sábado, fevereiro 28, 2009

HISTÓRIA DOS QUADRINHOS


Kripta

Em 1964 as bancas norte-americanas viram aparecer uma revista sobre os filmes de terror chamada Famous Monsters of Filmland (Monstros Famosos do Cinema). O editor era o desconhecido Jim Warren, um cara que, nas palavras de Roberto Guedes (autor do livro A era de bronze dos super-heróis) viria a se tornar o grande azarão do mercado de quadrinhos.
Em certo número de sua revista, Warren publicou uma HQ de terror e ficou esperando a reação. Ele temia que a revista fosse boicotada pelo Comics Code, que regulava os gibis americanos e havia acabado com a editora EC, especializada em terror. O gênero era totalmente proibido, mas ninguém prestou atenção àquela HQ. Warren logo percebeu que o formato magazine (20,5 x 27,5 cm) era visto como sendo para adultos e, portanto, não estava sob controle do código. Era o sinal verde para lançar uma revista só de terror, no novo formato e em preto e branco.
Assim, no inverno de 1964 surgia a revista Creepy (algo como assustador). No ano seguinte surgia a Eeri, seguindo a mesma linha. As duas revistas juntavam a nata da EC Comcs, com artistas como Joe Orlando, Frank Frazetta e Reed Crandall. Além disso, foram se somando aos poucos novos artistas, como Steve Dikto, Gene Colan, Neal Adams, Richard Corben, Berni Wrightson, entre outros.
Para editar as revistas e escrever as histórias foi contratado Archie Goodwin, um roteirista mediano no gênero super-hérois, mas sempre muito criativo em outros gêneros. Posteriormente foi contrato também o editor e roteirista Bill Dubay.
Na década de 1970, a revista vivia sua fase áurea, mas ao mesmo tempo enfrentava um problema: editoras maiores, como a Marvel, começaram a entrar nesse mercado e a oferecer maiores benefícios aos desenhistas. Então, justamente quando as revistas mais vendiam, começou a faltar mão-de-obra. A solução foi dada por Bill Dubay, que entrou em contrato com um grupo de artistas espanhóis para substituir os americanos que estava debandando. O que era um problema acabou virando a favor da editora: os novos artistas espanhóis contratados eram espetaculares e deram início à fase de ouro da Warren, produzindo as melhores histórias de suspense, terror e ficção-científica da década de 1970. Entre os novos artistas, destacavam-se Esteban Maroto, com um traço psicodélico que foi imitadíssimo na época, e José Ortiz.
Foi na Warren que surgiu a mais famosa vampira dos quadrinhos (embora não tenha sido a primeira. Esse posto é ocupado por Mirza, do brasileiro Eugênio Colonnese): a Vampirella. A personagem estreou em 1969 e transformou-se logo num sucesso. A roupa foi criada por Trina Robbins, mas a personagem acabou sendo delineada visualmente pelo grande Frank Frazetta.
No Brasil, as histórias da Warren foram publicadas na revista Kripta, da editora RGE e durou 60 edições, com grande sucesso. O slogan, usado na propaganda de TV, era ¨Com Kripta, qualquer dia é sexta-feira e qualquer hora é meia-noite¨, tornou-se célebre.

Fonte:
Roberto Guedes. WARREN: O MELHOR TERROR DO MUNDO! http://hqmaniacs.uol.com.br/principal.asp?acao=materias&cod_materia=275.

'Nunca quisemos destruir os super- heróis', diz desenhista de 'Watchmen'


Dave Gibbons lembra detalhes da criação da HQ que redefiniu o gênero.Para britânico, filme é 'melhor adaptação hollywoodiana' de Alan Moore.

Alan Moore, o autor, não quis nem ver. Os fãs da HQ também tentaram fechar os olhos para evitar o pior, mas acabaram seduzidos pelas primeiras imagens que foram surgindo na internet nos últimos dois anos. Já o desenhista Dave Gibbons, que se diz "um otimista", não quis esperar e foi logo pegando o telefone para descobrir quem era esse tal de Zack Snyder que queria fazer um filme baseado em sua criação mais famosa, a graphic novel "Watchmen". Leia mais

terça-feira, fevereiro 24, 2009

Baú da Grafipar

A curitibana Grafipar foi uma das mais importantes editoras brasileiras. Destacou-se, entre outras coisas, por sair do eixo Rio-São Paulo e por ter publicado muito quadrinho nacional. Sua área de quadrinhos (chefiada pelo samurai Cláudio Seto) fez tanto sucesso que levou vários quadrinistas a mudarem para Curitiba, formando uma vila de quadrinistas. Apesar disso, essa página do mundo editorial brasileiro estava se perdendo. Foi com o objetivo de resgatar o passado dessa editora que eu e Leonardo Santana criamos, em 2006, o Baú da Grafipar. Depois de muito tempo parado, o blog volta a ter atualizações e ganha um novo visual. Confira aqui.

Trecho de Watchmen

Foi divulgado um novo trecho de Watchmen, este focado em Rorschach. Confira.

segunda-feira, fevereiro 23, 2009


Assistimos Ensaio sobre a cegueira. Belíssimo filme. No começo lembra Dogville: uma fábula sobre a crueldade humana. Mas no final, revela-se ainda mais complexo. Lindo e pertubador. A maior cegueira não é a do olho, mas a do poder e da falta de solidariedade.

sábado, fevereiro 21, 2009

Case de Marketing

Na década de 1970, os marketeiros de uma famosa marca de sabão em pó contrataram uma bela e jovem modelo para ilustrar a caixa do produto. A moça aparecia segurando um bebê, numa imagem que lembrava maternidade e proteção, valores que deveriam ser evidenciados pelo embalagem (afinal, boas mães deixam as roupas de seus filhos limpinhas). Só que, pouco tempo depois, a moça estrelou um filme pornô (Atrás da porta verde) de grande sucesso. É possível, inclusive, que o sucesso do filme estivesse ligado ao fato das pessoas terem reconhecido a atriz como a moça da embalagem de sabão em pó. Resultado: a empresa teve que recolher todas as embalagens do mercado e cancelar toda e qualquer publicidade com a moça. O nome dela? Marilyn Chambers, que posteriormente viria a se tornar um ícone do pornô.
Situações como essas podem causas problemas sérios para a imagem de uma empresa e um produto. Todos devem se lembrar dos recentes escândalos com o jogador Ronaldo e como isso afetou a imagem de empresas como a Nike.
Associar sua marca a uma pessoa é algo perigoso, pois qualquer problema com essa pessoa pode manchar a imagem da empresa.
Como opção, algumas empresas preferem usar um mascote, um desenho, feito especialmente para a empresa. Outras, como as Casas Bahia, preferem mudar seu garoto propaganda constantemente...

A caixa de pandora

Alguns amigos ficaram curiosos de saber o que veio na caixa que recebi, cortesia do Franco de Rosa, e que vai servir para me divertir nesse período de carnaval. Abaixo, alguns dos livros e álbuns que recebi:


















Carnaval? O meu vai ser assim...

A coisa tá feia para os lados do Sambódromo. Tenho recebido no meu e-mail protestos públicos de pessoas e instituições reclamando da atuação da presidente da Liesa. É a Associção Brasileira de Agências de Viagens, o Sindicato dos Jornalistas, o jornalista Chico Terra... a jornalista Alcinéa Cavalcante, que foi proibida de fazer a cobertura do carnaval, fez, no seu blog, um resumo da situação.

Ainda bem que vou estar muito longe dessa confusão. Tínhamos pensado em viajar para o interior, mas com essa chuva... devo ficar em casa, terminando um livro para a editora Escala e lendo. Recebi recentemente uma caixa de livros e álbuns, cortesia do meu amigo Franco de Rosa. Publicações da Conrad, Opera Graphica, Devir... Tanta coisa que mal dava para carregar a caixa. Entre as pérolas, o luxuoso livro Tentação à Italiana, do jornalista Gonçalo Jr, sobre os quadrinistas eróticos italianos. Esse deve ser o primeirão da lista. Mas tem muita coisa mais, entre eles a coleção completa do jornalista-quadrinista Joe Sacco, que ficou famoso por suas reportagens sobre a situação da Palestina, sempre na forma de quadrinhos.

Mais nomes estranhos

Sempre é bom lembrar que o primeiro fator para uma que uma marca se estabeleça no mercado é um bom nome. Então, com vocês, mais alguns exemplos de nomes estranhos, bizarros ou engraçados (ou tudo ao mesmo tempo):




E, para fechar, uma pérola da publicidade:

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Dica de blog: O educador sofista.

Inglorious Basterds tem novos pôsteres


O site 100 grana divulgou três pôsteres do filme Inglorious Basterds, novo filme de Quentin Tarantino. No filme, uma mulher que viu a família ser assassinada por nazistas quer se vingar e encontra com uma uma tropa de soldados americanos que havia sido presa pelos alemães e também quer... vingança! Os cartazes já dão a entender o que nos espera...

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

MPF abre inquérito contra Maurício de Sousa Produções por publicidade infantil



Portal Imprensa
A Promotoria de Justiça do Consumidor e a Promotoria de Justiça de Defesa dos Interesses Coletivos e Difusos da Infância e Juventude de São Paulo abriram um inquérito civil contra a empresa Maurício de Sousa Produções Ltda - responsável pelas revistas em quadrinhos da Turma da Mônica - por publicidade voltada a crianças.
No dia 5 de março de 2008, o "Projeto Criança e Consumo", do Instituto Alana, enviou uma notificação sobre publicidade infantil à Maurício de Sousa Produções e à editora Panini, que publica as revistas em quadrinhos. Leia mais



Comentário: se já não bastasse a fase ruim pela qual passam os quadrinhos, de forma geral,
agora mais essa, a proibição de veiculação de publicidade em revistas infantis. Como a maioria das pessoas (e autoridades) ainda pensa que todas as histórias em quadrinhos são voltadas para crianças, essa limitação, na prática, proibe a veiculação de propaganda em gibis... preocupante.

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Nomes são importantes...

Estou preparando uma aula sobre marca na qual falo sobre a importância de um bom nome, sem interpretações negativas, para que a marca se torne um sucesso. Existem exemplos clássicos de nomes ruins, como o Rei Kull, a pizzaria Fracasso e a Academia Osso, mas acabei achando outros:



terça-feira, fevereiro 17, 2009

Depois de Obama, Homem-Aranha encontra Abraham Lincoln

A editora Marvel aproveitou o feriado do Dia do Presidente, comemorado nesta segunda (16), para lançar mais uma história em quadrinhos em que seus super-heróis se encontram com personalidades da política dos Estados Unidos. Numa edição especial da revista "The Amazing Spider-Man", o Homem-Aranha e o Capitão América dividem as páginas com Abraham Lincoln, 16º presidente da história americana. A HQ digital de seis páginas está disponível gratuitamente no site da Marvel. Leia mais

O que sabemos?


A grande maioria das pessoas tem a noção de que existe um mundo real, exterior a todos nós, compartilhado por todos. Uma cadeira é uma cadeira, em qualquer situação, para qualquer pessoal. É isso que nos diz o senso comum.
No entanto, os avanços da ciência têm demonstrado que o processo de percepção tem menos a ver com o objeto observado do que com as interações internas que fazemos na hora de ver algo.
O cientista chileno Humberto Maturana realizou algumas pesquisas interessantes com salamandras que ajudaram a desvendar essa área do conhecimento. A salamandra tem grande capacidade de regeneração. Você corta uma perna dela e nasce outra. Da mesma forma, se retirarmos seu olho e colocarmos de volta, ele se regenera. O que o Maturana fez foi retirar o olho e, na hora de colocá-lo de novo, inverteu a posição. A salamandra, na hora de caçar, joga sua língua sobre o inseto e é certeira: a língua sempre acerta seu alvo. Mas quando seu olho é invertido, ela joga a língua para o lado oposto ao inseto.
A conclusão é de que, na hora de ver, valem mais as conexões internas do que os objetos em si. Alguns cientistas, inclusive, afirmam que vemos com o cérebro, não com o olho. Experiências demonstram, por exemplo, que ao lembrarmos de um objeto acionamos as mesmas áreas do cérebro que usamos quando vemos esse objeto. Ou seja, para nosso cérebro não existe diferença entre ver algo e lembrar de algo.

Assim, não existe uma realidade externa, exterior ao observador, que possa ser captada. Toda percepção é um processo de reelaboração. Nós olhamos para algo e vemos não o que de fato é o objeto, mas aquilo que nosso cérebro, baseado inclusive nos nossos modelos de mundo, nos diz que ele é.
Só reconhecemos uma cadeira porque temos um modelo de como deve ser uma cadeira. E só nos sentamos nela porque temos expectativas a respeito de sua funcionalidade.
O filósofo T.S. Kuhn demonstrou no livro A estrutura das revoluções científicas diz que os cientistas se tornam cegos para fatos que não se encaixam em seus paradigmas. Em uma pesquisa citada por Kuhn, foram mostradas diversas cartas para várias pessoas. Algumas dessas cartas eram anômalas, como um quatro de copas preto, mas os sujeitos adequavam essas cartas às suas expectativas sobre o baralho, fazendo com que o quatro de copas preto fosse tomado com um quatro de espadas. Da mesma forma, o cientista, ao ver um fato anômalo, tem a tendência ou de ignorá-lo inconscientemente ou de adequá-lo a uma situação normal.
Cotidianamente podemos perceber essa diferença de percepção. Uma moça que é indiferente para um rapaz pode ser apaixonante para outro. Um local agradável para uns pode ser desagradável para outros.
Quando alguém acha o ser amado bonito, a beleza está muito mais nele mesmo e nas suas lembranças dos bons momentos que passaram juntos do que na realidade exterior. A idéia de que existe um mundo pronto e acabado, fixo, está, quase sempre relacionada a regimes totalitários. Para muitas pessoas o mundo é como elas o vêm e, percebendo que as outras pessoas têm percepções diferentes, acreditam que sua visão é a mais correta e querem impor essa visão aos outros. Esses costumam ser os grandes ditadores.

domingo, fevereiro 15, 2009

Livro livre em destaque na Gazeta


O projeto Livro Livre Amapá foi destaque de capa do jornal Gazeta deste domingo. O jornal reproduziu a matéria do blog da Alcinea Cavalcante e fez uma enquete com a população sobre o assunto. Além do destaque na capa, o projeto foi capa do caderno de cultura.

Os Minutemen

Mais imagens de Watchmen, agora dos Minutemen, que seria um grupo de super-heróis da primeira metade do século XX. Lembro que na época em que Watchmen saiu, falava-se que Alan Moore escreveria uma sequência, com os Minutemen, desenhada por Sal Buscema. Boatos, claro, mas refletia a vontade dos fãs de ver mais sobre esses personagens. Afinal, mesmo que eles fossem secundários na trama, Alan Moore deu a eles mais profundidade do que a maioria dos personagens de quadrinhos tem.

O curioso caso de Benjamin Button


Fomos assistir O Curioso caso de Benjamin Button, o mais recente filme de David Fincher (Seven, Clube da Luta).
Existem filmes em que você sai do cinema meio bobo, como se a película tivesse mexido com seus paradigmas. É o que acontece com esse Benjamin. A história do homem que nasce velho e vai rejuvenescendo é fascinante, engraçada, poética, mas, principalmente, pertubadora. Estamos tão acostumados a ver as pessoas envelhecendo que ver o oposto, na tela de cinema, torna-se pertubador.
O filme tem ótimos efeitos especiais, que se destacam justamente por não parecerem efeitos especiais (pessoalmente, a cena que mais me impressionou foi a de Brad Pitt jovem). Felizmente passou aquela época em que os efeitos especiais precisavam aparecer. Hoje eles estão ali, a serviço da trama.
Uma questão que me peguei pensando foi com relação à espiritualidade. Afinal, o filme pode ser visto como uma metáfora espiritual ao mostrar alma e corpo indo em direções diferentes. Muitas vezes, nos apegamos à aparência e não encontramos a essência. O velhinho do início do filme era um jovem, espiritualmente, mas poucas pessoas foram capazes de perceber isso.

sábado, fevereiro 14, 2009


Tem capítulo novo no blog do Galeão. Confira. Para quem não conhece, Galeão é uma série literária de minha autoria sobre sobreviventes num navio desgovernado no Oceano Atlântico. Um psicopata está matando pessoas a bordo, a comida está desaparecendo e vários outras coisas estranhas começam acontecer...

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Wizmania publica resenha do meu livro sobre roteiro


A revista Wizmania publicou uma resenha do meu Livro Roteiro para História em quadrinhos que pode ser lida aqui.

Baixe aqui a apostila de Marketing Global.

Clínica usa suas enfermeiras nuas em publicidade e leva multa em Taiwan

Uma clínica de estética de Taiwan foi multada após utilizar duas de suas enfermeiras nuas em uma campanha publicitária. A clínica deve receber uma multa entre US$ 1,46 mil e US$ 7,3 mil, segundo a legislação local. "Claro que vamos instaurar um processo. O que eles fizeram viola a lei", disse Chen Ying-Yueh, responsável pelo departamento de saúde da capital Taipei, destacando que os anúncios violam as regras de conduta médica. Leia mais

Comentário: Pois é, são questões legais e culturais interferindo no marketing...

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Brasileira grávida é agredida por neonazistas na Suíça e perde gêmeos

A bacharel em Direito brasileira Paula Oliveira, de 26 anos, foi agredida por três homens brancos, com cabelo raspados, na noite de segunda-feira (9) em Dubendorf, cidade que fica perto de Zurique. Grávida de gêmeos havia três meses, ela acabou perdendo as crianças e sofreu cortes em todas as partes do corpo. Segundo relatos que fez para o pai, ela havia acabado de sair do trem e ia em direção à casa onde reside com o companheiro, Marco Trepp, quando, segundo ela, foi surpreendida por três homens, aparentemente neonazistas.

“Deram socos, chutaram e a cortaram com estiletes no corpo inteiro e até fizeram a sigla SVP nas pernas”, afirmou Paulo Oliveira, pai da brasileira, por telefone, de Zurique, ao G1. “Eles tinham suásticas na cabeça”, informou ele. Leia mais

Comentário: Já não bastasse o absurdo da situação, de uma mulher grávida ser agredida por neonazistas, apenas por ser brasileira, ainda há o agravante de que a polícia suíça não parece estar interessada em investigar o caso. O cônsul do Brasil na Suíça entrou em contato com o policial que está investigando o caso. A resposta foi que, se ele quisesse alguma informação, deveria procurar a própria vítima...
O quadrinista José Aguiar, que chegou a viver na Alemanha, me disse que na Europa os grupos neo-nazistas são legalizados. Alega-se a liberdade de pensamento e de expressão. Acho que a liberdade de expressão não pode ser desculpa para qualquer coisa que agrida a dignidade humana. Isso vale, inclusive, para a internet. Preconceito quanto a local de origem ou raça, pedofilia, intolerância religiosa, homofobia, suicídio e outros temas equivalentes deveriam ser tratados com tolerância zero. O que começa como uma simples divulgação de idéias perigosas termina com agressões como a relatada acima.
Leia, no G1, uma interessante matéria sobre Ciberbullying .

O Diário do Pará publicou uma matéria com o meu amigo Miguel Delalor, que atualmente está morando na França e fazendo álbuns de quadrinhos para a editora Dargaud. Clique aqui para ler a matéria.

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Você tem que encontrar o que você ama

Não costumo colocar textos de outros autores neste blog. Geralmente coloco apenas um link para o texto original, quando acho interessante. Mas no caso desse texto de Steve Jobs, transcrição de seu discurso de formatura para uma turma da Universidade Stanford, senti que merecia uma publicação integral. O texto foi publicado originalmente no site da revista Você SA.


Estou honrado de estar aqui, na formatura de uma das melhores universidades do mundo. Eu nunca me formei na universidade. Que a verdade seja seja dita, isso é o mais perto que eu já cheguei de uma cerimônia de formatura. Hoje, eu gostaria de contar a vocês três histórias da minha vida. E é isso. Nada demais. Apenas três histórias.

A primeira história é sobre ligar os pontos
Eu abandonei o Reed College depois de seis meses, mas fiquei enrolando por mais dezoito meses antes de realmente abandonar a escola. E por que eu a abandonei?Tudo começou antes de eu nascer. Minha mãe biológica era uma jovem universitária solteira que decidiu me dar para a adoção. Ela queria muito que eu fosse adotado por pessoas com curso superior. Tudo estava armado para que eu fosse adotado no nascimento por um advogado e sua esposa. Mas, quando eu apareci, eles decidiram que queriam mesmo uma menina. Então meus pais, que estavam em uma lista de espera, receberam uma ligação no meio da noite com uma pergunta: "Apareceu um garoto. Vocês o querem?" Eles disseram: "É claro."
Minha mãe biológica descobriu mais tarde que a minha mãe nunca tinha se formado na faculdade e que o meu pai nunca tinha completado o ensino médio. Ela se recusou a assinar os papéis da adoção. Ela só aceitou meses mais tarde quando os meus pais prometeram que algum dia eu iria para a faculdade. E, 17 anos mais tarde, eu fui para a faculdade. Mas, inocentemente escolhi uma faculdade que era quase tão cara quanto Stanford. E todas as economias dos meus pais, que eram da classe trabalhadora, estavam sendo usados para pagar as mensalidades. Depois de 6 meses, eu não podia ver valor naquilo. Eu não tinha idéia do que queria fazer na minha vida e menos idéia ainda de como a universidade poderia me ajudar naquela escolha. E lá estava eu gastando todo o dinheiro que meus pais tinham juntado durante toda a vida. E então decidi largar e acreditar que tudo ficaria OK. Foi muito assustador naquela época, mas olhando para trás foi uma das melhores decisões que já fiz.
No minuto em que larguei, eu pude parar de assistir às matérias obrigatórias que não me interessavam e comecei a frequentar aquelas que pareciam interessantes.
Não foi tudo assim romântico. Eu não tinha um quarto no dormitório e por isso eu dormia no chão do quarto de amigos. Eu recolhia garrafas de Coca-Cola para ganhar 5 centavos, com os quais eu comprava comida. Eu andava 11 quilômetros pela cidade todo domingo à noite para ter uma boa refeição no templo hare-krishna. Eu amava aquilo.
Muito do que descobri naquele época, guiado pela minha curiosidade e intuição, mostrou-se mais tarde ser de uma importância sem preço.Vou dar um exemplo: o Reed College oferecia naquela época a melhor formação de caligrafia do país. Em todo o campus, cada poster e cada etiqueta de gaveta eram escritas com uma bela letra de mão. Como eu tinha largado o curso e não precisava frequentar as aulas normais, decidi assistir as aulas de caligrafia. Aprendi sobre fontes com serifa e sem serifa, sobre variar a quantidade de espaço entre diferentes combinações de letras, sobre o que torna uma tipografia boa. Aquilo era bonito, histórico e artisticamente sutil de uma maneira que a ciência não pode entender. E eu achei aquilo tudo fascinante.
Nada daquilo tinha qualquer aplicação prática para a minha vida. Mas 10 anos mais tarde, quando estávamos criando o primeiro computador Macintosh, tudo voltou. E nós colocamos tudo aquilo no Mac. Foi o primeiro computador com tipografia bonita. Se eu nunca tivesse deixado aquele curso na faculdade, o Mac nunca teria tido as fontes múltiplas ou proporcionalmente espaçadas. E considerando que o Windows simplesmente copiou o Mac, é bem provável que nenhum computador as tivesse. Se eu nunca tivesse largado o curso, nunca teria frequentado essas aulas de caligrafia e os computadores poderiam não ter a maravilhosa caligrafia que eles têm. É claro que era impossível conectar esses fatos olhando para a frente quando eu estava na faculdade. Mas aquilo ficou muito, muito claro olhando para trás 10 anos depois.
De novo, você não consegue conectar os fatos olhando para frente. Você só os conecta quando olha para trás. Então tem que acreditar que, de alguma forma, eles vão se conectar no futuro. Você tem que acreditar em alguma coisa - sua garra, destino, vida, karma ou o que quer que seja. Essa maneira de encarar a vida nunca me decepcionou e tem feito toda a diferença para mim.
Minha segunda história é sobre amor e perda.

Eu tive sorte porque descobri bem cedo o que queria fazer na minha vida. Woz e eu começamos a Apple na garagem dos meus pais quando eu tinha 20 anos. Trabalhamos duro e, em 10 anos, a Apple se transformou em uma empresa de 2 bilhões de dólares e mais de 4 mil empregados. Um ano antes, tínhamos acabado de lançar nossa maior criação - o Macintosh - e eu tinha 30 anos. E aí fui demitido. Como é possível ser demitido da empresa que você criou? Bem, quando a Apple cresceu, contratamos alguém para dirigir a companhia. No primeiro ano, tudo deu certo, mas com o tempo nossas visões de futuro começaram a divergir. Quando isso aconteceu, o conselho de diretores ficou do lado dele.
O que tinha sido o foco de toda a minha vida adulta tinha ido embora e isso foi devastador. Fiquei sem saber o que fazer por alguns meses. Senti que tinha decepcionado a geração anterior de empreendedores. Que tinha deixado cair o bastão no momento em que ele estava sendo passado para mim. Eu encontrei David Peckard e Bob Noyce e tentei me desculpar por ter estragado tudo daquela maneira. Foi um fracasso público e eu até mesmo pensei em deixar o Vale [do Silício]. Mas, lentamente, eu comecei a me dar conta de que eu ainda amava o que fazia. Foi quando decidi começar de novo.
Não enxerguei isso na época, mas ser demitido da Apple foi a melhor coisa que podia ter acontecido para mim. O peso de ser bem sucedido foi substituído pela leveza de ser de novo um iniciante, com menos certezas sobre tudo. Isso me deu liberdade para começar um dos períodos mais criativos da minha vida. Durante os cinco anos seguintes, criei uma companhia chamada NeXT, outra companhia chamada Pixar e me apaixonei por uma mulher maravilhosa que se tornou minha esposa. Pixar fez o primeiro filme animado por computador, Toy Story, e é o estúdio de animação mais bem sucedido do mundo. Em uma inacreditável guinada de eventos, a Apple comprou a NeXT, eu voltei para a empresa e a tecnologia que desenvolvemos nela está no coração do atual renascimento da Apple. E Lorene e eu temos uma família maravilhosa.
Tenho certeza de que nada disso teria acontecido se eu não tivesse sido demitido da Apple. Foi um remédio horrível, mas eu entendo que o paciente precisava. Às vezes, a vida bate com um tijolo na sua cabeça. Não perca a fé. Estou convencido de que a única coisa que me permitiu seguir adiante foi o meu amor pelo que fazia. Você tem que descobrir o que você ama. Isso é verdadeiro tanto para o seu trabalho quanto para com as pessoas que você ama. Seu trabalho vai preencher uma parte grande da sua vida, e a única maneira de ficar realmente satisfeito é fazer o que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um excelente trabalho é amar o que você faz. Se você ainda não encontrou o que é, continue procurando. Não sossegue. Assim como todos os assuntos do coração, você saberá quando encontrar. E, como em qualquer grande relacionamento, só fica melhor e melhor à medida que os anos passam. Então continue procurando até você achar. Não sossegue.

Minha terceira história é sobre morte.
Quando eu tinha 17 anos, li uma frase que era algo assim: "Se você viver cada dia como se fosse o último, um dia ele realmente será o último". Aquilo me impressionou, e desde então, nos últimos 33 anos, eu olho para mim mesmo no espelho toda manhã e pergunto: "Se hoje fosse o meu último dia, eu gostaria de fazer o que farei hoje?" E se a resposta é "não" por muitos dias seguidos, sei que preciso mudar alguma coisa.
Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo - expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar - caem diante da morte, deixando apenas o que é apenas importante. Não há razão para não seguir o seu coração. Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração.Há um ano, eu fui diagnosticado com câncer. Era 7h30 da manhã e eu tinha uma imagem que mostrava claramente um tumor no pâncreas. Eu nem sabia o que era um pâncreas. Os médicos me disseram que aquilo era certamente um tipo de câncer incurável, e que eu não deveria esperar viver mais de 3 a 6 semanas. Meu médico me aconselhou a ir para casa e arrumar minhas coisas - que é o código dos médicos para "preparar para morrer". Significa tentar dizer às suas crianças em alguns meses tudo aquilo que você pensou ter os próximos 10 anos para dizer. Significa dizer seu adeus.
Eu vivi com aquele diagnóstico o dia inteiro. Depois, à tarde, eu fiz uma biópsia, em que eles enfiaram um endoscópio pela minha garganta abaixo, através do meu estômago e pelos intestinos. Colocaram uma agulha no meu pâncreas e tiraram algumas células do tumor. Eu estava sedado, mas minha mulher, que estava lá, contou que quando os médicos viram as células em um microscópio, começaram a chorar. Era uma forma muito rara de câncer pancreático que podia ser curada com cirurgia. Eu operei e estou bem.
Isso foi o mais perto que eu estive de encarar a morte e eu espero que seja o mais perto que vou ficar pelas próximas décadas. Tendo passado por isso, posso agora dizer a vocês, com um pouco mais de certeza do que quando a morte era um conceito apenas abstrato: ninguém quer morrer. Até mesmo as pessoas que querem ir para o céu não querem morrer para chegar lá. Ainda assim, a morte é o destino que todos nós compartilhamos. Ninguém nunca conseguiu escapar. E assim é como deve ser, porque a morte é muito provavelmente a principal invenção da vida. É o agente de mudança da vida. Ela limpa o velho para abrir caminho para o novo. Nesse momento, o novo é você. Mas algum dia, não muito distante, você gradualmente se tornará um velho e será varrido. Desculpa ser tão dramático, mas isso é a verdade.
O seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém. Não fique preso pelos dogmas, que é viver com os resultados da vida de outras pessoas. Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior. E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário.
Quando eu era pequeno, uma das bíblias da minha geração era o Whole Earth Catalog. Foi criado por um sujeito chamado Stewart Brand em Menlo Park, não muito longe daqui. Ele o trouxe à vida com seu toque poético. Isso foi no final dos anos 60, antes dos computadores e dos programas de paginação. Então tudo era feito com máquinas de escrever, tesouras e câmeras Polaroid. Era como o Google em forma de livro, 35 anos antes do Google aparecer. Era idealista e cheio de boas ferramentas e noções. Stewart e sua equipe publicaram várias edições de The Whole Earth Catalog e, quando ele já tinha cumprido sua missão, eles lançaram uma edição final. Isso foi em meados de 70 e eu tinha a idade de vocês. Na contracapa havia uma fotografia de uma estrada de interior ensolarada, daquele tipo onde você poderia se achar pedindo carona se fosse aventureiro. Abaixo, estavam as palavras: "Continue com fome, continue bobo".
Foi a mensagem de despedida deles. Continue com fome. Continue bobo. E eu sempre desejei isso para mim mesmo. E agora, quando vocês se formam e começam de novo, eu desejo isso para vocês.
Continuem com fome. Continuem bobos. Obrigado.


Matéria do Bom Dia Brasil sobre Darwin.

Conheça o homem que explicou quem somos


Esta semana, o Bom Dia Brasil apresenta uma série de reportagens em homenagem ao bicentenário do nascimento de um gênio que revelou ao mundo como as espécies evoluíram, inclusive o homem.

Jorge Pontual Nova York

Existe uma ciência antes e depois de Charles Darwin. Ele nasceu há 200 anos. Publicou o livro “A origem das espécies” há 150. Depois dessa obra, o mundo foi explicado de outra maneira. Não da forma adotada pelos religiosos até então. Darwin negou as certezas do seu tempo, da ultraconservadora Inglaterra do século 19. Leia mais

Comentário: Darwin, que este ano faria 200 anos, foi o mais importante cientista de sua época. Ele criou um paradigma amplo e eficiente, que pode ser usado para explicar situações em campos que vão da biologia à psicologia. Além disso, teve grande influência sobre a cibernética. Por tabela, acabou tendo grande influência em pensadores como Edgar Morin. Monteiro Lobato era um darwiniano de carteirinha. A teoria da evolução influenciou até a criação do espiritismo (a evolução da alma é vista como a evolução da espécie, embora haja diferenças). A influência de Darwin é sentida até mesmo na cultura pop. Sem Darwin provavelmente não existiriam seriados como O elo perdido ou Lost. Sem Darwin não existiriam filmes como O parque dos Dinossauros. Sem Darwin, o mundo em que vivemos seria outro...