Durante muitos anos os seres humanos carregaram consigo a ilusão de que eram a única espécie inteligente do planeta. Os achados da ciência têm demonstrado que animais marinhos, como golfinhos e baleias podem ter uma inteligência diferente da nossa, mas ainda assim brilhante.
A descoberta mais recente foi de que os golfinhos chamam uns aos outros por nomes próprios. Cientistas da Universidade de St. Andrews, na Escócia, gravaram os chamados dos golfinhos e alteraram o timbre por computador. Depois colocaram o chamado na água emitindo o chamado. Dos 14 animais pesquisados, 9 responderam ao chamado. Isso siginfica que eles reconhecem não só o timbre da mensagem, mas também seu conteúdo, no caso, seu nome.
Uma pesquisa anterior, de 2001, realizada na Universidade Columbia, nos EUA, descobriu que os golfinhos também são capazes de reconhecer seu reflexo no espelho.
Essa imagem dos golfinhos como seres inteligentes remonta à antiguidade clássica. Ulisses, o herói grego que idealizou o cavalo de tróia tinha como brasão um golfinho, o que demonstra que para os helênicos esses animais representavam a inteligência e a esperteza.
Foi também entre os gregos que surgiu o primeiro relato de um homem salvo pelos golfinhos. Airion estava em um navio, indo de Corinto à Sicília quando marinheiros roubaram seu ouro e o jogaram no mar. Um golfinho o levou nas costas até a praia, salvando sua vida.
Existem diversos relatos de golfinhos que enfrentaram tubarões para salvar humanos e na Amazônia fala-se que durante os naufrágios os botos aparecem para ajudar a salvar as vítimas. Nas lendas amazônicas, o boto é sempre mostrado como inteligente e sensual.
O filósofo grego Aristóteles fez várias observações empíricas desses animais e concluiu que eles têm uma linguagem verbal semelhante à humana.
Não só a inteligência, mas também a bondade dos golfinhos tem sido reconhecida ao longo do tempo. Os primeiros cristãos, para representar Cristo usava a figura de um golfinho. Só tempos depois é que o golfinho foi substituído pelo peixe e, posteriormente, pela cruz.
O neurologista norte-americano John Lilly realizou diversas pesquisas com golfinhos e ensinou um casal a falar 30 palavras em inglês, combinando verbos, pronomes e substantivos. Em uma das experiências, Lili falou para o macho: "Joe, fundo piscina, disco plástico, trazer caixa boiando". Joe desceu e escolheu um entre os dois discos plásticos e o colocou na caixa que boaiva.
Lilly descobriu que esses animais também têm uma ética e um sentimento de grupo avançados. Quando um golfinho é ferido, todo o grupo retarda a velocidade e alimenta o ferido até que ele fique curado.
Outros animais que parecem ter uma inteligência apurada são as baleias. O cientista Carl Sagan descobriu que elas cantam longos cânticos ritmados que ele deduziu serem poemas épicos. Além disso, as baleias sabem contar os meses do ano da mesma forma que nós. Em janeiro elas, em meio a um de suas canções, emitem um silvo característico. Em fevereiro são dois silvos. Em março três e assim sucessivamente até o final do ano, quando o ciclo que reinicia. Se Sagan estiver certo, as baleias contam o tempo e fazem observações astronômicas. O mesmo pode ser dito dos golfinhos. No livro "Golfinho, a nova mitologia", Boris Sai conta que cientistas que haviam se deslocado para a costa do México para observar um eclipse encontraram lá milhares de golfinhos, que pareciam estar lá justamente para observar o fenômeno (o que nos faz concluir que eles são capazes de fazer cálculos astronômicos).
Em uma das conferências de John Lilly uma pessoa da platéia fez um pergunta relevante: se golfinhos e baleias são tão inteligentes, por que não dominam o mundo? A resposta de Lilly foi: "Talvez eles sejam tão inteligentes que não queiram isso, dominar o mundo é só uma tentativa frustada de dominar a sua própria insegurança interna".
Nesse sentido, talvez golfinhos e baleias sejam muito mais inteligentes que nós, que matamos nossos próprios semelhantes e destruimos aos poucos o mundo que nos abriga.
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