sábado, agosto 31, 2019

Caverna do Dragão


Caverna do Dragão foi um desenho animado criado em 1983, nos Estados Unidos, baseado no RPG Dungeons and Dragons. Entre os seus criadores estão o roteiro de quadrinhos Mark Evanier, famoso pelo personagem Groo.
A série mostrava as crianças entrando em uma espécie de trem fantasma que se transformava em um portal para uma dimensão repleta de dragões, magos, anões e diversas outras criaturas mágicas. Nesse mundo eles conhecem o Mestre dos Magos e o vilão Vingador. A maioria dos episódios girava em torno da tentativa dos mesmos de voltarem para a terra, algo que eles nunca conseguiam.
No Brasil, assim como nos EUA, a série foi um enorme sucesso. Entretanto, ela foi descontinuada depois da terceira temporada, no auge da fama. Na verdade, nem mesmo o último episódio dessa temporada foi produzido. A razão é que a empresa responsável pela marca Dugeon and Dragons faliu e a produtora CBS e a Marvel resolveram parar a produção.
O fato de não ter sido um final transformou o desenho em uma lenda urbana. Começaram a surgir vários finais alternativos, escritos na forma de fanfic. O mais famoso deles dizia que as crianças estavam no inferno e que o Mestre dos Magos e o Vingador eram a mesma pessoa.
Entretanto, existiu o roteiro de um episódio final da terceira temporada com o título de Réquiem. Escrito por Michael Reaves, que pode ser considerado o final oficial:"Este episódio foi escrito de forma que tivesse um duplo sentido, ambíguo e triunfante: se o desenho não continuasse, o final seria satisfatório; se continuasse, o episódio serviria de trampolim para uma nova direção". Esse episódio deveria se chamar redenção, mas os produtores acharam que o título era muito explícito.
Recentemente o roteirista disponibilizou o roteiro na internet e o brasileiro Reinaldo Rocha fez a versão em quadrinhos. 

Um navio perdido em alto mar, acontecimentos estranhos e inexplicáveis


Galeão é uma obra de fantasia histórica escrita por Gian Danton que se passa em algum lugar do Atlântico, no século XVII.

Depois de uma noite de terror, em que algo terrível acontece, os sobreviventes descobrem que estão em um navio que não pode ser governado e repleto de mistérios. A comida está sumindo, alguém está cometendo assassinatos, uma mulher é violentada e o tesouro do capitão parece ter alguma relação com todo o tormento pelo qual estão passando.

Galeão mistura vários temas da ficção fantástica e outros gênero numa trama policial, já que um psicopata parece estar agindo entre os sobreviventes. A história torna-se, assim, um quebra-cabeça a ser desvendado pelo leitor.

Valor: 25 reais - frete incluso. 

Pedidos: profivancarlo@gmail.com. 

A arte fantástica de Charles Vess

Charles Vess é um desenhista norte-americano especializado em fantasias. Elfos, duendes e terras mágicas são sua especialidade. Alguns dos seus trabalhos mais conhecidos foram em parceria com Neil Gaiman, como Sandman, Livros da Magia e Stardust.







sexta-feira, agosto 30, 2019

O último dos moicanos


Grandes clássicos da literatura em quadrinhos é uma coleção francesa lançada em banca no Brasil pela Del Prado. Foram dezenas de volumes reunindo uma equipe de quadrinistas da linha franco-belga em suas adaptações.
O último dos moicanos, oitavo volume da coleção, traz roteiro de Marc Bourgne e desenhos de Marel Uderzo (irmão de Albert Uderzo, co-criador do Asterix). A história tem como pano de funo a guerra entre franceses e ingleses pelo domínio da América do Norte e, claro, ingleses e franceses se aproveitavam da rivalidade entre as diversas tribos para trazê-las para sua influência. Na trama, as duas filhas de um general inglês são sequestradas por um índio aliado dos franceses. Um grupo se forma para resgatá-las formado por índios aliados, ingleses e um aventureiro.
Embora o desenho seja bonito, acaba se tornando pouco eficiente por conta da narrativa truncada e sem ritmo. Há, por exemplo, situações de suspense que se apresentam no penúltimo quadro de uma página e se resolvem no último (bons roteiristas colocam o suspense no último quadro, forçando o leitor curioso a virar a página). Em outro momento, os personagens simplesmente aparecem como prisioneiros de uma tribo, sem maiores explicações. O final é ainda mais truncado, deixando uma sensação de anti-clímax. Além disso, o texto é excessivamente narrativo, parecendo muito mais uma literatura ilustrada.

Pré-venda da 4a edição do livro Introdução à metodologia científica

Quem puder pegar diretamente comigo (a partir do dia 30 de setembro) ou no lançamento, o valor é de 20 reais. :)

Ecos humanos


Edgar Franco é autor de um universo ficcional transmídia que se passa na chamada pós-humanidade -quando a tecnologia modificou provocou enormes mudanças na humanidade. Uma das possibilidades de modificação está na engenharia genética, que permitiria, por exemplos, seres híbridos de humanos com animais.
Esse universo se espalhou por várias obras, a mais recente delas o álbum Ecos Humanos, escritos por Franco com desenhos de Eder Santos e lançado este ano pela editora Reverso.
A que primeira coisa que chama atenção na obra é a total ausência de diálogos ou textos. Isso dá um peso enorme à força narrativa das imagens. É uma aposta arriscada. Ou dá muito certo ou dá completamente errado. Em Ecos Humanos o acerto foi total, revelando uma sintonia fina da equipe. Segundo Edgar Franco, o roteiro foi produzido de forma escrita,mas à medida em que  Eder Santos produzia os lay outs, o roteirista fazia sugestões de mudanças.
Ecos Humanos conta a história de dois seres híbridos de homens e lobos-guará. Eles vivem no meio do deserto, em um oásis no qual se encontram três árvores e uma fonte. Alimentam-se dos frutos das árvores e dos animais que ali pousam, enfrentando, de tempos em tempos, perigosas tempestades de areia.
A obra é uma verdadeira poesia visual, com sequências tocantes por sua profundidade. Em consonância com o estilo que o próprio Edgar Franco chamou de poético-filosófico, há uma série de questões que permeiam a história: desde a questão de matar animais para comida (o autor é vegetariano) até as religiões.  Mas o principal tema é a comodidade, como as pessoas se conformam com determinadas situações, incapazes de fugir de sua área de conforto.
Ecos humanos é um dos trabalhos mais interessantes que já vi nos últimos tempos em termos de HQB,
A obra pode ser adquirida diretamente com o Ciberpajé através do e-mail ciberpaje@gmail.com ao custo de 30 reais mais as despesas postais.

A memória vegetal



Antes de qualquer coisa, A memória Vegetal, de Umberto Eco, é uma declaração de amor aos livros. O amor pelo objeto feito de papel percorre todas as quase 300 páginas do volume em textos que vão de definições a listas de livros raros, passando por contos fantásticos.
Eco começa a obra definindo o título: no começo, existia uma memória orgânica. Essa memória era composta pelos velhos, que tinham o conhecimento da tribo e repassavam para as novas gerações: “Talvez, antes, eles não tivessem utilidade e fossem descartados, quando já não serviam para encontrar comida. Mas com a linguagem, os velhos se tornaram a memória da espécie: sentavam-se na caverna, ao redor do fogo e contavam o que havia acontecido  antes de os jovens nascerem. Antes de começar a cultivar essa memória social, o homem nascia sem experiência, não tinha tempo de fazê-lo e morria. Depois, um jovem de vinte anos era como se tivesse vivido cinco mil”.
Com a invenção da escrita, surgiu uma memória mineral. O conhecimento era registrado em tabuinhas de argila ou esculpido na pedra. Era uma memória que incluía também a questão arquitetônica, já que grande parte do conhecimento era registrado em monumentos.
Com o tempo, surgiu uma memória vegetal, com o papiro e o papel. Entre outras revoluções, o livro criou uma memória individual, que é  uma versão pessoal das coisas – e a leitura se tornou um diálogo com alguém que não está diante de nós e que, muitas vezes, está morto. O livro aumentou a memória do homem em séculos, milênios. Segundo Eco, o analfabeto vive apenas uma vida, ao passo que o leitor vive diversas vidas.
Um dos maiores méritos dos livros foi nos ensinar a duvidar dos próprios livros, pois eles contradizem-se entre si e aprendemos que são apenas versões de fatos, e não uma verdade universal. A interpretação ingênua (está publicado, é verdade) é típica de quem não está acostumado a ler.
Aprender a identificar as boas obras é um mérito dessa leitura crítica. Se antigamente o problema era encontrar livros, hoje é selecionar os bons entre os milhares que são lançados anualmente. Nessa monstruosidade de informação, o leitor muitas vezes se sente perdido. Para Eco, o processo de escolha é como aquele do namoro. Devemos nos perguntar se o livro que estamos prestes a tomar nas mãos é daqueles que jogaríamos fora depois de lidos. Jogar fora um livro depois de lê-lo é como não desejar rever a pessoa com a qual passamos a noite.
Assim, para um verdadeiro leitor, a relação com o livro deve ser sempre de amor. Cada nova leitura deve ser como cada nova vez em que o apaixonado reencontra a amada.
A memória do livro é a memória da humanidade e até mesmo livros maus, como Os protocolos dos Sábios de Sião, devem ser preservados, como forma de lembrar de um passado ignóbil. Lembrar que um dia um livro foi escrito para promover o racismo contra os judeus é evitar que o nazismo aconteça novamente.
Segundo Eco, devemos salvar não só as baleias, as focas ou os ursos. Devemos salvar também os livros: “Temam aquele que destrói, censura, proíbe os livros: ele quer destruir ou censurar nossa memória (...) Começa-se sempre pelo livro, depois instalam-se as câmaras de gás”.
Como se vê, A memória vegetal é uma carta de amor de um apaixonado. Como tal, há coisas que só interessam a ele e ao objeto de sua paixão, como listas de livros. Mas há outros que interessam a todos, pela universalidade de sentimentos.
Um dos capítulos mais interessantes é “Varia et curiosa” sobre livros curiosos. Eco cita, por exemplo, análises da loucura de Rousseau ou de Maomé, livros sobre transplantes de testículos de macacos para homens, sobre como a masturbação pode provocar cegueira, surdez e demência. Nesse mesmo capítulo são lembradas as obras que se tornariam sucesso de público e de crítica, mas que haviam sido recusados por editores ou detonados por alguns críticos. Moby Dick, por exemplo, foi recusado por um editor com a desculpa de que  não funcionaria no mercado juvenil por ser longo e antiquado. A revolução dos bichos, de George Orwell foi recusado nos EUA com a desculpa de que livros com animais não vendiam. Sobre O  diário de Anne Frank, um analista escreveu: “Essa jovem não parece ter uma percepção especial, ou seja, o sentimento de como se pode levar esse livro acima de um nível de simples curiosidade”. Sobre Lolita, escreveram que o editor, ao invés de publicar o livro, deveria levar o autor a um psicanalista. O livro A máquina do tempo, clássico da ficção-científica de H. G. Wellsm, foi considerado “pouco interessante para o leitor comum e não suficientemente aprofundado para o leitor científico”. A boa terra, de Pearl Buck foi recusado porque, supostamente, o público norte-americano não estava interessado em nada referente à China. Um analista considerou que John Le Carré e seu livro O espião que veio do frio não tinham futuro.
Um crítico escreveu que, felizmente, o livro O morro dos ventos uivantes, de Emily Bronte, nunca seria popular. Outro escreveu que Walt Whitman tinha tanta relação com a arte quanto um porco com a matemática.
O livro ainda contém deliciosos contos fantásticos, no estilo Jorge Luís Borges, como um sobre um mundo em que uma peste dominasse todos os livros de trapo (que são normalmente mais duradouros), o que coloca de cabeça para baixo o mercado livros raros.
Em suma: A memória vegetal é leitura apaixonante para os que são apaixonados por esses objetos de papel. Ou para os que querem se apaixonar.

quinta-feira, agosto 29, 2019

Panthéon de Paris



O Panteão era originalmente uma igreja dedicada a Santa Genoveva. Quando eclodiu a Revolução Francesa, o prédio foi transformado em um ponto histórico, onde são enterrados os grandes nomes franceses. Voltaire e Rousseau estão enterrados lá, um de frente para o outro. Ali também está o túmulo do famoso escritor Victor Hugo.
A arquitetura neo-clássica, por si só já é digna de nota, mas o local tem muitos outros atrativos. O edifício é no formato de uma cruz grega e tem várias pinturas e estátuas, inclusive dois conjuntos frente a frente: um em homenagem a Rousseau, outro em homenagem a Voltaire.
O altar da igreja foi substituído por uma homenagem aos revolucionários. Danton é o primeiro da esquerda.

A nave principal é curiosa: o altar foi substituído por um monumento em homenagem à revolução francesa (é possível ver, entre as estátuas, Danton, saudando Marianne, a deusa da razão e da liberdade). Um pouco antes temos o Pêndulo de Foucault, a experiência realizada por Jean Bernard Léon Foucault para demonstrar a rotação da terra.
O panteão é uma verdadeira viagem pela história e ciência francesas.
O Pêndulo de Foucault provou que a terra se move.




Túmulo de Rousseau

Túmulo de Victor Hugo
Conjunto de estátuas em homenagem a Voltaire. 

ERA UMA VEZ EM HOLLYWOOD - TRILHA SONORA COMPLETA

Speed Racer

Speed Racer é um anime dos anos 60, criado por Tatsuo Yoshida sobre corridas de automóveis. Speed Racer (nome dado pela dublagem brasileira, o nome original é Go Mifune), um jovem e audaz piloto de corrida de dezoito anos, dirige o carro Mach 5 criado por seu pai (Pops) e vive diversas aventuras dentro e fora das pistas.
 Um produto típico dos anos 60, usa um topete de Elvis Presley e suas maiores aventuras lembram os filmes de 007.
O desenho é muito conhecido pela sua canção tema e pela ótima trilha sonora. Como seus mais célebres competidores, temos a "Equipe Acrobática" e o "Carro Mamute". As corridas eram em locais inusitados, como selvas, desertos e até dentro de um vulcão.


O Mach 5, carro de corrida de Speed, tinha um arsenal de equipamentos que ajudavam Speed a se safar das enrascadas em cada uma de suas aventuras. Um dos equipamentos permitia que o carro praticamente pulasse sobre os obstáculos. 

Refrão de bolero, da dupla Gian-Bené



Na fase mais tardia da Nova Sampa produzimos aquela que tanto eu quanto Joe Bennett consideramos nossa melhor obra: a trilogia erótica Refrão de Bolero.
A história surgiu quando eu fui assaltado no centro de Belém. Ainda abalado, fui parar na casa do compadre e lá conversamos sobre como a cidade estava se tornando violenta e, principalmente, sobre como a propaganda oficial ainda vendia Belém como uma cidade de cartão postal.
O enredo tratava exatamente disso: de uma turista que, num primeiro momento se encanta com a cidade das mangueiras, mas depois acaba sofrendo na pele a violência ao ser assaltada e se vê sozinha, sem dinheiro ou amigos numa cidade de cartão postal. Aliás, as HQs eram todas feitas a partir de músicas que gostávamos, a exemplo da própria Refrão de Bolero que deu nome à trama (e cuja letra entrega tudo que está acontecendo). Claro que tudo isso misturado a muito sexo. Afinal, estávamos produzindo esse material paras revistas eróticas da Nova Sampa!
O Bené usou a história para mostrar seu domínio da perspectiva e da anatomia humana e eu construí um dos textos dos quais mais me orgulho, em que tudo se encaixa. Destaque para a frase “cidade de cartão postal”, citada no início e no final da história, mas com significados completamente diferentes. 
Anos depois, um fã procurou Bené com a proposta de transformar a história em um filme. Desconfiado, o compadre foi ao encontro do fã e se espantou ao perceber o quanto ele conhecia da obra da dupla, mas se decepcionou quando viu a garota mirrada que o suposto diretor havia escalado para protagonista, completamente diferente da Ana da história, um mulherão de parar o trânsito. “Ali percebi que não ia rolar mesmo nada e era só devaneio de um fã da obra”, lembra Joe Bennett.
Mas ao menos uma coisa sempre valeu e sempre nos deu satisfação: ouvir de fãs de quadrinhos que nunca mais conseguiram escutara música dos Engenheiros do Havaí sem lembrar desse pequeno clássico do quadrinho erótico nacional.

Príncipe Valente: a Idade Média nos quadrinhos


O Príncipe Valente surgiu no do­mingo de 13 de fevereiro de 1937. O seu criador, Hall Foster, entretanto, o havia imaginado desde 1934, quando fazia as historias de Tarzan para a United Features Syndicate. Em 1936 ele ofereceu à distribuidora seu personagem medieval. Mas United queria que ele fizesse uma tira diária e, caso tivesse sucesso, passaria a uma página dominical colorida. Foster, de traço muito detalhado para tiras diárias, preferiu apresentar seu personagem à concorrente King Features Syndi­cate , a mesma que publicava o Flash Gordon de Raymond.
    A KFS aceitou na hora e, fevereiro de 1937 saia a primeira prancha de Príncipe Valente. O personagem deveria se chamar Arn, mas a distribuidora achou que Valente teria um maior impacto nas vendas. Foster aceitou, mas posteriormente deu o nome de Arn ao filho do protagonista.
    Príncipe Valente se passava numa Idade Média romântica, dos tempos do Rei Arthur. Assim, o jovem príncipe, descendente de um trono que foi tomado pelos bárbaros, vive várias aventuras até chegar a Camelot, tornando-se um dos membros da Távola Redonda. A pesquisa histórica é impressionante. Foster comprava livros e percorria museus, coletando informações sobre as roupas, costumes e arquitetura da época. Apesar de, visualmente, a história ser uma reprodução fiel do período histórico, Foster não se prendia à cronologia. Cavaleiros medievais conviviam com soldados romanos e até com dinossauros.
    Para não perder nada de seus desenhos detalhistas, Foster não usava balões. A narrativa e os diálogos eram acomodados abaixo dos quadros. Apesar disso, o autor explorou bem a linguagem dos quadrinhos, com seqüências dinâmicas poucas vezes vistas. Se o desenho está entre os melhores já surgidos nas histórias em quadrinhos, o texto não ficava atrás. Sem cair na redundância, eles complementavam perfeitamente as imagens.
A qualidade da historieta era tão notória (tanto em termos de desenho, quan­to de texto) que Príncipe Va­lente foi uma das poucas HQs poupadas pela caça aos quadrinhos da década de 50.
Príncipe Valente foi o primeiro personagem de quadrinhos a envelhecer, na proporção de um ano para cada dois anos dos leitores. Ele se casou, teve filhos e o príncipe Arn já é, hoje, mais velho do que seu pai era quando começaram as aventuras.
As pranchas de Príncipe Valente foram publicadas em álbuns luxuosos pela Editora Brasil-América – Ebal – com grande sucesso e essa coleção está sendo relançada pela Opera Graphica. Não existe colecionar sério de quadrinhos que não tenha pelo menos um livro dessa obra-prima em sua estante.

quarta-feira, agosto 28, 2019

Metrópolis: um marco do cinema


Metrópolis é um dos filmes mais importantes da história. Dirigido por Fritz Lang e lançado em 1927, a película veio no rastro do expressionismo alemão (Lang havia sido co-roteirista de O gabinete do Doutor Caligari, filme fundador do expressionismo no cinema), o que se reflete principalmente pelos cenários grandiosos e pela interpretação marcante. 
A história deve muito ao clássico A máquina do tempo, de H.G. Wells: no ano de 2016, ricos vivem na superfície e têm sua vida paradisíaca sustentada pelos pobres trabalhadores, que vivem no subsolo operando máquinas monstruosas.
A história foca em um casal: Freder, filho do magnata dono da cidade, e Maria, uma benfeitora dos pobres, que acredita na paz entre as duas classes. Os dois se conhecem quando Maria leva crianças pobres para a superfície e é imediatamente enxotada. O rapaz, fascinado, desce, procurando por ela e vê uma máquina explodindo e matando vários operários.
A situação se complica quando um inventor enlouquecido cria um robô com as feições de Maria capaz de enfeitiçar a todos com sua beleza. Seu objetivo é provocar uma revolta dos operários que resultaria na destruição da cidade.
Metrópolis criou a base do que viria a ser a ficção científica cinematográfica (a exemplo de Star Wars e Wall-E), desde a ação initerrupta aos cenários deslumbrantes e visual dos robôs.
O impacto sobre os quadrinhos não é menos relevante. Basta lembrar da cidade do Super-homem, Metrópolis, uma referência óbvia ao clássico de Fritz Lang.

A arte detalhista de George Perez

Poucos artistas estão tão associados ao gênero super-heróis quanto George Perez. Ele iniciou sua carreira na Marvel na década de 1970 e chegou a desenhar os Vingadores em uma fase muito elogiada. Mas seu talento só iria se mostrar em seu auge criativo na década de 1980, trabalhando para a rival DC Comics. Na DC, Perez foi responsável pelo desenho da série Novos Titãs, um dos maiores sucessos da década, rivalizando com os X-men. Sua habilidade de fazer mil detalhes numa cena e de desenhar dezenas de personagens em um único quadro fez dele o artista ideal para crossovers, a exemplo de Crise nas Infinitas Terras, até hoje considerado o melhor crossover de todos de heróis de todos os tempos.











terça-feira, agosto 27, 2019

A geração tutorial e a era das trevas


Há um conto de Isaac Assimov chamado O cair da noite sobre um planeta iluminado por seis sóis cujos habitantes nunca conheceram a noite. Na história, cientistas descobrem que a cada dois mil anos ocorre um eclipse. Sem a luz solar, os habitantes do planeta ficam loucos e destroem toda a civilização. Os cientístas pretendem guardar essa informação em local seguro para as proximas gerções. Mas uma turba se aproxima para destruir o observatório astronômico e os dados coletados.
Asimov percebeu que em momentos de crise as pessoas tendem a se tornarem irracionais e a rejeitarem o conhecimento científico. Percebeu também que tal situação é terreno fértil para o fanatismo religioso.
É exatamente o que vemos no Brasil atual. Entre em qualquer matéria sobre ciência nas páginas de jornais. A maioria dos comentários são acusações de que os cientistas são vagabundos vivendo às custas do dinheiro público.
Para essa geração, um meme de Facebook, vídeo de Youtube ou um áudio de WhatsApp são mais críveis que uma tese de doutorado ou livros e mais livros sobre o assunto. Certa vez, em uma disucssão de internet, a pessoa argumentou que eu era suspeito para falar sobre o assunto em pauta porque eu já havia escrito um livro sobre o mesmo. É a geração tutorial.
Vejam a questão do clima. Em qualquer lugar você ouvirá das pessoas que o tempo está louco. Na Europa invernos rigorosos dão lugar a recordes de calor (acompanhados de muitas mortes e incêndios). Em estados como São Paulo e Goiás, o ar está mais seco que o deserto do Saara. Mesmo assim, a maioria das pessoas nega a existência das mudanças climáticas e pesquisas sobre o assunto são consideradas inúteis.
A geração tutorial é responsável pela volta de doenças erradicadas, como o sarampo, graças às campanhas anti-vacinação.
O que vemos é um grande movimento anti-intelectual e anti-científico.
Nós não temos um eclipse que irá deixar todo o planeta às escuras. Mas estamos cada vez mais perto da era das trevas.

Narcos, terceira temporada

Narcos chegou à terceira temporada com um desafio monstruoso: sobreviver à morte de Pablo Escobar. A interpretação de Wagner Moura foi tão marcante que parecia que ele estava carregando a série nas costas. Como continuar a série sem ele? Em especial porque os traficantes do Cartel de Cali não pareciam tão interessantes ou dúbios, exceto por Pacho Herrera, magistralmente interpretado por Alberto Ammann (a homossexualidade do personagem faz um contraponto à selvageria do personagem). 
A série, no entanto, conseguiu desenvolver a trama e os personagens de maneira competente. E introduziu um novo personagem: Jorge Salcedo (Matias Varela). Chefe da segurança do Cartel de Cali, ele vive a dubiedade de não se considerar alguém mal e jamais ter matado alguém, mas trabalhar para um cartel de drogas. As melhores cenas de toda a temporada sem dúvida são com esse personagem.
Embora a direção seja segura, o roteiro (de Chris Brancato, criador da ´serie) foi fundamental para que esta temporada desse certo. Trabalhando o tempo todo com narrativas paralelas, a trama deixa o expectador sempre no fio da navalha, em especial nos capítulos finais.
Narcos é uma das melhores séries da atualidade e mostra a que nível chegou a influência do tráfico de drogas: até mesmo governos que dizem combater as drogas, na verdade estão ligados a ele. Em países da América Latina, senadores, ministros e até presidentes parecem comer nas mãos dos carteis de drogas.

Tarzan - o desenho animado


Tarzan é um dos personagens mais populares do século XX e teve diversas versões para quadrinhos, cinema e televisão. Mas poucas foram tão fieis à obra original de Edgar Rice Burroughs quanto o desenho animado Tarzan, o rei das selvas, de 1976. Criado pela Filmation, o desenho usava em algumas cena a técnica da rotoscopia, em que o desenho é realizado em cima de filmagens com atores, o que dava um incrível realismo às sequências. Nessa versão do Tarzan ele é acompanhado pelo macaco Nikima, como nos livros, ao contrário da versão cinematográfica, em que foi criada a macaca Chita.
O estúdio aproveitou bem o fato da animação não necessitar de cenários para colocar na histórias reinos perdidos, o que dava à série um ar de fantasia.
Todos que assistiram esse desenho se lembram da cena de abertura com Tarzan se movimentando em rotoscopia e o texto: "A selva... eu nasci aqui. E aqui meus pais morreram quando eu era pequeno. Eu teria perecido logo se não tivesse sido encontrado por uma bondosa macaca chamada Kala, que me criou como seu filho e me ensinou a viver na selva. Eu aprendia rápido e me fortalecia a cada dia. Agora, compartilho da amizade e a confiança de todos os animais da selva. A selva é cheia de belezas... e perigos e cidades perdidas cheias bondade e maldade. Este é o meu domínio e eu protejo aqueles que aqui veem, pois eu sou Tarzan, o Rei das Selvas!".
No total, foram 36 episódios, em 4 temporadas. O desenho vem sendo exibido pelo SBT desde a década de 1980 e atualmente passa nas manhãs de sábado. 

Flash Gordon


Buck Rogers, Dick Tracy e Tarzan causaram uma verdadeira revolução nas histórias em quadrinhos. O clima de aventura, o desenho realista e os cenários gran­diosos conquistaram os leitores.

Já não havia mais lugar para as tiras cômicas e um dos maiores syndicates da época, o King Features Syndicate entrou em desespero: Fazia-se urgente encontrar alguém que trabalhasse tão bem com a aventura quanto a con­corrência.

Para isso foi instituído um concurso interno. Quem acabou ganhando foi um ex-oficce-boy da empre­sa. Seu nome era Alex Raymond e seu personagem era Flash Gordon, um dos maiores sucessos da época.

          A história estreou num domingo, 7 de janeiro de 1934. Os leitores americanos abriram seus jornais e tive­ram um grande impacto. Lá es­tava um herói novo, diferente de todos os outros que o haviam an­tecedido. Era a primeira história de Flash Gordon, de Alex Ray­mond. De lambuja, vinha como complemento o personagem Jim das Selvas - também com dese­nhos de Raymond.

Flash Gordon veio para re­volucionar o conceito de aventu­ra. Nela predominava a imaginação: moças bonitas, homens-leão, povos submarinos, princesas estelares, vilões insa­nos e um herói ariano (exemplo perfeito de conduta e boas inten­ções) conviviam numa mesma pagina.

Flash Gordon não para­va. Mal conseguia se livrar de monstros pré-históricos e caia nas mãos de um imperador tirâ­nico. Era como se estivesse pas­sando por um eterno teste de provas.

A historieta - que tinha ro­teiros anônimos de Don Moore - tornou-se um sucesso absoluto de vendas. O traço forte e elegante de Raymond conquistou os leitores e conseguiu dar ao personagem uma imponência que ninguém nunca mais conseguiu.

Flash Gordon surgiu para concorrer com o grande campeão de vendas da época, Buck Ro­gers, mas com o tempo, Flash ultra­passou de longe o seu concorrente do século XXV. Praticamente junto com Flash Gordon, Raymond desenhou dois outros persona­gens nos moldes dos que já faziam sucesso na época: Jim das Selvas (baseado em Tarzan) e Agente Se­creto X-9 (para concorrer com Dick Tracy).

“Agente Secreto X-9” era de autoria do famoso escritor policial Dashiel Hammet e transmitia o clima de tensão que os gángsters impri­miam aos anos 30. Detalhe: esse trabalho de Hammet geralmente não aparece nas biografias do es­critor.

Já Jim das Selvas era, a principio, uma espécie de aventureiro, um caçador intrépido enfrentan­do todos os perigos da selva. Com o tempo, Jim começou a se envol­ver em tramas internacionais, mas nem por isso perdeu sua força.

Alex Raymond foi um dos maiores desenhistas dos quadri­nhos. O seu traço elegante in­fluenciou toda uma geração. Os seus persona­gens, entretanto, não tiveram muita sorte.

Depois da morte de Raymond, no final dos anos 40, Flash Gordon ainda passou por um bom momento no início da década seguinte nas mãos de Dan Barry (desenhos) e Harvey Kurtzman (roteiro). Mas, assim que Kurtzman saiu do roteiro a história perdeu muito do caráter onírico que tinha no início.

O grande seguidor au­têntico de Raymond a ilustrar seus personagens  foi All Williamson, que desenhou três números da revista do Flash Gordon e a tira do Agente Secre­to X-9 durante 13 anos.

Além do ótimo desenho e das tramas de matinê, terminando sempre em suspense, Flash Gordon é lembrado também pelas antecipações. Foi nessa história em quadrinhos que apareceu pela primeira vez a mini-saia, o raio laser e o forno microondas. Em um de seus boletins oficiais, a NASA admitiu que os quadrinhos do personagem foram usados para solucionar problemas de aerodinâmica dos primeiros foguetes espaciais norte-americanos.
Flash Gordon também foi a grande fonte de inspiração para outra grande saga moderna: os filmes da série Star Wars. Como não conseguiu autorização para filmar o personagem, George Lucas criou a série Guerra nas Estrelas baseada em Flash Gordon.

segunda-feira, agosto 26, 2019

Revistas da Grafipar


Grafipar foi uma das mais importantes editoras brasileiras de quadrinhos. Especializada em quadrinhos eróticos, ela inundou as bancas no final dos anos 1970 e início dos anos 1980 com uma enorme variedade de revistas com a nata dos quadrinhos nacionais. Confira algumas capas da editora.