sexta-feira, abril 08, 2022

Contos do Loop

 


Contos do Loop, série da Amazon Vídeo que estreou este mês é toda baseada nas incríveis pinturas de Simon Stalenhag. Isso resume as maiores qualidades e os maiores problemas da nova atração da Amazon Video. Trata-se de uma atração com aparência incrível, em que alta tecnologia se associa a um visual retrô e a eventos estranhos. Mas é também uma série de diretor, em que o roteiro parece estar a serviço das imagens.
A história se passa num local no qual está instalada uma empresa misteriosa chamada Loop. Nunca sabemos exatamente o que o Loop faz, mas vislumbramos algumas possibilidades através de pequenos acontecimentos que impactam os moradores locais: uma menina cuja casa desapareceu com a mãe, dois amigos que trocam de corpos, o homem que compra um robô para proteger sua família, a moça que descobre uma forma de congelar o tempo, um rapaz que vai para outra dimensão na qual encontra consigo mesmo. Aliás, deveria haver uma regra básica, sempre ignorada pelos moradores do Loop: jamais mexer em qualquer coisa que encontre na floresta ou em qualquer outro lugar.
Os episódios contam histórias completas, mas que se conectam, são interligadas. O personagen secundário de uma história vira protagonista na história seguinte e assim em diante até que a história de todos seja contada.
Há episódios muito bons, como “Êxtase”, em que uma garota descobre uma maneira de congelar o tempo e usa esse recurso para ter um interlúdio amoroso com seu namorado. Os dois passam um mês vivendo como querem na cidade paralisada. Curioso é que esse episódio vai fazer os moradores acharem que há uma quadrilha de assaltantes agindo, o que vira o gancho para o episódio do homem que compra um robô para proteger sua família.
Uma das ilustrações de Simon Stalenhag que serviram de inspiração para os episódios.
Outro que merece destaque é “Inimigos”: um rapaz é abandonado pelos colegas em uma ilha aparentemente deserta e descobre que há um habitante misterioso. O episódio tem um bom equilíbrio entre terror e poesia e se liga diretamente ao episódio seguinte, “Casa”, com a história do filho do protagonista de “Inimigos”.
Por outro lado, há episóidos como “Ecoesfera” que são decepcionantes. Nele, algo fantástico está acontecendo, mas não existem pistas do que seja. Deixar que o expectador imagine tudo pode ser interessante num quadro de Simon Stalenhag, mas não funciona em um seriado.
Contos do Loop foi anunciado como um anti Black Mirror, o que é uma boa definição. Se em Black Mirror a visão sobre a tecnologia quase sempre é pessimista e o resultado desastroso é quase certo, no seriado da Amazon há um otimismo inerente, mesmo quando tudo parece levar ao desastre.

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