terça-feira, abril 30, 2019
O Super-homem de Garcia-López e Gerry Conway
No início da década de 1970, Garcia-López era apenas um espanhol criado na argentina recém-chegado aos EUA e procurando um espaço no mercado dos comics. E Gerry Conway era um roteirista iniciante, chegando na DC depois de uma fase memorável na Marvel, escrevendo o Homem-aranha.
O início da parceria dessa dupla (que se tornaria uma das mais afinadas dos comics, principalmente na obra-prima Esquadrão Atari) que podemos acompanhar no primeiro volume das Lendas do Homem de Aço. É curioso ver como ambos, tanto roteirista quanto desenhista, vão tentando se acostumar com o personagem. Conway demora para dar verossimilhança para o personagem (a explicação para Clark Kent continuar apresentando o jornal enquanto o Superman atua é sofrível) e Garcia-Lopez sofre com arte-finalistas que não combinam com seu desenho limpo. O confroto com a Mulher-Maravilha é nitidamente o ponto que os dois se acertaram (apesar da arte-final de Dan Adkins muitas vezes sujar o traço limpo de Garcia-López). Conway constrói uma boa trama retrô e o desenhista demonstra toda sua capacidade para anatomia, perspectica e diagramação de página.
A última história do álbum, "A mensagem do sonhador" é o ponto em que podemos a dupla finalmente afinada, com um contexto de ficção-científica que certamente antecipa Esquadrão Atari e uma trama interessante, sobre um alienígena que deve entregar uma mensagem de paz, mas tem sua nave atingida por um meteoro.
Infelizmente, Garcia-López ficou pouco tempo no título. Logo ficou claro que seu traço vendia e ele era chamado para desenhar os primeiros números de novas revistas, como forma de alavancar as vendas, ou fazer capas de outras.
Posteriormente o desenhista foi chamado para fazer o guia de estilo dos personagens da DC, ficando também responsável pelas imagens promocionais - trabalhos belíssimos, que passaram a estampar lancheiras, camisas e tudo mais que tivesse personagens da DC.
A revista mais valiosa
Pessoas que não entendem de quadrinhos tendem a achar que o número 1 de uma revista em quadrinhos é a mais valorizada. Nem sempre. O melhor exemplo disso é este: a revista Amazing Fantasy 15 (de 1962) é de longe a mais valorizada da série por uma razão simples: foi a primeira a publicar uma história do Homem-aranha. Stan Lee aproveitou a revista, que seria cancelada para introduzir seu personagem e testar sua popularidade (o dono da Marvel achou que as crianças não iriam gostar de um personagem baseado em uma aranha). Posteriormente o herói ganhou revista própria.
Manto e Adaga
A Marvel sempre teve como característica personagens diferentes,
que se distinguiam muito da imagem clássica dos super-heróis. Mas nenhum deles
eram tão singular quanto Manto e Adaga.
Surgidos em uma história do Homem-aranha, eles ganharam uma minissérie
em quatro edições no ano de 1983, publicada aqui na revista Heróis da TV. Foram
apenas quatro histórias, mas que chamaram atenção e marcaram os leitores da época.
Vítimas de uma experiência de traficantes, dois jovens ganham
poderes opostos: Manto assume as trevas, enquanto Adaga é a luz.
Pode parecer algo simplório, mas o roteirista Bill Mantlo
conseguiu dar grande profundidade ao conceito, transformando-os em opostos em
tudo, mas complementares como se fossem versões humanas do Yin Yang.
Por viver nas trevas, Manto se alimenta de luz e é a parceira que
lhe cede a essa energia, mas isso a afeta, podendo até mesmo matá-la. Esse
impasse ético é boa parte do charme das histórias.
A história vai muito além da dicotomia típica das histórias de heróis,
em que vilões e heróis são extremamente demarcados: em alguns momentos Manto
parece o vilão em sua fome de luz, que o leva a sugar a energia de outras
pessoas, matando-as.
Para ilustrar essa história foi chamado Rick Leonardi, um dos mais
subestimados desenhistas dos comics americanos. Seu traço era bonito, inovador,
dinâmico. E a caracterização dos personagens era perfeita na: Adaga era
desenhada num traço limpo, enquanto o traço de Manto era uma massa de sombras. Ajudava
muito, claro, a incrível arte-final de Terry Austin, que ajudava a dar leveza
para a Adaga e peso para o Manto.
A destruição da educação pública
Há algum tempo um aluno vindo de uma faculdade particular através
do Vestibulinho me confessou que pensou muito antes de passar para uma
universidade pública.
Descendente de alemães, super disciplinado e interessado em
aprender, ele achava que teria uma educação da pior qualidade na pública. Para
seu espanto, descobriu que o nível na federal era muito melhor que na privada:
os professores eram mais qualificados, mais engajados. Ele até tinha mais aulas.
Recentemente as faculdades particulares demitiram a maioria dos
professores mestres e doutores, deixando apenas professores especialistas
horistas, que apenas fazem “bicos” no ensino. Dessa forma, era muito comum que
os alunos ficassem sem aula (o profissional não iria faltar a uma reunião de
seu trabalho fixo para ir fazer bico, não é mesmo? ).
Claro, ele admitia que havia problemas de falta de estrutura. Mas
isso também o havia espantado, ao perceber que professores tiravam do próprio
bolso para compensar o que faltava – exemplo disso era o professor que havia
montado os laboratórios do curso usando dinheiro do próprio salário.
E, há claro, toda uma propaganda negativa das universidades, feitas
por determinados grupos, que falam as maiores barbaridades sobre as
universidades.
Então, o que ele encontrou, para sua surpresa, foi algo
completamente diferente do que esperava.
A pergunta que me faço é porque há todo um movimento disposto a
pintar a universidade pública de forma tão negativa. Uma resposta óbvia é que
quanto menos educação tem um povo, mais fácil é manipulá-lo.
Mas há um outro fator: há toda uma ideologia segundo a qual o Estado
deixa de ser responsável pela educação do indivíduo – mesmo que o cidadão
esteja, na verdade, pagando com seus impostos por aquele benefício. Isso,
claro, é algo negativo. Mas como vender algo negativo como algo postivo? Como convencer alguém que eliminar um
benefício é algo bom? Simples: demonizando aquilo. É o que estão fazendo com a
educação superior no Brasil. Assim manipulado, o pobre, que poderia estar
usando esse recurso pelo qual paga impostos, passa a defender o fim desse
serviço. Ps: Antes que digam que quem frequenta as universidades são os mais ricos, é bom lembrar que dois terços dos alunos de universidades federais são provenientes de famílias com renda de um salário mínimo e meio. Os alunos com mais renda são dos cursos como Medicina e Veterinária, exatamente aqueles cursos nos quais o MEC quer colocar mais dinheiro. Para a grande maioria dos estudantes de federais, o diploma é a única forma de melhorar de vida.
segunda-feira, abril 29, 2019
Creepshow
Em 1982 dois grandes mestres do horror, o escritor Stephen King e o cineasta George Romero se reuniram para fazer uma homenagem aos quadrinhos da EC Comics. O filme se chamou Creepshow e fez tanto sucesso que teve duas continuações.
Já que se tratava de um filme para homenagear os quadrinhos, por que não transfomar o roteiro em um gibi? Para isso foi chamado um dos desenhistas mais importantes da época, Bernie Wrightson, cujo personagem Monstro do Pântano, criado em parceria com Len Wein, havia sido um dos marcos do terror na década de 1970. Para fazer a capa contrataram um velho mestre da própria EC, Jack Kamen. Aliás, a própria capa já dá o tom da publicação: um garoto lê um exemplar de uma revista de terror enquanto uma figura cadavérica o observa pela janela. Nas paredes, cartazes de filmes de terror: Carrie, Despertar dos Mortos e O iluminado. Aliás, o cartaz do Iluminado é um curiosidade, já que King sempre odiou o filme – talvez Kamen tenha feito a homenagem sem saber disso.
O resultado é bastante divertido, especialmente para aqueles que leram os quadrinhos da EC. King em seu texto satiriza o estilo da EC, inclusive com o apresentador comentando a história e fazendo seus inevitáveis trocadilhos. Bernie Wrightson é Bernie Wrightson e, embora esse não seja seu melhor trabalho (só eu acho que o traço dele fica melhor em PB?), não decepciona.
As histórias são irregulares, primando muito mais pelo escatológico do que para o horror psicológico – que era uma das grandes características da EC. Também é raro encontrar nas histórias a ironia do destino comum em histórias da EC.
King nitidamente volta ao seu tempo de criança nessa homenagem à EC, mas também parece escrever as histórias com um olhar de criança, que não conseguia ver com profundidade as narrativas de terror de revistas como Tales from the Crypt.
Algumas histórias parecem uma boa ideia desperdiçada, como o caso de “Indo com a Maré”, em que um marido ciumento enterra o amante de sua esposa na beira da praia, deixando apenas sua cabeça do lado de fora. Se fosse uma história da EC, toda a narrativa se concentraria na agonia do homem, que sabe que irá se afogar quando a maré encher. Mas King estica a narrativa para mostrar os dois amantes voltando do mundo dos mortos para se vingar do esposo ciumento – um ponto da história totalmente descartável, que foge do ritmo narrativo já estabelecido na história e serve apenas apenas para aumentar a escatologia da HQ.
Nesse sentido, “Vingança barata” talvez seja o que mais se aproxima do que seria uma história EC Comics. Havia um padrão de histórias EC sobre pessoas com TOC, como do homem que comete um assassinato e passa tanto tempo limpando a cena do crime e de forma tão obsessiva que quando a polícia chega ao local ele ainda está lá, limpando digitais. “Vingança barata” mostra um magnata fanático por limpeza que de repente vê seu apartamento ser dominado por baratas.
King se destacou por conseguir levar o estilo dos quadrinhos EC para a literatura, criando narrativas envolventes que se aprofundam na psicologia dos personagens. É uma pena que quando ele tentou levar isso de volta para os quadrinhos não tenha mantido o mesmo nível. Ainda assim, Creepshow é um álbum divertido e a edição da DarkSide é caprichada, em capa dura, papel de boa qualidade, boa impressão e só peca pela total ausência de textos explicativos.
Promoção de vendas: amostra
Existem muitos tipos de promoções. Na verdade, a quantidade e a variedade de promoções é limitada apenas pela imaginação do varejista, fabricante ou fornecedor de serviços. Mas existem algumas ferramentas básicas.
Uma delas é a amostra. Nesse caso, o cliente é estimulado a experimentar o produto. É o caso, por exemplo, da simpática moça que distribui biscoitos para os clientes do supermercado. Mas a amostra não precisa ser apenas de produtos alimentícios. O teste drivede um carro é uma amostra. Afinal, o consumidor está utilizando o produto e percebendo suas qualidades.
A amostra é especialmente aconselhada no caso daqueles produtos cujas qualidades são difíceis de ser expressas com palavras ou imagens. Como explicar para um consumidor o gosto inovador de um salgadinho? Como mostrar para ele o quanto um xampu deixa os cabelos sedosos?
Quando o produto é desconhecido pela maior parte do público, um bom caminho é dar uma amostra para o público-alvo.
No final dos anos 1990, a maioria da população brasileira não tinha nem ideia do que era internet. Para eles, tanto fazia ter internet ou não ter, já que não conheciam seus benefícios. Nessa época, a UOL começou a distribuir seus CDs promocionais, que davam um mês de internet grátis. Ao final de um mês a grande maioria dos consumidores já estava tão impressionada com o novo mundo oferecido pela net que simplesmente continuavam como assinantes. O resultado disso: o UOL se tornou o maior provedor do país.
São necessários alguns cuidados na distribuição de amostras. O primeiro deles: o consumidor não deve ser pressionado. Ele não deve sentir que está recebendo alguma coisa, mas em troca terá que comprar algo a seguir. Frases do tipo: “Vai só comer de graça e não vai levar?” deveriam ser riscadas do vocabulário dos promotores de vendas. A ideia é exatamente oposta. O consumidor deve ficar tão encantado com a qualidade do produto, que decide comprar por livre e espontânea vontade.
Aliás, a simpatia dos promotores é um item essencial no sucesso desse tipo de promoção. Alguns são tão simpáticos, tão cordiais que agregavam valor ao produto, incentivando o cliente a comprar.
Outro item importante é a qualidade do produto. Distribuir amostras de um produto ruim é um suicídio comercial. Se durante o mês de uso gratuito da internet a pessoa tivesse problemas de conexão, ela nunca se tornaria assinante do UOL.
Também se deve atentar para a forma de distribuir amostras. Pode-se contratar uma promotora ou uma empresa especializada, que já tem diversas promotoras em sua folha de pagamento. Pode-se encartar a amostra na publicidade de jornais e revistas (como fazia o UOL) ou encartá-lo num produto de sucesso da empresa. Por exemplo, a empresa já tem um macarrão campeão de vendas, então pode encartar um sachê de molho de tomate nas embalagens desse macarrão. O consumidor vai adorar e, se o molho for bom, irá se tornar cliente.
Uma forma pouco aconselhada de distribuir as amostras é entregá-las aos varejistas. Muitos deles simplesmente vendem as amostras, acabando com todo o esforço promocional.
Kinsey - vamos falar de sexo
Kinsey - vamos falar de sexo,
filme de 2004, dirigido por Bill Condon, é a cinebiografia do cientista que, no início da
década de 1940 sacudiu a América ao mostrar em suas pesquisas que a variedade é
mais comum que a uniformidade quando se fala em sexo. Ele entrevistou milhares
de norte-americanos e descobriu números que contrariavam tudo que os moralistas
diziam. Se a maioria faz uma coisa, isso não pode ser considerado errado, dizia
Kinsey.
Num país que tinha leis proibindo
o sexo oral, Kinsey foi perseguido por conservadores e puritanos.
Um detalhe interessante é que o
filme quase foi proibido nos EUA, justamente pelos fanáticos religiosos que
haviam perseguido Kinsey.
Se há alguma lição em Kinsey é de
que os censores estão sempre tentando esconder algo sobre si mesmos. Incapazes
de lidar com seus desejos e impulsos, esses censores voltam-se para o externo, censurando
tudo que não dominam.
Censores são sempre figuras inseguras,
mas que não assumem essa insegurança. Criam para si uma máscara de auto-domínio
e segurança, enquanto são açoitados por dentro pela dúvida.
Parece que figuras desse tipo são
cada vez mais comuns...
Vereadores do Escola sem partido denunciam projeto com quadrinhos em sala de aula
Vereadores de Curitiba, ligados às igrejas evangélicas e capitaneados pelo vereador Thiago Ferro se revoltaram e acionaram o projeto Escola sem partido contra uma escola da cidade que fazia um movimento a favor da aceitação de crianças com deficiência. O projeto tinha imagens autorizadas por Maurício de Sousa. Entre outras atividades, as crianças cantariam a seguinte letra:
Negro, branco, pardo ou amarelo
Alto, baixo, gordo ou magricelo
Moreno, loiro, careca ou cabeludo
Deficiente, cego, surdo ou mudo (…)
A gente é o que é
A gente é demais
A lista é imensa
Viva a diferença!
Os vereadores denunciaram o caso à secretaria de educação de Curitiba.
Para além do discurso contra a diversidade e aceitação das diferenças, o caso eco o preconceito contra os quadrinhos. O vereador Thiago Ferro teria tido tal reação se o projeto não envolvesse quadrinhos?
Estaríamos diante de uma nova cruzada contra os quadrinhos como a que se viu nas décadas de 1950 e 1960 - época em que a leitura de quadrinhos era caso de polícia?
Negro, branco, pardo ou amarelo
Alto, baixo, gordo ou magricelo
Moreno, loiro, careca ou cabeludo
Deficiente, cego, surdo ou mudo (…)
A gente é o que é
A gente é demais
A lista é imensa
Viva a diferença!
Os vereadores denunciaram o caso à secretaria de educação de Curitiba.
Para além do discurso contra a diversidade e aceitação das diferenças, o caso eco o preconceito contra os quadrinhos. O vereador Thiago Ferro teria tido tal reação se o projeto não envolvesse quadrinhos?
Estaríamos diante de uma nova cruzada contra os quadrinhos como a que se viu nas décadas de 1950 e 1960 - época em que a leitura de quadrinhos era caso de polícia?
Matéria do Diário do Paraná de 30 de junho de 1960. Estaríamos vivendo uma nova cruzada contra os quadrinhos? |
Roteiro para quadrinhos: Como melhorar o seu texto
Uma pergunta comum de novos roteiristas é: como melhorar meu texto?
A resposta vale para qualquer um que escreve, seja quadrinhos, cinema, TV, livros: lendo e escrevendo.
Não existe outra forma de melhorar que não seja produzindo. Quanto mais produzir, melhor ficará seu texto.
Isso é bem óbvio no caso de roteiristas de quadrinhos que trabalharam durante anos em um único título, começando em início de carreira.
Pegue, por exemplo, uma história de Chris Claremont na sua fase inicial dos X-men. Depois compare com uma história da fase em que os desenhos eram de John Byrne, época em que o texto de Claremont já estava desenvolvido. A diferença é gritante.
Outro exemplo é Gerry Conway, escritor que começou sua carreira no Homem-aranha e foi responsável por uma das fases mais antológicas do personagem, com histórias clássicas, como a morte de Gwen Stacy. No começo, o texto de Conway parece inseguro e claramente imita o de Stan Lee. Com o tempo o texto se torna solto e vemos, a cada edição, a melhora no roteiro.
Infelizmente no Brasil não temos um mercado consolidado de quadrinhos que permita ao roteirista evoluir escrevendo um título. Mas para isso vale a boa e velha editora Gaveta. Escrever para a editora Gaveta significa escrever para engavetar, sem nenhum objetivo imediato de publicação, escrever para treinar. Pode ser que um dia você vá lá na gaveta e reaproveite alguma daquelas ideias, mas o objetivo inicial é apenas esse – escrever.
O ideal de um bom escritor é ser como um bom motorista. Um bom motorista dirige automaticamente: ele muda a marcha, acelera, diminui marcha, freia, é tudo automático. Da mesma forma, um bom escritor. Depois de algum tempo e muito treino, o texto flui automaticamente e fica bom.
Revisando O UIVO DA GÓRGONA acabei me espantando com a quantidade de figuras de linguagem e de outros elementos narrativos que coloquei na trama. Foi tudo inconsciente. Não passei horas pensando: ah, vou colocar uma metáfora aqui, ah, vamos ter uma elipse aqui. Isso surge naturalmente. O ideal é que o escritor treine, treine, treine, até chegar a esse ponto.
A resposta vale para qualquer um que escreve, seja quadrinhos, cinema, TV, livros: lendo e escrevendo.
Não existe outra forma de melhorar que não seja produzindo. Quanto mais produzir, melhor ficará seu texto.
Isso é bem óbvio no caso de roteiristas de quadrinhos que trabalharam durante anos em um único título, começando em início de carreira.
Pegue, por exemplo, uma história de Chris Claremont na sua fase inicial dos X-men. Depois compare com uma história da fase em que os desenhos eram de John Byrne, época em que o texto de Claremont já estava desenvolvido. A diferença é gritante.
Outro exemplo é Gerry Conway, escritor que começou sua carreira no Homem-aranha e foi responsável por uma das fases mais antológicas do personagem, com histórias clássicas, como a morte de Gwen Stacy. No começo, o texto de Conway parece inseguro e claramente imita o de Stan Lee. Com o tempo o texto se torna solto e vemos, a cada edição, a melhora no roteiro.
Infelizmente no Brasil não temos um mercado consolidado de quadrinhos que permita ao roteirista evoluir escrevendo um título. Mas para isso vale a boa e velha editora Gaveta. Escrever para a editora Gaveta significa escrever para engavetar, sem nenhum objetivo imediato de publicação, escrever para treinar. Pode ser que um dia você vá lá na gaveta e reaproveite alguma daquelas ideias, mas o objetivo inicial é apenas esse – escrever.
O ideal de um bom escritor é ser como um bom motorista. Um bom motorista dirige automaticamente: ele muda a marcha, acelera, diminui marcha, freia, é tudo automático. Da mesma forma, um bom escritor. Depois de algum tempo e muito treino, o texto flui automaticamente e fica bom.
Revisando O UIVO DA GÓRGONA acabei me espantando com a quantidade de figuras de linguagem e de outros elementos narrativos que coloquei na trama. Foi tudo inconsciente. Não passei horas pensando: ah, vou colocar uma metáfora aqui, ah, vamos ter uma elipse aqui. Isso surge naturalmente. O ideal é que o escritor treine, treine, treine, até chegar a esse ponto.
domingo, abril 28, 2019
Vingadores: guerra infinita
Difícil decidir sobre o que falar a respeito de Vingadores Guerra Infinita.
Podemos começar pela inteligência da produção. Enquanto a DC parecia atirar para todos os lados sem acertar nada, a Marvel tinha um projeto de narrativa muito bem delineado, que durou mais de uma década e mais de uma dezena de filmes. Histórias e mais histórias que convergiram para esse momento. O resultado podemos ver nas filas dos cinemas: todo mundo que assistiu a algum (ou todos) acabou se interessando por assistir este que reúne todos os heróis.
Mas o que mais se destaca é a escolha acertada do vilão. Ao contrário do filme da Liga, que tinha um vilão pouco conhecido e totalmente inconsistente, em Guerra Infinita temos um vilão de verdade. Não só pelo seu poder, mas principalmente por sua profundidade. Não existe uma boa história de super-heróis sem um bom vilão. E Thanos tem tudo [é um deus super-poderoso capaz de dar uma surra no Hulk, mas é também uma pessoa complexa, capaz de amar, mas capaz também de sacrificar até mesmo o que mais ama por seu objetivo: matar metade da população do universo. Créditos para Jin Starlin, seu criador, que, em meio às viagens de maconha imaginou o maior vilão do universo Marvel e uma motivação ainda mais interessante que a do filme (nos quadrinhos, ele é apaixonado pela morte, que desdenha dele e, para conquistá-la pretende dar de presente um verdadeiro genocídio). Thanos, assim como Warlock eram uma denúncia dos perigos do poder e sua capacidade de corromper o humano.
Thanos domina o filme não só pelo terror que provoca, mas também por sua profundidade (alguns dos momentos mais líricos da película são com o personagem). E estamos falando de uma obra com centenas de personagens, a maioria dos quais tridimensionais na melhor tradição Marvel.
Ainda sobre o filme, é impossível não falar sobre a ótima direção, que mostra ação sem parecer confusa (como ocorreu em Vingadores 2) e principalmente respeita cada personagem e sua tradição cinematográfica. Quando entram em cenas dos Guardiões da Galáxia, por exemplo, é como se estivéssemos assistindo a um filme dos próprios Guardiões.
Quadrinhos na escola
Discutindo Língua Portuguesa era uma revista da editora Escala voltada para professores de Português e disciplinas afins. No número dois da revista eu publiquei um texto sobre uso de quadrinhos em sala de aula. O texto falava do preconceito contra os quadrinhos (razão pela qual muitos professores se recusam a usar gibis em sala de aula), sobre os elementos dos quadrinhos, tipos de HQs e até explicava como é feito um gibi. Além disso, trazia sugestões de atividades em várias disciplinas e indicações de leituras.
A indústria cultural
O conceito de Indústria Cultural foi veiculado pela primeira vez em 1947, por Horkheimer e Adorno, no texto "A dialética do Iluminismo". O termo foi cunhado em oposição à cultura de massa, que dava a idéia de uma cultura surgida espontaneamente da própria massa.
Para Adorno, a idéia de que os produtos da Indústria Cultural vêm do povo é equivocada, pois a Indústria Cultural, ao aspirar à integração vertical de seus consumidores, não apenas adapta seus produtos ao consumo das massas, mas também determina esse consumo.
O termo Indústria Cultural é mais adequado, pois deixa bem claro que tais peças culturais são produtos fabricados para serem consumidos, assim como sabonetes e carros.
É importante notar, como destaca José Marques de Melo, que as reflexões da escola de Frankfurt foram feitas durante "a transição da sociedade industrial para a sociedade da informação, tendo a emergente indústria cultural como protagonista hegemônico.
Adorno e Horkheimer partem da constatação de que a sociedade industrial não havia realizado as promessas do iluminismo humanista. O desenvolvimento da técnica e da ciência não trouxe um acréscimo de felicidade e liberdade para o homem.
Considerando-se, diz Adorno, que o iluminismo tem como finalidade libertar os homens do medo, tornando-se senhores de si e liberando-os do mundo da magia, do mito e da superstição, e admitindo-se que essa finalidade pode ser atingida por meio da ciência e da tecnologia, tudo levaria a crer que o iluminismo instauraria o poder do homem sobre a ciência e a técnica. Mas o que ocorreu foi justamente o contrário. Liberto do medo mágico, o homem tornou-se vítima de um novo engodo: o progresso da dominação técnica.
Ao invés do libertar a humanidade, o progresso da técnica acabou por escravizar o homem, alienando-o.
Os meios de comunicação de massa, resultado direto de desenvolvimento da técnica, tiveram papel importante nesse processo de escravização da massa.
Segundo os pensadores frankfurtianos, a reprodutibilidade técnica tirou tanto da cultura popular quanto da cultura erudita o seu valor real. O resultado, a Indústria Cultural, não conduz à experiência libertadora da fruição estética.
O próprio princípio da reprodução deformaria a obra, pois ela seria nivelada por baixo, evitando sempre que possível aqueles elementos que poderiam interferir no seu caráter de produto.
Exemplo disso podemos ver na adaptação da Disney para o clássico “O Corcunda de Notre Dame”, de Victor Hugo. A história foi "adocicada" para se tornar mais palatável ao consumidor...
Assim, a Indústria Cultural pretende alienar, e não conscientizar; acomodar, e não incitar.
Para os frankfurtianos, os produtos da Indústria Cultural teriam três funções:
A. ser comercializados;
B. promover a deturpação e a degradação do gosto popular;
C. obter uma atitude sempre passivados seus consumidores.
Como são feitos para serem vendidos, os produtos da Indústria Cultural jamais devem desagradar os compradores. A produção é homogeneizada e nivelada por baixo.
Para Adorno, a visão crítica por parte do expectador não é possível dentro da Indústria Cultural, pois "A transformação do ato cultural em valor suprime sua função crítica e nele dissolve os traços de uma experiência autêntica".
Embora seja fundamental para a análise dos meios de comunicação de massa, em especial na primeira metade do século passado, a noção de Indústria Cultural tem sido objeto de diversas críticas.
Martellart, por exemplo, desconfia que Adorno e Horkheimer estigmatizaram a Indústria Cultural em decorrência de seu processo de fabricação atentar contra certa sacralização da arte: "Na verdade, não é difícil perceber em seu texto o eco de um vigoroso protesto erudito contra a intrusão da técnica no mundo da cultura".
Além disso, as idéias da escola de Frankfurt, mesmo atacando o conformismo, acabaram se tornando um discurso conformista, de pessoas que, confortavelmente em suas poltronas ou empregos, apenas criticam a indústria cultural, sem, no entanto, apresentar qualquer opção.
Roteiro de quadrinhos: como construir um estilo
O Nome da Rosa, de Umberto Eco, é o resultado de diversas influências |
Na prática da escrita não existem gênios que surgem do nada, com um estilo próprio e revolucionário. Todo grande escritor é fruto de suas leituras. Todo grande escritor se assenta sobre os ombros dos que vieram antes dele. Só para citar um exemplo mais famoso: O nome da Rosa, de Umberto Eco é o resultado de uma série de influências, entre elas, principalmente Conan Doyle (o nome do protagonista, Guilherme de Barskerville, é uma referência direta aos romances de Sherlock Holmes) e Jorge Luís Borges (o nome do vilão, Jorge, é uma referência direta ao escritor argetino).
Na verdade, o estilo de um escritor é o resultado de suas influências literárias em conjunto com sua experiência de vida. Essa sopa, bem temperada, dá origem às grandes obras.
Isso não significa copiar um autor, mas absorver um pouco de vários e digerir essas influências. Com um autor você pode aprender narrativa, com outro diálogo, com outro a forma de lidar com as elipses quadrinísticas, outros sobre a estrutura da trama... cada um tem algo a nos ensinar.
Quando comecei a escrever quadrinhos durante algum tempo tive uma produção prolixa, já que a editora Nova Sampa, para a qual eu trabalhava, comprava praticamente tudo que eu escrevia. Isso me permitiu fazer um exercício que recomendo a todos novos autores: fazia histórias imitando o estilo deste ou daquele roteirista. Em uma HQ seguia o modo de escrever de Neil Gaiman, em outro, o de Grant Morrison e em outro, o de Alan Moore (só para citar os que mais me influenciaram). Para fazer isso eu precisava estudar o estilo de cada um para fazer a “história homenagem”.
Miracleman foi uma das obras que mais me influenciaram no início de carreira |
Acabei gostando da brincadeira e produzi um fanzine literário, Ideias de Jeca-tatu em que, a cada número publicava a biografia de um escritor e um conto-homenagem no estilo dele. Foram homenageados Monteiro Lobato, Machado de Assis, Edgar Allan Poe, entre outros. Com cada um eu aprendia algo, fosse o humor lobatiano, o clima poético de Poe, o sarcasmo sutil de Machado.
Ao final, meu próprio estilo foi se definindo. Um estilo que não era uma imitação de nenhum desses escritores ou roteiristas, mas uma mistura de todos eles, uma sopa antropofágica da qual emergiu minha própria maneira de escrever e bolar tramas.
Charlier, o mestre dos quadrinhos belgas
Um dos meus roteiristas prediletos é o belga Jean-Michel Charlier.
Charlier foi uma das mentes
brilhantes que projetaram a HQ franco-belga pela Europa e construiram um gênero
que une qualidade a popularidade, pelo menos no velho mundo.
A primeira vez que tive contato
com seu trabalho foi no número 21 da série Graphic Novel, da editora Abril, que
publicou a primeira história de Blueberry. Quando li a biografia e vi sua foto
com o sorriso bonachão, os óculos pendurados e um charuto na boca, disse para
mim mesmo: esse é o cara!
Charlier, além de ter um texto
genial, era eclético. Escrevia em qualquer gênero, para qualquer desenhista e
qualquer faixa etária. Para os desenhos de Uderzo (ilustrador de Asterix) criou
uma série de aventuras sobre dois aviadores, Tanguy e Laverdure.
Para o traço clássico
de Hubinon criou uma série infantil, Barba Negra. Além disso, escreveu
programas de televisão e reportagens especiais.
Mas sua maior criação foi
Blueberry, o cowboy cara de pau, inveterado jogador de pocker.
O sucesso do
personagem não foi só por sua causa. Blueberry juntou o melhor roteirista da
Europa com o melhor desenhista do velho continente: Moebius, que começa tímido
nos primeiros capítulos e depois solta todo o seu traço detalhista, mais
apreciado nas cenas de saloons, nos quais se podia contar 20, 30 pessoas. Cada
vinheta de Blueberry é um verdadeiro quadro, a ser apreciado com gosto e
atenção.
E Blueberry era um personagem
perfeito para os novos tempos: não era um mocinho que sempre fazia o bem, mas
costumava se importar com os índios, característica que fez dele um
diferencial nos quadrinhos de faroeste. Além disso, bebia e parecia ter tantos
defeitos quanto qualidades (anos depois, essa tendência de cowboy humano seria
muito bem aproveitada em Ken Parker).
Levei muitos anos vasculhando sebos,
encontrando aqui e ali edições portuguesas de Tangui e Laverdure e do Barba
Ruiva. E a cada álbum que lia eu me encantava mais. Gostava especialmente do
fato de que Charlier não parecia estar querendo fazer uma obra-prima, mas
simplesmente contar uma boa história. Roteirista que se levam a sério
demais, que se acham gênios, costumam
ser maçantes.
sábado, abril 27, 2019
Lobato marketeiro
Monteiro Lobato, quem diria, não foi só um grande escritor. Foi também um dois primeiros, senão o primeiro marketeiro de nosso país.
Quando Lobato comprou a Revista do Brasil, na década dede 1910, ele resolveu publicar também livros, mas encontrou um panorama desolador: o Brasil só tinha 40 livrarias! “Mercadoria que só dispõe de quarenta pontos de venda está condenada a nunca ter peso no comércio de uma nação”, pensou lá consigo o escritor.
Ele detectara um problema básico do marketing livreiro. Pode parecer incrível, mas até então ninguém se preocupara com a falta de pontos de venda para os livros. Talvez porque o livro não fosse visto como um produto.
A solução encontrada por Lobato para o problema foi, no mínimo, original. Ele pediu aos correios uma relação de casas comerciais relativamente sérias. Conseguiu 1200 endereços. Mandou para todos uma carta circular que revelava suas idéias mercadológicas: “Vossa Senhoria tem o seu negócio montado e quanto mais coisas vender, maior será seu lucro. Quer vender também uma coisa chamada livro? Vossa Senhoria não precisa se inteirar do que essa coisa é. É um artigo comercial como qualquer outro, batata, querosene, bacalhau”.
Todos toparam o negócio e em pouco tempo a editora passou dos 40 pontos de venda para mais de mil.
A resposta foi imediata. As tiragens que antes eram de 400 ou 500 exemplares, pularam para três mil e começaram a sair cinco, seis, sete edições por semana.
Mas Lobato não parou. Ele sabia que também era necessário promover seu produto. E poucos escritores brasileiros foram tão eficientes no item promoção. Ele chegou a transformar o Jeca-tatu(que era um personagem...) em garoto propaganda do Biotônico Fontoura, antecipando a estratégia (muito usada hoje) de utilizar personagens famosos para ajudar a vender produtos.
Há quem diga até que a polêmica com os modernistas foi apenas uma jogada de marketing, planejada com seu amigo Osvald de Andrade. Sem as críticas de Lobato, é possível que o modernismo não tivesse decolado no Brasil. Foram elas que chamaram atenção para o movimento. E para quem fica imaginando as razões de Lobato, aí vai uma dica: ele era o editor de dois modernistas, Menoti Del Picha e Osvald de Andrade. E ele mesmo declarou, anos mais tarde, que os livros dos modernistas só venderam bem enquanto durou a polêmica.
Mas a grande jogada de marketing foi mesmo com relação à literatura infantil. Lobato percebeu que havia uma grande demanda insatisfeita: milhares de baixinhos que eram completamente esquecidos pelas editoras. Antes do Sítio do Pica-Pau Amarelo praticamente não havia livros para crianças no Brasil. E o que havia era de péssima qualidade, histórias sem graça, moralistas.
Monteiro Lobato trouxe para o público infantil um produto totalmente novo: histórias divertidas, cheias de ação, com personagens fixos e, o principal, nada de lição de moral. As crianças eram estimuladas a tirarem suas próprias conclusões.
Além disso, os livros traziam também uma inovação no design: eram todos ilustrados pelos melhores desenhistas da época. Alguns traziam até ilustrações coloridas. Um contraste com as publicações infantis do período que eram feias, pesadas e difíceis de ler.
Lobato estava década(s) à frente de seu tempo. Ele foi o primeiro a perceber o potencial mercadológico do público mirim.
A televisão(brasileira) só despertou para esse potencial na década de 70, justamente com o sucesso do seriado do Sítio do Pica-Pau Amarelo. (Mas antes havia outros sucessos importados, como Vila Sésamo)
Todo bom profissional de marketing sabe, hoje, que a melhor maneira de vender alguns (tipos de)produtos é investir no público infantil. Bom exemplo disso são os achocolatados, como Toddy, Quick e Nescau. Antes o design desses produtos era feito para chamar a atenção das mães. Hoje as embalagens desses produtos pretendem agradar aos baixinhos, pois descobriu-se que são eles que decidem qual achocolatado levar para casa.
A criança é um consumidor impulsivo, mas também exigente. Quando não gosta de algo, diz logo. Talvez por isso as estratégias de marketing de Lobato tenham dado certo por tanto tempo: seus livros eram realmente muito bons. Tanto que até hoje não foram superados(importante dizer em que quesito: vendagem? Se for qualitativamente, seria melhor citar a fonte) por nenhum outro escritor brasileiro.
Lobato nos demonstra uma das leis básicas do marketing: não adianta investir em promoção, ponto de venda ou preço se, no final das contas, o produto não tiver qualidade.
A arte impressionante de Kim Jung Gi
Promoção de vendas
A promoção é a parte do mix promocional que cria incentivos para que o consumidor compre. A propaganda também faz isso, mas ela costuma levar muito tempo para fazer efeito. A promoção, ao contrário, tem resultados imediatos. Uma promoção bem feita enche a loja.
Mas antes de sair por aí fazendo promoções, é bom saber que elas também têm seu lado negativo. O primeiro deles: os resultados duram pouco tempo. Além disso, podem diminuir as vendas dos meses seguintes.
Alguns analistas acreditam que a ênfase nas promoções, que ocorreu no Brasil no final dos anos 1990, ensinou o consumidor a procurar sempre o preço mais baixo ou o produto em promoção, tirando o foco da fidelidade à marca.
As promoções de vendas também não são uma fórmula mágica para o sucesso. Elas só funcionam se o restante do mix de marketing estiver ok. Não adianta, por exemplo, fazer uma promoção de um produto de qualidade inferior, cujas vendas estão em queda justamente por isso. A promoção só vai fazer com que mais e mais pessoas descubram o quanto o produto é ruim. A promoção também não compensa uma equipe de vendas maltreinada, pouco simpática, que não conhece o produto. Se com a loja vazia os seus vendedores já são um desastre, imagine com a loja cheia por causa de uma promoção!
Por outro lado, as promoções de vendas podem fazer muitas coisas:
- Estimular o entusiasmo da equipe de vendas para um produto novo ou melhorado;
- Revigorar as vendas de um produto já estabelecido no mercado;
- Facilitar o lançamento de novos produtos no mercado;
- Conseguir mais espaço para o produto no ponto de venda, aumentando a chance de o consumidor visualizá-lo;
- Neutralizar a publicidade e a promoção de venda da concorrência;
- Levar o consumidor a provar um produto novo no mercado;
- Estimular compras repetidas;
- Aumentar a comercialização do produto, estimulando o consumidor a estocar;
- Reforçar a publicidade.
As promoções de vendas não precisam ser direcionadas apenas para o consumidor final. Muitas empresas fazem promoções para vários tipos de públicos ao mesmo tempo: o varejista, os funcionários e o consumidor. Com isso, consegue-se o empenho e o interesse de todas as partes envolvidas, obtendo sucesso.
Em alguns casos, isso se torna extremamente necessário. É o caso dos concursos. Por regra, os funcionários e seus parentes não podem participar e isso pode causar desestímulo entre os funcionários, que se sentem discriminados. Para evitar isso, a empresa pode lançar um concurso apenas para eles.
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