pessoas de mente mais aberta...
Eu sei que isso é terrível para minha carreira. Sei, inclusive, que devo ser desclassificado no concurso da Record quando descobrirem que faço quadrinhos (cometi a besteira de enviar, junto com as páginas de roteiro, um exemplar da minha graphic novel Manticore), mas sou teimoso como uma besta e, quanto maior sinto ser o preconceito contra as histórias em quadrinhos, mais faço questão de dizer: sim, eu não só gosto de quadrinhos, como também escrevo alguns. Por quê, vai encarar?
No meio das discussões, acabei falando de minha experiência com quadrinhos duas vezes. A primeira delas foi quando surgiu a discussão sobre se valia a pena ganhar espaço em outras mídias, como teatro ou cinema, para conseguir espaço na teledramaturgia. Acabei falando de minha vivência com quadrinhos e disse que, provavelmente, o fato de eu fazer quadrinhos iria contar pontos negativos para mim.
Na outra situação, alguém puxou a discussão sobre as diferenças e semelhanças entre o roteiro de novela e de outras mídias. Toma-lhe comparar com roteiro para teatro e para cinema. Eu, de bobo, coloquei minha colher no angu e fiz uma comparação com o roteiro de quadrinhos.
Alguns dias depois recebi do administrador da lista a informação de que muitas pessoas lhe mandavam e-mails repetitivos, reclamando toda vez em que eu falava em quadrinhos.
Ora, a lista vinha discutindo muitos outros temas que não eram novelas, de minisséries a filmes, passando por teatro e até a Ordem Rosa Cruz e por isso fiquei abismado com a informação de que minhas referências aos quadrinhos provocavam protestos.
O próprio adminsitrador da lista, ao responder para uma moça se ela podia enviar à lista um texto de teatro, escreveu o seguinte:
"Pode colocar seu texto à disposição do grupo sim. Apesar de estarmos voltados para telenovela, sabemos que o bom escritor acaba flertando com todos os tipos de roteiro, até mesmo com peças de teatro."
Ou seja, teatro pode, quadrinhos não.
O que percebi é que havia falando antes era a mais pura verdade: mexer com quadrinhos não serve de escada para ninguém, já que o preconceito contra essa linguagem é tão grande que provavelmente as pessoas que interessam vão é torcer o nariz quando descobrirem que você faz ou fez quadrinhos. Ou seja, se vc fez teatro, conta pontos para você, se você fez quadrinhos, conta pontos contra.
Lembro de um amigo, professor universitário, que me dizia: Olha, em sua vida acadêmica não deixe o pessoal descobrir que você faz quadrinhos, pois isso vai ser péssimo para sua carreira...
Para mim é triste porque, como as telenovelas também já foram alvo de grande preconceito, pensei que estivesse lidando com pessoas de mente mais aberta...
Eu sei que isso é terrível para minha carreira. Sei, inclusive, que devo ser desclassificado no concurso da Record quando descobrirem que faço quadrinhos (cometi a besteira de enviar, junto com as páginas de roteiro, um exemplar da minha graphic novel Manticore), mas sou teimoso como uma besta e, quanto maior sinto ser o preconceito contra as histórias em quadrinhos, mais faço questão de dizer: sim, eu não só gosto de quadrinhos, como também escrevo alguns. Por quê, vai encarar?
O ano dos heróis da BD, das sequelas e das adaptações
O ano de 2006 trará aos amantes da Sétima Arte filmes há muito desejados, como o retorno de "Super- Homem", que há 19 anos que não figura no grande ecrã, ou a adaptação do best-seller de Dan Brown, "O código Da Vinci". As sequelas de êxitos de bilheteira como "Instinto Fatal", "Missão Impossível", "X-Men" e "Piratas das Caraíbas"são também alguns dos filmes que prometem ser dos mais vistos. Leia mais
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