Antes de ler, um aviso:
esta resenha contém spoiller.
Matta Reeves tinha uma
tarefa ingrata: fazer MAIS um filme do Batman. Pior: como aparentemente a ideia
da Warner era não repetir vilões, o que sobrou é um dos vilões mais ridículos
do cavaleiro das trevas: O Charada.
Matt acerta no tom, ao
fazer um Batman que é muito mais um detetive do que um herói de ação. A película
também tem o ar sombrio que se espera de uma história do homem-morcego.
O charada foi transformado
do brincalhão que avisava o Batman antes de cada crime apenas para ser pego em
um assassino serial que faz um jogo de gato e rato com o herói. Suas pistas
fazem parte de um plano maior cujo objetivo é desmascarar uma rede de corrupção
em Gothan que envolve de mafiosos ao prefeito. Em muitos sentidos, o filme
lembra Seven, provovalmente um dos melhores filmes sobre assassinos seriais de
todos os tempos.
Ou seja: é um filme que
acerta no tom e que transforma um vilão caricato num perigo real.
Mas aí começam os problemas.
Embora o expectador
acompanhe toda a investigação de Batman e todos os passos que o levam a
descobrir a verdade, o mesmo não ocorre com o Charada. Ele descobre sozinho o
maior segredo de Gothan e ninguém sabe como ele conseguiu isso. Pior: ele aparentemente
sabe sabe até mesmo que Batman é Bruce Wayne (há várias pistas nesse sentido),
algo que nem mesmo o comissário Gordon desconfia. Em nenhum momento é explicado
como ele conseguiu decifrar esses dois segredos.
É o que chamamos de
roteirismo: para a história funcionar, o vilão precisava conhecer a identidade
secreta de Batman e precisava ter desvendado o esquema de corrupção da cidade. Então
simplesmente o colocaram sabendo dessas informações, sem se preocupar com
qualquer explicação a respeito.
Há um outro problema: na tentativa
de imitar Seven, o filme tem um quarto ato, que ocorre após a prisão do vilão.
Mas em Seven esse quarto ato era rápido e a prisão do vilão era fundamental
para que o quarto ato fosse desencadeado. Aqui o quarto ato é muito longo e a
prisão do vilão não interfere em nada. O quarto ato, inclusive, torna o filme
ainda mais longo – no total são 3 horas de película.
Enfim, Batman de Matt
Reeves era um filme que tinha tudo para se tornar um clássico. Mas peca pelo
excesso pelos problemas de roteiro.
Em tempo: Zoë Kravitz está
perfeita no papel de Mulher Gato. Impressionante imaginar que ela foi rejeitada
para esse mesmo papel na trilogia do Christopher Nolan.
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