Quando foi lançado pela
Panini em 2019 o álbum Crepúsculo, escrito por Howard Chaykin e desenhado por José
Luís Garcia-López dividiu opiniões. Alguns detestaram, outros amaram.
Na história, a humanidade
divide espaço com novas espécies: miscigenados de humanos com animais e robôs. Entre
as diversas guerras que se seguem, a mais importante é contra alienígenas que
parecem conhecer o segredo da imortalidade. Ao tentar conseguir esse segredo,
Tommy Futuro (o vilão da história) acaba transformando a jornalista Karel
Sorensen numa deusa e concedendo o dom da imortalidade para toda a humanidade.
O desenho detalhista de Garcia-López é um deleite para os olhos.
Mas o que seria um paraíso
se transforma numa sequência de guerras religiosas, incluindo a perseguição implacável
de Tommy, que não se conforma de não ter sido ele o escolhido.
A história foi
originalmente publicada em 1990 e representa bem o espírito da época:
personagens clássicos sendo reformulados em versões hard core. De fato, Tommy
Futuro era um personagem de ficção-científica da DC Comics na era de prata, assim
como Rick Purvis, Karel Sorensen, Homer Glint, os Aventureiros da estrelas.
A série traz versões reformuladas de personagens da era de prata da DC, comos Os Aventureiros das Estrelas e Tommy Futuro. |
Chaykin aproveita todo
esse background de personagens de uma era ingênua dos quadrinhos para construir
uma história pesada, repleta de subtexto sexual, drama e crítica social.
O grande problema é que o
que deveria ser complexo acaba sendo muito mais confuso. A narrativa não ajuda.
Há muitas sequências longas e desnecessárias (a exemplo das altercações entre
Homer Glint e seu gato), eventos mal explicados, personagens cuja motivação não
é clara. Parece uma ótima ideia, com uma ambientação realmente incrível, que
acaba sendo prejudicada pela narrativa confusa.
Popraganda da DC à época mostrava os personagens nas versões antigas e novas.
Há um outro problema também,
que provavelmente afasta os leitores: embora o miolo seja colorido, a capa é em
preto e branco. Embora sejam bastante representativas, elas falam pouco sobre a
história e dão a impressão de que o miolo também é em PB.
O desenho de Garcia-Lopez vale cada centavo pago no álbum.
O álbum vale – e muito –
pelo traço impressionante de Garcia-Lopez. As sequências no espaço, com naves e
mais naves são um deslumbre para os olhos, o tipo de imagem que você pode
passar horas tentando observar todos os detalhes. O desenhista também é um
grande narrador visual, o que torna as sequências de ação impressionantes.
A diagramação com quadros que se sobrepõem e personagens que saem do quadro é uma característica de Garcia-López.
Sem comentários:
Enviar um comentário