segunda-feira, maio 06, 2024

Little Annie Fanny, de Harvey Kurtzman

 

Harvey Kurtzman é mais conhecido no Brasil por ter sido o idealizador da revista Mad. Mas há uma criação, dele, igualmente genial, pouco conhecida em nosso país. Trata-se de Little Annie Fanny, série em quadrinhos publicada durante anos na revista Playboy americana.
A personagem surgiu da amizade de Kurtzman com o dono da Playboy,  Hug Hefner. Hefner era fã do quadrinista e, quando este foi demitido da MAD após pedir participação nos lucro, Hefner se ofereceu para bancar uma nova revista.  A publicação, chamada Trump durou apenas dois números, mas cimentou a amizade entre os dois e o convite para uma colaboração coma Playboy.
Aninha era uma sátira de Litle Anny Fanny.


Curiosamente, Little Annie Fanny surgiu como uma paródia do dono da Marvel, Martin Goodman chamado Goodman Beaver. O personagem era sátira ao mundo da publicidade e do meio editorial e foi publicado em um livro de bolso. Kurtzman ofereceu o série para Hefner, que sugeriu mudar o foco colocando uma mulher como protagonista. As sugestões iniciais de nome para a série foram Os perigos de Zelda e até Mariazinha confusão. No final, acabaram ficando com Little Annie Fanny (Aninha, bonita e gostosa, no Brasil), uma alusão satírica do clássico quadrinhos Lilttle Orfhan Annie.
Aninha é uma atriz e modelo que coloca os homens em polvorosa com seu corpo voluptuoso e ingenuidade a la Marilyn Monroe.
Aninha levava os homens à loucura. 



Kurtzman fazia o roteiro e o esboço das páginas, mas para desenhar chamou o amigo Will Elder, que pintava os personagens sem contorno, uma novidade na época. Posteriormente, outros craques da indústria colaboraram com a tira, com destaque para Frank Frazzetta, que fez a Aninha mais sensual de todos os tempos.
A primeira história já dava o tom de humor das demais histórias: Aninha está gravando um comercial de sabonete (sob o olhar sedento dos homens) e acredita tanto nas suas falas que acaba se apaixonando... pelo sabonete!!!
Em outra história Aninha se sente mal e acaba provocando uma confusão enorme no hospital ao tirar a roupa para ser examinda – os médicos literalmente passam a brigar entre si para examiná-la. O humor da tira ficava por conta tanto das piadas visuais  (com Elder enchendo as cenas de referências a atores e políticos da época) e dos diálogos inspirados de Kurtman, que faziam muitas referências diretas a acontecimentos da época.
Kurzman aproveita as histórias de Aninha para fazer crítica social. 


O que era uma qualidade vira um problema: muitas situações só fazem sentido para o leitor norte-americano da década de 1960, o que talvez explique porque a personagem foi publicada no Brasil apenas uma vez na revista Playboy e em um álbum especial também da Playboy de 2004.
Mas algumas piadas não envelheceram, como da tira em que o protetor de Aninha está mostrando para ela sua coleção de armas (os diálogos de Kutzman fazendo direta referência entre as armas e o fetiche sexual) e começa uma disputa com o agente da modelo, que termina com os dois hospitalizados depois de uma troca de tiros.
Um clássico injustamente pouco conhecido no Brasil. 

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