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- A menina precisa das roupas e
outras coisas pessoais. – traduziu Jonas.
- Você sabe me indicar onde fica
sua casa?
A menina fez que sim com a cabeça,
adivinhando o que ele falava pela leitura labial.
- Aquelas coisas ainda podem estar
lá fora. – argumentou Jonas, a expressão preocupada.
- Vamos de carro. E precisamos ver se isso foi em outros locais
da cidade. Seria bom saber se há outras pessoas como nós...
- Há outra coisa que me preocupa.
O caminhão de som pode voltar. Se nos encontrar no meio da rua...
- Você e a menina são imunes.
- Você não.
Edgar esperou o sinal e ligou o
motor. Sabia que sons atraiam os zumbis e, embora seu carro fosse relativamente
silencioso, não queria correr riscos. Jonas permanecia no portão, olhando para
fora, atento a qualquer movimento.
- Venha!
O professor engatou a ré e saiu a
toda. Surpreendeu-se com isso. Soltou tão rapidamente a embreagem que o carro
quase morreu. Quando se viu na rua, endireitou o veículo, pronto para sair,
enquanto Jonas fechava o portão.
No momento em que o outro entrou e
fechou a porta, engatou a primeira e saiu. Foram inicialmente lentos, olhando
ao redor. Não havia qualquer movimento na rua, parecia que até mesmo os
cachorros e gatos haviam sumido. De tempos em tempos se deparavam com enormes
manchas de sangue e restos de roupas nas ruas. Em certo ponto encontraram um
carro virado e carbonizado.
Já tinha percorrido umas dez
quadras quando Edgar deu um soco no volante a praguejou:
- Droga!
- O que foi dessa vez? – indagou
Jonas.
- A gasolina está acabando. Eu
devia ter enchido o tanque ontem, mas esqueci. Vamos ter que parar para
abastecer.
- Isso pode ser perigoso.
- Muito. Mas não temos outra
opção. Felizmente tem um posto ali na frente.
O posto estava lá, completamente
deserto. Havia um carro ao lado de uma bomba e a mangueira havia sido deixada
no tanque, ligada, de modo que a gasolina se espalhava pelo chão.
- Cuidado aí. Isso é uma
bomba-relógio. Qualquer faísca pode provocar um incêndio. – advertiu Jonas.
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