Charles Dickens é autor da mais famosa história de natal de todos os tempos. É também um dos inventores do romance social, com Oliver Twist. Mas o que poucos sabem é que ele foi um dos precursores do gênero policial, uma faceta dele que pode ser vista em O abismo, escrito em parceria com Wilkie Collins.
A história inicia no Hospício dos enjeitados. Era nesse local que as mães solteiras entregavam deixavam seus filhos para serem adotados. Na sociedade vitoriana, ter um filho fora do casamento era uma vergonha tão grande que era providenciada maneira para que as mães pudessem deixar seus filhos sem serem reconhecidos: era a roda, que permitia fazer isso sem que fossem vistas. Isso também era feito para que as mães não pudessem reclamar suas crianças. Uma vez colocadas na roda, a separação deveria ser para sempre.
Mas uma das mães está arrependida, e a grande custo, descobre o nome que deram ao seu bebê: Walter Wilding. Anos mais tarde, subornando uma funcionária da casa, consegue descobrir quem, entre as várias crianças, é Walter Wilding e o adota.
A trama começa com essa criança na casa dos 25 anos, sócia de uma empresa de comércio internacional. A mulher que ele acredita ser sua mãe acabou de morrer. É quando ele descobre que não é quem pensava ser: o verdadeiro Walter Wilding foi adotado que ele chegasse no hospício e resolveram usar o mesmo nome em outra criança.
Isso provoca uma reviravolta na história, que levará a uma trama de crimes e amor. Impossível contar mais do que isso sem dar spoiller dessa intrigante trama policial.
Dickens tinha como uma das suas características mais patentes as coinscidências que provocavam reviravoltas no final e O abismo usa esse recurso talvez de maneira exagerada. Mas, como em outros livros de Dickens, a prosa é tão boa e tão envolvente que esse problema de verossimilhança acaba sendo esquecido pelo leitor.
O livro foi lançado no Brasil em uma belíssima edição da Nova Fronteira, em capa dura. É o tipo de edição que dá gosto de ler.
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