quarta-feira, abril 11, 2018

A arte hiper-real de Ron Mueck

Ron Mueck é um artista australiano radicado na Gran Bretanha. Seu trabalho reproduz figuras humanas com perfeição hiper-real, mas em escalas estranhas (ou muito pequena ou muito grande), que desconsertam o expectador e o levam a um outro olhar sobre a realidade.











Qual é a origem da suástica?



A suástica, também chamada de cruz gamada é um símbolo místico encontrado em muitas culturas, em povos tão diferentes quanto os índios hopi, os astecas, os gregos e os hindus. Algumas, como a celta é bem diferente, mas a suástica budista e hopi são quase idênticas às nazistas, com a diferença de que essa última foi rodada de modo a um dos braços ficar no topo. No budismo a suástica tem significado de bons ventos. Outro significado possível é boa sorte.
Alguns autores acreditam que Hitler usou o símbolo por sua semelhança com uma engrenagem, para simbolizar a revolução industrial que este pretendia fazer na Alemanha.
A suástica reapareceu no ocidente graças ao trabalho do arqueólogo Heinrich Schliemann, que descobriu o símbolo num sítio arqueológico na cidade de Tróia. Ele fez uma conexão entre esses achados e antigos vasos germânicos e teorizou que o símbolo tinha um significado religioso que ligava os povos germânicos à cultura grega.
Os nazistas aproveitaram essa idéia e adotaram a suástica como símbolo da raça ariana e da supremacia da raça branca. Hitler chegou a afirmar que a suástica representava originalmente o fim do povo judeu.
Assim, de símbolo religioso de bons agouros, comum a muitos povos, a suástica passou a representar o fascismo e o racismo. Após a II Guerra, com a vitória dos Aliados, o símbolo mudou de significado e hoje está associado às atrocidades cometidas contra os judeus. 

terça-feira, abril 10, 2018

X-men, os filhos do átomo


No final dos anos 1970, uma série de quadrinhos mudou o mercado de super-heróis e, posteriormente, iria mudar a forma como Hollywood via os gibis. Trata-se de X-men.
Esse grupo de heróis foi criado por Stan Lee e Jack Kirby em 1963 como uma espécie de Quarteto Fantástico adolescente, mas nunca fez muito sucesso. O gibi sempre foi deixado de lado e vivia constantemente de republicações. No início dos anos 1970, o revolucionário desenhista Neal Adams foi contratato pela Marvel para revitalizar os personagens numa série escrita por Roy Thomas. O novo gibi era bom e chegou a fazer algum sucesso, mas os executivos da Marvel não tiveram paciência de esperar e acabaram remanejando os autores para outros personagens.
Assim, os X-men ficaram à deriva, vivendo de republicações ou participações especiais em outras séries até 1975. Nessa época, a empresa dona da Marvel tinha também uma organização que licensiava quadrinhos para diversos países e surgiu a idéia de criar uma série que reunisse heróis dos países em que gibis Marvel eram mais populares. Roy Thomas sugeriu remodelar os X-men, com membros de várias etnias. Para isso, ele chamou o roteirista Len Wein e o desenhista Dave Cockrum, famoso pela facilidade de criar uniformes de personagens.
A idéia original não foi seguida à risca e a nova equipe veio com um herói russo (Colossus), uma africana (Tempestade),  um índio apache (Pássaro Trovejante),  um alemão (Noturno), um japonês (Solaris), um, escocês (Banshee). Um personagem canadense, que havia sido criado como coadjuvante nas histórias do Hulk, chamado Wolverine, foi reaproveitado na nova série, assim como dois personagens da série clássica: Cíclope e a Garota Marvel.
No livro A era de bronze dos super-heróis, Roberto Guedes conta que a criação do grupo partiu de um caderno de Cockrun, no qual ele desenhara várias idéias para uniformes de personagens. Ele e o roteirista misturaram uniformes, poderes, e chegaram a um grupo coeso.
A nova equipe estreou numa história em que eles eram chamados pelo professor Xavier para salvar o mundo de Krakoa, a ilha viva. Essa história fez tanto sucesso que a Marvel resolveu ressuscitar a revista. Mas Len Wein estava ocupado demais com outras séries, e passou a bola para seu assistente, Chris Claremont. Claremont tinha uma facilidade muito grande de trabalhar histórias com grupos grandes e acabou se apaixonando pelos X-men. Tanto que escreveu a revista dos mutantes durante 17 anos, sendo chamado de ¨O senhor X¨.
Com a nova equipe criativa, a revista foi ganhando popularidade, mas estava longe de figurar na relação das mais vendidas. Além disso, havia um problema: embora a revista tivesse apenas 17 páginas (o menor número de páginas que um gibi de super-heróis já teve), Cockrun não conseguia dar conta do serviço. Assim, foi chamado um outro artista, fã da série original, que já havia trabalhado com Claremont na série Punhos de Ferro: John Byrne.
Curiosamente, logo no início o traço de Byrne não agradou, tanto que os editores ainda colocaram Cockrun para fazer as capas. Mas logo ele se tornaria o preferido entre os fãs. Byrne, além de ótimo desenhista, era muito rápido e ajudava nos roteiros, colocando mais ação nas tramas e evitando a tendência de Claremont de transformar a série numa novela de diálogos intermináveis. Para fazer a arte-final foi chamado Terry Austin, dono de um traço muito detalhista, que ressaltava as melhores qualidades do desenho de Byrne. Estava formada a tríade que transformaria  os X-men não só na revista mais vendida do mercado norte-americano, mas também  numa das franquias mais bem sucedidas da indústria do entretenimento, com vários gibis e filmes.
Uma das primeiras mudanças provocadas pela entrada de Byrne na equipe foi a valorização do personagem canadense Wolverine. Como o desenhista também é canadense, ele acabou dando mais ênfase a ele. Na época, o baixinho era tão inexpressivo que a maioria dos leitores nem reparava nele. Com o tempo ele se tornaria o personagem mais popular da equipe.
Byrne chegou no final de uma saga em que a personagem Fênix praticamente salvava o universo sozinha. Essa aventura mostrava a personagem com tantos poderes que parecia impossível continuar fazendo histórias com ela. A solução encontrada durante algum tempo foi simplesmente afastá-la da equipe.
Logo na aventura seguinte, Byrne fez questão de colocar seu conterrâneo em evidência. Nessa história, o governo do Canadá enviava um super-herói local para levar Wolverine de volta para casa. A história chamou a atenção dos leitores para o passado nebuloso do baixinho. Esse seria um dos fatores de sua popularidade: a cada edição os leitores descobriam mais um detalhe sobre o passado desse personagem.

Os X-men viveram uma série de aventuras ao redor do mundo, passando pela Terra Selvagem, Japão e Canadá, para então voltar aos EUA. Aos poucos, os leitores foram percebendo que havia um novo padrão de qualidade sendo estabelecido ali, mas a série só se tornaria um sucesso mesmo com a saga de Protheus. 

segunda-feira, abril 09, 2018

Como era a Alemanha na época do surgimento do partido nazista?



A Alemanha vivia na década de 1920 uma situação totalmente caótica. As reparações de guerra, exigidas do povo alemão, quebraram a economia. Em 1923 o valor do marco, moeda alemã, havia caído tanto que para as donas de casa valia mais a pena acender o fogão com dinheiro do que usá-lo para comprar lenha.
Há relatos de pessoas que entravam em uma fila para comprar pão e, quando finalmente chegavam ao caixa, o preço já havia aumentado.
Com medo de que a Alemanha pudesse se reeguer e tornar-se uma nova ameaça, os vencedores da I Guerra Mundial haviam  procurado privá-la de seus recursos naturais e dividida. O tratado que deu fim à guerra proibia aos alemães possuírem submarinos, aviões militares ou um exército permanente numeroso. A Alemanha e a Áustria não poderiam mais se unir. Além disso, o país perdeu alguns de seus melhores territórios. A Alsácia-Lorena voltou a pertencer à França, a Bélgica tomou posse de Malmédy. A Polônia tomou conta da Posnânia e parte da Prússia. A região de Tirol passou para a Itália e a área dos Sudetos foi entregue à Tchecoslováquia. Dantzig tornou-se um estado livre.
Além disso, os vencedores impuseram à Alemanha pesadas taxas. 38% do capital total do país era entregue aos vencedores da I Guerra, como reparação.   
Privada das regiões com melhores recursos naturais e que abrigavam o grosso das indústrias, obrigada a pagar reparações absurdas, a Alemanha parecia não encontrar saída.

domingo, abril 08, 2018

Não existe pré-projeto de pesquisa



A palavra projeto vem do latim “projectu”, que significa lançar para a frente. Ou seja, é algo que ainda não existe, é algo que está sendo projetado, que só existirá concretamente no futuro.
Em ciência, projeto significa um planejamento da pesquisa, com tema, delimitação, problema, hipótese, metodologia etc. O futuro do projeto dará origema algo pronto, seja um artigo, uma monografia, uma dissertação de mestrado, uma tese.
No entanto, de uns tempos para cá tornou-se comum usar a expressão ‘pré-projeto” de pesquisa. Como é necessário nomear o projeto final, passaram a usar projeto para o resultado da pesquisa. Assim, a monografia vira um projeto, subvertendo completamente o sentido da palavra “projeto”. Se está pronto, não pode ser projeto.
A situação é tão bizarra que dia desses um amigo arquiteto disse que ia me mostrar o projeto de um prédio. Achei que fosse uma maquete, ou uma planta baixa. Cheguei lá era o prédio pronto.
Provavelmente, em algum momento alguém leu um projeto de pesquisa e comentou que estava tão ruim que não era nem um projeto, mas um pré-projeto, ou seja um esboço. Alguém ouviu, achou a palavra bonita e pensou que fosse um elogio. E aí começou a confusão de se chamar o produto final de projeto e o que vem antes de “pré-projeto”.

Então, crianças: não existe pré-projeto. Se ainda não está pronto, se é apenas um planejamento, é projeto. E o produto final é o produto final, não um projeto, seja uma monografia, uma dissertação ou um edifício.  

sábado, abril 07, 2018

O que fazia de Hitler um grande orador?



Assim que entrou para o Partido dos Trabalhadores Alemães, Hitler foi imediatamente eleito para o comitê executivo. Como o  partido não tinha dinheiro, nem visibilidade, Adolf resolveu arriscar tudo, colocando todo o caixa do partido (7 marcos) em um anúncio para a próxima reunião.
Compareceram 70 pessoas, um recorde absoluto para um partido pequeno. Hitler discursou por meia hora e foi aplaudido entusiasticamente. Foi o bastante para que o partido recebesse 300 marcos de doação.
Com o tempo seus discursos começaram a se tornar uma atração em Munique, fazendo com que os quadros do partido aumentasse substancialmente. Era possível cobrar até ingressos em reuniões em que ele discursasse.
O segredo do Hitler era usar um fervor e uma honestidade hipnótica. Na época a maioria dos oradores costumava ser grave e retórica. Hitler acabou com essa formalidade. Ele conseguia provocar uma explosão de risadas com suas zombarias sobre os inimigos para, logo em seguida, criar uma atmosfera pesada. Seus discursos podiam despertar piedade, terror, orgulho e indignação.
Ele falava com propriedade da humilhação de um povo derrotado, pois essa era uma emoção que ele conhecia.
Seus discursos, no entanto, não tinham muitos fatos ou lógica. Eles simplesmente provocavam um topor sobre a platéia, adormecendo a razão e acordando as emoções.

A arte espetacular de John Byrne, o homem dos super-heróis


John Byrne é um desenhista canadense que se tornou mundialmente famoso ao ilustrar os X-men na célebre fase em parceria com Chris Claremont (considerada pela maioria dos fãs como o melhor período dos personagens). Depois ele desenhou quase todos os personagens da Marvel (com destaque para o Quarteto Fantástico) e foi o responsável pela reformulação do Super-homem, na DC. Confira abaixo alguns de seus trabalhos.
















sexta-feira, abril 06, 2018

Até o último homem


Até o último homem conta a história real do herói de guerra Desmond Doss, interpretado por Andrew Garfield. Objetor de consciência, Doss se recusava a pegar em armas, ou matar. Mesmo assim foi para a guerra para ajudar os soldados como médico. Chamado de covarde e quase levado à corte marcial, Doss conseguiu salvar 70 soldados feridos. Depois de uma investida fracassada, todas as forças recuaram e descem o despenhadeiro, e só ele fica lá no alto de uma montanha, resgatando os soldados feriados em meio ao bombardeios e patrulhas de soldados inimigos.
Até o último homem é a história de um homem que coloca suas convicções e princípios acima do grupo. A maioria das pessoas se adequa ao grupo, mesmo que isso vá contra aquilo que eles acreditam como certo. Cristão adventista, Doss acredita que matar é pecado e não se deve revidar uma agressão. Isso o faz enfrentar agressões dos colegas e todo o comando do exército para, ao final, ir para a guerra sem nada além de gaze, morfina e outros medicamentos.  
O diretor, Mel Gibson, consegue equilibrar perfeitamente a narrativa, o conflito interno do personagem (que é acusado por todos de covarde) é tão interessante quanto o conflito externo. O expectador sabe que ao final ele irá se revelar um herói (está na sinopse do filme), mas ainda assim fica hipnotizado pela narrativa. Gibson sabe filmar cenas de guerra, mas é ainda mais certeiro ao filmar as cenas de salvamento. Todo o esforço do soldado que passa a noite inteira andando pelo campo inimigo rezando para salvar mais um é sentido na pele pelo telespectador. E não tirá-los do campo inimigo: ele precisa descê-los pelo despenhadeiro com uma corda. A atuação de Andrew Garfield, aliás, ajuda muito.
Ao terminar, ficamos nos perguntando como seria o mundo se tivéssemos mais cristãos como Desmond Doss.

quinta-feira, abril 05, 2018

É verdade que Hitler entrou no partido nazista como espião?



Sim. Com o fim da guerra, o cabo Hitler foi colocado para vigiar as muitas agremiações que surgiam na época. Nesse período a Alemanha viu surgir muitos partidos e todos tinham espiões, que anotavam qualquer coisa que parecesse ameaçadora ou socialista.
O ódio de Hitler pelos socialistas fez com que os superiores o escolhessem como espião político em Munique.
Em 12 de setembro de 1912, Adolf foi enviado para investigar as reuniões de um grupo que se auto-denominava Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães.
Apesar do nome, não se tratava de uma agremiação comunista. Ao contrário, eles achavam que os alemães eram uma raça destinada a dirigir o mundo, que os judeus e comunistas ameaçavam a pureza dessa raça e que alguém deveria fazer alguma coisa. O nome trabalhadores referia-se ao fato de que eles pretendiam libertar os trabalhadores da influência do comunismo.
Eles achavam que alguém deveria fazer alguma coisa com relação à situação da Alemanha, mas não sabiam quem, nem o que. O partido não tinha programa e ninguém os levava a sério.
Hitler acompanhou a reunião como ouvinte, mas quando um dos presentes defendeu a independência da Bavária, ele se levantou e fez um discurso emocionado sobre a unidade do povo ariano.
Falou tão bem que impressionou Drexler, membro do comitê do partido. Este cumprimentou-o e convidou-o a participar de outras reuniões. Ele percebera que um orador hipnótico como aquele poderia ser importante para um grupo pequeno como o que estava se formando.
Dessa forma, Hitler passou de espião a orador e, mais tarde, líder do partido.

O sofisticado erotismo europeu


Enquanto nos EUA os quadrinhos ainda eram vistos ou como uma leitura infantil ou como algo perigoso, na Europa começava um movimento intelectual de pesquisa e valorização das HQs que daria origem a um novo gênero: o erotismo sofisticado, com ares de arte.
            O primeiro trabalho a se encaixar nessa proposta foi Barbarella, do quadrinista francês Jean-Claude Forest. A personagem apareceu pela primeira vez na revista V Magazine, em 1962. Em 1964 foi republicada num álbum de luxo, com grande sucesso. Barbarella era uma heroína espacial que viajava pelo espaço libertando planetas inteiros de tiranos opressores. Símbolo da revolução sexual, ela tinha grande disposição para fazer sexo, fosse com um homem ou um robô. A sensualidade era, para ela, uma arma.
Sônia Luyten, no livro O que é história em quadrinhos, diz que Barbarella é ¨um reflexo da própria evolução da mulher na sociedade moderna¨.
Em 1968 a personagem foi levada às telas com direção de Roger Vadin e tendo Jane Fonda no papel principal.
Outra personagem de grande destaque foi Jodele, criada pelo desenhista Guy Peellaert e pelo roteirista Pierre Bartier. Essa personagem francesa aproveitava o visual e a proposta da pop art com muita cor e onomatopéias (isso foi curioso, pois a pop art foi influenciada pelos quadrinhos e depois acabou influenciando-os). As aventuras de Jodelle aconteciam numa Roma fictícia, com tubos de neon, clubes noturnos e cadilaques.
O sucesso de Jodelle levou Peellaert a publicar um novo álbum, com uma nova personagem, Pravda. Vestida apenas com um colete e um cinto largo, ela viajava pelas estradas com sua moto turbinada.
Em 1967 a França vê a criação de Blanche Epiphanie, do desenhista Georges Pichard. Blanche era uma heroína romântica ingênua. Com um humilde emprego de entregadora de cheques, ela passava as noites remendando os trapos que de dia eram rasgados pelos clientes do banco, que sempre a assediavam. Mas a moça tinha um defensor mascarado, o herói Défendar, identidade secreta de um estudante de ciências, vizinho do quarto da moça.

A história foi publicada com muito sucesso pela V Magazine e depois dela vieram outras heroínas criadas por Pichard, a maioria loiras, rechonchudas e com sardas no rosto. Outra de suas grandes criações foi Paulette, com roteiro de Wolinsky. Paulette era uma herdeira de um império industrial, mas com idéias socialistas. Tudo era desculpa que ela se desnudasse. Seu companheiro de aventuras era um velho de mais de oitenta anos, transformado em uma linda jovem  morena, o que causava situações embaraçosas. A personagem foi publicada em capítulos entre 1970 e 1976 na revista francesa Charlie        O movimento de erotismo elegante francês teve grande influência em outras partes do mundo, especialmente na Itália, inclusive conseguindo a atenção de leitores adultos, que já não se interessavam mais pelos gibis. 

quarta-feira, abril 04, 2018

A expressiva arte de Neal Adams

Neal Adams foi responsável por reformular visualmente o Batman (em uma antológica parceria com o escritor Denny O´Neil) no início da década de 1970. Seu traço expressivo, com um uso particular da perspectiva o tornaram o desenhista mais celebrado do período e um dos mais adorados pelos fãs até hoje. Além do cavaleiro das trevas, ele desenhou Lanterna e Arqueiro Verde em uma das melhores fases dos personagens e ilustrou revistas da Marvel, como Inumanos, X-men e Conan. Confira abaixo alguns de seus trabalhos.










Azazel: cuidado com o que deseja



Azazel é uma coletânea de contos de fantasia de Isaac Asimov sobre um homem que encontra um demônio ancestral e o usa para resolver situações. Para quem está acostumado com o Asimov escritor de ficção científica, essa coletânea irá surpreender. O autor mostra que sabe lidar com o humor como poucos.
Todas as histórias são narradas por George Bimnut, um falastrão metido a esperto, que as conta diretamente para Asimov, enquanto se aproveita do escritor, fazendo-o pagar a conta do almoço.
Há uma estrutura básica nos contos: George percebe uma situação em que algo precisa ser resolvido e faz uso do demônio, que resolve a situação a seu jeito – com resultados sempre catastróficos.
A obra pode ser resumida a um lema, que resume perfeitamente seu conteúdo: cuidado com o que deseja. Seu desejo pode sair do controle.

Starlight - space opera em quadrinhos


Mark Millar é um cara que quando acerta, acerta maravilhosamente. Exemplo disso a série Starlight, lançada no Brasil como álbum pela editora Panini.
Na história, um aventureiro espacial – no melhor estilo Flash Gordon e Adam Strange – de repente se descobre velho e sozinho após a morte da esposa. Os filhos, assim como todos os outros, não acreditam nas suas histórias sobre como ele foi transportado para um planeta distante e lá se tornou o principal responsável pela queda de um tirano global. Lembranças da época de suas aventuras misturam-se com cenas patéticas de supermercado, em que garotos ironizam sua ida para outro mundo.
Tudo muda quando uma nave aterrissa em seu quintal. É um garoto alienígena que pede seu socorro: mais uma vez o planeta distante precisa de sua ajuda, agora para combater uma invasão alienígena.
A série oscila bem entre a aventura, a nostalgia, os conflitos psicológicos e físicos do protagonista e entrega ótima ação, numa história que é impossível deixar de lado. Contribui muito para isso o ótimo desenho do croata Gorlan Parlov, perfeito nas cenas urbanas e caseiras, mas simplesmente deslumbrante quando mostra o planeta extraterrestre.
Há muito tempo não via um quadrinho de ficção científica bom como esse.

terça-feira, abril 03, 2018

É verdade que Hitler se mostrou covarde na I Guerra Mundial?



Não é verdade. Quando ele começou a se tornar um líder político famoso, alguns de seus adversário tentaram usar isso contra ele, mas logo descobriram que ele foi um soldado exemplar durante a guerra.
Nos quatro primeiros anos do conflito ele foi condecorado duas vezes com a cruz de ferro por sua coragem e dedicação. Apesar disso, só conseguiu ser promovido a cabo por causa do elitismo do exército germânico.
Hitler foi designado para uma das tarefas mais perigosas: levar e trazer mensagens da frente de batalha. Por causa disso, ele sempre estava exposto na linha de fogo e, mais de uma vez, salvou a si mesmo e aos colegas com sua dedicação.
Ele lutava com fervor, pois acreditava piamente na causa alemã.
Em 1916, foi ferido na perna e enviado de volta para a Alemanha. Lá ele viu os grupos pacifistas, a maioria composta de marxistas, e essa experiência o faria, posteriormente, afirmar que a Alemanha havia perdido a guerra por causa dos traidores internos.
Em 1918 ele foi intoxicado por gás e ficou temporariamente cego. Só recuperou a visão no dia 9 de novembro, dois dias antes do fim da guerra.  

Edrell: a gênese do mangá no Brasil

Uma das mais interessantes e revolucionárias editoras de quadrinhos do final dos anos 1960 foi a Edrel.
            A editora surgiu de outra, a Pan Juvenil, que devia muito a agiotas. Os sócios Salvador Bentivegna e Jinki Yamamoto convidaram Minami Keizi, que havia produzido um álbum de quadrinhos e literatura que tinha forte influência do mangá (quadrinhos japoneses) para ser sócio na empresa nova chamada Editora Edrel.
            Um artista do interior de São Paulo, Cláudio Seto, foi chamado para cuidar da revista Humor Negro. Minami Keizi fazia sucesso com seu personagem Tupãzinho, com roteiro dele e desenhos Fabiano Dias. O personagem era tão popular que o autor chegou a receber convite para publicar pela editora Abril, mas não quis. Preferiu engordar sua editora investindo no filão infantil. Seto criou o personagem Flavo para a revista Ídolo Juvenil. Era um misto de ficção com conto de fadas, criado na esteira do sucesso das revistas Contos de Fadas e Varinha Mágica, que a editora Outubro havia lançado anos antes. Mas tanto Humor Negro quanto Ídolo Juvenil haviam chegado nas mãos de Seto na fase de decadência. Seto reclamou e Minami sugeriu que ele apresentasse projetos de outras revistas.
            O desenhista lembrou-se dos mangás que lia e propôs uma revista de Ninja e outra de Samurai. O dono da editora gostou e marcou o lançamento para dali a 30 dias. 
Minami gostou do Ninja assim que pôs os olhos no trabalho. Era o tipo de HQ infantil que ele queria. O mesmo não pode ser dito de O Samurai, cujos desenhos não lhe pareceram tão bons e tinha como tema o incesto, um tema indigesto para uma época de censura e ditadura militar.
            Eram legítimos mangás brasileiros, lançados três décadas antes dos mangás se tornarem febre entre os jovens ocidentais.
            Para surpresa do dono da editora, a revista que acabou agradando foi justamente Samurai, destinada ao público adulto. Ninja durou apenas quatro número e foi cancelada por baixas vendas.
            A Edrel tinha como principais artistas descendentes de japoneses, e foi nela que muitos deles introduziram a linguagem de mangá na HQB. Além de Seto, havia Paulo Fukue, Fernando Ikoma e Wilson Hisamoto.
            Seto transformou-se um faz tudo da editora. Além de desenhar e escrever histórias em quadrinhos, selecionava elenco e dirigia a produção de fotonovelas eróticas da cidade Guaiçara, no interior paulista, em plena época de ditadura. A produção de seu estúdio chegava a 150 páginas por mês.
            Foi na Edrel que surgiu Maria Erótica, genial criação de Cláudio Seto. Suas aventuras misturavam aventura, erotismo, humor e mistério e foram publicadas entre 1970 e 1972, em diversas revistas da Edrel.
            A personagem surgiu como coadjuvante da série Zero-Zero Pinga, uma sátira de James Bond. Era uma repórter do jornal Time is Money, de uma Guaiçara megalópole. Fazia parceria com Beto Sonhador, um detetive particular atrapalhado e mulherengo. "A loura Maria é peituda, de pernas compridas e quadris largos, e desnuda-se com freqüência", define Franco de Rosa, no livro As taradinhas dos quadrinhos. 
A personagem não agradou às associações das mulheres católicas, que denunciaram a personagem.
            A polícia invadiu a editora, mas, como não encontraram Seto, que morava no interior do estado, levaram os originais das histórias, colocando-os numa cela.
            A editora, que marcou época por lançar os primeiros gibis de mangás do Brasil acabou fechando suas portas no início dos anos 1970.

            Seto, que morreu em 2008, é considerado o pai do mangá brasileiro. Recentemente seu Samurai foi homenageado no prêmio HQ Mix (o troféu apresentava um busto do personagem) 

segunda-feira, abril 02, 2018

A origem de Thanos

A Marvel sempre teve um pé na ficção científica. Quarteto Fantástico, o principal gibi da era de prata da editora, era uma série de FC. Mas nenhum autor explorou tão bem as sagas cósmicas quanto Jim Starlin, o autor que levou a editora ao infinito.
O primeiro trabalho de Starlin para a Marvel foi uma edição do Homem de Ferro, personagem que seu colega de quarto, Mike Friedrich, escrevia. Starlin aproveitou a oportunidade para colocar ali vários personagens que haviam surgido para ele em sonho quando estudava psicologia na faculdade. Stan Lee viu a história, achou o resultado péssimo e afastou Starlin da série.
Mas Roy Thomas achava que o artista tinha futuro e lhe passou a revista do Capitão Marvel, que ele mesmo escrevera. A revista vendia mal, o personagem era praticamente uma página em branco, com uma personalidade insípida. Se não desse certo, era só cancelar a publicações.
Starlin reformulou completamente o personagem e o transformou em um sucesso entre a geração hippie. A história metamorfose, publicada na edição 29 da revista marcou os quadrinhos da Marvel para sempre e mostrou o quanto Starlin poderia ser revolucionário.
Nela, o herói é transportado para uma realidade onde é confrontado por uma criatura chamada Eon. Starlin encheu a história de cenas de luta, mas os leitores mais espertos perceberam que toda aquela ação era na verdade uma grande metáfora para um processo de transformação do personagem que, a partir dessa experiência iria adquirir consciência cósmica.
As vendas não paravam de subir e a redação da Marvel começou a receber cartas destinadas a Starlin que vinham com cigarrinhos de maconha.
Starlin trouxe para a série um conjunto de personagens que havia testado na história do Homem de Ferro, entre eles aquele que viria a se tornar o maior vilão cósmico da Marvel: o titã Thanos, um personagem poderosíssimo, apaixonado pela morte. Dizem que Starlin queria copiar um dos personagens que Jack Kirby tinha criado para a DC, Metron. Ao saber disso, Roy Thomas teria lhe dito: já que vai copiar, copie logo o Darside! Thanos se destaca não só pelo seu poder, mas principalmente por sua motivação: ele é apaixonado pela Morte e pretende destruir planetas inteiros para agradá-la. Essa motivação torna o personagem complexo: embora seu objetivo seja o assassinato em massa, ele o faz movido pelo amor.
Se o Capitão Marvel serviu para testar os conceitos lisérgicos e cósmicos de Starlin, foi outro personagem, Warlock, que lhe rendeu seus momentos mais inspirados (e mais “viajantes”).
Warlock havia sido criado como personagem secundário do Quarteto Fantástico pela dupla Stan Lee e Jack Kirby e teve uma revista própria escrita por Roy Thomas com arte de Gil Kane, sem muito destaque.
Starlin introduziu na série um novo vilão, o poderoso Magus, que é, na verdade, o Warlock do futuro. Magus dominou a galáxia, impondo um regime totalitário baseado na sua igreja, a Irmandade Universal e uma espécie de inquisição, que arrasa mundos que não seguem seu credo. O artista começou aí a abordar um dos seus temas mais caros: os perigos do fanatismo religioso e a religião como forma de alienação e totalitarismo. Uma das primeiras histórias produzidas por Starlin já aborda o assunto, com o personagem sendo submetido a uma lavagem cerebral para se adaptar aos sistema.
A série ganhou dois personagens secundários que conquistaram os fãs: Gamorra, a mulher mais perigosa da galáxia e o troll Pip, e trouxe de volta o grande vilão criado por Starlin: Thanos.

O gibi fez tanto sucesso que o capítulo final, o confronto definitivo com Thanos, teve a participação dos Vingadores e do Homem-aranha, duas das séries mais populares da Marvel – e até hoje essa história está entre as melhores dos Vingadores. 

domingo, abril 01, 2018

Sherlock Holmes e a navalha de Ockham

A melhor piada que já ouvi sobre a Navalha de Ockham:
Sherlock Holmes e Dr. Watson vão acampar. Montam a barraca e, depois de uma boa refeição e uma garrafa de vinho, deitam-se para dormir.
Algumas horas depois, Holmes acorda e cutuca seu fiel amigo:
- Meu caro Watson, olhe para cima e diga-me o que vê. 
Watson responde:
- Vejo milhares e milhares de estrelas.
Holmes então pergunta:
- E o que isso significa?
Watson pensa um pouco. Depois responde:
- Significa que há milhares, talvez milhões de estrelas.
- Não, Watson, não é isso!
- Signifia que Saturno está em Leão e teremos um dia de sorte amanhã.
- Não, Watson, não é isso!
- Significa que são 3:15 da manhã pela altura da Estrela Polar.
- Não, Watson, não é isso!
- O céu está limpo, o que significa que teremos um belo dia amanhã!
- Watson, roubaram a barraca!!!!!!

O experimento de aprisionamento de Stanford


Em 1971 o psicólogo Philip Zimbardo conduziu uma experiência para entender como uma prisão afeita o comportamento dos prisioneiros. Para isso, ele selecionou 24 estudantes, considerados os mais equilibrados psicologicamente entre 70 voluntários. Como era época da impopular Guerra do Vietnã, ninguém queria ser guarda – de modo que tiveram que sortear quem seria prisioneiro e quem seria guarda.
 A experiência logo saiu do controle. Os guardas abusavam repetidamente de seu poder, humilhando e torturando psicologicamente os prisioneiros, que eram muitas vezes acordados de madrugada para contagens que duravam horas ou sessões de humilhação – que incluíam desde humilhação sexual até obrigar um estudante religioso a proferir palavrões. Até mesmo Zimbardo e seus assistentes saíram do controle, estimulando o comportamento dos guardas.
A experiência, que deveria durar duas semanas, foi abortada no sexto dia, quando o nível de descontrole dos guardas chegou ao seu auge.
O que começou como uma pesquisa sobre o comportamento dos prisioneiros terminou com um dos maiores alertas já feitos sobre os perigos do poder e do abuso de autoridade.
O episódio ganhou um filme dirigido por Kyle Patrick Alvarez e lançado pela Netflix em janeiro de 2018. O diretor busca fazer uma reconstrução o mais próxima possível dos acontecimentos reais, inclusive do ponto de vista visual (a experiência foi filmada, por isso há muitas imagens disponíveis). Além disso, o uso inteligente de closes torna tudo ainda mais pungente e assustador . As expressões faciais destacam a reação dos presos, de repente imersos em algo que não compreendem e a espiral de sadismo dos guardas, cada vez mais fascinados com as delícias do poder.
O experimento de aprisionamento de Stanford é um filme assustador sobre como pessoas normais podem se tornar psicopatas e deixar aflorar toda a sua maldade  numa situação de poder e de grupo – e sobre como essa sensação de poder vai contaminando a todos, inclusive os pesquisadores. E um grande alerta sobre os perigos do poder.