A saga da Fênix Negra foi
criada em uma época em que matar heróis não tinha se tornado uma muleta
criativa. Foi uma decisão corajosa, mas necessária (já que a personagem se
tornara poderosa demais) e provocou uma verdadeira comoção dos fãs. É a
história mais clássica dos X-men e a que mais marcou a minha geração. Suas
histórias eram publicadas em Superaventuras Marvel. Nunca uma revista foi tão
esperanda quanto na fase da Fênix Negra.
Quando os X-men chegaram
aos cinemas, todo fã pensou: será que vão fazer a Fênix Negra? Fizeram.
Transformaram a melhor saga dos mutantes em uma sub-sub-trama de X-men 3,
desperdiçando a história no meio de muita porrada. Decepção geral, em especial
para os que tinham lido os quadrinhos.
Quando a série mutante foi
retomada com o excelente Primeira Classe, retormaram as esperanças de vermos
finalmente a saga da Fênix no cinema.
Vieram dois filmes
horríveis, trocas e mais trocas de diretores e finalmente chegamos à Fênix
Negra, dirigida por Simon Kinberg.
Visto como filme isolado, é
um bom filme. Sofie turner está perfeita como Fênix (infinitamente melhor que a
insossa Famke Beumer Janssen, que fazia o papel na trilogia original) e sua
história, em especial a relação com o pai, é muito bem desenvolvida (aliás,
mais interessante que a dos quadrinhos). A propósito, esse é o filme dessa nova
fase que melhor conversa com o Primeira Classe. Há boas cenas (eu
particularmente adorei a referência à Cristal).
O maior problema de Fênix
Negra é que ele veio depois de dois filmes horríveis. Nos quadrinhos, a saga da
Fênix foi preparada ao longo de pelo menos uma dezena de edições e de uma saga
realmente eletrizante (a famosa história de Protheus). Quando finalmente
eclodiu, a personagem era uma das mais queridas dos fãs e uma das que mais
chamavam atenção.
A Marvel fez isso muito bem
isso no cinema com a saga de Thanos. Ela foi construída ao longo de diversos
filmes em uma trama que foi se desenvolvendo aos poucos, que acostumou o
expectador aos personagens e foi num crescendo até o seu antológico momento
final.
Em Fênix Negra, como não
houve uma construção ao longo dos filmes anteriores, tudo acontece muito
rápido. Mal vemos a Fênix e ela já vira a Fênix Negra. E como tudo tinha que
ser criado, desenvolvido e resolvido num único filme, inventaram uma raça
alienígena da qual a Rainha Branca faz parte.
O curioso é que Simon
Kinberg, diretor e roteirista de Fênix Negra, foi roteirista dos filmes
anteriores e poderia ter jogado isso lá atrás, criando a expectativa e
desenvolvendo a Fênix. Mas não sabemos até que ponto os diversos diretores que
assumiram a franquia interferiram no roteiro. Além disso, a cronologia dos
personagens ficou ainda mais zoada que nos quadrinhos.
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