Aconteceu hoje o Ciclo de palestra e debate sobre arte negra e afro brasileira do PARFOR em Artes Visuais da UNIFAP. O evento foi promovido pelo Grupo de estudos sobre imagem e representações afrobrasileiras e teve uma ampla programação, de manhã e de tarde, com apresentações artísticas, palestras e debates.
Abaixo algumas das palestras:
Arte africana e afro brasileira: outro olhar sobre a historiografia da arte, com a professora mestre Claudete Nascimento Machado
Marabaixo, dança/arte afrodescendente e sua educação, com a professora doutora Piedade Lino Videira.
Educação escolar e o ensino de arte africana e afro brasileira: algumas inferências, com o professor especialista Bruno Marcelo Costa
Arte negra na diáspora africana, com o professor mestre Luciano Rodrigo de Oliveira
As palestra tiveram a mediação da professora doutora Márica Jardim Rodrigues e do professor doutor Marcelino Costa Alves Júnior.
Participei do evento e achei muito interessante e relevante. Essa é uma temática pouco discutida na sala de aula. Como disse a professora Claudete, fala-se em arte africana apenas quando se referencia as influências de Picasso, e a arte africana é muito mais rica. Igualmente rica é a arte brasileira feita sob influência africana, muitas vezes realizada por descendete de escravos.
O debate entrou até mesmo na discussão da forma como a Indústria Cultural mostra os negros. E fiquei pensando: se a mídia mostra de forma tão preconceituosa o negro, imagine o índio. Hoje já temos um galã de novela negro, depois de muito tempo em que negros eram apenas empregados domésticos. Mas quantos índios aparecem em novelas?
O debate pode ser ampliado mais além, sobre a imagem não só do negro, mas a imagem do amazônida (caboclo, índio, negro). Afinal, ainda perdura a ideia de que o amazônida é incapaz de produzir seus próprios conteúdos culturais-midiáticos (vale lembrar o movimento Farinha pouca, meu pirão primeiro, deflagrado no momento em que a classe audio-visual descobriu que os parlamentares amapaenses estavam destinando recursos milionários para diretores virem filmar no Amapá).
O Amapá tem uma rica cultura que passa pelos quilombos, tribos indígenas e pelas cidades, mas essa cultura só será devidamente mostrada quando comerçarmos a produzir. E debates como o de hoje ajudam a levantar essa questão e, quem sabe, produzir outros debates e até iniciativas de produção. Parabéns aos organizadores.
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