Quando recebi o convite para participar mais uma vez do especial do Digestivo Cultural sobre os melhores do ano, acabei me vendo numa situação delicada: não conseguia me lembrar de nada realmente importante. Assim, convoquei uma reunião familiar.
Meu filho Alexandre sugeriu o filme do Superman, de Brian Singer.
De fato, foi um bom filme, com algo importante em um filme de super-heróis: tinha equilíbrio entre momentos introspectivos e cenas de ação. Mas talvez a maior contribuição do Brian Singer tenha sido nos levar a procurar nas locadoras o filme antigo.
Para meu prazer, redescobri que o primeiro filme, dirigido pelo Richard Donner, era de fato uma obra-prima. Tinha tudo que um bom filme de super-heróis deveria ter: ficção-científica (resgatando a origem do gênero), ótimas interpretações (Christopher Reeve era perfeitamente heróico como Super-homem e absolutamente paspalho como Clark Kent); ação; introspecção. E, para meu desprazer, redescobri o quanto Richard Lester estragou a franquia, primeira piorando o segundo filme da série, que já tinha sido iniciado por Donner, e finalmente colocando uma pedra de esquecimento sobre o terceiro filme, talvez a maior bomba de todos os tempos. Dentro do gênero, claro.
Mas era para falar dos melhores de 2006 e nós já estávamos discutindo sobre um filme da década de 1970.
Se no cinema não houve nada tão importante (pelo menos que tenha chegado em Macapá), que tal nos quadrinhos?
Aí lembrei dos lançamentos de quadrinho europeu da editora Panini. Uma obra-prima atrás da outra.
A mais inovadora delas é uma HQ escrita e desenhada por um brasileiro, Leo, que se cansou dos editores brasileiros e foi ser astro na Europa. Trata-se de Aldebaran. A história se passa em um planeta distante da terra, composto quase que só de água, cujos habitantes perderam há dezenas de anos contato com a Terra.
Algo começa a acontecer no mar, que ocupa quase toda a superfície do planeta. Animais gigantes começam a fugir da água preferindo morrer na praia a enfrentar um perigo desconhecido. Em alguns pontos a água se transforma numa espécie de gelatina viva capaz de sugar barcos e navios para o fundo do oceano. Os personagens principais, três jovens sobreviventes de uma vila destruída pelo fenômeno, precisam salvar suas vidas e ao mesmo tempo descobrir o que está acontecendo. Nisso se envolvem com cientistas perseguidos pelo Estado, com religiosos déspotas e com um simpático trambiqueiro.
Adelbaran é uma daquelas histórias que nos intrigam a cada página e nos deixam mais e mais curioso a cada quadrinho. Aquilo que, na linguagem dos roteiristas dos quadrinhos, chamamos de ganchos são sutis, ao contrário do quadrinho norte-americano, que costuma apresentar ganchos explícitos. Em uma seqüência, por exemplo, uma cientista é ferida e torna-se necessário amputar sua mão. Quando ela está fazendo o curativo, podemos observar que seus dedos estão renascendo. O leitor atencioso percebe e logo se indaga que mistério é aquele.
É através desses pequenos mistérios que Adelbaran vai se revelando aos leitores num roteiro que poucas vezes vi nos quadrinhos.
E a história é boa não só pelo roteiro, mas também pelo desenho competente de Leo, que consegue ser acadêmico e, ao mesmo tempo, criativo.
Para melhorar, a Panini lançou a história em um álbum relativamente barato (R$ 22,90, com duas histórias) e com ótima qualidade gráfica.
Entre os lançamentos da Panini também merece destaque Blueberry, de Charlier e Moebius. Não se trata exatamente de um debut nas terras tupiniquins. O famoso tenente já havia sido lançado no Brasil pelas editoras Vecchi e Abril, mas nunca com tanta qualidade editorial.
Charlier foi um dos melhores roteiristas europeus de todos os tempos e Blueberry é sua obra máxima. O personagem é um soldado beberrão e jogador inveterado vivendo aventuras em pleno velho oeste.
O roteirista sabe manejar como ninguém os diálogos, colocando-os a serviço de uma boa história (ao contrário de alguns autores mais recentes, como Brian Michael Bendis, que colocam os bons diálogos a serviço apenas de seus egos inflamados).
Nessa edição de estréia, Blueberry está na mesa de jogo. Passa a história toda assim, enquanto ao redor dele acontecem mil e uma coisas e diversos personagens secundários são explorados pelo roteiro. Uma história que se passa numa mesa de jogo pode parecer um pretexto para evitar uma trama bem elaborada, mas é justamente o oposto que ocorre. Mil e uma tramas desfilam pelas páginas e vão convergir para a tal mesa de jogo.
A Panini fez uma ótima opção editorial publicando a história em lombada quadrada e colorida (a Abril lançou a maior parte das história de Blueberry em preto e branco). O traço de Moebius (que na época assinava Giraud) ganha muito valor com a cor bem aplicada. Cada página é um quadro que pode ser observado e deleitado tanto pela bela cor quanto pelo detalhismo do desenho ou pela bela composição. Moebius é considerado o melhor desenhista da escola franco-belga e Charlier o roteirista mais eclético, rivalizando apenas com Goscinny (de Asterix). A união dos dois só poderia ser um delírio para os neurônios.
Mas será que apenas nos quadrinhos houve boas novidades? Voltamos à reunião familiar.
Então alguém veio com uma lembrança realmente importante. Se o cinema não teve grandes novidades, a televisão trouxe uma obra cujos efeitos irão repercutir por décadas: a série Lost.
Antes de mais nada, Lost mostrou que uma idéia ruim pode se tornar genial e só por isso já valia a pena. Uma série de TV sobre sobreviventes de um acidente aéreo tinha tudo para se tornar a coisa mais chata que a telinha já apresentou (sem falar que a trama acabaria no momento em que eles fossem resgatados), mas a idéia de transformar a ilha em uma miscelâneas de mistérios insolúveis salvou tudo.
Lost quebrou vários paradigmas. Entre eles o de que os flash backs não funcionam na televisão. Outro é de esse meio não suporta uma trama complexa.
Lost uniu bom roteiro com direção competente e atuações convincentes, mas o que realmente prendeu os expectadores na cadeira foram os muitos mistérios que deram origem às mais variadas teorias. Tentar descobrir o que está acontecendo na ilha é um belo exercício para os neurônios e me faz lembrar a época em que estava sendo lançado no Brasil a série em quadrinhos V de Vingança. A cada número aumentava a discussão sobre quem de fato era V. Ainda hoje na comunidade da HQ no Orkut esse assunto dá pano para manga.
O único defeito foi o horário em que a Globo apresentou a atração, em plena madrugada, um horário que parece ter sido escolhido para não dar audiência. Mas por outro lado, isso só mostrou o futuro no qual as televisão aberta já não tem tanto poder. Muita gente preferiu assistir em DVD ou baixar os episódios da internet. Como resultado, muita gente já assistiu até mesmo a segunda tempora, que ainda não foi exibida pela Globo.
Lost mostrou o quanto estavam equivocados os críticos dos meios de comunicação de massa que decretaram que a televisão era o meio mais pobre e que jamais poderia apresentar novidades ou obras de maior fôlego. É uma boa razão para olhar para trás e dizer: 2006 valeu a pena.
segunda-feira, janeiro 22, 2007
quinta-feira, janeiro 18, 2007
Tem dado muita discussão o fato da OAB nacional não ter recomendado nenhum curso de Direito no Amapá. Teve coordenador de curso de uma faculdade que foi para o jornal dizer que no Amapá não se pode cobrar o mesmo nível de qualidade dos outros estados (isso que dá contratar gente de outros estados, que vêm para cá cheios de preconceito e se achando os tais). O que na verdade se deve contestar é: qual o critério adotado pela OAB para essa não recomendação? E mais: como a OAB pode recomendar ou deixar de recomendar sem fazer uma avaliação na própria instituição. Nas duas faculdades em que trabalho, o que tenho ouvido dos coordenadores é que a OAB não passou por lá. Como fizeram essa avaliação então? Na base do olhômetro? Ou do chutômetro?
Teorias da comunicação

Uma ex-aluna deixou um recado pedindo para eu mandar para ela material sobre teorias da comunicação. Aí lembrei que tenho um livro sobre o assunto, disponbilizado gratuitamente na Virtual Books. O endereço é: http://virtualbooks.terra.com.br/osmelhoresautores/Teorias_da_Comunicacao.htm .
terça-feira, janeiro 16, 2007
Robin Hood
chegou às bancas de Macapá Robin Hood, a adaptação juvenil que escrevi para a editora Minuano. O livro, ilustrado por Luiz Saidenberg, faz parte da coleção Clássico da Literatura Juvenil (que irá lançar mais dois livros meus, Ben-Hur e Hércules) e custa apenas R$ 4,90.
O texto da contracapa diz:
"Este livro conta as emocionamentes aventuras deste virtuoso herói, na linguagem ágil da adaptação da Gian Danton. Pegue seu arco e sua flecha e venha para o mundo da fantasia de Sherwood viver o romance de humor e aventura desta divertida leitura que encantará toda a família".
Infelizmente o site da editora não disponibilizou a capa do livro ainda e estou sem scanner, de modo que fico devendo para vocês a imagem da capa...
O texto da contracapa diz:
"Este livro conta as emocionamentes aventuras deste virtuoso herói, na linguagem ágil da adaptação da Gian Danton. Pegue seu arco e sua flecha e venha para o mundo da fantasia de Sherwood viver o romance de humor e aventura desta divertida leitura que encantará toda a família".
Infelizmente o site da editora não disponibilizou a capa do livro ainda e estou sem scanner, de modo que fico devendo para vocês a imagem da capa...
segunda-feira, janeiro 15, 2007
Autora de fanfiction de Harry Potter tem seu primeiro livro publicado
Por Ederli Fortunato15/1/2007
Uma escritora chilena que estreou na internet escrevendo sua versão das aventuras de Harry Potter acaba de lançar seu primeiro livro.
La Septima M (O Sétimo M) foi escrito por Francisca Solar, uma estudante de jornalismo de 23 anos. O livro - que segue uma série de suicídios misteriosos de jovens na cidade fictícia de Puerto Fake - foi lançado na Feira de Livros de Frankfurt pela editora Random House.
A moça fez sucesso na rede com Harry Potter e o Declínio dos Altos Elfos, uma versão de fã para o sexto volume da série criada por Joanne Rowling. Solar decidiu escrever sua versão depois de ficar desapontada com o quinto livro, Harry Potter e a Ordem da Fênix, que gerou controvérsia por mostrar o herói em uma séria crise emocional e dado a explosões de temperamento. A seqüência escrita por Francisca Solar atraiu 80 mil leitores e elogios de vários pontos do mundo. Leia mais
Comentário: eu também já me aventurei no gênero, escrevendo fanfics do Capitão América, do Doutor Estranho e da série de FC Perry Rhodan. Esses trabalhos podem ser encontrados na rede.
Uma escritora chilena que estreou na internet escrevendo sua versão das aventuras de Harry Potter acaba de lançar seu primeiro livro.
La Septima M (O Sétimo M) foi escrito por Francisca Solar, uma estudante de jornalismo de 23 anos. O livro - que segue uma série de suicídios misteriosos de jovens na cidade fictícia de Puerto Fake - foi lançado na Feira de Livros de Frankfurt pela editora Random House.
A moça fez sucesso na rede com Harry Potter e o Declínio dos Altos Elfos, uma versão de fã para o sexto volume da série criada por Joanne Rowling. Solar decidiu escrever sua versão depois de ficar desapontada com o quinto livro, Harry Potter e a Ordem da Fênix, que gerou controvérsia por mostrar o herói em uma séria crise emocional e dado a explosões de temperamento. A seqüência escrita por Francisca Solar atraiu 80 mil leitores e elogios de vários pontos do mundo. Leia mais
Comentário: eu também já me aventurei no gênero, escrevendo fanfics do Capitão América, do Doutor Estranho e da série de FC Perry Rhodan. Esses trabalhos podem ser encontrados na rede.
sexta-feira, janeiro 12, 2007
Links para alguns de meus livros virtuais

O Homem virgem e outras crônicas
http://virtualbooks.terra.com.br/novalexandria/gian3/gian3.htm
Teatro dos vampiros
http://virtualbooks.terra.com.br/osmelhoresautores/Teatro_dos_Vampiros.htm
Amores góticos
http://virtualbooks.terra.com.br/novalexandria/gian8/amores.htm
Monteiro Lobato
http://virtualbooks.terra.com.br/freebook/didaticos/Monteiro_Lobato_vida_e_obra.htm
Livro de resenhas
http://virtualbooks.terra.com.br/osmelhoresautores/Livro_de_Resenhas.htm
O portal das probabilidades http://virtualbooks.terra.com.br/freebook/infantis/o_portal_das_probabilidades.htm
Manticore
http://virtualbooks.terra.com.br/livros_online/nonaarte/manticore02.pdf
Spaceballs
http://virtualbooks.terra.com.br/osmelhoresautores/spaceballs.htm

http://virtualbooks.terra.com.br/novalexandria/gian6/gian6.htm
Homens impossíveis
http://virtualbooks.terra.com.br/novalexandria/gian5/gian5.htm
Cultura pop
http://virtualbooks.terra.com.br/novalexandria/gian4/gian4.htm
Censura
A Ditadura Militara, que começou envergonhada, tornou-se escancarada com a assinatura do Ato Institucional n. 5. O A1 5 instalou a censura na imprensa e tornou oficial a tortura dos porões. Intelectuais e artista passaram a ser perseguidos. Em 1968, durante uma apresentação da peça Roda Viva, de Chico Buarque e dirigida por José Celso Martinez Corrêa, o espetáculo foi atacado pelo Comando de Caça aos Comunistas que ameaçou de morte os atores.
Com a decretação do A15, Geraldo Vandré, compositor dos versos "Há soldados armados, amados ou não/quase todos perdidos de arma na mão" teve que se esconder na fazenda do escritor Guimarães Rosa antes de sair para o auto-exílio.
Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil foram presos, interrogados pelos militares e gentilmente "convidados" a deixar o país.
Raul Seixas e Paulo Coelho foram presos, torturados e extraditados.
Em 1973 a censura vetou a música "Uma vida só (pare de tomar a pílula)" porque o governo militar patrocinava uma campanha nacional de controle de natalidade e o sucesso da música incomodava. No ano seguinte, a censura vetaria a canção "Tortura de amor", de Waldick Soriano, por entender que era uma alusão à repressão. Até os filmes de Kung fu eram proibidos por supostamente conterem conteúdo maoísta.
Todas as classes artísticas, das mais intelectualizadas às populares foram vítimas da censura, mas a primeira forma de expressão a ser perseguida pelos militares foram os quadrinhos.
No início dos anos 1960, os desenhistas e roteiristas tinham apostado todas as suas fichas na dupla Jânio/Jango e haviam perdido.
O contato com o presidente Jânio Quadros começara meio que sem querer. O presidente eleito visitava a redação do jornal O Cruzeiro, pouco antes de sua posse, quando Ziraldo o viu passar perto de sua prancheta e o parou. O desenhista falou da dificuldade que os quadrinistas brasileiros tinham para publicar seus trabalhos e sugeriu que a única maneira de resolver a situação era garantir uma reserva de mercado para artistas brasileiros.
Jânio ouviu atentamente e fez uma anotação numa mesa próxima. Dias depois da posse, o desenhista Oku, funcionário do Ministério da Educação, telefonou para Ziraldo informando que o presidente o encarregara de discutir com os artista a lei de nacionalização das histórias em quadrinhos.
Com a renúncia de Jânio Quadros, os artistas voltaram suas atenções para João Goulart. Leonel Brizola, cunhado de Jango e na época governador do Rio Grande do Sul, incentivou a criação de uma cooperativa de quadrinhos no seu estado.
Em 23 de setembro de 1963, o presidente assinou o decreto-lei 52497, que nacionalizava as histórias em quadrinhos, reservando uma cota de 60% das publicações para material produzido no Brasil.
O decreto-lei, no entanto, dependia de regulamentação e, antes que isso fosse feito, os editores impetraram um mandado de segurança. Em 10 de outubro daquele ano, o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Cândido de Mota filho, manifestou-se pela anulação do decreto-lei, alegando que o mesmo visava impedir que as editoras continuassem publicando quadrinhos. O STF só se pronunciou sobre o assunto, favoravelmente aos artistas, dois anos depois, mas aí já era tarde demais.
Em 31 de março de 1964, Jango foi deposto por um levante militar e os desenhistas e roteiristas passaram a ser perseguidos. "Não só Ziraldo como todos os artistas que lutaram pela lei de cotas passaram a ser vistos como suspeitos de comunismo e subversão. Muitos ficaram afastados dos quadrinhos por longos anos e até mudaram de profissão por absoluta falta de trabalho. Outros sobreviveram com dificuldade como colaboradores de pequenas editoras de São Paulo e com colaborações avulsas em livros didáticos e agências de publicidade. Júlio Shimamoto e Flávio Colin, por exemplo, só voltariam a fazer quadrinhos doze anos depois. Nesse meio tempo, sobreviveram na publicidade", conta Gonçalo Júnior no livro A Guerra dos Gibis.
Com a decretação do A15, Geraldo Vandré, compositor dos versos "Há soldados armados, amados ou não/quase todos perdidos de arma na mão" teve que se esconder na fazenda do escritor Guimarães Rosa antes de sair para o auto-exílio.
Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil foram presos, interrogados pelos militares e gentilmente "convidados" a deixar o país.
Raul Seixas e Paulo Coelho foram presos, torturados e extraditados.
Em 1973 a censura vetou a música "Uma vida só (pare de tomar a pílula)" porque o governo militar patrocinava uma campanha nacional de controle de natalidade e o sucesso da música incomodava. No ano seguinte, a censura vetaria a canção "Tortura de amor", de Waldick Soriano, por entender que era uma alusão à repressão. Até os filmes de Kung fu eram proibidos por supostamente conterem conteúdo maoísta.
Todas as classes artísticas, das mais intelectualizadas às populares foram vítimas da censura, mas a primeira forma de expressão a ser perseguida pelos militares foram os quadrinhos.
No início dos anos 1960, os desenhistas e roteiristas tinham apostado todas as suas fichas na dupla Jânio/Jango e haviam perdido.
O contato com o presidente Jânio Quadros começara meio que sem querer. O presidente eleito visitava a redação do jornal O Cruzeiro, pouco antes de sua posse, quando Ziraldo o viu passar perto de sua prancheta e o parou. O desenhista falou da dificuldade que os quadrinistas brasileiros tinham para publicar seus trabalhos e sugeriu que a única maneira de resolver a situação era garantir uma reserva de mercado para artistas brasileiros.
Jânio ouviu atentamente e fez uma anotação numa mesa próxima. Dias depois da posse, o desenhista Oku, funcionário do Ministério da Educação, telefonou para Ziraldo informando que o presidente o encarregara de discutir com os artista a lei de nacionalização das histórias em quadrinhos.
Com a renúncia de Jânio Quadros, os artistas voltaram suas atenções para João Goulart. Leonel Brizola, cunhado de Jango e na época governador do Rio Grande do Sul, incentivou a criação de uma cooperativa de quadrinhos no seu estado.
Em 23 de setembro de 1963, o presidente assinou o decreto-lei 52497, que nacionalizava as histórias em quadrinhos, reservando uma cota de 60% das publicações para material produzido no Brasil.
O decreto-lei, no entanto, dependia de regulamentação e, antes que isso fosse feito, os editores impetraram um mandado de segurança. Em 10 de outubro daquele ano, o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Cândido de Mota filho, manifestou-se pela anulação do decreto-lei, alegando que o mesmo visava impedir que as editoras continuassem publicando quadrinhos. O STF só se pronunciou sobre o assunto, favoravelmente aos artistas, dois anos depois, mas aí já era tarde demais.
Em 31 de março de 1964, Jango foi deposto por um levante militar e os desenhistas e roteiristas passaram a ser perseguidos. "Não só Ziraldo como todos os artistas que lutaram pela lei de cotas passaram a ser vistos como suspeitos de comunismo e subversão. Muitos ficaram afastados dos quadrinhos por longos anos e até mudaram de profissão por absoluta falta de trabalho. Outros sobreviveram com dificuldade como colaboradores de pequenas editoras de São Paulo e com colaborações avulsas em livros didáticos e agências de publicidade. Júlio Shimamoto e Flávio Colin, por exemplo, só voltariam a fazer quadrinhos doze anos depois. Nesse meio tempo, sobreviveram na publicidade", conta Gonçalo Júnior no livro A Guerra dos Gibis.
O site da BBC publicou 60 fatos sobre David Bowie em homenagem ao cantor. Algumas curiosidades:
O cantor tocou quase todos os instrumentos do álbum Diamond Dogs, incluindo a famosa guitarra da música Rebel Rebel.
Bowie desenha, pinta, escreve e também é escultor em suas horas livres. Seus artistas prediletos são Tintoretto, John Bellany, Erich Heckel, Picasso e Michael Ray Charles.
Ele foi votado em quarto lugar em uma pesquisa recente do programa da BBC Culture Show, para descobrir qual o maior Ícone Vivo da Grã-Bretanha. Acima de Bowie ficaram David Attenborough, no primeiro lugar, Morrissey, em segundo, e Paul McCartney, em terceiro.
Em seu histórico escolar, Bowie tem apenas uma nota zero, em arte.
Dá ou não dá o que pensar sobre que tipo de escola temos hoje?
O cantor tocou quase todos os instrumentos do álbum Diamond Dogs, incluindo a famosa guitarra da música Rebel Rebel.
Bowie desenha, pinta, escreve e também é escultor em suas horas livres. Seus artistas prediletos são Tintoretto, John Bellany, Erich Heckel, Picasso e Michael Ray Charles.
Ele foi votado em quarto lugar em uma pesquisa recente do programa da BBC Culture Show, para descobrir qual o maior Ícone Vivo da Grã-Bretanha. Acima de Bowie ficaram David Attenborough, no primeiro lugar, Morrissey, em segundo, e Paul McCartney, em terceiro.
Em seu histórico escolar, Bowie tem apenas uma nota zero, em arte.
Dá ou não dá o que pensar sobre que tipo de escola temos hoje?
Programação de cinema em Macapá
CINE SHOPPING MACAPÁ
estréia hoje, 12, a comédia UMA NOITE NO MUSEU, com sessões às 16:30-19-21:20H e na sala 2 estréia a nova animação da Dreamsworks POR ÁGUA ABAIXO, com sessões às 15:30 e 17:10H e continua em cartaz ERAGON às 19 e 21:15H.
estréia hoje, 12, a comédia UMA NOITE NO MUSEU, com sessões às 16:30-19-21:20H e na sala 2 estréia a nova animação da Dreamsworks POR ÁGUA ABAIXO, com sessões às 15:30 e 17:10H e continua em cartaz ERAGON às 19 e 21:15H.
quinta-feira, janeiro 11, 2007
Música de hoje
A Estação
Roberto Carlos
Senti que alguma coisa ia me dizer
No tempo que restava antes de partir
Mas seu silêncio me dizia muito mais
Que todas as palavras que eu pudesse ouvir
No olhar uma tristeza disfarçava
No peito uma saudade antecipada
Então sua mão meu rosto acariciou
E com ternura meus cabelos afagou
E a sua voz se fez ouvir dizendo adeus
E eu fiquei perdido em pensamentos e recordações
Não sei por quanto tempo ali fiquei
E como pude controlar as emoções também não sei
Pra não me ver mais triste ainda ela sorriu
Me olhou nos olhos, me beijou, depois saiu
Caminhou com passos calmos e parou
Me acenou mais um adeus, depois seguiu
Lembrei de tudo como era antes
Sem despedida e vidas tão distantes
Parado ainda na estação ela me viu
Me acenou mais uma vez, depois partiu
E a sua mão mais uma vez me acenou
E eu fiquei perdido em pensamentos e recordações
Não sei por quanto tempo ali fiquei
E como pude controlar as emoções também não sei

A inquisição ibérica (envolvendo Portugal e Espanha) foi a mais cruel da Europa. Os inquisidores procuravam hereges, bruxas e judeus que continuassem professando sua fé. Um dos indícios que poderiam levar a pessoa à fogueira por judaismo era tomar banho pelo menos uma vez na semana (geralmente aos sábados). Na época havia quem passasse a vida inteira sem tomar banho e a Igreja Católica desestimulava os banhos, pois a água entrava em contato com locais em que não era pudico tocar...
quarta-feira, janeiro 10, 2007

Leia, de Jorge Luís Borges, Loteria da Babilônia, um intrigante conto sobre as vicissitudes da vida.

As revista da Turma da Mônica passaram para a editora Panini e os primeiros números já foram anunciados. Veja no Omelete a capa de um deles. Deu para perceber que vai haver uma melhoria de qualidade editorial e gráfica. A cor pelo menos está ótima.
Stardust, a ótima obra de fantasia de Neil Gaiman, virou filme e será lançado no Brasil. Saiba mais aqui.
Cemitério maldito

Nesse período comprei nas lojas Americanas (por 9,99) Cemitério Maldito, baseado na obra de Stephen King.
O livro é o que eu mais gostei de ler do King no gênero terror (eu realmente gostei muito de Corredor da morte - adaptado para o cinema como Á espera de um milagre - mas esse não é terror).
Em O cemitério, o autor depura sua técnica horripilante: mostrar pessoas normais em situações absolutamente normais até que você se acostuma com elas, começa a simpatizar com elas. Então o terror se instala em suas vidas. É uma técnica muito mais interessante do que deixar claro, desde o primeiro momento, que se trata de uma história de terror.
Assim, acompanhamos a família Creed se mudando para uma nova casa na beira de uma rodovia. Pitadas de horror aparecem aqui e ali, como quando o fantasma de um estudante morto aparece para avisar o dono da casa de algo terrível, mas fora isso a vida dos Creed parece aconchegantemente normal. Algo como uma coberta quente num dia de frio.
Então o gato de estimação morre e um vizinho o enterra em um cemitério índio, do qual o gato sai como uma espécie de morto-vivo malígno, embora isso não seja nem o começo do horror. O horror, ah, o horror!
Em Belém comprei um livro, Dissecado Stephen King, só com entrevistas com o autor. Numa delas ele diz que o terror é um gênero que tem como objetivo provocar uma catarse da qual saímos purificados. Sabemos que o que está acontecendo nas páginas do livro é algo terrível, mas sabemos também que isso não irá acontecer conosco. Nesse sentido, é quase como uma magia, como aquela história do Neil Gaiman em que um casal ganha de presente um livro escrito sobre eles. No livro, acontecem todas as desgraças possíveis: eles se traem um ao outro, os filhos envolvem-se com drogas e mais algumas delícias... No começo eles ficam ofendidos, mas depois percebem que aquilo tudo está acontecendo nas páginas do livro para que não aconteça com eles, como se o escritor tivesse conjurado uma poderosa magia que transportava para as páginas manuscritas todas as tristezas que poderiam acometer o casal.
O Cemitério é assim. Ao ler no começo nos assustamos, depois pensamos: isso está acontecendo com eles, com essa família, não conosco, e esse pensamento é reconfortador.
Mas falando do filme... bem, é uma verdadeira decepção. Os atores são sofríveis. Dale Midkiff, que interpreta Louis Creed é um daqueles atores que só têm uma expressão facial, geralmente sorrindo. Na verdade, só que convence são as crianças e o velho vizinho, interpretado por Fred Gwynne. E é muito mal dirigido. Fiquei imaginando que filme magnífico daria nas mãos de alguém competente, como M. Nigth Shyamallan.
O livro é o que eu mais gostei de ler do King no gênero terror (eu realmente gostei muito de Corredor da morte - adaptado para o cinema como Á espera de um milagre - mas esse não é terror).
Em O cemitério, o autor depura sua técnica horripilante: mostrar pessoas normais em situações absolutamente normais até que você se acostuma com elas, começa a simpatizar com elas. Então o terror se instala em suas vidas. É uma técnica muito mais interessante do que deixar claro, desde o primeiro momento, que se trata de uma história de terror.
Assim, acompanhamos a família Creed se mudando para uma nova casa na beira de uma rodovia. Pitadas de horror aparecem aqui e ali, como quando o fantasma de um estudante morto aparece para avisar o dono da casa de algo terrível, mas fora isso a vida dos Creed parece aconchegantemente normal. Algo como uma coberta quente num dia de frio.
Então o gato de estimação morre e um vizinho o enterra em um cemitério índio, do qual o gato sai como uma espécie de morto-vivo malígno, embora isso não seja nem o começo do horror. O horror, ah, o horror!
Em Belém comprei um livro, Dissecado Stephen King, só com entrevistas com o autor. Numa delas ele diz que o terror é um gênero que tem como objetivo provocar uma catarse da qual saímos purificados. Sabemos que o que está acontecendo nas páginas do livro é algo terrível, mas sabemos também que isso não irá acontecer conosco. Nesse sentido, é quase como uma magia, como aquela história do Neil Gaiman em que um casal ganha de presente um livro escrito sobre eles. No livro, acontecem todas as desgraças possíveis: eles se traem um ao outro, os filhos envolvem-se com drogas e mais algumas delícias... No começo eles ficam ofendidos, mas depois percebem que aquilo tudo está acontecendo nas páginas do livro para que não aconteça com eles, como se o escritor tivesse conjurado uma poderosa magia que transportava para as páginas manuscritas todas as tristezas que poderiam acometer o casal.
O Cemitério é assim. Ao ler no começo nos assustamos, depois pensamos: isso está acontecendo com eles, com essa família, não conosco, e esse pensamento é reconfortador.
Mas falando do filme... bem, é uma verdadeira decepção. Os atores são sofríveis. Dale Midkiff, que interpreta Louis Creed é um daqueles atores que só têm uma expressão facial, geralmente sorrindo. Na verdade, só que convence são as crianças e o velho vizinho, interpretado por Fred Gwynne. E é muito mal dirigido. Fiquei imaginando que filme magnífico daria nas mãos de alguém competente, como M. Nigth Shyamallan.
Compre o livro Cemitério, de Stephen King, no Submarino.
Pessoal,
estive fora do ar alguns dias, mas foi por um bom motivo: estávamos de, digamos assim, férias, na ilha do Marajó. Praias lindas, um livro do Stephen King, e nenhuma preocupação por alguns dias. Mas quando voltamos, milhões de coisas para resolver. Até a geladeira inventou de enguiçar! Assim, vou voltar a blogar aos poucos. Gostaria de comentar alguns filmes que assisti nesse período...
estive fora do ar alguns dias, mas foi por um bom motivo: estávamos de, digamos assim, férias, na ilha do Marajó. Praias lindas, um livro do Stephen King, e nenhuma preocupação por alguns dias. Mas quando voltamos, milhões de coisas para resolver. Até a geladeira inventou de enguiçar! Assim, vou voltar a blogar aos poucos. Gostaria de comentar alguns filmes que assisti nesse período...
Zé Carioca pode ser criação do brasileiro J. Carlos

Rio, 10 (AE) - Um papagaio que fuma charuto, veste colarinho e usa bengala faz as malas rumo a Hollywood. A legenda informa: "Walt Disney levou o papagaio." O macaco, um dos bichos que observam a cena, comenta: "Esse papagaio vai ser um sucesso de bilheteria; fotogênico, orador e, sobretudo: impróprio para menores..." O desenho de J. Carlos, considerado por muitos o maior cartunista brasileiro, foi capa da revista Careta em outubro de 1941, pouco depois de Disney ter feito um tour pela América do Sul.No ano seguinte, Zé Carioca, o papagaio malandro da Vila Xurupita, surgiria no cinema em "Alô Amigos", ciceroneando o Pato Donald no carnaval do Rio. Em 1944, voltaria às telas, mais uma vez ao lado de Donald, em "Você já Foi à Bahia'" Nos filmes, coincidentemente, o louro fuma charuto, veste colarinho e se apóia em um guarda-chuva. Claro, também usa chapéu de palhinha e gravata borboleta, além de paletó. O contato entre J. Carlos e Disney está documentado e é praticamente consenso entre pesquisadores que, de alguma forma, Zé Carioca foi inspirado pelo artista brasileiro, cujo primeiro nome também é José. Leia mais
Comentário: agora que descobriram isso. Todo mundo que é envolvido com quadrinhos já sabia dessa história há muito tempo...
sexta-feira, dezembro 29, 2006
Experiêcias e livros

Monteiro Lobato já disse que um país se faz com homens e livros. Da mesma forma, um homem se faz de experiências e livros. Não há formação intelectual que não passe pela leitura.
Pensando em todos os livros que, de uma maneira ou de outra, influenciaram minha formação, lembro de um deles, parece-me, é pouco conhecido da geração atual. Mas fez as delícias de todos os jovens devoradores de livros da década de 80. Falo de Aventuras de Xisto, de Lúcia Machado de Almeida, publicado na época na coleção Vaga-lume.Esse foi o primeiro livro que li (não estou contando os pequenos livros infantis dos quais guardo poucas lembranças). Devia ter algo em torno de 10 anos. Pode parecer uma discrepância eu ler meu primeiro livro aos 10 anos, mas há de se considerar que eu cresci em uma família pobre, na qual livros eram um luxo supérfluo. Só consegui convencer minha avó a me dar o dinheiro para esse livro porque ele ia ser utilizado na escola. Na época vivíamos na pequena cidade de Mococa, no interior de São Paulo. Eu mesmo fui à livraria, no outro lado da cidade e comprei o livro. Antes que o dia terminasse eu já o tinha lido inteiro. No dia seguinte, dia de frio, coloquei uma cadeira no quintal e, enquanto tomava um sol, li pela segunda vez. Uma semana depois a professora iniciou a leitura em sala de aula, mas o rapaz responsável por ler o primeiro capítulo não havia nem mesmo aberto o livro. “Alguém já leu o livro?”, perguntou a professora. Eu levantei a mão: “Já li cinco vezes, professora”.
Aventuras de Xisto influenciou meu gosto pela história, especialmente
pela história medieval. O clima sombrio e fantasioso também influenciou muito minha literutura. Minha novela O Anjo da Morte é uma espécie de Aventuras de Xisto para adultos. Gostaria de dar destaque também para as ilustrações do livro, de autoria de Mário Cafiero. Sempre imaginei ter uma história desenhada por ele. Depois disso, eu não tinha mais como convencer minha avó a comprar outros livros e só fui voltar a ler uns quatro anos depois, quando descobri a biblioteca pública e os sebos.
Foi época de conhecer Monteiro Lobato. Não houve um livro específico que tenha me influenciado. Nessa época lia tudo que me chegava às mãos do autor paulista. Curiosamente, li primeiro sua literatura adulta, depois a infantil. Na literatura adulta, Urupês é sem dúvida a obra-prima. Lobato estava menos preocupado em fazer literatura e mais em causar uma impressão no leitor. Lembro que a primeira vez que li me pareceu um livro de terror... Da literatura infantil, História do mundo para crianças é, certamente, a obra que li mais vezes. Lobato era uma dessas inteligências enciclopédicas, que escreviam sobre tudo e em tudo deixavam um gosto delicioso.
Mais ou menos por essa época, tinha um amigo que colecionava a revista Heróis da TV e descobri um sebo que as vendia por um preço irrisório. Eu comprava as revistas e as vendia pelo dobro do preço, e assim conseguia dinheiro para comprar minhas próprias revistas. Antes de vender as revistas, eu passava o final de semana lendo. Só muito tempo depois fui perceber o quanto essas leituras me influenciaram, especialmente as histórias do Mestre do Kung Fu, cujos autores são: Dough Moench (roteiro); Paul Gullacy e Mike Zeck (desenhos). Há coisa de um mês encontrei em um sebo as edições norte-americanas do personagem, da década de 70, e não hesitei em comprar.
1984, de George Orwell, foi a leitura que mais influenciou o período da universidade. Quando já estava no final do livro, fui comprar adubo para minha avó (que adora plantas). Como o troco demorasse, encostei no balcão e comecei a ler. Só sai de lá depois de ter lido a última palavra, para espanto dos balconistas. 1984 é um livro que deixa uma marca em quem o lê. É impossível sair dele o mesmo.
Ta
mbém da época da Faculdade, O Nome da Rosa, de Umberto Eco foi um livro que prendeu minha atenção. Às vezes desconfio que só gostei tanto dele porque a ambientação era quase a mesma de Aventuras de Xisto. Em todo caso, li-o três vezes. Na primeira o que mais me chamou atenção foram os detalhes sobre a história da Idade Média. Na segunda, os aspectos relacionados às teorias da comunicação (especialmente semiótica e teoria da informação). Na terceira, eu já estava mais interessado em detectar as influencias de Jorge Luís Borges sobre a obra.
Chegamos a Borges. O que mais me marcou no autor argentino não foi um livro, mas um conto: "O Aleph". O texto parecia uma versão literária de meus estudos sobre teoria do caos. A partir daí comecei a devorar tudo que me caía as mãos sobre o autor portenho.
"O Aleph" me foi emprestado por um colega de redação na Folha de Londrina. Foi também ele quem me emprestou Crônicas Marcianas, de Ray Bradbury. Eu já havia lido Farenheith 451, mas esse parecia uma versão menor de 1984, de Orwell. Crônicas Marcianas tinha vida própria e fez com que eu me interessasse pela literatura de ficção científica norte-americana. De Bradbury para Isaac Asimov foi um passo. Além das histórias de robôs, sempre me fascinaram seus textos de divulgação científica. Asimov produziu um verdadeiro tijolo, Cronologia das descobertas cientificas, que foi meu livro de cabeceira durante o mestrado.
Uma história em quadrinhos que mudou a minha forma de ver o mundo foi Watchmen, de Alan Moore e Dave Gibbons. Moore virou de cabeça para baixo os comics norte-americanos ao mostrar os super-heróis de uma perspectiva realista. Histórias de heróis cuja vestimenta é uma fantasia sexual se misturam com casos de personagens que deixaram escapar bandidos porque precisavam ir ao banheiro. Pode parecer humorístico, mas a perspectiva não era essa. Moore realizou uma obra profunda sobre a condição humana em meio ao caos. O subtexto baseado na teoria do caos e na geometria fractal passou despercebido pela maioria dos leitores e só se tornou corrente no Brasil após o meu trabalho de conclusão de curso.
Já que falamos em teoria do caos, Caos: a criação de uma nova ciência, de James Gleick, é outro livro que exerceu grande influência sobre mim ao me mostrar o poder desse novo paradigma para explicar fenômenos não deterministas. Fenômenos deterministas são aqueles que seguem um padrão fixo, como um relógio. Para a ciência clássica, todo o universo era determinista. A teoria do caos demonstrou que esse modelo do universo como um relógio não corresponde à realidade. A maioria dos fenômenos, por mais determinados que pareçam, podem mudar de comportamento de uma hora para outra em decorrência de pequenas alterações, chamadas de efeito borboleta.
A teoria do caos foi uma das bases da teoria de Edgar Morin. Esse autor francês produz tanto que é quase impossível destacar um livro mais importante. Ciência com consciência, Sete saberes necessários à educação do futuro e A Cabeça bem-feita são alguns dos mais famosos. Morin defende uma nova visão de mundo, diversa daquela inaugurada por René Descartes, segundo a qual, para conhecer algo, é necessário dividir esse algo em pequenas partes e estudá-las um a uma. Para Morin, as partes não podem ser vistas senão em sua relação com o todo.
A teoria do caos demonstrou que tudo está relacionado. Uma pequena borboleta batendo suas asas na China pode desencadear uma série de eventos que redundam em uma tempestade em Nova York.Morin critica a fragmentação dos saberes e defende uma ciência que vê as coisas em suas relações com outras coisas. Pensando bem, isso tem tudo a ver com a filosofia oriental que aparecia nas páginas das histórias em quadrinhos do Mestre do Kung Fu. Talvez tudo esteja mesmo interligado.
Pensando em todos os livros que, de uma maneira ou de outra, influenciaram minha formação, lembro de um deles, parece-me, é pouco conhecido da geração atual. Mas fez as delícias de todos os jovens devoradores de livros da década de 80. Falo de Aventuras de Xisto, de Lúcia Machado de Almeida, publicado na época na coleção Vaga-lume.Esse foi o primeiro livro que li (não estou contando os pequenos livros infantis dos quais guardo poucas lembranças). Devia ter algo em torno de 10 anos. Pode parecer uma discrepância eu ler meu primeiro livro aos 10 anos, mas há de se considerar que eu cresci em uma família pobre, na qual livros eram um luxo supérfluo. Só consegui convencer minha avó a me dar o dinheiro para esse livro porque ele ia ser utilizado na escola. Na época vivíamos na pequena cidade de Mococa, no interior de São Paulo. Eu mesmo fui à livraria, no outro lado da cidade e comprei o livro. Antes que o dia terminasse eu já o tinha lido inteiro. No dia seguinte, dia de frio, coloquei uma cadeira no quintal e, enquanto tomava um sol, li pela segunda vez. Uma semana depois a professora iniciou a leitura em sala de aula, mas o rapaz responsável por ler o primeiro capítulo não havia nem mesmo aberto o livro. “Alguém já leu o livro?”, perguntou a professora. Eu levantei a mão: “Já li cinco vezes, professora”.
Aventuras de Xisto influenciou meu gosto pela história, especialmente

Foi época de conhecer Monteiro Lobato. Não houve um livro específico que tenha me influenciado. Nessa época lia tudo que me chegava às mãos do autor paulista. Curiosamente, li primeiro sua literatura adulta, depois a infantil. Na literatura adulta, Urupês é sem dúvida a obra-prima. Lobato estava menos preocupado em fazer literatura e mais em causar uma impressão no leitor. Lembro que a primeira vez que li me pareceu um livro de terror... Da literatura infantil, História do mundo para crianças é, certamente, a obra que li mais vezes. Lobato era uma dessas inteligências enciclopédicas, que escreviam sobre tudo e em tudo deixavam um gosto delicioso.

1984, de George Orwell, foi a leitura que mais influenciou o período da universidade. Quando já estava no final do livro, fui comprar adubo para minha avó (que adora plantas). Como o troco demorasse, encostei no balcão e comecei a ler. Só sai de lá depois de ter lido a última palavra, para espanto dos balconistas. 1984 é um livro que deixa uma marca em quem o lê. É impossível sair dele o mesmo.
Ta

Chegamos a Borges. O que mais me marcou no autor argentino não foi um livro, mas um conto: "O Aleph". O texto parecia uma versão literária de meus estudos sobre teoria do caos. A partir daí comecei a devorar tudo que me caía as mãos sobre o autor portenho.
"O Aleph" me foi emprestado por um colega de redação na Folha de Londrina. Foi também ele quem me emprestou Crônicas Marcianas, de Ray Bradbury. Eu já havia lido Farenheith 451, mas esse parecia uma versão menor de 1984, de Orwell. Crônicas Marcianas tinha vida própria e fez com que eu me interessasse pela literatura de ficção científica norte-americana. De Bradbury para Isaac Asimov foi um passo. Além das histórias de robôs, sempre me fascinaram seus textos de divulgação científica. Asimov produziu um verdadeiro tijolo, Cronologia das descobertas cientificas, que foi meu livro de cabeceira durante o mestrado.
Uma história em quadrinhos que mudou a minha forma de ver o mundo foi Watchmen, de Alan Moore e Dave Gibbons. Moore virou de cabeça para baixo os comics norte-americanos ao mostrar os super-heróis de uma perspectiva realista. Histórias de heróis cuja vestimenta é uma fantasia sexual se misturam com casos de personagens que deixaram escapar bandidos porque precisavam ir ao banheiro. Pode parecer humorístico, mas a perspectiva não era essa. Moore realizou uma obra profunda sobre a condição humana em meio ao caos. O subtexto baseado na teoria do caos e na geometria fractal passou despercebido pela maioria dos leitores e só se tornou corrente no Brasil após o meu trabalho de conclusão de curso.

A teoria do caos foi uma das bases da teoria de Edgar Morin. Esse autor francês produz tanto que é quase impossível destacar um livro mais importante. Ciência com consciência, Sete saberes necessários à educação do futuro e A Cabeça bem-feita são alguns dos mais famosos. Morin defende uma nova visão de mundo, diversa daquela inaugurada por René Descartes, segundo a qual, para conhecer algo, é necessário dividir esse algo em pequenas partes e estudá-las um a uma. Para Morin, as partes não podem ser vistas senão em sua relação com o todo.
A teoria do caos demonstrou que tudo está relacionado. Uma pequena borboleta batendo suas asas na China pode desencadear uma série de eventos que redundam em uma tempestade em Nova York.Morin critica a fragmentação dos saberes e defende uma ciência que vê as coisas em suas relações com outras coisas. Pensando bem, isso tem tudo a ver com a filosofia oriental que aparecia nas páginas das histórias em quadrinhos do Mestre do Kung Fu. Talvez tudo esteja mesmo interligado.
quinta-feira, dezembro 28, 2006
Contos de Natal dos super-heróis
Por Marcus Vinicius de Medeiros22/12/2006
Histórias de quadrinhos de Natal estreladas por super-heróis costumam ser um deleite para os fãs, independente de como eles vejam o feriado. Para alguns, é sobre enfeitar a casa, comprar e receber presentes. Outros, porém, ainda acreditam que esta pode ser a época de mudanças, de realizações e de fazer algo pelas pessoas que precisam, algo que vai totalmente ao encontro das histórias de super-heróis, nas quais indivíduos tentam melhorar o mundo de alguma forma. Destacamos aqui cinco histórias de Natal que transmitem justamente esse espírito. Leia mais
Histórias de quadrinhos de Natal estreladas por super-heróis costumam ser um deleite para os fãs, independente de como eles vejam o feriado. Para alguns, é sobre enfeitar a casa, comprar e receber presentes. Outros, porém, ainda acreditam que esta pode ser a época de mudanças, de realizações e de fazer algo pelas pessoas que precisam, algo que vai totalmente ao encontro das histórias de super-heróis, nas quais indivíduos tentam melhorar o mundo de alguma forma. Destacamos aqui cinco histórias de Natal que transmitem justamente esse espírito. Leia mais
Hoje fui em um supermercado famoso na cidade e comprei veneno para barata, doce e uma escova de dente. No caixa, colocaram tudo junto no mesmo saco... Fiquei me perguntando: os embaladores não recebem treinamento? O treinamento é um item importante. Todo o esforço de marketing vai por água abaixo se os funcionários que vão ter contato com os clientes não estiverem preparados para isso...
quarta-feira, dezembro 27, 2006
Programação de cinema
CINE SHOPPING MACAPÁ
sala 1: ERAGON sessões: 16:20-19-21:15h
sala 2: CASSINO ROYALE sessões: 16:00-18:50-21:30h
CINE SANTANA
sala 1: JOGOS MORTAIS 3 às 19 e 21:20H e DEU A LOUCA NA CHAPÉUZINHO às 17h
SALA 2: HAPPY FEET às 16:40 e 19h e INFILTRADOS às 21:10h.
sala 1: ERAGON sessões: 16:20-19-21:15h
sala 2: CASSINO ROYALE sessões: 16:00-18:50-21:30h
CINE SANTANA
sala 1: JOGOS MORTAIS 3 às 19 e 21:20H e DEU A LOUCA NA CHAPÉUZINHO às 17h
SALA 2: HAPPY FEET às 16:40 e 19h e INFILTRADOS às 21:10h.
300 terá estátuas colecionáveis - incluindo uma de Rodrigo Santoro
Por Marcelo Hessel27/12/2006
A NECA, fabricante de estatuetas e brinquedos para colecionadores, revelou as imagens dos itens baseados no filme 300, aguardadíssima adaptação para as telas da HQ de Frank Miller.
A semelhança com o que se verá tela é incrível. Confira abaixo duas peças espartanas da série um, o Rei Leônidas e o traidor Ephialtes:
A série um - que sai em abril - ainda terá um dos soldados imortais e a Rainha Gorgo, mulher de Leônidas. O persa Xerxes - o primeiro bonequinho colecionável da carreira do brasileiro Rodrigo Santoro - vem só na série dois, que não tem previsão de lançamento. A NECA prometeu mais imagens até lá.
300 estréia nos EUA em 9 de março de 2007 e no Brasil no dia 30 de março. No elenco estão Gerard Butler, Lena Headey, David Wenham, Vincent Regan e Dominic West .
Fonte: Omelete
A NECA, fabricante de estatuetas e brinquedos para colecionadores, revelou as imagens dos itens baseados no filme 300, aguardadíssima adaptação para as telas da HQ de Frank Miller.
A semelhança com o que se verá tela é incrível. Confira abaixo duas peças espartanas da série um, o Rei Leônidas e o traidor Ephialtes:
A série um - que sai em abril - ainda terá um dos soldados imortais e a Rainha Gorgo, mulher de Leônidas. O persa Xerxes - o primeiro bonequinho colecionável da carreira do brasileiro Rodrigo Santoro - vem só na série dois, que não tem previsão de lançamento. A NECA prometeu mais imagens até lá.
300 estréia nos EUA em 9 de março de 2007 e no Brasil no dia 30 de março. No elenco estão Gerard Butler, Lena Headey, David Wenham, Vincent Regan e Dominic West .
Fonte: Omelete
domingo, dezembro 24, 2006

Sandman é uma das melhores histórias em quadrinhos já escritas. Seu autor, Neil Gaiman, provou que mulheres também poderiam gostar de gibis, desde que eles não fossem sobre homens musculosos com a cueca sobre a roupa e trocando sopapos. Suas histórias trouxeram novos temas para os quadrinhos norte-americanos e chegaram a ganhar diversos prêmios literários. Além disso, as belíssimas capas de Dave McKean eram tão boas que mereceram uma edição especial pela Opera Graphica (o texto da contra-capa é meu). As histórias estão sendo lançadas em edição de luxo pela Conrad e ficaram entre os 10 livros mais vendidos pelo site Submarino. Para quem não puder comprar, uma opção é baixar na internet. Aqui vai o endereço: http://www.box.net/public/25mjzypil0#main
Ontem não estava me sentido bem e ficamos em casa assistindo filmes. Assistimos um ótimo filme sobre Psicopatas, Assassinatos em série, que explora mais os aspectos psicológicos da trama do que os assassinatos em si. Baseado em um caso real, tem uma direção nervosa, com uma câmera que não pára um único instante.
sábado, dezembro 23, 2006
História de natal
“Imagine there’s no countries
It isn?t hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too
Imagine all the people
Living life in peace”
Imagine - John Lennon
Estavam em guerra.
Durante anos a humanidade havia percorrido o universo em busca de outras civilizações, em busca da constatação de que não estamos sozinhos. Então encontraram os gafanhotos. Claro, eles não se chamavam gafanhotos. Mas as pernas e os braços compridos, além da pele na forma de couraça davam-lhe o aspecto de gafanhotos e era natural que os humanos os chamassem assim, por analogia.
No começo as relações foram bastante amistosas. Afinal, era a primeira forma de vida inteligente que o homem encontrava em seu caminho pelas estrelas.
Os problemas começaram a ocorrer quando as viagens de turismo ao planeta dos gafanhotos se tornaram freqüentes. Ficou claro, então, que havia séria diferenças culturais. Ocorre que todo o planeta era repleto de pequenos e incômodos insetos. Os turistas humanos usavam contra eles inseticidas e repelentes.
Entretanto, os gafanhotos consideravam os insetos sagrados, pois Deus os criara à Sua imagem e semelhança.
Os teólogos humanos acharam a idéia ridícula. Que tipo de Deus teria a aparência de um inseto? Afinal, a Bíblia deixava claro que Deus criara o homem à Sua imagem e semelhança. A religião dos gafanhotos foi considerada uma heresia.
O que era uma simples diferença teológica tornou-se um problema diplomático quando os gafanhotos começaram a matar humanos acusados de exterminar insetos.
Foi o início da guerra.
José lembrava-se de tudo isso enquanto olhava o céu repleto de estrelas. Uma estrela cadente fez com que ele atentasse para a data. Eram 24 de dezembro. Véspera de natal. Estavam tão preocupados com inimigo que nem ao menos haviam percebido.
O rapaz tentou lembrar o capitão, mas não conseguiu. Estavam todos ocupados demais com os preparativos para a batalha. Dizia-se que os gafanhotos preparavam um ataque surpresa e a ordem era contra-atacar com todas as forças.
José encostou a cabeça na parede da trincheira e dormiu. O cheiro de excrementos e dos cadáveres era tão forte que dominou seus sonhos. Acordou com um outro soldado empurrando-o.
- Acorde! O ataque vai começar!
José olhou para o relógio. Eram quase meia-noite.
De repente veio a ordem. O sargento berrava como um louco e empurrava os soldados para fora da trincheira.
- Atacar!
José avançou com os outros. Uma bomba explodiu, levantando uma densa cortina de fumaça e pó que desorientava os soldados.
Mísseis silvavam no ar, luminosos e terríveis, prestes a cair no campo de batalha. Eram máquinas de morte, ceifadora de vidas, incapazes de distinguir um amigo de um inimigo.
Mas não caíram. Algo aconteceu antes. Explodiram no ar, formando belos desenhos de luz. O som cessou. O barulho incessante das metralhadoras cessou. A respiração ofegante dos guerreiros. Tudo parou. Até mesmo o tempo. Uma forte luz branca tomou conta do campo de batalha, parecendo vir de todos os lugares e de lugar nenhum.
Então surgiu um menino. Surgiu no céu, e todos os olhares de voltaram para ele. Enquanto falava, os soldados largavam as armas e choravam.
- Hoje não haverá mortes. Não haverá guerras em meu nome. Nada de armas, sangue ou gritos de desespero. Paz. Apenas paz.
Do outro lado aconteceu algo semelhante, mas o que apareceu para os gafanhotos não foi um menino. Foi um inseto. Um ser de pernas e braços compridos e pele em forma de couraça. Ele falou com eles, da mesma forma que o menino falou com os humanos.
Depois disso inimigos se abraçaram.
O campo desapareceu e junto com ele os mortos, os ratos, as doenças e o cheiro pestilento. Humanos e gafanhotos não conseguiam entender porque estavam brigando antes e isso não interessava.
No dia seguinte o rádio guinchou dos dois lados, proferindo ordens de morte. Ninguém atendeu. E nem atenderia. Afinal, era natal...
It isn?t hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too
Imagine all the people
Living life in peace”
Imagine - John Lennon
Estavam em guerra.
Durante anos a humanidade havia percorrido o universo em busca de outras civilizações, em busca da constatação de que não estamos sozinhos. Então encontraram os gafanhotos. Claro, eles não se chamavam gafanhotos. Mas as pernas e os braços compridos, além da pele na forma de couraça davam-lhe o aspecto de gafanhotos e era natural que os humanos os chamassem assim, por analogia.
No começo as relações foram bastante amistosas. Afinal, era a primeira forma de vida inteligente que o homem encontrava em seu caminho pelas estrelas.
Os problemas começaram a ocorrer quando as viagens de turismo ao planeta dos gafanhotos se tornaram freqüentes. Ficou claro, então, que havia séria diferenças culturais. Ocorre que todo o planeta era repleto de pequenos e incômodos insetos. Os turistas humanos usavam contra eles inseticidas e repelentes.
Entretanto, os gafanhotos consideravam os insetos sagrados, pois Deus os criara à Sua imagem e semelhança.
Os teólogos humanos acharam a idéia ridícula. Que tipo de Deus teria a aparência de um inseto? Afinal, a Bíblia deixava claro que Deus criara o homem à Sua imagem e semelhança. A religião dos gafanhotos foi considerada uma heresia.
O que era uma simples diferença teológica tornou-se um problema diplomático quando os gafanhotos começaram a matar humanos acusados de exterminar insetos.
Foi o início da guerra.
José lembrava-se de tudo isso enquanto olhava o céu repleto de estrelas. Uma estrela cadente fez com que ele atentasse para a data. Eram 24 de dezembro. Véspera de natal. Estavam tão preocupados com inimigo que nem ao menos haviam percebido.
O rapaz tentou lembrar o capitão, mas não conseguiu. Estavam todos ocupados demais com os preparativos para a batalha. Dizia-se que os gafanhotos preparavam um ataque surpresa e a ordem era contra-atacar com todas as forças.
José encostou a cabeça na parede da trincheira e dormiu. O cheiro de excrementos e dos cadáveres era tão forte que dominou seus sonhos. Acordou com um outro soldado empurrando-o.
- Acorde! O ataque vai começar!
José olhou para o relógio. Eram quase meia-noite.
De repente veio a ordem. O sargento berrava como um louco e empurrava os soldados para fora da trincheira.
- Atacar!
José avançou com os outros. Uma bomba explodiu, levantando uma densa cortina de fumaça e pó que desorientava os soldados.
Mísseis silvavam no ar, luminosos e terríveis, prestes a cair no campo de batalha. Eram máquinas de morte, ceifadora de vidas, incapazes de distinguir um amigo de um inimigo.
Mas não caíram. Algo aconteceu antes. Explodiram no ar, formando belos desenhos de luz. O som cessou. O barulho incessante das metralhadoras cessou. A respiração ofegante dos guerreiros. Tudo parou. Até mesmo o tempo. Uma forte luz branca tomou conta do campo de batalha, parecendo vir de todos os lugares e de lugar nenhum.
Então surgiu um menino. Surgiu no céu, e todos os olhares de voltaram para ele. Enquanto falava, os soldados largavam as armas e choravam.
- Hoje não haverá mortes. Não haverá guerras em meu nome. Nada de armas, sangue ou gritos de desespero. Paz. Apenas paz.
Do outro lado aconteceu algo semelhante, mas o que apareceu para os gafanhotos não foi um menino. Foi um inseto. Um ser de pernas e braços compridos e pele em forma de couraça. Ele falou com eles, da mesma forma que o menino falou com os humanos.
Depois disso inimigos se abraçaram.
O campo desapareceu e junto com ele os mortos, os ratos, as doenças e o cheiro pestilento. Humanos e gafanhotos não conseguiam entender porque estavam brigando antes e isso não interessava.
No dia seguinte o rádio guinchou dos dois lados, proferindo ordens de morte. Ninguém atendeu. E nem atenderia. Afinal, era natal...
quarta-feira, dezembro 20, 2006
As piores HQs de todos os tempos
1 – Yongblood, de Rob Liefield. Trabalho amador, que foi considerado durante muitos anos o top do mercado norte-americano. A grande maioria dos fanzineiros brasileiros desenha melhor que Liefield.
2 – Cavaleiro das trevas dois, de Frank Miller. Tão ruim quanto o primeiro foi bom.
3 – X-men da fase posterior à saída de John Byrne. Teve até alguns bons desenhistas, mas os roteiros eram um fiasco.
4 – Guerras Secretas, de Mike Zeck e (quem era mesmo o roteirista dessa bomba?). A história em si já era muito ruim. Tentaram fazer com o universo Marvel o que Crises havia feito na DC e o resultado foi catastrófico. Mas no Brasil a coisa foi pior ainda. Quando chegou no último capítulo, os editores brasileiros perceberam que o resto da cronologia dos personagens estava atrasada e resolveram refazer todo o último capítulo. E olhem que no capítulo anterior eles já tinham anunciado um pouco do que ia acontecer no último gibi!
5 – Beto Carrero. Sim, já houve HQ do Beto Carrero e, parece-me, era feita pelo Rodolfo Zalla. Eu já trabalhei com o Zalla e sei que ele era um cara que parou no tempo (ao contrário do Collonesse, que parece que melhora a cada história – quem dúvida dê uma olhada no Histórias de Guerra). O grande problema eram os roteiros. Sempre algum bandido atormentando uma cidadezinha, sempre chegava o Beto Carrero, vencia os bandidos e viviam felizes para sempre. Lembro que um leitor escreveu para lá reclamando que as histórias eram muito previsíveis. A resposta do editor é que, como a maioria das HQs eram imprevisíveis, com finais surpresa e reviravoltas, eles procuravam ser diferentes fazendo histórias previsíveis. Ah tá...
6 – A MORTE DO SUPER-HOMEM. Essa história mostrou a noção que a DC Comics tem de marketing: enganar o leitor. Marketing, na sua concepção original, é satisfazer as necessidades do consumidor, coisa que essa HQ passa longe de fazer. Um roteiro sem pé nem cabeça unido a um desenho fraco e uma morte que não era morte. Precisa de mais alguma coisa para entrar na lista?
7 – HERÓIS RENASCEM. Com o sucesso da Image, a Marvel resolveu reformular seus principais heróis, chamando os astros da Image. A versão do Capitão América por Rob Liefield foi tão ruim que eles tiveram que dar um pé na bunda no homem e chamar o brasileiro Bené Nacimento (Joe Bennett) e o inglês James Robinson para consertarem a lambança. Os dois fizeram histórias bem legais, considerando-se a situação.
2 – Cavaleiro das trevas dois, de Frank Miller. Tão ruim quanto o primeiro foi bom.
3 – X-men da fase posterior à saída de John Byrne. Teve até alguns bons desenhistas, mas os roteiros eram um fiasco.
4 – Guerras Secretas, de Mike Zeck e (quem era mesmo o roteirista dessa bomba?). A história em si já era muito ruim. Tentaram fazer com o universo Marvel o que Crises havia feito na DC e o resultado foi catastrófico. Mas no Brasil a coisa foi pior ainda. Quando chegou no último capítulo, os editores brasileiros perceberam que o resto da cronologia dos personagens estava atrasada e resolveram refazer todo o último capítulo. E olhem que no capítulo anterior eles já tinham anunciado um pouco do que ia acontecer no último gibi!
5 – Beto Carrero. Sim, já houve HQ do Beto Carrero e, parece-me, era feita pelo Rodolfo Zalla. Eu já trabalhei com o Zalla e sei que ele era um cara que parou no tempo (ao contrário do Collonesse, que parece que melhora a cada história – quem dúvida dê uma olhada no Histórias de Guerra). O grande problema eram os roteiros. Sempre algum bandido atormentando uma cidadezinha, sempre chegava o Beto Carrero, vencia os bandidos e viviam felizes para sempre. Lembro que um leitor escreveu para lá reclamando que as histórias eram muito previsíveis. A resposta do editor é que, como a maioria das HQs eram imprevisíveis, com finais surpresa e reviravoltas, eles procuravam ser diferentes fazendo histórias previsíveis. Ah tá...
6 – A MORTE DO SUPER-HOMEM. Essa história mostrou a noção que a DC Comics tem de marketing: enganar o leitor. Marketing, na sua concepção original, é satisfazer as necessidades do consumidor, coisa que essa HQ passa longe de fazer. Um roteiro sem pé nem cabeça unido a um desenho fraco e uma morte que não era morte. Precisa de mais alguma coisa para entrar na lista?
7 – HERÓIS RENASCEM. Com o sucesso da Image, a Marvel resolveu reformular seus principais heróis, chamando os astros da Image. A versão do Capitão América por Rob Liefield foi tão ruim que eles tiveram que dar um pé na bunda no homem e chamar o brasileiro Bené Nacimento (Joe Bennett) e o inglês James Robinson para consertarem a lambança. Os dois fizeram histórias bem legais, considerando-se a situação.
sábado, dezembro 16, 2006
Conheci a Ceila Campos através de um artigo que escrevi para o Digestivo Cultural. Ela na época estava montando um site chamado Desabafo de Mãe. Por razões diversas, acabei não colaborando. Mas agora a Ceila me mandou um e-mail pedindo que indicasse alguma blogueira do Amapá que pudesse ser colaboradora do site. Se alguém quiser entrar nessa, deixe um recado.
quinta-feira, dezembro 14, 2006
Tese mostra papel dos quadrinhos na atividade cerebral
Há um ponto que une o Gazy Andraus desenhista com o Gazy Andraus pesquisador: a abordagem filosófica e mental dada aos quadrinhos. É papo cabeça, como se diz na gíria. Mas muito pertinente. Tão pertinente que virou tese na USP (Universidade de São Paulo), defendida nesta sexta-feira.
O agora doutor Gazy Andraus mostrou que o ensino acadêmico principalmente o universitário, coloca as imagens num segundo plano, toma como base um modelo estritamente racional.
Isso traria mudanças no comportamento cerebral. Desenvolveria mais o lado esquerdo do cérebro (mais lógico e racional) e menos o hemisfério direito (voltado à criação).
Segundo o pesquisador, os quadrinhos seriam o meio ideal para trazer um equilíbrio maior à atividade cerebral no meio científico, como sintetiza a ilustração ao lado.
"É por isso que as histórias em quadrinhos são o carro-chefe da minha tese", diz Gazy. "Se eu defendo que o ensino caduco tem que ser substituído por outro que abranja todas as funções das lateralidades cerebrais, os quadrinhos são, no mínimo, os ideais. Em cada história em quadrinhos há em geral uma junção entre os desenhos (ativando o hemisfério direito) e os textos contidos nos balões e nos recordatórios (que atiam o esquerdo). Há uma riqueza nessa fusão." Leia mais no Blog dos Quadrinhos.
O agora doutor Gazy Andraus mostrou que o ensino acadêmico principalmente o universitário, coloca as imagens num segundo plano, toma como base um modelo estritamente racional.
Isso traria mudanças no comportamento cerebral. Desenvolveria mais o lado esquerdo do cérebro (mais lógico e racional) e menos o hemisfério direito (voltado à criação).
Segundo o pesquisador, os quadrinhos seriam o meio ideal para trazer um equilíbrio maior à atividade cerebral no meio científico, como sintetiza a ilustração ao lado.
"É por isso que as histórias em quadrinhos são o carro-chefe da minha tese", diz Gazy. "Se eu defendo que o ensino caduco tem que ser substituído por outro que abranja todas as funções das lateralidades cerebrais, os quadrinhos são, no mínimo, os ideais. Em cada história em quadrinhos há em geral uma junção entre os desenhos (ativando o hemisfério direito) e os textos contidos nos balões e nos recordatórios (que atiam o esquerdo). Há uma riqueza nessa fusão." Leia mais no Blog dos Quadrinhos.
Coincidências
Olha a coincidência. Sem querer, eu e a Alcinea Cavalcante acabamos fazendo uma blogagem coletiva. Eu publiquei um dicionário com expressões paraenses e a Alcinea publicou, no mesmo dia, um dicionário da linguagem amapaense.
Gonzo jornalismo

O nome mais importante do gonzo jornalismo é o norte-americano Hunter S. Thompson.
Na década de 70 ele foi mandado pela revista Rolling Stone para cobrir uma corrida de motos. Gastou todo o dinheiro que haviam lhe dado com drogas, carros, fez contas em hotéis e saiu sem pagar, arranjou problemas com a polícia e, para piorar, só chegou na corrida de motos quando esta já havia acabado. Ao invés de ser demitido, virou celebridade e acabou criando uma nova forma de fazer jornalismo: o gonzo. O batismo foi feito pelo repórter Bill Cardoso. Ao ver os textos de Hunter, ele comentou: Não sei o que está fazendo, mas você mudou tudo. Isso está totalmente gonzo.
Hunter continuou produzindo reportagens, sempre sob o lema: Quando as coisas ficam bizarras, os bizarros viram profissionais.
O gonzo, por suas próprias características, não é uma fórmula que possa ser aplicada a um texto. É muito mais uma atitude diante do mundo e do jornalismo.
É possível, no entanto, perceber algumas características no gonzo jornalismo.
A primeira delas é um ataque radical à teoria da objetividade jornalística.
Para os adeptos do gonzo, o discurso da objetividade quer criar confiança, convencer o leitor de que é isenta, livre de desejos, ideologias, medos e interesses de quem escreve.
Ou seja, a objetividade é um discurso de mascaramento da ideologia que permeia o jornalismo. Não interessa ao gonzo se essa ideologia é neo-liberal ou marxista. O importante é o princípio da objetividade serve para esconder o fato de que nenhuma linguagem é neutra.
O gonzo tira essa máscara e daí surge sua primeira característica formal: os textos são sempre escritos em primeira pessoa. O objetivo não é apenas narrar fatos, mas relatar a experiência de um determinado indivíduo com eles.
O fator de haver um mediador entre a experiência e o leitor é destacada, e não escondida.
O gonzo também quer ir contra a imagem que os jornalistas fazem de si mesmos, de sérios e respeitáveis (exemplo disso é o âncora da Record, Boris Casoy).
Tal imagem contribui para transformar o jornalismo em discurso autorizado. O jornal é a expressão da verdade, e não de uma verdade.
Em contraste, os gonzo-jornalistas não pretendem ser nem sérios nem respeitáveis.
A carta de princípios da irmandade Rauol Duke (pseudônimo utilizado por Hunter para evitar problemas com a polícia) nos diz que o repórter deve se envolver na história e alterar ao máximo os acontecimentos dentro da media do Impossível, de forma a transformá-la não em um mero RELATO do evento, mas sim em uma história ENGRAÇADA e CÁUSTICA.
Entretanto, a ficção pura e simples não serve ao gonzo. Ainda segundo a mesma carta, o conteúdo dos textos deve ser JORNALÍSTICO, ou seja: um fato precisa estar acontecendo necessariamente.
Para fazer jornalismo gonzo não é necessário procurar fatos bizarros. Aliás, o ideal é abordar fatos normais, banais, sob ponto de vista bizarro e pessoal.
Exemplos de jornalismo gonzo estão se tornando cada vez mais freqüentes na imprensa brasileira. Arthur Veríssimo, da revista Trip, foi o primeiro a celebrizar esse estilo no Brasil. Em uma de suas matérias mais antológicas, ele passou um dia como animador de festas infantis.
A revista Zero, lançada pelas editora Pool e Lester, também traz características gonzo.
O número de estréia trouxe uma matéria sobre as deusas-vivas do Nepal. O título e subtítulo deixam claro o distanciamento que a procura manter do jornalismo convencional: É DURO SER DEUSA - No Nepal, o dom divino já nasce com data de expiração. Luiz Cesar Pimentel passou uma tarde na casa de uma ex-deusa viva e mostra a realidade casca-grossa das divindades locais.
O texto é em primeira pessoa e não esconde o ponto de vista do repórter:
"Por mais que eu tenha me esforçado no parágrafo anterior para dar a real dimensão da discrepância de uma deusa dormir em um sofá-cama e possuir um vira-lata (que parece uma mistura de poodle com nada) como campainha, a cena para quem passa um período no país não é tão assombroso assim. No Nepal, todas as situações têm uma forte tendência ou a não funcionar ou a funcionar de um jeito totalmente estapafúrdio. E, como você deve imaginar, dá tudo certo no final. Ou quase".
Até mesmo a grande imprensa tem se rendido à bizarrice do jornalismo gonzo, embora de maneira mais comportada.
É na, até pouco tempo sisuda, revista Superinteressante que encontramos um exemplo típico de jornalismo gonzo.
Na matéria Puro Rock’n’roll, publicada na Superinteressante, número 8, ano 15 de agosto de 2001, o repórter Dagomir Marquezi se disfarçou de saxofonista do grupo Jota Quest e participou de show em Mogi das Cruzes, interior de São Paulo. Como uma típica matéria gonzo, o jornalista também é personagem e o texto é em primeira pessoa:
"Não bastava tocar: um trio de metais que se preze também dança. Lembrava-me dos muitos shows de James Brown que assistira. Um passo para a direita, junta os pés. Um passo para a esquerda, junta os pés. Eu operava a coreografia e meus colegas de metais não se agüentavam de vontade de rir da minha picaretagem artística. O baixista PJ e o tecladista Márcio Buzelin, entre risadas disfarçadas, também faziam sinais de que estava me saindo bem".
Para ir além
CLARENC,Claudio A.. . Truman Capote: A sangre fría.
Disponível em: http://orbita.starmedia.com/~claudio157/Capote.htm
Truman Capote. In: Instituto Gutemberg.
Disponível em: http://www.igutenberg.org/newjorna.html
Bizarrice profissional: Ainda não entendeu o que é jornalismo gonzo?
Disponível em: http://www.eduf.com.br/gonzo.php?Tid=92
Desaforismos gonzológicos: Perguntas que você não teve a bobagem de fazer.
Disponível em: http://www.eduf.com.br/gonzo.php?Tid=37.
Ensaios de gonzologia: A ilusão de escrever em primeira pessoa.
Disponível em: http://www.eduf.com.br/gonzo.php?Tid=36
Gonzologia: Gonzo pode dar mais ao mundo do que somente jornalismo?
Disponível em: http://www.eduf.com.br/gonzo.php?Tid=35
O MANIFESTO GONZO.
Disponível em: http://planeta.terra.com.br/arte/familiadacoisa/IRD/filo.html
Compre livros sobre jornalismo no Submarino.
segunda-feira, dezembro 11, 2006
sábado, dezembro 09, 2006
Há algum tempo a professora Silvia Góes, da escola Prof. Thereza Siqueira Mendes, em Santa Fé do Sul, usou a série Mundo Dragão na aula de leitura com seus alunos. Eles ficaram tão empolgados com a história que acabaram criando seus próprios finais alternativos. Agora esses finais foram publicados pela Virtual Books. Confira o resultado.
Tenho observado as provas do ENAD, o antigo provão. As provas são feitas por especialistas do MEC nas diversas áreas das graduações. Em todas esssa provas, uma coisa em comum: o que se pede é uma visão ampla de mundo. Um aluno de administração deve saber de cinema, de literatura e até de quadrinhos. Eu já tinha falado sobre essa visão ampla de mundo quando comentei o programa O Aprendiz... a era dos especialistas, que sabiam apenas da sua área de atuação está no fim.
No meio do ano fui convidado a escrever um texto para o Digestivo Cultural sobre os 20 anos do disco Legião Urbana 2. Na época estava muito ocupado e acabei não colaborando, mas hoje me arrependo. Esse foi um dos discos que mais ouvi e algumas de minhas músicas prediletas, como Acrilic on canvas e Andrea Doria são desse disco. Para relembrar, coloco aqui a letra de Andrea Doria. Para quem não sabe, esse é o nome de um navio que naufragou. Uma metáfora interessante para falar de um relacionamento que acabou. Ah, fiquem atentos ao Digestivo. Em breve vai ao ar um artigo que escrevi sobre minha colaboração no site.
Andrea Doria
Composição: Renato Russo
Às vezes parecia que, de tanto acreditar
Em tudo que achávamos tão certo,
Teríamos o mundo inteiro e até um pouco mais:
Faríamos floresta do deserto
E diamantes de pedaços de vidro.
Mas percebo agora
Que o teu sorriso
Vem diferente,
Quase parecendo te ferir.
Não queria te ver assim -
Quero a tua força como era antes.
O que tens é só teu
E de nada vale fugir
E não sentir mais nada.
Às vezes parecia que era só improvisar
E o mundo então seria um livro aberto,
Até chegar o dia em que tentamos ter demais,
Vendendo fácil o que não tinha preço.
Eu sei - é tudo sem sentido.
Quero ter alguém com quem conversar,
Alguém que depois não use o que eu disse
Contra mim.
Nada mais vai me ferir.
É que eu já me acostumei
Com a estrada errada que eu segui
E com a minha própria lei.
Tenho o que ficou
E tenho sorte até demais,como sei que tens também...
Andrea Doria
Composição: Renato Russo
Às vezes parecia que, de tanto acreditar
Em tudo que achávamos tão certo,
Teríamos o mundo inteiro e até um pouco mais:
Faríamos floresta do deserto
E diamantes de pedaços de vidro.
Mas percebo agora
Que o teu sorriso
Vem diferente,
Quase parecendo te ferir.
Não queria te ver assim -
Quero a tua força como era antes.
O que tens é só teu
E de nada vale fugir
E não sentir mais nada.
Às vezes parecia que era só improvisar
E o mundo então seria um livro aberto,
Até chegar o dia em que tentamos ter demais,
Vendendo fácil o que não tinha preço.
Eu sei - é tudo sem sentido.
Quero ter alguém com quem conversar,
Alguém que depois não use o que eu disse
Contra mim.
Nada mais vai me ferir.
É que eu já me acostumei
Com a estrada errada que eu segui
E com a minha própria lei.
Tenho o que ficou
E tenho sorte até demais,como sei que tens também...
quinta-feira, dezembro 07, 2006

Para quem gosta de literatura, uma dica: O museu Edgar Alan Poe, em homenagem ao melhor escritor de todos os tempos.
Ontem inaugurou o supermercado Favorito. Passamos por lá para ver rapidamente e fiquei impressionado com o belo trabalho de marketing. Para começo, é possível visualizar as placas do supermercado a quase um quilômetro, vindo pela Santos Dumond. Lá dentro, um trabalho excelente de merchandising... e, para completar, uma promoção de inauguração interessante: os clientes que compravam acima de 100 reais podiam tentar fazer um gol num trave especialmente preparada no estacionamento. Se conseguissem ganhavam uma cesta de produtos...
... enquanto isso, outro supermercado da cidade resolveu descontinuar seu cartão fidelidade. Vá entender!
... enquanto isso, outro supermercado da cidade resolveu descontinuar seu cartão fidelidade. Vá entender!
quarta-feira, dezembro 06, 2006
Morreu Joacy Jamys

Joacy Jamys era um dos grandes batalhadores da história em quadrinhos nacionais, um cara que se destacava não só pelo talento, mas também por sem bem visto pelos mais variados artistas. Certa vez fui no Maranhão, onde ele morava e acabei não me encontrando com ele. Desde então a gente vivia trocando e-mails e marcando algo (ele pensava até em vir a Macapá). Reproduzo abaixo um texto de um amigo dele:
"Um grande amigo nos deixou. Joacy Jamys, quadrinhista, referência no meio alternativo sofreu um Acidente Vascular Cerebral no dia 04 de outubro. Os médicos que o atenderam, confirmaram, hoje, morte cerebral. Estamos todos imensamente tristes, pois Jamys é amigo muito querido. Um dos maiores batalhadores pela profissionalização dos quadrinhos no Maranhão, nos incentivava a todos para produzir e ele próprio era, para nós, grande inspiração. Produzia continuamente, divulgava os trabalhos dos artistas locais e estava montando um livro com sua toda a sua obra. Uma imensa quantidade de tiras, charges, cartuns, hq’s poemas, capas de cd’s, de livros, publicidade.... enfim. O homem era uma máquina (no bom sentido). Carioca de nascimento, Jamys nasceu em 09 de outubro de 1971. Mudou-se para o Maranhão ainda adolescente e ficou, encantado com as histórias, praias e mulheres de São Luís, onde fez sua base de lançamento de quadrinhos e idéias.
Vá em paz, amigo. Iramir Araujo"
sexta-feira, dezembro 01, 2006
Pequeno dicionário das expressões paraoaras

Belém, como toda a Amazônia, é rica em tudo. Em bio-diversidade, em minérios, e até em expressões e lendas. O caso das expressões é particular porque eu acabei participando, direta ou indiretamente, da criação de algumas que se tornaram célebres. O que apresento a seguir é uma amostra de palavras e expressões relacionadas por mim e por Alan Noronha (algumas definições são dele). Tal dicionário pode ser útil, caso você tenha a temerária idéia de visitar Belém. Saber que égua não é xingamento pode ser tão útil quanto saber que, em Curitiba, salsicha é vina...
Égua - essa é, depois de deveras, a única palavra brasileira que pode ser usada em qualquer situação. Você pode usar égua para expressar dor, tristeza, alegria, admiração, espanto e até mesmo enfado. Se, por exemplo, passar pela sua frente uma morena jeitosa, você pode exclamar deliciado: “Égua!”. E não se preocupe que ela não vai achar que você está chamando-a de eqüina. Se, por outro lado, descer um disco voador no seu quintal, não pense duas vezes. Grite: “Égua!”.
Pai d´égua - é uma derivação do égua. Significa legal, bacana. Se um paraense gostar de você, vai dizer que é um cara pai d´égua. Sinta-se orgulhoso, pois você acaba de receber um grande elogio
Já - é o primo pobre do égua. Também pode ser usado em qualquer situação, mas não tem autonomia para constituir uma frase. Geralmente é usado para dar ênfase à frase: “Mas quando, já?”; “Mas maninho, tu já bebe...”.
Mofino - entristecido, quieto. Geralmente boladas no saco, foras da namorada e ônibus que não param (muito comuns em Belém) deixam o indivíduo mofino.
Noiado - redução de paranóico que, com o tempo, ganhou outras significações. Usa-se para designar um indivíduo neurótico, problemático. Você, por exemplo, pode estar mofino porque é um indivíduo noiado. Mas a experiência tem demonstrado que, assim como chifre, nóia é coisa que botam na sua cabeça.
Rolar o mal - jogar sinuca. Diz a lenda que um metaleiro que jogava sinuca soltava a cada dois segundos: “Pô, cara, muito mal”. Assim que ele saiu, os outros começaram a usar a expressão, por sarro, até que a expressão acabou se aplicando ao próprio jogo. Esse é um termo que surgiu num grupo de amigos meus e acabou se alastrando assustadoramente pela cidade. Estar em mal significa estar em situação de sinuca. Em Belém você pode convidar um amigo para rolar o mal, ao que ele vai responder, indignado: “Eu não. Você só gosta de deixar a gente em mal”.
Ah se eu te pego, te requebro, na cabeça do meu prego - cantada sutil e malevolente. Deve ser empregada no tom de voz adequado.
Pariceiro - colega, amigo. Pejorativo muito usado pelas mães em referência aos amigos do filho.
Pano de bunda - trouxa, mala. Normalmente usado pelas mães que querem expulsar os filhos de casa. Exemplo: “Você só vive com esses seus pariceiros! Pega os seus panos de bunda e vai morar com eles!”.
Teba - grande. Geralmente usado para aquilo. Comum a expressão “Olha a teba!”, com gesto indicativo do tamanho da coisa em questão.
Miúdo - pequeno, de pouco valor.
Graúdo - grande. Certa vez fui assaltado e o e ladrão, depois de examinar minha carteira, perguntou enfurecido: “Cadê o dinheiro graúdo?”. Eu só tinha dinheiro miúdo...
Rolar o chocolate - fazer amor. Essa expressão surgiu depois que passou no cinema o filme Como Água para Chocolate e chegou a ter uma certa popularidade. Atualmente foi substituído por comparecer. Há também quem use conhecer, no sentido bíblico.
Tocar piano - é o que você faz quando está com uma garota, mas não pode rolar o chocolate. Foi inspirada no filme O Piano. Talvez por causa da origem nobre, não chegou a ter ampla repercussão, embora fosse a expressão predileta de alguns alunos meus. Provavelmente porque eles ainda não haviam chegado na idade de rolar o chocolate.
Hermético - fechado, difícil. Palavra recuperada do português formal, de uso corrente em alguns bairros.
Leso - doido, abobalhado. Se, por exemplo, você tem oportunidade de rolar o chocolate com uma gatíssima, mas acaba só tocando piano, então você corre o risco de ser chamado de leso.
Broca - comida. Comendo uma broca, você deixa de estar brocado.
Cachorro-quente - a expressão não é pitoresca, mas o que ela representa sim. Belém é, provavelmente, o único local do Brasil onde o cachorro-quente é feito com carne-moída (chamada de picadinho). Em cada esquina de Belém há uma banca de cachorro-quente e essa é, pasmem, a razão pela qual a McDonalds demorou tanto a se instalar na cidade...
quinta-feira, novembro 30, 2006
terça-feira, novembro 28, 2006

Antigamente os blogs eram restritos a fofoquinhas de adolescentes e só tinham interesse para o grupo de amigos. Então jornalistas, professores e pessoas sérias começaram a criar seus blogs e ficou claro que essa nova ferramenta não tinha limite. Agora, vejam só, descobri um blog sobre comida, escrito por um jornalista especializado, o Comida.
Pra não dizer que não falei das flores
Por: Henrique Costa PereiraNovember 27th, 2006
Acredito que um dos maiores feitos alcançados pelos blogs nos últimos anos no mundo é a capacidade de descentralizar a informação da mídia tradicional. Mesmo que a quantidade de brasileiros conectados à internet ainda seja relativamente pequena, o poder de alcance que um bando de blogueiros conseguem juntos obter é tamanho. Talvez estejamos iniciando a época em que o blog seja mais poderoso que a caneta, porque a caneta já é mais que a espada há muito tempo. Mais vale uma palavra escrita em um blog à la WordPress e Blogspot do que um texto em um pedaço de papel. Acreditas que revoluções poderão nascer nos blogs? Leia mais
Acredito que um dos maiores feitos alcançados pelos blogs nos últimos anos no mundo é a capacidade de descentralizar a informação da mídia tradicional. Mesmo que a quantidade de brasileiros conectados à internet ainda seja relativamente pequena, o poder de alcance que um bando de blogueiros conseguem juntos obter é tamanho. Talvez estejamos iniciando a época em que o blog seja mais poderoso que a caneta, porque a caneta já é mais que a espada há muito tempo. Mais vale uma palavra escrita em um blog à la WordPress e Blogspot do que um texto em um pedaço de papel. Acreditas que revoluções poderão nascer nos blogs? Leia mais
sábado, novembro 25, 2006

Ainda sobre o assunto do padrão estético que a mídia tenta nos vender e que provoca casos como o da modelo que morreu de anorexia, temos o belo exemplo da Dove. Ela se posicionou como a empresa que desenvolve produtos de beleza para mulheres de verdade. É a campanha beleza real. Nas propagandas são mostradas mulheres dos mais variados tipos, gordas, magras, com seio, sem seio, sardentas... tudo com muito charme e beleza. O resultado foi um aumento tão grande de vendas (33%) que já está sendo considerado um caso de marketing. Assista aqui um comercial da Dove que mostra como é a preparação da foto de uma modelo e diz que a nossa percepção de beleza está sendo distorcida.
Borges sensacionalista

Infâmia, segundo o dicionário: ação ou ato infame. Desonra, ignômia, torpeza.
É justamente casos de desonra, ignômia e torpreza que Jorge Luis Borges pretende coletar no livro “História Universal da Infâmia”, relançado este ano pela editora Globo.
A origem do volume remonta a 1933, quando Natalio Botana, para escândalo dos jornais sérios, lançou o periódico “Crítica”, de orientação sensacionalista. Como os concorrentes tinham seus cadernos literários, o Crítica lançou a revista Multicolor de los Sábados.
A revista, belamente ilustrada, misturava literatura com jornalismo marrom na tentativa de agradar ao paladar da massa.
Borges, convidado a colaborar, teve de adequar sua prosa a essa demanda. O resultado foi uma mistura de jornalismo com literatura, de fatos reais com imaginários, ao estilo do que fazia Edgar Allan Poe.
História universal da Infâmia reúne histórias de ladrões, piratas, assassinos e mentirosos. Mas não se engane: Borges consegue fazer dessas histórias, típicas do jornalismo marrom (que um intelectual brasileiro definiu muito bem com a frase “se espremer sai sangue”) verdadeiras obras de arte da literatura do século XX.
As histórias prendem o leitor pelo inesperado.
É o que ocorre, por exemplo, com “O Atroz Redentor Lazarus Morell”. Morell era um pilantra, líder de uma quadrilha que estendia sua atuação por vários estados dos EUA no século XVIII. Sua riqueza vinha de um estratagema simples: ele e seus comparsas convenciam os negros a fugirem das fazendas e lhes providenciavam os meios para a fuga. Quando o negro fugia, ele o pegava e vendia para outro fazendeiro. Era uma mina de ouro.
Morell era tão infame que costumava fazer pregações religiosas que entretiam toda a população de uma cidade enquanto seus comparsas roubavam os cavalos da audiência.
Outra história absolutamente inesperada e que dá o tom do volume é “O Impostor Inverossímil Tom Castro”.
Em 1854 naufragou no Atlântico o vapor Mermaid, que ia do Rio de Janeiro a Liverpool. Entre seus passageiros estava o militar inglês Roger Charles Tichborne. A mãe, recusando-se a acreditar na morte do filho, passou a publicar nos principais jornais do mundo anúncios pedindo informaçòes sobre o mesmo.
Tom Castro, um marinheiro inglês filho de açougueiro resolveu se passar por Tichborne. Não poderia existir duas pessoas mais diferentes. Enquanto Tichborne era alto, magro, tez morena, cabelo negro muito liso, e falava com sotaque francês, Tom de castro era baixo, gordo, sardento, cabelos encaracolados castanhos e não falava uma vírgula de francês.
Ainda assim, Castro conseguiu enganar a mãe do militar e grande parte da sociedade inglesa da época. O argumento é que a diferença entre os dois era tão grande que ninguém seria tão doido de se passar por outro sem nem ao menos tentar alguma alteração física. Portanto, aquela criatura completamente diferente só poderia mesmo ser Tichborne mudado pelos ares do Brasil
Histórias como essa triscam no burlesco. Outras são impressionantes, como “O Tintureiro Mascarado Hakin de Merv”. Nela, um profeta aparece com uma cabeça de boi cobrindo o rosto e argumenta que foi visitado pelo anjo Gabriel, que lhe alterou o rosto de tal forma que, quem o visse ficava cego com a beleza divina do mesmo.
Hakin arrebanha milhares de fiéis, cria para si um harém de 100 belas mulheres cegas e coloca em perigo o califado.
A cena em que ele é desmascarado está certamente entre as mais chocantes da literatura universal.
Borges acrescenta ao livro um índice de fontes bibliográficas. Mas apenas para enganar o leitor. A fonte do conto sobre o falso profeta simplesmente não existe, dando a entender que Borges inventou a história.
Essa, aliás, era a principal característica de Borges. Ele tinha intenção de fazer o leitor confudir realidade com ficção no que ficou, mais tarde conhecido como realismo fantástico.
Vale destacar nessa edição o cuidado gráfico que a editora Globo dispensou ao volume. O formato, menos largo que o normal, dá uma elegância indiscutível ao livro. Além disso, a capa traz uma ilustração de Will Eisner, um dos maiores desenhistas de histórias em quadrinhos de todos os tempos. Não há como passar despercebido na livraria. “História Universal da Infâmia”salta ao olhos e chama nossa atenção no meio dos outros livros.
Um cuidado editorial que prestigia a genialidade de Borges, considerado por muitos, inclusive o autor desta resenha, o mais importante escritor do século passado.
Para os leitores brasileiros o livro tem uma atração a mais: o conto “A História dos Dois que Sonharam” que inspirou Paulo Coelho a escrever “O Alquimista”.
SERVIÇO
História Universal da Infâmia, de Jorge Luis Borges
Editora: Globo
quarta-feira, novembro 22, 2006
Programação de cinema
CINE SHOPPING MACAPÁsala 1: JOGOS MORTAIS 3, sessões: 16:30 - 19 - 21:20H.sala 2: O BICHO VAI PEGAR às 16:20H e OS INFILTRADOS ÀS 18:30 E 21:20H.
CINE SANTANAsala 1: AS TORRES GÊMEAS às 16:30-19-21:20Hsala 2: O EFEITO BORBOLETA 2 às 16:45-19-21:10H.
CINE SANTANAsala 1: AS TORRES GÊMEAS às 16:30-19-21:20Hsala 2: O EFEITO BORBOLETA 2 às 16:45-19-21:10H.
terça-feira, novembro 21, 2006
A linha reta

“Mais sem graça que a top model magrela na passarela”. (Zeca baleiro)
A revista Superinteressante deste mês traz uma matéria curiosa sob o título “como se transforma uma mulher normal e capa de revista?”. No texto são desvendados os truques de photoshop (programa de manipulação de imagens) usados nas revistas eróticas e de moda. O que mais chama atenção é o Box intitulado tirando o excesso. A modelo que ilustra a matéria era magra, mas mesmo assim foram cortadas as partes do seu corpo que tinham curvas que poderiam lembrar gordura. O braço foi tornado reto, assim como as costas e a barriga.
Até mesmo o aperto da roupa é retocado: “Ao apertar a cintura e criar uma dobra acentuada, a calcinha poder dar uma falsa impressão de gordura. Isso é corrigido com um comando que borra a textura da pele e a torna mais uniforme”.
A jovem modelo, que já era magra, ficou esquelética depois do tratamento de imagem.
Folheando revistas das década de 70 e 80, encontramos mulheres com claros sinais de gordura, mas que mesmo assim agradavam, como Magda Cotofre.
O que parece acontecer hoje é uma paranóia que estabelece que toda gordura é má e anti-estética. A vítima mais recente dessa paranóia foi a modelo Ana Carolina Reston Macan, que morreu recentemente de bulimia. No final de sua vida, ela pesava 40 quilos, para um corpo de 1,74 m. O caso revelou outros, de modelos que se alimentam de apenas de apenas um copo de leite ou um xícara de chá por dia.
Uma das explicações para essa obsessão por magresa veio de um costureiro inglês. Ele disse que, na hora dos desfiles, é mais fácil diminuir a roupa do que alargá-la, de modo que uma modelo magra tem mais chance de caber na peça.
É toda uma ditadura provocada apenas por uma conveniência técnica, mas que não tem qualquer fundamento estético ou de saúde. Pior, é um padrão que não se adapta aos biotipo nacional, já que as brasileiras na maioria têm muitas curvas, as chamadas cinturas de violão. As norte-americanas magras é que são retas como uma tábua.
As brasileiras insistem em imitar um padrão que não é o seu. Um fenômeno, aliás, corroborado pela mídia e pela indústria. Novelas cada vez mais apresentam atrizes magérrimas. A boneca Barbie já foi acusada de provocar anorexia em meninas (aliás, cientistas dizem que se a boneca fosse uma mulher de verdade, ela não teria estrutura nem mesmo para ficar em pé) e dia desses estava observando desenhos animados mais recentes e percebendo como as mulheres estão cada vez mais magras (vejam a mulher maravilha da nova Liga da Justiça).
Monteiro Lobato dizia que mulher que não tem onde se lhe pegue vira coitadinha, e concordo plenamente. A ditadura da magresa está fazendo com que as mulheres percam sua graça.
Os gregos foram os mestres na anatomia e suas estatuas são exemplos de beleza. Observar suas estatátuas da deusa Afrodite (chamada de Vênus pelos romanos) é identificar como os gregos viam o máximo da beleza feminina: mulheres com ancas largas, deslumbrantes em suas curvas. Era a beleza de uma mulher saudável. Hoje é a beleza do Photoshop, que retira das mulheres todo e qualquer sinal de gordura, e transforma as curvas em insossas linhas retas.
segunda-feira, novembro 20, 2006
Tem gente que acha que só será feliz se vencer sempre, especialmente se for pisando nos outros. Para eles, esta música:
O Vencedor
Los Hermanos
Composição: Marcelo Camelo
Olha lá quem vem do lado oposto
e vem sem gosto de viver
Olha lá os que os bravos são escravos
sãos e salvos de sofrer
Olha lá quem acha que perder
é ser menor na vida
Olha lá quem sempre quer vitória
e perde a glória de chorar
Eu que já não quero mais ser um vencedor,
levo a vida devagar pra não faltar amor
Olha você e diz que não
vive a esconder o coração
Não faz isso, amigo
Já se sabe que você
só procura abrigo
mas não deixa ninguém ver
Por que será ?Eu que já não sou assim
muito de ganhar
junto às mãos ao meu redor
Faço o melhor que sou capaz
só pra viver em paz.
O Vencedor
Los Hermanos
Composição: Marcelo Camelo
Olha lá quem vem do lado oposto
e vem sem gosto de viver
Olha lá os que os bravos são escravos
sãos e salvos de sofrer
Olha lá quem acha que perder
é ser menor na vida
Olha lá quem sempre quer vitória
e perde a glória de chorar
Eu que já não quero mais ser um vencedor,
levo a vida devagar pra não faltar amor
Olha você e diz que não
vive a esconder o coração
Não faz isso, amigo
Já se sabe que você
só procura abrigo
mas não deixa ninguém ver
Por que será ?Eu que já não sou assim
muito de ganhar
junto às mãos ao meu redor
Faço o melhor que sou capaz
só pra viver em paz.
King, o estranho

Há uma tendência generalizada entre os críticos mal-humorados em considerar Stephen King um escritor ruim. Essa postura fundamenta-se na idéia de que tudo que faz sucesso não tem qualidade. Os grandes escritores seriam aqueles voltados para pequenos públicos.
Basta uma olhada rápida em “Carrie, a Estranha”, romance de estréia de Stephen King para perceber o óbvio: esse pessoal não sabe se divertir. Carrie é uma leitura divertida que, no entanto, não subestima a inteligência do leitor. A narrativa não é linear. A história principal é entremeada por fatos do passado e recortes de revistas de livros. Essa é uma técnica muito usada por grandes escritores pós-modernos.
King conta que, na época em que começou a escrever a história, era professor de uma escola de ensino médio. A renda não era suficiente para sustentar a família com dois filhos. Assim, para se manter, ele vendia contos de terror para revistas mensais. Quando uma das crianças aparecia com uma otite, Tabitha, a mulher do escritor, dizia: “Rápido, Steve, pense num monstro!”.
No final do ano de 1972, King teve a idéia para um conto sobre uma menina com poderes telecinéticos. A trama era baseada em uma matéria da revista Life sobre uma casa assombrada por poltergeist. Entretanto, os pesquisadores logo descobriram que o caso não tinha nada a ver com fantasmas. O centro do fenômeno era uma menina. Quando ela estava em casa, objetos saiam voando. Quando ela saia, as coisas voltavam a ficar comportadas. A idéia do artigo era de que meninas na puberdade tinham despertado um poder telecinético capaz de mover objetos.
Claro, isso chamou a atenção de um escritor que ganhava dinheiro extra vendendo histórias para revistas de terror.
King, na época, morava em trailer com família, e o único lugar disponível para escrever era próximo da máquina de lavar roupa. Ele se sentou lá, colocou a máquina sobre o colo e começou a escrever em espaço um, sem margens, para economizar papel. Quando percebeu que a história estava se tornando maior que um conto, ele a jogou fora. Afinal, ele precisava de dinheiro imediato, e uma novela era muito trabalho. Além disso, um texto desses encontraria maior dificuldade de ser publicado.
Carrie não existira se não fosse Tabitha. Ela foi até a lixeira, limpou o papel e começou a ler. Gostou e incentivou o marido a continuar escrevendo. Ele o fez apenas para agradá-la.
De fato, foi muito difícil encontrar um editor para a história, e o único que aceitou só o fez pensando no sucesso do filme “O Exorcista”.
Para surpresa geral, “Carrie, a estranha” se tornou um best seller. Virou até filme, nas mãos de Brian de Palma, o que projetou King para o Olimpo dos escritores americanos: Hollywood.
King colocou os seus próprios fantasmas na história: duas meninas, colegas de escolas, ambas já falecidas na época.
Uma delas, Tina White, era gorducha e quieta. O fato de usar sempre a mesma roupa fazia dela a vítima potencial de todas as brincadeiras sádicas dos colegas. Era ela que sempre sobrava na dança das cadeiras, era ela que sempre carregava um cartaz dizendo “Me chute” colado ao traseiro.
A outra, Sandra Irving, era filha de uma fanática religiosa e tinha ataques epilépticos. Usava roupas pudicas e antiquadas. Tudo isso fazia dela um alvo muito bom para a chacota das crianças.
Carrie White é uma mistura das duas. Filha de uma fanática religiosa, que a sufoca e a impede de ter uma vida normal, ela é humilhada na escola por ser diferente e por usar roupas estranhas.
A cena inicial do livro é particularmente significativa. Carrie está no banheiro, tomando banho com as outras meninas após as aulas de ginástica. Ela tem 17 anos e tem sua primeira mestruação. Carrie pensa que está morrendo de hemorragia. As colegas começam a gritar com ela e a jogar absorventes.
O episódio demonstra a total ignorância da menina quanto às coisas da vida. Demonstra também a rejeição das outras garotas. Mas demonstra o que Carrie tem de diferente das colegas de King. No ápice da humilhação, um lâmpada estoura, revelando que a menina tem o poder mental chamado telecinésia.
Carrie irá usar esse poder para se vingar de todos que a maltrataram e humilharam. O leitor sabe disso desde o primeiro momento. A graça não está em adivinhar o final (que, em certo sentido, é óbvio), mas em perceber a textura dos eventos que vão se acumulando até provocar a catástrofe final.
Para isso, King se utiliza de fragmentos de livros, de revistas, jornais, de entrevistas que pessoas que conheceram Carrie White. As informações são jogadas ao longo da história, de maneira não linear. É como montar um quebra-cabeça.
quinta-feira, novembro 16, 2006
Boa noite, boa sorte

Assisti ontem Boa Noite, boa sorte, filme de George Clooney sobre o jornalista televiso que teve coragem de enfrentar o senador McCharthy.
O senador foi o responsável pela caça aos comunistas que aterrorizou os EUA no início da década de 1950. Qualquer um que ousasse confrontá-lo era imediatamente taxado de comunista. Um jornalista da CBS teve essa coragem e saiu vencendo. Em uma cena do filme um dos personagens diz: "McCarthy está apostando que um senador vale mais que um jornalista". Ele perdeu a aposta. Depois das insistentes matérias de Edward R. Murrow, o congresso resolve investigar se o senador não estaria abusando de sua posição e ferindo os direitos civis das pessoas investigadas de serem comunistas. Um exemplo era de um oficial da aeronáutica que foi preso e condenado sem direito a defesa só porque seu pai lia um jornal sérvio (pais comunista na época).
Interessante que McCharthy pediu direito de resposta, mas em nenhum momento pensou em processar Murrow (provavelmente a Justiça não norte-americana não lhe daria razão, já que o programa apenas havia reproduzido as falas do senador). O direito de resposta foi usado só para acusar o jornalista de ser comunista. Na sequência do direito de resposta, o jornalista se defendeu de cada um dos pontos tocados pelo senador.
Apesar de todos os seus problemas, os EUA têm muito a nos ensinar sobre democracia. Afinal, lá um senador não vale mais que um cidadão comum e a liberdade de imprensa é direito básico. Boa noite e boa sorte.
terça-feira, novembro 14, 2006
A Alcinea Cavalcante foi a grande vencedora do prêmio Best of the Blogs, premio concedido pela Deutsche Welle, a maior empresa de comunicação da Alemanha na categoria Reporters Without Border.
segunda-feira, novembro 13, 2006
Alan Moore nos Simpsons!
Por Sérgio Codespoti (13/11/06)O escritor inglês Alan Moore participará de um episódio dos Simpsons, seriado do qual ele é fã.A proposta foi feita a Melinda Gebbie, companheira e colaboradora de Moore, durante a última Comic-Con, em São Francisco.O episódio, ainda sem data para ser exibido, se chamará Husband and Knives e mostrará uma nova comic shop em Springfield, competindo com a Android Dungeon.Moore também revelou que é fã de South Park. Fonte: Universo HQ
sábado, novembro 11, 2006
A China é aqui
O Brasil está cada vez mais parecido com a China. Não por causa do crescimento econômico, mas pelos atentados contra a liberdade de expressão.
Exemplo disso é um projeto que está tramitando no senado que exige a identificação do usuário toda vez em que ele entrar na Internet. Sempre que enviar ou receber um e-mail, criar um blog, entrar numa sala de bate-papo, o internauta terá rastreados seu CPF, RG, endereço e telefone.
Pelo projeto, quem acessar a Internet sem se identificar será punido com reclusão de dois a quatro anos. Os provedores que não informarem os dados estão sujeitos à mesma pena.
O senador Eduardo Azeredo, autor da proposta, argumenta que o objetivo é combater os crimes virtuais. Entretanto, existe uma forte suspeita de que por trás do projeto existe o lobby das empresas de certificação digital, que atestam a veracidade das informações veiculadas pela Internet. Outros interessados são bancos que querem diminuir os gastos com segurança. Além disso, mesmo organizações que combatem o crime digital discordam do projeto. "É uma tentativa extrema de resolver a criminalidade cibernética, que não surtirá efeito. O criminoso vai se conectar por meio de provedores no exterior, que não se submetem à legislação brasileira, ou usará laranjas [terceiros] e identidade falsa no Brasil", diz o presidente da ONG Safernet (Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos), Thiago Tavares.
Se a nova legislação, segundo especialistas, não resolverá a questão dos crimes cibernéticos, o que há por trás de tal proposta? A resposta é do domínio do cidadão e a repressão à liberdade de expressão.
A aprovação de tal lei poderá permitir ao poderosos rastrearem todo o movimento na net. O único outro país que adota tal procedimento é a China. Lá, os provedores locais censuram palavras como “liberdade de expressão” ou “direitos humanos”. Se um chinês pesquisar essas palavras em sites estrangeiros, o governo tem como descobrir e punir tal criminoso.
Recentemente políticos amapaenses tentaram censurar resultados de pesquisas do Google. Não conseguindo, voltaram sua tesoura para blogs e sites que divulgavam informações contrárias aos seus interesses. Sendo aprovada a lei defendida pelo senador Eduardo Azeredo, as mesmas pessoas que perseguiam blogs amapaenses podem começar a perseguir e processar até mesmo as pessoas que visitam tais páginas. Afinal, eles terão nas mãos endereço, telefone, CPF e RG. Todas as informações necessárias para um processo ou para uma perseguição política.
Qual será o próximo passo em nossa escalada de nos aproximarmos da China em termos de restrições à privacidade e à liberdade de expressão? Uma lei que permita a abertura de cartas? Ou uma lei que institua a pena de morte para quem divulgue ou consulte informações que desagrade aos poderosos? E que sabe, como na China, a conta da bala, assassina seja enviada para a família dos condenados?
Diante dos fatos, as palavras de George Orwell, no livro 1984, ecoam como profecia: “Se queres uma imagem do futuro, pensa numa bota pisando um rosto humano – para sempre”.
Exemplo disso é um projeto que está tramitando no senado que exige a identificação do usuário toda vez em que ele entrar na Internet. Sempre que enviar ou receber um e-mail, criar um blog, entrar numa sala de bate-papo, o internauta terá rastreados seu CPF, RG, endereço e telefone.
Pelo projeto, quem acessar a Internet sem se identificar será punido com reclusão de dois a quatro anos. Os provedores que não informarem os dados estão sujeitos à mesma pena.
O senador Eduardo Azeredo, autor da proposta, argumenta que o objetivo é combater os crimes virtuais. Entretanto, existe uma forte suspeita de que por trás do projeto existe o lobby das empresas de certificação digital, que atestam a veracidade das informações veiculadas pela Internet. Outros interessados são bancos que querem diminuir os gastos com segurança. Além disso, mesmo organizações que combatem o crime digital discordam do projeto. "É uma tentativa extrema de resolver a criminalidade cibernética, que não surtirá efeito. O criminoso vai se conectar por meio de provedores no exterior, que não se submetem à legislação brasileira, ou usará laranjas [terceiros] e identidade falsa no Brasil", diz o presidente da ONG Safernet (Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos), Thiago Tavares.
Se a nova legislação, segundo especialistas, não resolverá a questão dos crimes cibernéticos, o que há por trás de tal proposta? A resposta é do domínio do cidadão e a repressão à liberdade de expressão.
A aprovação de tal lei poderá permitir ao poderosos rastrearem todo o movimento na net. O único outro país que adota tal procedimento é a China. Lá, os provedores locais censuram palavras como “liberdade de expressão” ou “direitos humanos”. Se um chinês pesquisar essas palavras em sites estrangeiros, o governo tem como descobrir e punir tal criminoso.
Recentemente políticos amapaenses tentaram censurar resultados de pesquisas do Google. Não conseguindo, voltaram sua tesoura para blogs e sites que divulgavam informações contrárias aos seus interesses. Sendo aprovada a lei defendida pelo senador Eduardo Azeredo, as mesmas pessoas que perseguiam blogs amapaenses podem começar a perseguir e processar até mesmo as pessoas que visitam tais páginas. Afinal, eles terão nas mãos endereço, telefone, CPF e RG. Todas as informações necessárias para um processo ou para uma perseguição política.
Qual será o próximo passo em nossa escalada de nos aproximarmos da China em termos de restrições à privacidade e à liberdade de expressão? Uma lei que permita a abertura de cartas? Ou uma lei que institua a pena de morte para quem divulgue ou consulte informações que desagrade aos poderosos? E que sabe, como na China, a conta da bala, assassina seja enviada para a família dos condenados?
Diante dos fatos, as palavras de George Orwell, no livro 1984, ecoam como profecia: “Se queres uma imagem do futuro, pensa numa bota pisando um rosto humano – para sempre”.
sexta-feira, novembro 10, 2006
quarta-feira, novembro 08, 2006
O Jornal Hoje da Rede Globo veiculou uma matéria sobre o aumento do número de pessoas que estão tendo acesso ao computador e principalmente à internet. No meio da matéria, a repórter mostra uma jovem tentando conectar internet com discagem e diz que esse som não é mais ouvido pela maioria das pessoas conectadas à net. Só se for em São Paulo. Aqui no Amapá é a internet via telefone. Como os telefones são congestionados, você pode passar horas para conseguir uma conexão, de péssima qualidade. Lembro de um aluno de pós-graduação que morava em Belém que me apresentou um projeto de EAD em que um dos pré-requisitos para os alunos era acesso à internet com pelo menos 100 kb/s. Eu disse a ele: "Então ninguém aqui em Macapá vai poder fazer. Aqui o máximo que se consegue é 48 kb/s".
É, pelo jeito, para os provedores o Amapá não faz parte do Brasil...
É, pelo jeito, para os provedores o Amapá não faz parte do Brasil...
terça-feira, novembro 07, 2006
Uma forma de protestar contra a ditadura que irá se instalar na net brasileira é mandar e-mails para o relator, Eduardo Azeredo:
E-mails para: eduardo.azeredo@senador.gov.br
E-mails para: eduardo.azeredo@senador.gov.br
A China é aqui
Projeto de lei no Senado prevê controle da Web brasileira
O Senado brasileiro discute na quarta-feira, em reunião da Comissão de Constituição e Justiça, um projeto de lei que prevê o controle do acesso à internet, a exemplo do que se pretende estabelecer na China, um dos países que mais controla o uso da rede.
Conforme o projeto, cujo relator é o senador Eduardo Azeredo, do PSDB de Minas Gerais, qualquer usuário precisaria se identificar quando acessasse a internet ou qualquer outra aplicação como o acesso a e-mail ou a criação de blogs. Leia mais
Comentário: Começou. O mundo ditatorial de 1984 e Fahrenheith 451 já começou. Inicialmente os poderosos se mostraram capazes de censurar blogs e um politico amapaense tentou censurar os resultados de pesquisas do Google, assim como é feito na China. Agora, para completar o cerco, querem controlar tudo que o usuário vê. Assim, se um blog publica algo que desagrada os poderosos, não só o blogueiro seria preso, mas também os que visitarem sua página. O próximo passo, provavelmente, será instituir a pena de morte para dissidentes políticos (e a conta da bala é mandada para as famílias).
O Senado brasileiro discute na quarta-feira, em reunião da Comissão de Constituição e Justiça, um projeto de lei que prevê o controle do acesso à internet, a exemplo do que se pretende estabelecer na China, um dos países que mais controla o uso da rede.
Conforme o projeto, cujo relator é o senador Eduardo Azeredo, do PSDB de Minas Gerais, qualquer usuário precisaria se identificar quando acessasse a internet ou qualquer outra aplicação como o acesso a e-mail ou a criação de blogs. Leia mais
Comentário: Começou. O mundo ditatorial de 1984 e Fahrenheith 451 já começou. Inicialmente os poderosos se mostraram capazes de censurar blogs e um politico amapaense tentou censurar os resultados de pesquisas do Google, assim como é feito na China. Agora, para completar o cerco, querem controlar tudo que o usuário vê. Assim, se um blog publica algo que desagrada os poderosos, não só o blogueiro seria preso, mas também os que visitarem sua página. O próximo passo, provavelmente, será instituir a pena de morte para dissidentes políticos (e a conta da bala é mandada para as famílias).
segunda-feira, novembro 06, 2006
Jornalista critica quadrinhos como literatura e recebe respostas de peso
Por Érico Assis6/11/2006
Tony Long, um dos editores da versão online da revista Wired, causou um rebuliço entre os leitores de quadrinhos dos EUA. Ele atacou diretamente a decisão de colocar uma graphic novel, American Born Chinese, como concorrente ao National Book Award, o maior prêmio literário dos EUA.
O texto de Long pode ser lido aqui.
O editor coloca a nomeação como mais um sinal da "Era da Mediocridade". Diz que, por melhor que a graphic novel seja – ele admite que não a leu -, não deixa de ser um gibi. "E gibis não podem ser nomeados para o National Book Award, em qualquer categoria. Isto deveria estar reservado a livros que são, bem, só de palavras", tenta argumentar. Leia mais
Tony Long, um dos editores da versão online da revista Wired, causou um rebuliço entre os leitores de quadrinhos dos EUA. Ele atacou diretamente a decisão de colocar uma graphic novel, American Born Chinese, como concorrente ao National Book Award, o maior prêmio literário dos EUA.
O texto de Long pode ser lido aqui.
O editor coloca a nomeação como mais um sinal da "Era da Mediocridade". Diz que, por melhor que a graphic novel seja – ele admite que não a leu -, não deixa de ser um gibi. "E gibis não podem ser nomeados para o National Book Award, em qualquer categoria. Isto deveria estar reservado a livros que são, bem, só de palavras", tenta argumentar. Leia mais
sábado, novembro 04, 2006
Novo volume do Príncipe Valente na Fest Comix

Por Marcelo Naranjo, sobre o press release (01/11/06)
Depois de lançar 15 volumes de O Príncipe Valente, entre 1974 e 1997, a pioneira Editora Ebal de Adolfo Aizen, suspendeu sua publicação. Leia mais

Realizei alguns trabalhos para a Opera Graphica e pedi parte do pagamento em livros e álbuns. Entres eles, o guia DC de roteiro de desenho. Mas o que mais me chamou atenção foram:
Os álbums Musashi, de Júlio Shimamoto - um trabalho estupendo, com narrativa interessante e visual expressivo. Shima e Colin são os dois grandes mestres do quadrinho nacional, mas pessoalmente acho Shima mais completo. Colin geralmente trabalhava melhor com roteiro alheio (vide Lampião e Mulher diaba). Shima sabe escrever uma história envolvente. Musashi foi o maior samurai da história do Japão, um homem em eterna busca da melhoria contínua, como Shimamoto.
Os álbuns do Príncipe Valente. A republicação do primeiro álbum, com capa metalizada e colorida pelo Alexandre Jubran é um delírio para os olhos. Dá vontade de nem abrir, por medo de machucar essa obra-prima.
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quinta-feira, novembro 02, 2006
Madonna se supreendeu com polêmica da adoção
A cantora Madonna revelou ter ficado surpresa com a repercussão que teve sua tentativa de adotar uma criança africana e afirmou que, com a sua cobertura do caso, a imprensa está desestimulando outras pessoas a fazer o mesmo que ela.
"Eu não percebi que a adoção estava causando polêmica até que voltei (da África para a Grã-Bretanha, onde vive). (…) É chocante", disse a cantora em entrevista ao programa da apresentadora americana Oprah Winfrey.
"A mídia está fazendo um grande desserviço para todos os órfãos da África, transformando isto (a tentativa de adoção) em algo negativo." Leia mais
Comentário: Não consigo entender isso. A Madona vai à Àfrica, adota uma crianças às portas da morte e a imprensa, ao invés de estar aplaudindo, está criticando. Talvez os jornalistas tivessem achado melhor se a criança tivesse morrido. Se cada jornalista que está criticando adotasse um órfão, o mundo seria bem melhor...
"Eu não percebi que a adoção estava causando polêmica até que voltei (da África para a Grã-Bretanha, onde vive). (…) É chocante", disse a cantora em entrevista ao programa da apresentadora americana Oprah Winfrey.
"A mídia está fazendo um grande desserviço para todos os órfãos da África, transformando isto (a tentativa de adoção) em algo negativo." Leia mais
Comentário: Não consigo entender isso. A Madona vai à Àfrica, adota uma crianças às portas da morte e a imprensa, ao invés de estar aplaudindo, está criticando. Talvez os jornalistas tivessem achado melhor se a criança tivesse morrido. Se cada jornalista que está criticando adotasse um órfão, o mundo seria bem melhor...
quarta-feira, novembro 01, 2006
No meio da estrada
Havia algo estranho. Todos dentro do ônibus podiam sentir isso. Eles haviam saído de Belém no final da noite, em direção a São Luiz. A estrada era perigosa, todos sabiam disso. Havia perigo de acidentes, assaltos... mas não era tudo. Havia algo de sobrenatural e temeroso no ar. Como se algo estivesse para acontecer...
Uma criança começou a chorar. A mãe colocou a cabeça da menina no peito e afagou-lhe os cabelos, tentando confortá-la.
Lá na frente, perto do motorista, uma velhinha rezava, segurando um terço.
O motorista suava e, de quando em quando, levava a mão à cabeça, como se houvesse algo ali que o incomodasse.
Súbito apareceu algo no meio da estrada. Parecia um carro policial. Dois homens sinalizavam para que o ônibus parasse.
O motorista se lembrou que era comum os assaltantes se disfarçarem de policiais... isso quando não eram os próprios policiais que praticavam os assaltos.
- Não pare para eles! – gritou um homem, entre lágrimas. São ladrões!
- Vão matar todos nós. – choramingou uma mulher.
Apesar dos protestos, o motorista parou. Os dois homens entraram, armas na mão.
- Todos parados! – berrou um deles.
Havia algo de estranho nos dois... como se fizessem parte de outra realidade. Seus corpos pareciam intangíveis.
- São fantasmas, mamãe. São fantasmas! – gemeu a garotinha. Ele vieram para nos levar...
- Os homens devem se levantar e colocar as mãos para cima.- ordenou o policial.
Os homens, resignados, levantaram-se e deixaram-se revistar. Depois foi pedido que abrissem as sacolas. Os dois olharam tudo, depois saíram.
- Boa viagem! – disse um deles ao motorista, mas ele não respondeu.
Na verdade, o motorista nem mesmo pareceu prestar atenção neles. Ele simplesmente fechou a porta, sinalizou e saiu.
Os dois ficaram lá, parados no meio do mato, observando o veículo se afastar. Um deles encostou no carro e acendeu um cigarro.
- Sabe, eu não entendo porque temos de ficar aqui, no meio desta estrada esquecida por Deus revistando ônibus...
- Você não soube... do ônibus que foi assaltado?
- Não, eu estava de férias...
- Era um ônibus como este... – e apontou com o queixo o veículo que já sumia no horizonte. Eles pararam no meio do caminho para pegar um passageiro. Era um assaltante. Ele tentou parar o carro, mas o motorista se negou. Foi morto com um tiro na cabeça. O ônibus bateu, então, em um caminhão. Todo mundo morreu.
- Sabe, agora que você falou, estou me lembrando de uma coisa estranha... o cabelo daquele motorista parecia manchado de sangue...
- Você... você anotou a placa? – gaguejou o policial.
- Claro. Está aqui. É OB 1326.
O outro ficou lívido.
- Era... era o ônibus do acidente!
Uma criança começou a chorar. A mãe colocou a cabeça da menina no peito e afagou-lhe os cabelos, tentando confortá-la.
Lá na frente, perto do motorista, uma velhinha rezava, segurando um terço.
O motorista suava e, de quando em quando, levava a mão à cabeça, como se houvesse algo ali que o incomodasse.
Súbito apareceu algo no meio da estrada. Parecia um carro policial. Dois homens sinalizavam para que o ônibus parasse.
O motorista se lembrou que era comum os assaltantes se disfarçarem de policiais... isso quando não eram os próprios policiais que praticavam os assaltos.
- Não pare para eles! – gritou um homem, entre lágrimas. São ladrões!
- Vão matar todos nós. – choramingou uma mulher.
Apesar dos protestos, o motorista parou. Os dois homens entraram, armas na mão.
- Todos parados! – berrou um deles.
Havia algo de estranho nos dois... como se fizessem parte de outra realidade. Seus corpos pareciam intangíveis.
- São fantasmas, mamãe. São fantasmas! – gemeu a garotinha. Ele vieram para nos levar...
- Os homens devem se levantar e colocar as mãos para cima.- ordenou o policial.
Os homens, resignados, levantaram-se e deixaram-se revistar. Depois foi pedido que abrissem as sacolas. Os dois olharam tudo, depois saíram.
- Boa viagem! – disse um deles ao motorista, mas ele não respondeu.
Na verdade, o motorista nem mesmo pareceu prestar atenção neles. Ele simplesmente fechou a porta, sinalizou e saiu.
Os dois ficaram lá, parados no meio do mato, observando o veículo se afastar. Um deles encostou no carro e acendeu um cigarro.
- Sabe, eu não entendo porque temos de ficar aqui, no meio desta estrada esquecida por Deus revistando ônibus...
- Você não soube... do ônibus que foi assaltado?
- Não, eu estava de férias...
- Era um ônibus como este... – e apontou com o queixo o veículo que já sumia no horizonte. Eles pararam no meio do caminho para pegar um passageiro. Era um assaltante. Ele tentou parar o carro, mas o motorista se negou. Foi morto com um tiro na cabeça. O ônibus bateu, então, em um caminhão. Todo mundo morreu.
- Sabe, agora que você falou, estou me lembrando de uma coisa estranha... o cabelo daquele motorista parecia manchado de sangue...
- Você... você anotou a placa? – gaguejou o policial.
- Claro. Está aqui. É OB 1326.
O outro ficou lívido.
- Era... era o ônibus do acidente!
Programação de cinema em Macapá
CINE SHOPPING MACAPÁ
sala 1: O BICHO VAI PEGAR, sessões 16:40 e 19H. e A DÁLIA NEGRA às 21:15H
sala 2: A TORRES GÊMEAS às 16:20-19-21:25H.
CINE SANTANA
sala 1: O PEQUENINO ás 16:40-19-21:15H
sala 2: LUCAS-UM INTRUSO NO FORMIGUEIRO às 16:50 e 19H e O DIABO VESTE PRADA às 21:20H.
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