quinta-feira, janeiro 31, 2019

Ken Parker


Em 1974 o gênero faroeste já havia sido tão explorado que parecia praticamente impossível surgir alguma abordagem diferenciada. Foi quando surgiu, na Itália, Ken Parker, criação do roteirista Giancarlo Berardi e do desenhista Ivo Milazzo.
Uma primeira diferença estava no traço de Milazzo, que destoava do desenho realista que se usava até então no gênero. Seu estilo era simples, estilizado, mas altamente dinâmico e expressivo. O fato do personagem ser baseado no ator Robert Redford também era uma novidade na época (posteriormente, outros personagens dos fumetti emprestaram rostos de atores e atrizes famosos: Dylan Dog era Rupert Everett e a criminóloga Júlia era Audrey Hepburn.
Mas o grande diferencial de Ken Parker estava mesmo nos roteiros. Ken Parker é o mais humano dos cowboys. Berardi inovou logo nos primeiros números fazendo com que o herói perdesse a memória e fosse morar com os índios, sendo chamado de Chemako (aquele que não se lembra).
Durante décadas os índios foram retratados nos quadrinhos como animais ferozes e bárbaros. Algumas histórias em quadrinhos, como Tex e Blueberry já haviam começado a mostrar uma visão mais positiva dos índios, mas seria apenas com Ken Parker que os nativos norte-americanos seriam retratados de forma realista e como o que de fato eram: vítimas dos massacres dos homens brancos que invadiam suas terras.
O episódio demonstrou bem alguns dos principais méritos da série: o de mostrar o outro lado do velho Oeste. Ken Parker convive não só com índios, mas com baleeiros e esquimós.
Os episódios Terras Brancas e a Nação dos Homens, em que o personagem convive com os esquimós, é praticamente uma aula de roteiro de como o roteirista deve pesquisar sobre o ambiente em que se passa a história para escrevê-la. Os costumes e forma de vida dos esquimós são retratados com um realismo impressionante para a época, elevando a série muito além do que era feito com o gênero faroeste.
Não bastassem essas inovações, Ken Parker ainda brincava com outros gêneros, experimentando outras possibilidades. No episódio 4, Homicídio em Washington, Berardi introduziu uma trama policial, o que ocorreria em vários outros volumes. Na história Boston, por exemplo, Ken Parker contracena com grandes detetives literários, como Sherlock Holmes e Poirot e acaba sendo o responsável pela solução de um crime em uma locomotiva.
Em outro episódio, Ken Parker delira e se vê como um cavaleiro andante..
Outro grande diferencial de Ken Parker será a construção detalhada dos personagens secundários, que muitas vezes parecem roubar a cena, tornando-se a grande atração do gibi. É o caso da menina Pat O´Shane, uma personagem tão carismática que, embora tenha aparecido em poucos números, é lembrada com carinho por todos os fãs da série.  
A única limitação do gibi parecia ser mesmo a imaginação do roteirista. O público de faroeste, normalmente muito conservador, reagiu bem a essas inovações e a revista Ken Parker se estabeleceu no gosto do público, ganhando fãs fieis especialmente entre as pessoas com maior nível intelectual. A revista durou dezenas de números e teve até mesmo álbuns de luxo.
Em uma das últimas histórias, Berardi e Millazzo voltaram a inovar apelando para a metalinguagem. Na história A terra dos heróis, desenhista e roteirista contracenam com o personagem numa história que inclui uma verdadeira multidão de convidados especiais: de Pinóquio ao Zorro, passando pelo ator Orson Welles.

Atenção: cozinhar e guardar arroz para comer mais tarde pode cultivar bactéria mortal. Veja como evitar isso!

É sabido que deixar a comida preparada em cima do fogão pode deixá-la mais suscetível à deterioração e à proliferação de bactérias. Mas, um alimento específico pode ter consequências piores se guardado para comer mais tarde. Trata-se do arroz cozido, pois quando se cozinha o arroz, não se mata necessariamente todas as bactérias existentes nele, o que pode gerar uma intoxicação alimentar.
Uma bactéria em forma de esporo chamada Bacillus cereus pode sobreviver ao cozimento. A germinação e o crescimento dessa bactéria acontecem geralmente a uma temperatura entre 10 e 50 graus Celsius. Isso significa que se o arroz for cozido e mantido sob temperatura ambiente, os esporos podem germinar e multiplicar suas formas vegetativas. Leia mais

quarta-feira, janeiro 30, 2019

Entrevista para a Agecom

A agência experimental de jornalismo da Unifap produziu uma minuciosa entrevista-perfil comigo relatando desde os meus primeiros contatos com a leitura até a minha produção de quadrinhos. Para ler, clique aqui

Marketing, que bicho é esse?


Philiph Kotler, o papa do marketing e o principal autor dessa área, escreveu certa vez: “Marketing é a atividade humana voltada para a satisfação das necessidades e desejos do consumidor através de um processo de troca”.
            Vamos analisar essa definição.
            Kotler fala em necessidades e desejos. Todo mundo tem necessidades. Todo mundo precisa comer, beber, dormir... e todo mundo tem necessidade de coisas um pouco mais abstratas, como proteção, reconhecimento, status, autorrealização.
Essas necessidades não foram criadas pelo marketing, mas são usadas por ele para vender produtos. Quando um fabricante vende um colchão, ele não está vendendo uma armação de pano e algodão. Ele está vendendo a satisfação da necessidade de sono. Da mesma forma, quem vende grades não está vendendo um amontoado de metal, está vendendo segurança.
Todo produto de sucesso está associado a uma necessidade. Por exemplo: um time de futebol. Qual a necessidade que ele satisfaz? Você consegue imaginar? Para começar, o esporte trabalha a necessidade de relacionamento, pois as pessoas vão para o clube e acabam conhecendo outras pessoas. Muitas amizades começam com a pergunta: “Para que time você torce?”
Além disso, quando o time ganha, o torcedor se sente também um vitorioso. Está sendo satisfeita aí a necessidade de ser um ganhador. Não é à toa que, quando o time perde, o torcedor sente-se frustrado: afinal, a necessidade de vitória não foi satisfeita...
Kotler também fala de consumidor. Saber quem é o seu cliente é essencial, caso queira vender algo a ele. Na verdade, no marketing esse é o personagem principal. Tudo gira ao redor dele, tudo é feito para satisfazê-lo.
Portanto, produto é tudo aquilo que satisfaz uma necessidade. Uma pedra não é um produto, mas se ela for usada para satisfazer uma necessidade, ela se torna um produto.
Finalmente, Kotler explica que o marketing se dá por meio de um processo de troca. Só a necessidade e o produto não definem o marketing. Uma pessoa diante de uma necessidade (vamos dizer que ela esteja com fome) pode optar pelas seguintes alternativas:
Autoprodução – ela pode produzir a própria comida, seja pescando, colhendo frutas, seja caçando. Não há interação, já que a pessoa satisfaz a própria necessidade.
Coerção – essa é uma palavra bonita para roubo. A pessoa simplesmente se apropria da comida de outro. Isso não é marketing, pois só uma das partes é beneficiada.
Súplica – essa é uma opção mais civilizada que o roubo, mas ainda assim não é marketing. Não há nenhuma troca real envolvida e só o que o produtor recebe é a gratidão de quem recebeu a comida.
Finalmente, há a troca. Nesse caso, o produtor tem algo que o consumidor precisa (no caso, comida) e o consumidor tem algo que o produtor quer (dinheiro, provavelmente).
A maioria das necessidades pode ser encaixada numa escala, a chamada hierarquia das necessidades de Maslow. Para esse psicólogo norte-americano, existem necessidades básicas, que devem ser satisfeitas antes de se passar às necessidades mais elaboradas. Uma pessoa com fome, por exemplo, não pensa em status. Quanto mais sobe na pirâmide das necessidades mais valor tem esse produto.
Uma colher, por exemplo, satisfaz a necessidade fisiológica de fome, pois ajuda a pessoa a comer. Mas uma colher de ouro satisfaz a necessidade de status. Um copo d’água é barato porque satisfaz apenas a sede, mas um copo d’água Perrier satisfaz a necessidade de status, por isso é caríssimo.

O país dos cegos



O país dos cegos é um livro de contos de H. G. Wells lançado em 2014 pela editora Objetiva.
Wells foi uma das figuras fundadoras da ficção científica e é mais conhecido por suas incursões nesse gênero. O país dos cegos, no entanto, mostra que ele era também um mestre da fantasia e do policial.
O conto que dá título ao volume é o mais intrigante de uma coletânea de grandes textos. Difícil  definir O país dos cegos: fantasia, parábola? Um antecessor do realismo fantástico?
Na história, um homem que acompanha uma expedição sofre um acidente e, após escapar miraculosamente da queda de uma montanha, se vê em um país em que todas as pessoas são cegas.
A frase “em terra de cego, quem tem um olho é rei” lhe vem logo à mente, mas as coisas não são tão simples. Para começar, é impossível explicar do que se trata a visão e a insistência no assunto faz com que os habitantes do local acreditem que estão diante de alguém com retardo mental.
Além disso, ele parece menos adaptado ao ambiente do que seus habitantes, que circulam facilmente pelo local graças a marcações feitas no caminho. Ademais, os habitantes do vale dormem de dia, quando está quente, e trabalham à noite, quando está frio – e nosso herói, incapaz de se movimentar adequadamente no escuro, é visto como inapto.
O conto poderia se encerrar assim, em uma metáfora sobre a cegueira de uma sociedade, mas vai muito além. Wells introduz até mesmo uma religião, surgida da cegueira. E o conto logo se torna um relato de suspense, quando um perigo pode dizimar a vila e o protagonista se vê incapaz de avisá-los. É um texto profundo, que deixa mais questionamentos do que certezas e nos permite discutir muitos aspectos da realidade e da sociedade.
Outro conto que se destaca é a A loja mágica, sobre um homem que entra com o filho em uma loja de truques e é surpreendido por uma sucessão de acontecimentos estranhos, que parecem revelar que o local é de fato mágico. O texto de Wells é divertido como uma apresentação de mágica, mas ao mesmo tempo tenso, pela suspeita de que pode haver algo a mais por trás daqueles truques. O senso de deslumbramento que vemos nesse conto lembra muito obras famosas de fantasia, como Harry Potter. É possível ver ali a fonte de textos de Stephen King, Neil Gaiman e Ray Bradbury. É fantasia no seu estado mais puro.
Os outros contos não decepcionam. Eles mostram como Wells era um gênio muito à frente de seu tempo, capaz de imaginar temas que só seriam plenamente explorados no futuro. Há um conto que antecipa o conceito de mundo invertido, de Strange Things, outro que parece ter sido inspiração para o super-heroi Flash. Outro antecipa as técnicas de verossimilhança usadas por H.P. Lovecraft, com o uso de citações e personagens falsos e verdadeiros. 

Sete motivos para você não se tornar professor

Pedro P. Bittencourt

Motivo nº 1: você não será valorizado

Não à toa esse é o motivo número um, a principal razão que afasta jovens de seguir carreira na educação. É de conhecimento até do mundo mineral que o professor é muito desvalorizado. A discussão de hoje vai girar bastante em torno desse tópico, podendo soar meio redundante, confesso. Por enquanto, quero mostrar que essa desvalorização pode ser dividida em três eixos: de salário, de significado e de sentido.
Professor ganha mal, ganha muito mal. Tanto faz se trabalha na rede pública ou particular de ensino, os salários costumam ser ridículos. O piso salarial nacional para os professores, reajustado todo ano (conforme lei nº 11.738 de 16 de julho de 2008), está nesse ano de 2017 em R$ 2 298,80, para uma jornada de 40 horas semanais. Segundo dados divulgados pelo INEP(Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) em junho de 2017, na rede federal de ensino, que tem a melhor remuneração do país, o professor recebe em média R$ 48,55 por hora de trabalho. Contudo, menos de 1% dos professores da educação básica recebe mais do que 3500 reais por mês. A rede particular é a que tem o pior salário da categoria, pagando em média R$ 16,24 por hora trabalhada. Leia mais

terça-feira, janeiro 29, 2019

As aventuras do pequeno Xuxulu


Dylan Dog


Em 1986, a Itália viu surgir um personagem de quadrinhos que viraria uma verdadeira febre, chegando a vender um milhão de exemplares mensais e sendo republicado duas vezes, ao mesmo tempo que a edição normal. Era Dylan Dog, o detetive do pesadelo.
Dylan foi criação de Tiziano Sclavi, um jornalista e escritor italiano, fã de terror. Sclavi dotou sua série de uma bem elaborada mitologia que conquistou os fãs. Assim,  Dylan é um ex-agente da Scotland Yard, ex-alcoólatra, que vive de solucionar casos misteriosos envolvendo vampiros, lobisomens, múmias e mais todo tipo de monstros e pesadelos. Ele usa sempre calça jeans, camisa vermelha e blazer preto, mora em uma casa que tem uma campainha que grita, toca clarinete quando precisa refletir sobre algum caso e faz muito sucesso com as mulheres.
Dylan tem como assistente o piadista Grouxo, baseado no comediante Grouxo Marx, que dá o alívio cômico para a série. Mesmo nos piores momentos, Grouxo tem uma piada na manga. Algumas delas:
“Ontem salvei uma mulher que estava para ser violentada. Bastou eu me controlar.”
“As mulheres são loucas por mim! Ontem à noite uma garota ficou batendo na minha porta durante horas, mas eu não a deixei sair”.
“Sei ficar em silêncio em quinze idiomas”.
“Este papagaio é estraordinário, senhora! Bota ovos quadrados. E sabe falar? Bem, sabe dizer ai”.
Quando o desenhista perguntou a Sclavi como deveriam ser as feições do personagem, este respondeu: “Como Rupert Everett”. Fazer personagens como feições de gente famosa não é novidade nos comics italianos. Ken Parker, por exemplo, é a cara de Robert Redford. Esse expediente parece aumentar ainda mais a aura pop dos personagens.
Sclavi juntou tudo num mesmo caldeirão: referências pop, romantismo, humor, terror e até surrealismo. Sim, alguns das melhores histórias do personagem são aquelas em que se perde a referência do real e parece que o leitor entrou num mundo onírico em que qualquer coisa pode acontecer.
O sucesso extraordinário de detetive do pesadelo fez com que a editora Sérgio Bonelli, que publica o personagem, criasse o Dylan Dog Horror Festival, uma exibição de filmes à qual comparecem milhares de pessoas vestidas de monstros ou como personagens da série. Além do festival, Dylan serviu de inspiração para agendas, adesivos, embalagens, jogos, vide-games, campanhas contra as drogas, simpósios e teses acadêmicas. Nas palavras do jornalista Sidney Gusman, Sclavi conseguiu criar uma história em quadrinhos de autor que, ao mesmo tempo, é imensamente popular.
No Brasil, Dylan Dog foi publicado primeiramente pela Record, no início dos anos 1990. Mas o personagem que sobrevivera a tantos monstros não conseguiu resistir à crise e acabou sendo cancelado depois de poucos números. Em 2001, a editora Conrad resolveu publicar o fumetti numa série de 6 números com um formato mais alongado, papel de melhor qualidade e capas de Mike Mignola. As vendas não foram as esperadas, e o personagem acabou passando para a Mythos, que já publicava diversos outros quadrinhos da Bonelli, como Tex, Zagor, Ken Parker e Júlia, durando até o número 40.  

Queda de matrículas em licenciatura no país gera temor de apagão na formação de professores

Procura por Português caiu 13% em quatro anos; Educação Física continua no topo da preferência

Museu Monteiro Lobato

Tive a oportunidade de visitar o Museu Monteiro Lobato, no sítio do escritor, em Taubaté. É emocionante conhecer a casa em que Lobato escreveu alguns dos seus melhores textos, com destaque para o livro Urupês. Infelizmente há pouca informação sobre o escritor, faltam legendas, textos explicativos e principalmente material interativo e audio-visual (vídeos, áudios etc). Para alguém revolucionário como Lobato, o museu parece bastante conservador. Entretanto, vale a visita (se estiver com crianças, há apresentações teatrais nos finais de semana). Se passar por Taubaté, não deixe de conhecer o Museu, que fica praticamente no centro da cidade. Confira as fotos. 
Há várias estátuas dos personagens espalhadas pela área do Museu. 

A casa-sede da fazenda do Lobato, agora sede do Museu. 





Certidão de batismo e de óbito do escritor. 


Uma das poucas salas com cara de museu moderno, dedicada às pinturas do escritor. 

Algumas das edições mais antigas de livros de Lobato (tenho a maioria dessas edições)




segunda-feira, janeiro 28, 2019

Super-homem x Homem-aranha – o primeiro crossover Marvel vs. DC




Em 1975 um agente literário procurou a direção das duas maiores editoras de quadrinhos dos EUA com uma proposta que considerava um sucesso certo: um encontro entre os heróis mais populares de cada editora. O encontro levou a uma enorme negociação, que delimitava, entre outras coisas, que nenhum herói teria mais protagonismo que outro ou seria mostrado como vilão.
Para escrever a história, a DC escolheu o jovem Gerry Conway, que com apenas 23 anos já era uma estrela dos comics, com uma memorável passagem pela Marvel e na época trabalhando na DC. O desenho ficou por conta de Ross Andru com arte-final de Dick Giordano.
O resultado foi um dos momentos mais clássicos dos quadrinhos de super-heróis. É uma revista totalmente antológica, a começar pela capa, com os heróis prontos a se enfrentar em uma linda composição com a cidade em perspectiva abaixo. Uma capa tão icônica que foi depois imitada e homenageada dezenas de vezes.
E o desenho interno é certamente espetacular. Ross Andru é um dos melhores desenhistas de heróis de todos os tempos – e esse certamente é seu melhor trabalho, especialmente nas splash pages. É um trabalho tão bom que quando chamaram Garcia-Lopez para fazer o outro crossover, do Hulk com o Batman, e mostraram o encontro anterior, o desenhista argentino duvidou que conseguiria fazer algo à altura (conseguiu).
O roteiro é competente, divertido e explora muito bem os personagens. Conway havia escrito ambos os heróis e conhecia bem suas características, personagens secundários, estilo das histórias. A trama é simples: dois vilões, Lex Luthor e Dr. Octopus, se unem para derrotar os seus respectivos heróis – e claro que a trama envolve fazer os dois lutarem entre si, o que proporciona os momentos visualmente mais impressionantes da HQ. Pena que no formatinho da Abril muito dessa arte se perca.

Como foi o Dia do Quadrinho Nacional em Macapá

Em Macapá o Dia do Quadrinho Nacional foi comemorado dia 26 de janeiro, na Biblioteca Pública Elcy Lacerda. Teve palestras, oficina, stands de venda, xadrez, sword game, contação de histórias e até scape game. Dessa vez tivemos um público ainda maior, que lotou a biblioteca. Confira as fotos.

Sword game

Oficina de desenho




Exposição de originais


Contação de histórias





Scape Game


A era da burrice



Na Dinamarca desde o início do século XX os homens, quando fazem o alistamento militar, são obrigados a se submeterem a um teste de inteligência, o QI. Isso permitiu medir e comparar a inteligência, geração a geração. E aconteceu algo estranho: depois de crescer continuamente durante todo o século XX, a inteligência média começou a cair, a partir de 1998. Uma média de 3 pontos a cada 10 anos. E não é um fenômeno isolado. Em diversos outros países, em que o teste de QI é comum, o índices de inteligência só têm caído.
O tema é tão relevante que ganhou capa da revista Superinteressante de novembro de 2018.
Os dados são assustadores e preocupantes. Afinal, na comparação com outros animais, somos inferiores fisicamente. O que permitiu ao homem não só sobreviver, como dominar o planeta, foi a inteligência e a capacidade de adaptação. Com a inteligência decaindo, qual será o futuro da humanidade? Exemplo perfeito dos riscos dessa queda na inteligência são as campanhas contra as vacinas, que circulam nas redes sociais, que já provocaram mortes e volta de doenças erradicadas.
Há duas hipóteses para esse fenômeno. O primeiro é que as pessoas inteligentes estão tendo menos filhos, enquanto as pessoas burras continuam tendo muitos filhos. A segunda é que as redes sociais estão tornando as pessoas mais burras. Provavelmente é uma junção das duas coisas.
As redes sociais como promotoras de burrice é um fenômeno visível: temos a difusão de aberrações como terra plana, campanhas anti-vacinas, campanhas contra o ensino da teoria da evolução e sentimento anti-intelectual e anti-ciência que têm se disseminado pelas redes (basta lembrar que o guru da nova geração é justamente alguém que se destacou pelo anti-intelectualismo e pelas ideias anti-ciência).
Essa burrice generalizada também é cada vez mais visível nos comentários de matérias seja em sites de notícias ou no Facebook. No blog eu fui obrigado a bloquear os comentários. A pessoa discordava de mim, mas não apresentava argumentos, dados, nada. Eram apenas ofensas e frases de efeito. Na era da burrice, uma frase feita vale por mil argumentos.

domingo, janeiro 27, 2019

MAD 15 - gripe suína

Guia MAD de sintomas da gripe suína foi minha quarta colaboração com a famosa revista de humor. Boa parte do texto, claro, eram piadas com porcos e/ou com o Palmeiras. Alguns dos sintomas também faziam referência ao país de onde se acreditava que vinha a gripe, o México. Hoje em dia se sabe que a gripe nem veio do México nem é proveniente de porcos, mas nas época isso deu uma boa sátira. Os desenhos ficaram por conta de Juarez Ricci e o roteirista Matheus Moura me ajudou no roteiro. 

A pirâmide do conhecimento

Essa é a triste realidade do Brasil atual.

Quadrinista do Amapá torna-se professor em curso de mangá

O quadrinista amapaense Isarel Guedes é o mais novo professor da escola de mangá Japan Sunset, em São Paulo. Isarel é autor do mangá T-Hunters, um dos mais lidos em plataforma de streaming. Conheço Isarel e o que me chama atenção nele é a busca constante por aperfeiçoamento. O resultado estamos vendo: um amapaense se destacando no mercado nacional. Parabéns, Israel.

A origem do Senhor dos Anéis



Quem assistiu ao filme O Senhor dos Anéis deve ter ficado curioso para saber como Bilbo, o tio de Frodo, conseguiu o anel que dá origem à história e causa tanta confusão. Para esses que querem se aprofundar mais na obra de J.R.R. Tolkien, a Martins Fontes lançou O Hobbitt, o primeiro livro da série.

O Hobbit foi escrito por Tolkien para divertir seus filhos, razão pela qual a linguagem é bastante acessível. Na época ele ainda não tinha idéia de fazer uma grande saga épica, mas o sucesso comercial desse primeiro livro o levou a imaginar a trilogia chamada O Senhor dos Anéis. Quem leu os livros da trilogia vai sentir rapidamente a diferença: nada daquela narrativa angustiada e carregada de suspense. Em O Hobbit predomina o humor. Humor britânico por sinal, difícil às vezes de entender, mas absolutamente delicioso.

Bilbo Bolseiro era o mais pacato dos hobbits e vivia sossegado em sua toca no chão. Uma toca muito confortável, por sinal, com uma porta redonda pintada de verde, mais cozinha, sala, adega e muito mais cômodos. Bilbo nunca quis saber de aventuras, pois elas são desconfortáveis e fazem com que você se atrase para o jantar.

Tudo mudou um dia em que ele estava fumando seu cachimbo na frente da casa e avistou um velho com um chapéu pontudo e uma longa barba. É claro que o velho era ninguém menos que Gandalf, o mago, que colocou na cabeça uma idéia estranha: aquele hobbit poderia ser um bom ladrão. Bilbo, claro, não gostou nem um pouco da idéia e se trancou dentro de casa, dizendo: "Sinto muito, eu não quero aventuras, muito obrigado. Hoje não. Bom dia! Mas, por favor, venha tomar chá, a qualquer hora que quiser! Por que não amanhã? Venha amanhã! Até logo!". Como todos sabem, ou deveriam saber, pois esse é o tipo de coisa importante de se lembrar, um mago sempre volta quando convidado. E o Hobbit o havia convidado para tomar chá. No dia seguinte, a casa de Bilbo foi inundada por uma verdadeira multidão de anões, com suas barbas azuis e seus capuzes. Todos muito famintos por bolos e chá. Finalmente chegou Gandalf e, depois de grande festa, foi anunciado o plano: roubar um tesouro de um dragão maligno. Quando soube, Bilbo caiu duro no chão. É claro que anões desconfiaram de que ele pudesse não ser o ladrão ideal para a situação, mas Gandalf os acalmou afirmando que Bilbo era feroz como um dragão num aperto.

Claro que, segundo Tolkien, a comparação só podia ser uma licença poética. Nenhum Hobbit podia ser comparado à ferocidade de um dragão, nem mesmo o bisavô do avô de Bilbo, Urratouro, que era tão grande que conseguia montar um cavalo. Esse hobbit era tão valente que, na Batalha dos Campos Verdes, arrancou a cabeça do rei dos Orcs. A cabeça voou longe e caiu numa toca de coelho. Dessa forma a batalha foi vencida e, ao mesmo tempo, foi inventado o jogo de golfe.

Antigamente os anões viviam numa montanha e tinham grande quantidade de ouro e jóias, que trabalhavam com grande maestria.

A grande riqueza acabou chamando a atenção do dragão Smaug, que veio do norte e pousou sobre a montanha em um jato de fogo e incendiou toda a floresta que rodeava a montanha. Os anões tentaram fugir pelo portão principal, mas foram todos tostados. Os únicos que se salvaram foram os que estavam fora e os que saíram por uma porta secreta. Depois disso, Smaug empilhou todas as riquezas e passou a dormir sobre elas, como se fossem uma cama, pois os dragões, embora adorem roubar ouro, pedras e coisas semelhantes, jamais usufruem delas.

Assim, a missão do grupo é entrar pela porta secreta e roubar do dragão tudo que ele furtou dos ladrões. Uma aventura nada fácil, mas muito lucrativa, especialmente para quem sobreviver.

Para terror de Bilbo, que, como eu já disse, odeia aventuras, especialmente as perigosas, lá se vão eles.

No caminho eles encontram trolls, que, como todo mundo sabe, se transformam em pedras se não se entocam debaixo da terra antes que amanheça, mas durante a noite fazem muitas barbaridades, em especial caçar humanos para comer. Dão de cara com elfos e muitas outras espécies interessantes... e claro, passam por maus bocados.

Como se vê, tudo muito parecido e muito diferente de O Senhor dos Anéis. Parecido porque o livro trata do mesmo universo mágico que transformou o primeiro filme da trilogia em um sucesso. E diferente porque a narrativa é muito menos adulta.

Tolkien brinca com as palavras, sendo muitas vezes irônico e espirituoso, como nos melhores livros infantis. E a trama também é mais simples.

É, portanto, um livro indicado para quem é fã da trilogia do anel e quer apresentar o universo mágico de Tolkien aos seus filhos, incentivando-os na leitura (claro que essa também é uma boa desculpa para você se divertir com mais um livro do mestre inglês).

E, como último comentário, embora a narrativa seja mais infantil, O Hobbit mantém as ótimas e detalhadas descrições, que fazem todo o diferencial de O Senhor dos Anéis. São descrições exatas, mas poéticas, que nos fazem imaginar exatamente como seria um mundo habitado por hobbits, anões, elfos e trolls. Veja um exemplo: "Parecia não haver árvores, vales ou colinas pra quebrar a monotonia do terreno à sua frente, apenas uma vasta ladeira que subia lentamente até encontrar o pé da montanha mais próxima, um trecho extenso, da cor do urze e cheio de pedras se esboroando, com trechos e manchas de verde-grama e verde-musgo, indicando onde poderia haver água".

sábado, janeiro 26, 2019

Minha paixão é dar aula, mas ganho o dobro como motorista

Conheça a história de Pedro Henrique professor de matemática que trabalha há dois anos como motorista para complementar a renda


Crédito: Tuane Fernandes/Nova Escola
Pedro Henrique Soares, 35 anos, São Paulo (SP), professor de Matemática do Fundamental 2 no Colégio Chalupe e motorista de aplicativo
RENDIMENTOS: R$ 2.200 como professor; R$ 4.000 como motorista

Sou pai de duas crianças pequenas, uma tem 2 anos e a outra é recém-nascida. Sou profes- sor de Matemática no Fundamental 2, do 6º ao 8º ano. Minha esposa é pedagoga, mas
está desempregada, e moramos de favor no fundo da casa dos meus sogros, em dois cômodos. Antes das crianças, eu trabalhava em três escolas. Quando meu primeiro filho nasceu, decidi ficar só na escola particular para ter mais tempo com a família, mas as contas começaram a apertar. Leia mais

A arte impressionante de Mike Mignola


Mike Mignola é um artista norte-americano conhecido por seu estilo expressionista com fortes contrastes, perfeita para quadrinhos de terror. Ele ficou famoso no Brasil com a publicação a revista Um conto de Batman - Gotham City, em que o Cavaleiro das Trevas enfrenta Jack, o estripador.  Outro trabalho de destaque foi a graphic Marvel Dr. Estranho & Dr. Destino Triunfo e Tormento. Mignola foi desenhista do filme Drácula de Bram Stoker, de Francis Ford Coppola. Sua criação mais famosa é Hellboy.