quinta-feira, agosto 13, 2020

Fragmentado


Segundo o budismo - e boa parte da psicologia contemporânea - não temos uma personalidade única, mas somos a somatória de diversas personas, inclusive aquelas que já fomos (como nossos Eus criança, pré-adolescente etc). 
Fragmentado, o novo filme de M. Night Shyamalan aborda esse aspecto, indo muito além da abordagem do transtorno de múltiplas personalidades. 
Na história, um homem tem 23 personalidades, duas das quais sequestram três garotas. É uma história de suspense, com elas tentando escapar e, ao mesmo tempo, tentando lidar com o fato de que foram capturadas por alguém cuja personalidade se altera.
O filme tem forte influência dos quadrinhos (o sobrenome do homem é Crumb) e é como se víssemos um vilão se formando - não por acaso, o diretor faz uma ponte com outro de seus filmes sobre quadrinhos, Corpo Fechado.
Mas como é comum em Shyamalan, o que era apenas um simples suspense torna-se algo muito mais amplo, desde a discussão sobre as personalidades até a forma como a vida da protagonista influencia na resolução da trama (algo que o diretor já havia feito em outros de seus filmes, em especial Sinais e A visita).
Difícil sair do cinema sem refletir sobre a questão das personalidades e das diversas personas que assumimos .
Contribui em muito para isso a incrível interpretação de James McAvoy, que em questão de segundos muda para outra e outra persona, cada uma delas com sua postura corporal, seus tiques, seu modo de falar. Uma das interpretações mais incríveis que já tive oportunidade de ver nas telas.

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