Esquadrão Classe A foi um dos seriados
de maior sucesso em meados da década de 1980. No Brasil, passava no SBT e era
um programa obrigatório para a garotada.
Em muitos sentidos, o Esquadrão era uma
releitura dos Sete Samurais, filme clássico de Akira Kurossawa, no qual um
grupo de samurais desempregados ajuda uma vila de agricultores atormentada por
bandidos. Esse tema de heróis lidando com seus próprios problemas, mas
encontrando tempo para ajudar pessoas necessitadas será a base de todos os
episódios do seriado. Em todos eles, o grupo de soldados da fortuna é
contratado por alguém com dificuldade com malfeitores.
Além da referência básica aos Sete
Samurais, o Esquadrão trazia um contexto histórico. Veteranos da guerra do
Vietnã, eles são condenados por um crime que não cometeram, conseguem fugir,
mas têm sempre os militares em seus calcanhares.
O texto de abertura resumia bem o clima
das histórias:
“Em
1972 uma unidade especial das forças armadas foi condenada no tribunal militar
por um crime que não cometeu. Esses soldados logo conseguiram escapar da prisão
de segurança máxima, se estabelecendo clandestinamente em Los angeles. Hoje,
procurados pelo governo, eles sobrevivem como soldados da fortuna. Se você tem
um problema, se ninguém pode ajudá-lo e se você puder achá-los, talvez você
possa contratar o ESQUADRÃO CLASSE A”
A estrutura narrativa era quase sempre
a mesma: fugindo dos militares, os heróis chegam em um local e se deparam com
pessoas sendo oprimidas, seja por patrões cruéis, bandidos ou políticos.
Comovidos, resolvem ajudar, mesmo sabendo que essa ajuda poderá fazer com que
sejam finalmente pegos, o que quase acontecia, em todos os episódios.
A equipe era liderada pelo Coronel John Hannibal
Smith (George Peppard), um líder nato,
fanático por charutos. Bom ator, Hannibal costumava protagonizar o início dos
únicos episódios em que a estrutura era um pouco diferente: nestes, alguém
tentava contatar o grupo de soldados da fortuna, mas se deparava com alguém
inconveniente, como um vendedor de cachorros quentes muito chato. Era o
coronel. A maquiagem fazia com que mesmo os telespectadores mais assíduos
fossem enganados, de modo que uma das diversões do seriado era tentar descobrir
quem era Hannibal disfarçado. O nome do personagem é uma referência ao general
cartaginês que quase destruiu o exército romano. Assim como o seu homônimo
histórico, o líder da equipe é um grande estrategista e seus planos
mirabolantes eram uma das atrações da série.
Para concretizar seus planos, Hannibal
conta com uma equipe bastante heterodoxa.
O Capitão H.M. Murdock é um especialista em pilotar qualquer tipo de
aeronave, mas gastava a maior parte do tempo fazendo macacadas, conversando com
a própria mão ou algo do gênero. Careteiro, Dwight Schultz, que interpretava o personagem, era
um espécie de Jim Carrey da época e dava o toque humorístico ao seriado.
O tenente Templeton Cara-de-Pau , interpretado por Dirk Benedict, era o galã da série e o responsável
por conseguir tudo necessário para colocar em ação os planos do Coronel. Com
seu charme, ele conseguia tudo, mesmo que para isso precisasse trocar seus
sapatos novos por uma bota de trabalhador.
Completando o grupo, havia o carismático Sargento Bosco Barracus ou B.A. (abreviação de Bad Attitude ou temperamento ruim), interpreado por Mr.T., um grosso de cabelos moicanos, mas
que adorava leite, crianças e morria de medo de voar. Como em muitas missões
era necessário embarcar num avião, ou num helicóptero, uma das atrações era
tentar adivinhar que estratégia seria usada pelos outros para dopá-lo. Além
disso, as brigas de B.A. com o Murdock criavam uma das grandes tensões do
seriado, geralmente com resultados humorísticos. O personagem também era um
gênio em mecânica e era essencial para colocar em prática os planos. Como a
televisão da época não podia mostrar nada mais violento que algumas explosões e
pessoas saltando, os roteiristas tinham que inventar geringonças, como uma
máquina que atirava repolhos.
Mesmo com uma estrutura rígida e personagens estereotipados, o
Esquadrão Classe A conseguia surpreender dar uma grande lição: é necessário
ajudar os outros, deixando nossos interesses em segundo plano.
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