Os boatos se tornaram uma verdadeira praga depois do surgimento das redes sociais. Com o simples ato de apertar um botão, uma pessoa pode compartilhar uma notícia falsa e muitas vezes destruir a vida de uma pessoa. Em alguns casos, literalmente.
Abaixo relaciono alguns casos que mostram o estrago que um boato pode fazer:
Alunos exemplares do colégio militar viram bandidos em boato - "Espalhem aí...Esses vagabundos estão assaltando os ônibus nas proximidades da Fazendinha. Ontem fizeram mais um assalto", dizia uma mensagem de Whatsap que foi compartilhada por milhares de pessoas em Macapá. Os tais "vagabundos" eram na verdade alunos exemplares do colégio militar, elogiados pela diretora do colégio, tenente Greyce Caroline da Silva Dias Pantoja. Alguém, provavelmente por inveja, resolveu prejudicá-los. Felizmente não foram agredidos por ninguém. Clique aqui para ler a matéria.
Casal é agredido e quase morre - Aconteceu na cidade de Araruama, no Rio de Janeiro. Um boato dizia que o casal sequestrava crianças. A população espancou o casal e queimou seu carro. Clique aqui para ler a matéria.
Mulher é morta por causa de boato - Esse foi um caso que causou grande comoção. Aconteceu em Guarujá, São Paulo. Uma página do Facebook inventou que uma mulher estava sequestrando crianças. Populares viram uma mulher que parecia com a descrição e resolveu linchá-la. A mulher apanhou até morrer, da forma mais cruel possível. Clique aqui para ler a matéria.
Quem compartilha uma informação deve ser responsável pelo que compartilha. Basta alguns minutos de pesquisa para descobrir se a notícia é verdadeira ou falsa. Se a pessoa não se dá a esse trabalho, ela é responsável pelas consequências. Se o boato redundou em morte, a pessoa deve sim, responder por homicídio. Quem espalhou o boato que levou à morte da mulher por linchamento da mulher no Guarujá é tão responsável pela morte quanto quem bateu.
sábado, março 24, 2018
sexta-feira, março 23, 2018
Joyland, de Stephen King
Stephen King é mais conhecido pelos livros de terror. Entretanto, alguns dos melhores momentos dele foram em textos que pouco tinham do gênero, a exemplo da noveleta O corpo (que deu origem ao filme Conta comigo) ou o romance O corredor da morte (que deu origem ao filme À espera de um milagre). Em Joyland, King mostra que pode ser um mestre em outra modalidade: o policial.
A história se passa em um parque de diversões (o Joyland do título) assombrado por um assassinato: uma garota foi degolada no meio de um brinquedo (conhecido no Brasil como trem fantasma). O assassino nunca foi pego e tudo leva a crer que ele matou outras garotas. A moça assassinada aparece de tempos em tempos para trabalhadores do parque, pedindo ajuda.
O personagem principal é um jovem universitário que acabou de ser chutado pela namorada e aceita um trabalho provisório no parque. Juntam-se a ele dois outros estudantes: uma linda garota ruiva e seu namorado fortão e simpático.
Como o leitor certamente adivinhou, a trama gira em torno da tentativa de se descobrir quem é o assassino (e, numa óbvia contribuição Kingiana, acrescenta-se um garoto doente com dom mediúnico). Mas esse não é o forte de Joyland (embora providencie um final realmente eletrizante). O forte do livro é aquilo que King faz melhor: mostrar personagens cativantes em uma narrativa saudosista. O capítulo em que o garoto doente é levado para passear no parque é um dos pontos altos da obra – algo que só King, com sua narrativa rica e extremamente coloquial conseguiria fazer.
O livro emula os pulp fictions não só na trama, mas também na capa, com o título em fonte vintage, mostrando uma garota Hollywood com sua máquina fotográfica na mão olhando apavorada para alguém que se aproxima, tendo o parque de diversões ao fundo.
Esse estilo saudosista é bem resumido no trecho: “Essas são coisas que aconteceram há muito tempo, em um ano mágico em que o petróleo era vendido por onze dólares o barril. O ano em que meu coração foi partido. O ano em que perdi a virgindidade. O ano em que salvei uma linda garotinha de se engasgar e um velho bem cruel de um ataque cardíaco (...) Também foi o ano em que aprendi a usar uma língua secreta e a dançar o Pop Pop com uma fantasia de cachorro. O ano em que descobri que há coisas piores que perder uma garota”.
Surpreendentemente para King, o livro tem exatas 239 páginas, o que permite ler de uma sentada.
Novas Amazonas - quadrinho nacional no Catarse
Já está no ar a campanha para o lançamento do álbum das Novas Amazonas no Catarse que irá reunir as bravas guerreiras numa edição com 120 páginas, tamanho 16x25 cm. e 6 histórias, além de matérias exclusivas, galeria de imagens, notas de bastidores e muito mais.
Com roteiros assinados pelo premiado roteirista Leonardo Santana, as histórias são ilustradas por grandes artistas nacionais, como: Alex Barros, Allan Goldman, Daniel Brandão, Mauro Barbieri e Ricardo Anderson.
As Novas Amazonas é, ao mesmo tempo, uma série de ficção científica, aventura fantástica e também um drama que discute temas como ecologia, homossexualidade, o papel da mulher numa sociedade dominada por homens, e muitos outros assuntos sensíveis aos nossos dias.
Os apoiadores do projeto poderão adquirir o álbum por um preço promocional durante toda a campanhano Catarse e poderão adquirir várias recompensas exclusivas.
Para conhecer a apoiar este projeto, basta acessar o endereço: https://www.catarse.me/novasamazonas
Com roteiros assinados pelo premiado roteirista Leonardo Santana, as histórias são ilustradas por grandes artistas nacionais, como: Alex Barros, Allan Goldman, Daniel Brandão, Mauro Barbieri e Ricardo Anderson.
As Novas Amazonas é, ao mesmo tempo, uma série de ficção científica, aventura fantástica e também um drama que discute temas como ecologia, homossexualidade, o papel da mulher numa sociedade dominada por homens, e muitos outros assuntos sensíveis aos nossos dias.
Os apoiadores do projeto poderão adquirir o álbum por um preço promocional durante toda a campanhano Catarse e poderão adquirir várias recompensas exclusivas.
Para conhecer a apoiar este projeto, basta acessar o endereço: https://www.catarse.me/novasamazonas
quinta-feira, março 22, 2018
O conflito e o desafio do heroi
O motor de qualquer história em quadrinhos é o conflito. Os conflitos são as dificuldades encontradas pelo personagem principal para conseguir seus objetivos. Sem conflito, a história vira uma chatice só.
Imagine a seguinte situação: um grupo de jovens vai fazer um passeio pelo shopping. Saem de casa, divertem-se, voltam para casa em segurança. Pode ser um final feliz, mas não é uma boa trama. O que era para ser uma aventura virou um simples passeio pela ausência de conflito.
O ideal é que o desafio seja tão grande que o leitor acredite piamente que o protagonista não irá conseguir superá-lo. Exemplo disso é a história de Davi e Golias. Quem poderia imaginar que o franzino Davi poderia vencer o gigante Golias? Mas o heroi consegue superar o desafio por maior que ele seja, graças à sua inteligência ou força de vontade.
O desafio costuma ser tão difícil, tão assustador, que, na jornada do herói (esquema criado por Joseph Campbell no livro O heroi de mil faces), o terceiro passo costuma ser a recusa ao chamado. O herói hesita, diante do desafio gigantesco. Ou amigos e familiares tentam convencê-lo a desistir. Por essa razão, quase sempre o protagonista entra na história contra a vontade. Peter Parker, a princípio, pensa em usar seus poderes para ganhar dinheiro. Luke é forçado a entrar na jornada contra o império. Tony Stark só se torna o Homem de Ferro para salvar sua vida.
Quanto maior o desafio, quanto maior a dificuldade encontrada pelo protagonista, maior será o seu triunfo no final, e, portanto, maior a catarse, pois o triunfo do heroi é também o triunfo do leitor.
Exemplo perfeito disso é a história do Homem-aranha publicada na revista Spiderman 33, a obra-prima da dupla Stan Lee e Steve Ditko. Nela, tia May está no hospital e o heroi precisa levar um preparado químico que irá salvá-la. Mas ele acaba preso no meio de um monte de escombros e ferragens.
Em uma sequência fenomenal de três páginas, o aracnídeo tenta se livrar das ferragens. Ele tenta, desiste, tenta de novo. Os escombros são muitos e o desafio parece estar muito além de suas forças. Mas no final, motivado pela necessidade de salvar a tia, ele triunfa. O texto diz algo como "Qualquer um pode vencer um desafio menor. O valor está em superar grandes provocações".
Ou seja: uma aula de roteiro.
Imagine a seguinte situação: um grupo de jovens vai fazer um passeio pelo shopping. Saem de casa, divertem-se, voltam para casa em segurança. Pode ser um final feliz, mas não é uma boa trama. O que era para ser uma aventura virou um simples passeio pela ausência de conflito.
O ideal é que o desafio seja tão grande que o leitor acredite piamente que o protagonista não irá conseguir superá-lo. Exemplo disso é a história de Davi e Golias. Quem poderia imaginar que o franzino Davi poderia vencer o gigante Golias? Mas o heroi consegue superar o desafio por maior que ele seja, graças à sua inteligência ou força de vontade.
O desafio costuma ser tão difícil, tão assustador, que, na jornada do herói (esquema criado por Joseph Campbell no livro O heroi de mil faces), o terceiro passo costuma ser a recusa ao chamado. O herói hesita, diante do desafio gigantesco. Ou amigos e familiares tentam convencê-lo a desistir. Por essa razão, quase sempre o protagonista entra na história contra a vontade. Peter Parker, a princípio, pensa em usar seus poderes para ganhar dinheiro. Luke é forçado a entrar na jornada contra o império. Tony Stark só se torna o Homem de Ferro para salvar sua vida.
Quanto maior o desafio, quanto maior a dificuldade encontrada pelo protagonista, maior será o seu triunfo no final, e, portanto, maior a catarse, pois o triunfo do heroi é também o triunfo do leitor.
Exemplo perfeito disso é a história do Homem-aranha publicada na revista Spiderman 33, a obra-prima da dupla Stan Lee e Steve Ditko. Nela, tia May está no hospital e o heroi precisa levar um preparado químico que irá salvá-la. Mas ele acaba preso no meio de um monte de escombros e ferragens.
Em uma sequência fenomenal de três páginas, o aracnídeo tenta se livrar das ferragens. Ele tenta, desiste, tenta de novo. Os escombros são muitos e o desafio parece estar muito além de suas forças. Mas no final, motivado pela necessidade de salvar a tia, ele triunfa. O texto diz algo como "Qualquer um pode vencer um desafio menor. O valor está em superar grandes provocações".
Ou seja: uma aula de roteiro.
Os companheiros do crepúsculo
Entre os artistas franceses da nova geração, surgidos na década de 1970, um nome se destaca não só pela qualidade dos desenhos, mas, principalmente, pelo ótimo roteiro. Trata-se de Français Bourgeon, criador da série Companheiros do Crepúsculo.
Bourgeon nasceu em Paris, França, em 1945 e começou sua carreira artística pintando vitrais em catedrais e restaurantes da Inglaterra. Esse começo ia ter grande influência em seu trabalho posterior, principalmente no detalhismo de seu traço.
Em 1973 ele começou a desenhar a série infantil Brunelle et Colin (com texto de Robert Genin) para a revista Lissete, mas seu primeiro trabalho mais autoral só viria em 1978, quando ele desenhou Malthe Guillaume para o texto de P. Dhombe.
Em 1979 surgiu a primeira série com roteiro seu, Passageiro do Vento, um clássico dos quadrinhos europeus. A personagem principal da série é Isa, uma moça boa de tiro que se veste de homem para trabalhar num navio.
Bourgeon conta que começou a fazer passageiros do vento para aproveitar seus conhecimentos sobre a marinha do século XVIII: ¨Pensei em fazer uma aventura de corte bastante clássico, no espírito das novelas de capa e espada... depois a aventura ficou em segundo plano e me dediquei a explicar a relação entre os personagens¨.
A série tem cinco álbuns. Os melhores são os três últimos, quando Isa, o marido e uma amiga vão para a África a bordo de um navio negreiro. Bourgeon mostra em detalhes o funcionamento do tráfico de escravos, o modo de vida dos negros, a relação entre as tribos (muitas da quais viviam de vender escravos aos brancos).
Embora a HQ denuncie as atrocidades cometidas contra os negros, os personagens não se dividem em heróis e vilões. Ao contrário, são tridimensionais, na tradição da boa literatura.
Em 1983, Bourgeon lança seu trabalho mais importante: a série Companheiros do Crepúsculo. Dessa vez a história se passa na Idade Média, que é mostrada com um realismo poucas vezes visto nos quadrinhos, inclusive em termos de violência. O autor mostra a fome, a peste, a luta entre plebeus e a nobreza... em um das seqüências, um grupo de soldados passa por uma vila, vindos da guerra e destroem tudo, violentam as moças, matam os homens e usam a barriga de uma gestante como alvo para sua flechas. Tudo baseado em fatos reais, documentados.
A história também flerta com o fantástico ao mostrar duendes e tradições da magia celta.
Os personagens principais são um cavaleiro de rosto deformado, que anda à procura da morte para acertar umas contas; um pajem que foi encontrado pendurado em uma forca e Mariotte, uma rapariga ruiva.
A moça acaba se tornando a personagem principal da série: ¨As mulheres têm em minhas histórias o mesmo papel que têm na vida de muitos indivíduos. Sem mulher eu não existiria, sem ela a vida não teria muito interesse¨.
Outro aspecto interessante em Companheiros do Crespúsculo é o fato do leitor nunca saber ao certo o que é realidade e o que é sonho. Essa impressão é particularmente forte nos dois primeiros números. No terceiro álbum, Bourgeon tornou mais realista a história, dedicando-se a analisar as relações sociais na época da Idade Média.
Em tempo: Companheiros do Crepúsculo foi publicado no Brasil em volume único pela editora Nemo.
quarta-feira, março 21, 2018
Redação científica: resenha
Uma resenha, ao contrário do que imagina a maioria das pessoas,
não é um resumo de uma obra. A resenha exige uma leitura atenta e conhecimento
sobre o assunto a ser resenhado.
Historicamente, a resenha surgiu da necessidade de escolha entre
diversos livros que estavam sendo publicados. Como escolher entre tantas obras?
O resenhista era a pessoa que lia, fazia o comentário e dava ao leitor
informações que permitiriam saber se interessava ou não ler a obra original.
Essa função ainda é cumprida atualmente pelos cadernos de cultura dos jornais,
que apresentam resenhas sobre livros, filmes e até CDs. Um interessante site de
resenhas é o Digestivo Cultural (www.digestivocultural.com.br)
Normalmente, também revistas científicas apresentam resenhas.
Nesse caso, o resenhista deve ser um pouco mais cuidadoso, pois ele estará
falando para pessoas especialistas em determinada área de conhecimento.
Muitos autores têm classificado a resenha, mas a que parece
mais adequada é a divisão entre resenha literária e resenha científica. A
literária se destina ao público leigo e tem menos elementos obrigatórios. O
objetivo é apenas apresentar informações sobre uma determinada obra, dando ao
leitor condições de escolher se quer ou não comprá-la.
A resenha científica deve, além disso, apresentar a
importância científica da obra, o paradigma do autor, entre outras informações.
Abaixo, alguns elementos necessários a uma resenha:
Referência bibliográfica completa
O resenhista deve colocar, no início da resenha, todos os elementos
bibliográficos, de acordo com as regras da ABNT. No caso de uma resenha
literária, bastam o título do livro, o nome do autor e a editora.
Credenciais do autor
Informações sobre o autor,
em especial sua formação universitária, títulos e livros publicados.
Resumo da obra
(digesto)
Aqui se resume as idéias principais do autor. É
aconselhável que dê uma visão geral da obra, e haja um aprofundamento de um
capítulo ou mais.
Conclusões da
autoria
Qual é a tese do autor? O que
ele quer provar com seu livro? A que conclusões ele chega?
Metodologia
Qual foi a metodologia
utilizada pelo autor? O texto é apenas um ensaio, ou é resultado de uma
pesquisa de campo? Sua pesquisa é qualitativa ou quantitativa?
Quadro de referências do autor (paradigma)
Qual é o paradigma no qual
o autor sustenta suas idéias? Cada área de conhecimento tem seus paradigmas
específicos. Nas ciências sociais, por exemplo, há o paradigma marxista, o
positivista/funcionalista, o estruturalista...
Crítica do
resenhista
Esse é o momento em que o resenhista faz sua
análise da obra. Qual a sua importância? Que contribuição ela traz para o seu
campo de estudo. Como é a linguagem do autor? Simples, clara, complexa,
rebuscada? O livro aprofunda os assunto estudados?
Indicações do
resenhista
A quem se destina a obra?
Quem poderia se interessar por ela? O leitor precisa ter algum tipo de
conhecimento prévio para compreender o livro? É um dos itens mais importantes
da resenha.
Nem sempre é possível fazer uma resenha com todos esses
elementos e já li ótimas resenhas que não de fato não tinham um ou mais
elementos apresentados acima.
Também é importante dizer que esses elementos foram divididos
por questões didáticas, mas a maioria dos autores faz um texto corrido no qual
aparecem as informações necessárias de uma resenha.
A
resenha científica deve evitar expressões pessoais.
EXEMPLO DE RESENHA
BERLINSKI, David. O advento do algoritmo: a idéia que governa o mundo. São Paulo:
Globo, 2002.
Gottfried von Leibniz foi um dos
maiores gênios do século XVII. Ele se movia com facilidade pela matemática,
filosofia e direito. Além disso, ele se envolveu em projetos de prensa
hidráulica, horticultura e construção de moinhos de vento. Mas Leibniz
acalentava um projeto especial: criar uma enciclopédia que contivesse todos os
conceitos humanos. Ele acreditava que, por mais que pudesse haver muitos
conceitos complexos, a quantidade de conceitos simples deveria ser pequena. E,
se existe um número finito de conceitos simples, deve haver no pensamento um
princípio de organização, que orquestre o modo como são combinados. No final, o
filósofo concluiu que existem apenas dois conceitos simples: Deus e o Nada. A partir desses dois, todos os
outros poderiam ser construídos.
A idéia, que parece absurda e sem
nenhuma utilidade prática, é, na verdade, um dos mais úteis instrumentos da
atualidade. Sem ela os computadores não seriam possíveis. Os conceitos de Deus
e Nada de Leibniz são a base do 0 e 1, a linguagem binária usada pelos computadores
digitais. Toda informação que adentra um computador, por mais complexa que
seja, é transformada em uma série de 0 e 1, ou Deus e Nada.
Leibniz foi, portanto, o avô do
algoritmo, um sistema lógico que tornou possível os computadores. É a história
da criação do algoritmos que David Berlinsk, professor norte-americano de
lógica matemática, conta em O Advento do Algoritmo.
Berlinski é
doutor pela universidade de Princenton e contribui regularmente com a revista
Comentary. Seus ensaios sobre o darwinismo e o big bang ficaram famosos. É
autor de três romances e cinco obras de não-ficção, entre elas O Legado de
Newton, que será lançado em breve no Brasil pela editora Globo.
O autor faz um
ensaio histórico, demonstrando a evolução da lógica matemática que levaria à
criação do algoritmo.
O livro pode parecer um volume
hermético, de interesse único dos viciados em matemática, lógica e
computadores, mas não é. Berlinski tem uma linguagem simples e um jeito muito
agradável de falar de coisas complicadas. Além disso, ele é um tanto poético,
às vezes exageradamente poético. Ao falar da lógica aristotélica, ele se refere
à decadência do Império romano da seguinte forma: “A cultura brilhante e única
dos gregos antigos se exauriu quando o sol ainda brilhava. Os bárbaros
começaram a vagar pelas margens rotas e esfarrapadas do Império Romano”.
O volume tem momentos exclusivamente
literários, como aquele sobre um homem que vendia sonhos, colocado ali para nos
fazer ver que sonhar com a verdade pode ter um preço muito caro.
Um preço muito caro pagou o lógico
inglês Alan Turing, que se suicidou comendo uma maçã envenenada.
Turing
percebeu que muitas vezes seres humanos faziam trabalhos mecânicos, que podiam
perfeitamente ser feitos por um computador e imaginou uma máquina capaz de
realizá-los. Ele partiu da idéia de Leibniz, de que conceitos complexos podem
ser expressos através de conceitos simples. Ou seja, todas as coisas poderiam
ser expressas através de dois símbolos, 0 e 1. Ou melhor, um, pois o 0 é a
ausência de símbolo.
O computador de Turing teria uma fita
infinitamente longa dividida em quadrados. Teria também um mecanismo de leitura
que poderia realizar três operações: 1) ler os símbolos nos quadrados; 2)
mover-se pelos quadrados, de acordo com uma programação; 3) imprimir símbolos
nos quadrados.
Um exemplo simples e, ao mesmo tempo,
maravilhoso de utilização da máquina de Turing é a soma 1 + 1. O número 1 é
expresso através de dois símbolos, 11. O espaço em branco representa o sinal de
somatória. Assim, 1+1 seria expresso da seguinte maneira: 11 espaço11. A
seguir, basta dar uma programação à máquina.
A programação
é a seguinte:
A leitura se
move para a direita até encontrar um espaço vazio e, então, imprime 1.
Os
sinais, que eram 11 11, ficam 11111.
A seguir ela se move novamente para a
direita até encontra um espaço em branco, sinal de que agora ela deve se mover
para a esquerda e, ao invés de imprimir, deve apagar os dois primeiros da
esquerda e, então, parar. O símbolo resultante é 111, justamente o símbolo do número
dois.
Simples e extremamente eficiente.
O método proposto por Turing permite
que computadores possam processar qualquer informação usando apenas o Deus e o
Nada.
Só por nos mostrar que idéias aparentemente sem
nenhuma utilidade prática podem se tornar extremamente importantes (e, de certa
forma, governar o mundo), o livro de Berlinski já valeria a pena. Como se isso
não bastasse, a editora Globo fez um belo trabalho gráfico, com uma capa
belíssima e uma encadernação de primeira. Uma leitura obrigatória para os
interessados em lógica matemática ou em computadores.
A arte única de Wallace Wood
Wallace Wood foi um dos mais emblemáticos desenhistas da EC Comics, editora que revolucionou os quadrinhos na década de 1950. Seu traço se encaixava perfeitamente no gênero ficção-científica, embora ele também fosse um ótimo desenhista de humor (sua sátira do Super-homem no supermercado é uma das histórias mais lembradas da fase clássica da revista). Ele era também um mestre em desenhar mulheres, dando ao seus trabalhos um toque erótico. Um dos seus poucos trabalhos com super-heróis foi no Demolidor.
terça-feira, março 20, 2018
A maldade humana
Uma das questões mais antigas da filosofia é: o homem é bom?
Existe uma bondade natural ao homem ou ele é, essencialmente mal? Durante anos
acreditei que o homem era bom. Atualmente acredito que o ser humano não é
intrinsicamente mau, mas a humanidade se inclina na direção da maldade.
Para explicar, preciso remeter aos comportamentos coletivos
e à estrutura do cérebro. De maneira simplificada, podemos dizer que o cérebro
é dividido em três partes: o complexo reptiliano, nosso cérebro mais antigo,
responsável pelos instintos mais básicos do ser-humano (sobrevivência, sexo,
comida). Depois dele temos o complexo límbico, um cérebro mais recente, que
governa as emoções e o instinto de manada, a necessidade de pertencer a um
grupo. Finalmente, temos a parte mais avançada de nosso cérebro, o neocórtex,
responsável pelo pensamento lógico e pela linguagem.
Segundo a psicologia de massas, o complexo límbico está
associado ao comportamento de massa, enquanto o neocórtex governaria o
comportamento do público.
A maioria das pessoas não acordaria e daria um tiro no
vizinho enquanto ele lhe dá bom dia. Esse
é um comportamento que se espera de psicopata. Entretanto, em vários momentos
da história da humanidade temos visto grupos de pessoas agindo com extrema
violência, como se fosse possível transformar em psicopatas toda uma comunidade
– do Estado Islâmico ao nazismo passando pelo massacre em Ruanda. Como explicar
isso?
A resposta está justamente na necessidade, imposta pelo
complexo límbico, de fazer parte de um grupo. Pessoas escolhem seus grupos e se
entrincheiram neles. Sejam igrejas, torcidas de futebol ou ideologia política.
Grupos que se organizam em torno de uma liderança. Pessoas precisam de alguém
que lhes diga como pensar, como agir, como decidir o que é certo e o que é
errado. Não é à toa que religiões que estimulam o livre pensar não fazem
sucesso (ou com o tempo se modificam no sentido de se tornarem modelos
prontos).
Apesar de crescerem, as pessoas continuam sendo crianças,
que necessitam de alguém a quem seguir. Fazer parte de um grupo lhes traz
conforto e segurança. O grupo dá poder ao indivíduo. Exemplo disso é garoto que
é valentão quando está com sua gangue, mas absolutamente covarde quando está
sozinho.
Por outro lado, quem não faz parte do grupo passa a ser
visto com desconfiança, como um potencial inimigo. E, quem não faz parte de
nenhum grupo, ou de grupos minoritários, parece ainda mais perigoso. Costuma-se
dizer que as pessoas têm medo do diferente, mas na verdade, elas têm medo de
quem não faz parte de seu grupo. A
perseguição a quem não faz parte do grupo explica tanto a caça às bruxas quanto
o buyilling. As bruxas eram mulheres “estranhas”, que não se encaixavam na
sociedade da época. Portanto, eram uma ameaça ao grupo. O mesmo ocorre com as
vítimas de buyilling nas escolas. É muito raro que sejam atormentado por alguém
individualmente, a violência vem sempre de grupos que, no fundo, o consideram
um inimigo.
Pode-se imaginar que esse comportamento violento com o outro
seja uma exceção, mas dois episódios mostram que essa violência pode contaminar
qualquer grupo.
O primeiro deles ocorreu quando um professor de uma escola
secundária norte-americana em 1967, em Palo Alto, Califórnia, resolveu fazer
uma experiência com seus alunos para recriar a atmosfera da Alemanha nazista.
Ele os envolveu numa comunidade que dava valor à coletividade, em desfavor do
indivíduo. Havia um símbolo, saudações, disciplina e um slogan: “Poder,
Disciplina e Superioridade” A experiência, no entanto, acabou saindo do
controle. O grupo, que começou apenas em uma turma foi se alastrando pela
escola e logo seus integrantes estavam atacando quem não aderia a ele. O caso
deu origem a um famoso filme “A onda”.
Outro episódio foi o experimento da prisão de Stanford,
levado a efeito em 1971 em que voluntários foram divididos em dois grupos – um
de prisioneiros, outro de guardas. O que começou como uma experiência normal
logo saiu do controle, com os guardas humilhando, torturando e violentando os
presos. Como na época vivia-se o auge da guerra do Vietnã, a maioria dos
voluntários pretendia ser prisioneiros, levando os pesquisadores a escolherem
no cara e coroa quem seria quem. E muitos daqueles que eram contra a guerra se
viram transformados em guardas violentos e abusadores. No final, o experimento
que deveria durar duas semanas durou apenas seis dias. Sabe Deus o que
aconteceria se tivessem ido em frente.
Outro experimento, levado a cabo pelo por Stanley Milgran
mostrava o quanto as pessoas podem ser cruéis quando obedecem a uma autoridade.
Voluntários eram colocados diante de uma máquina de choques. Do outro lado
supostamente havia outro voluntário, que deveria responder a algumas perguntas.
Para cada resposta errada, o aluno levava um choque, que ia aumentando de
gradação. Mesmo acreditando que poderiam estar matando a pessoa do outro lado,
mais de 60% das pessoas continuou acionando o aparelho porque era isso que lhe
era ordenado pela autoridade presente (o pesquisador). Alguns o faziam de forma
constrangida, mas faziam. Poucos se recusavam a continuar torturando a pessoa
do outro lado. O mesmo pode ocorrer com qualquer pessoa se o grupo á qual
pertence lhe der uma ordem semelhante. O medo de não fazer parte do grupo faz
com que obedeçam a um líder carismático, mesmo que a ordem seja prender,
torturar ou matar alguém.
É por isso que sistemas totalitários são tão sedutores.
Fazer parte de um grupo dá uma sensação de conforto. Nesse sentido, George
Orwell em seu livro “1984” estava errado. O autoritarismo não é algo que é
imposto às pessoas, mas algo pela qual elas anseiam, na necessidade de fazerem
parte de um grupo.
A diferença entre um pai de família pacato e um carrasco
nazista ou um terrorista do Estado Islâmico é uma só: alguém que lhe diga que o
grupo está em perigo, alguém que aponte um inimigo do grupo. A maioria das
pessoas estará disposta a perseguir, torturar e até mesmo matar outras pessoas
se o líder do grupo à qual pertence assim ordenar e se alternativa for ser
excluído do grupo. Os fanáticos religiosos que lincharam a filósofa Hipátia em
Alexandria são um exemplo disso. Incitados por seus líderes religiosos, aqueles
cristãos acreditaram que alguém que pensava diferente deles deveria ser
eliminado por constituir uma ameaça, por mais irracional que isso pudesse
parecer – que tipo de ameaça uma mulher poderia exercer sobre uma religião que
já estava instituída e oficializada?
Outro exemplo perfeito disso temos cotidianamente nas brigas
de torcidas. A maioria daquelas pessoas são absolutamente normais em seu
cotidiano, mas se tornam violentas quando estão em grupo e esse grupo se
encontra com o inimigo. Talvez aquelas pessoas convivessem lado a lado sem se
agredirem caso se encontrassem no metrô e uma não soubesse a que grupo a outra
pertencia.
Até mesmo grupos de minorias muitas vezes se deixam dominar
pelo ódio ao inimigo. Assim, muitas vezes o movimento feminista se torna um
movimento contra os homens, o movimento LGBT se torna um movimento contra os
heterossexuais e o movimento negro se torna um movimento contra os brancos.
Da mesma forma, grupos religiosos ou recreativos podem
rapidamente explodir em pura violência se forem direcionados a isso – e quanto
mais comprometida com o grupo, mais radical a pessoa será e maior a chance de
entrar na escalada de violência.
Por outro lado, os livres-pensadores são o público, são
indivíduos que colocam o pensamento crítico e a individualidade acima do grupo.
Podem até ter suas convicções, sejam religiosas, ideológicas ou de qualquer
outro tipo, mas para elas pertencer ao grupo jamais é o mais importante.
Livres-pensadores costuma sofrer com a desconfiança, quando
não com ataques diretos dos grupos. “Afinal, você é esquerda ou direita?” “Você
precisa escolher uma religião”, são exemplos da pressão que sofrem
cotidianamente. Em casos extremos, isso descamba na violência e morte, como nos
casos em que regimes autoritários se instalam. Livres-pensadores são sempre os
primeiros a serem perseguidos.
Essa conclusão, claro, lembra muito a ideia do filósofo
francês Jean-Jacques Rousseau, segundo o qual o homem é bom, mas a sociedade o
corrompe. Essa frase pode ser reformulada: o homem não é necessariamente bom ou
mal, mas a necessidade de fazer parte de um grupo na maioria das vezes o torna
mau.
Talvez um dia o ser humano evolua e livres-pensadores sejam
mais comuns que pessoas que fazem de tudo para serem aceitas por um grupo. Até
lá estaremos sempre caminhando na direção do holocausto.
Decadence
Decadence foi produzida para ser uma espécie de manifesto do novo tipo de horror que a dupla Gian Danton - Joe Bennett estava introduzindo no Brasil. Depois de uma rejeição inicial de alguns editores, o sucesso das primeiras histórias da dupla fez com que surgissem pedidos de novas histórias - e aí surgiu a ideia de fazer uma HQ que confrontasse o horror antigo, datado e o novo (não é à toa que o título da história é Decadence). Os dois quebraram a cabeça durante dias para tentar transformar isso numa trama, mas no final, a ideia acabou vindo num sonho de Gian Danton, que acabou sonhando até mesmo com a diagramação da história, logo transformada num rafe, seguido à risca por Joe Bennett. Decadence foi publicada na revisa Mephisto, terror negro.
A forma da água
Guilhermo del
Toro é um cineasta famoso por filmes de fantasia, com uso intensivo de efeitos
especiais (a exemplo de Hell Boy). Embora sempre tenha feito um sucesso
relativo, em especial entre os fãs do gênero, nunca o vimos arrebatando prêmios,
como no caso de A forma da água, sua mais recente película.
Por um lado, o
óscar de melhor filme mostra que a academia está mais aberta a esse tipo de
obra. Por outro lado, mostra uma evolução do diretor: A forma da água é muito
mais que um filme de fantasia com ótimo uso de efeitos especiais. É uma fábula
muito bem construída em que diversos elementos – da fotografia à trilha sonora.
Na história
acompanhamos a rotina solitária de uma faxineira muda que trabalha em um
laboratório do governo. Tudo muda com a chegada de uma criatura capturada no
rio Amazonas, um ser meio homem – meio peixe, que era considerado um deus pelos
indígenas. Em plena guerra fria, a criatura passa a ser disputada pelos dois
lados do conflito – seu pulmão capaz de respirar na água e na superfície pode
ser fundamental na corrida espacial. A trama gira em torno da relação da
faxineira com a criatura e a inusitada história de amor que surge desse
encontro.
A Forma da água
é uma história sobre desajustados, seres que vivem à margem da sociedade. A
história da criatura incompreendida e da faxineira muda são uma metáfora de
outros excluídos (no filme há referências diretas aos negros e gays, ambos
vítimas de forte preconceito, em uma época em que uma pessoa podia perder o
emprego apenas por descobrirem que ela era homossexual).
Em suma: um
filme bonito, sensível (que lembra, por exemplo, Edward Mãos de tesoura), em
que tudo se encaixa inclusive nos pequenos detalhes, como na gelatinha verde
servida pela esposa ao chefe de segurança.
Pena que uma
história tão bem construída tenha uma falha de roteiro tão gritante: a criatura
foi capturada no rio Amazonas, portanto em um rio de águas doces, distante
centenas de quilômetros do mar – mas na história precisa ficar imerso em água
salgada para não morrer.
segunda-feira, março 19, 2018
Redação científica: fichamento
O Fichamento é, na verdade, um instrumento de pesquisa, mas
é comum professores pedirem fichamentos como forma de testar a capa-cidade de
leitura e compreensão do aluno.
Originalmente, como instrumento de pesquisa, as fichas se
dividem em bibliográfica, de citações e de leitura.
FICHA BIBLIOGRÁFICA
A ficha bibliográfica é a primeira a ser feita e constitui a
primeira par-te de uma pesquisa. Nela anotamos todos os documentos (sites,
artigos em revistas, livros, textos em jornais) que possam ter qualquer tipo de
interesse para nosso trabalho.
Ela serve para que, depois, possamos ter uma boa idéia do
tipo de bibliografia com o qual podemos contar e onde se encontram esses documentos.
A estrutura da ficha bibliográfica é a seguinte:
-Tema da pesquisa
- Indicação bibliográfica das obras pesquisadas.
Exemplo de ficha bibliográfica
Cibernética
EPSTEIN,
Isaac. Teoria da informação. São
Paulo: Ática,1986.
EPSTEIN,
Isaac (Org.). Cibernética e comunicação.
São Paulo: Cutrix,1973.
PIGNATARI,
Décio. Informação. Linguagem. Comunicação.
São Paulo:Perspectiva, 1976.
FICHA DE CITAÇÃO
A ficha de citações
serve para anotarmos trechos das obras que pretendemos citar no trabalho. Ela é
muito útil, por exemplo, quando estamos lendo um livro da biblioteca, ou
emprestado por um amigo.
A estrutura da ficha de
citação é a seguinte: tema, bibliografia, citações entre aspas seguidas da
página onde estas se encontram.
EXEMPLO DE FICHA DE CITAÇÃO
Megalópolis
de informação
MCLUHAN,
M.; FIORE, Q. Os meios são as massa-gens.
Rio
de Janeiro:Record, 1969.
“A
cidade do futuro, de circuitos elétricos, não será esse fenomenal aglomerado de
propriedade imobiliária concentrada pela ferrovia. Ela adquirirá um significado
inteiramente novo sob condições de movimentação extremamente rápida. Será uma
megalópolis de informação. O que resta da configuração das cidades
´anteriores´se parecerá muito com as Feiras Mundiais –lugares onde se exibem
novas tecnologias, não Lugares de trabalho ou de moradia”. (p. 100)
FICHA DE LEITURA
A maioria dos
professores, quando pede o fichamento do um livro, está se referindo a uma
ficha de leitura, ou ficha de resumo. A estrutura dessa ficha é muito mais
completa e pode mudar de autor para autor. Aqui é usada uma estrutura básica,
que inclui: Tema, referência bibliográfica da obra, informações sobre o autor,
resumo, comentários e citações.
O exemplo
abaixo foi feito como instrumento de pesquisa para uma dissertação de mestrado
e inclui comentários sobre a possibilidade de utilização do livro no trabalho.
No caso de um trabalho pedido aos alunos como exercício de leitura, esse tipo
de comentário é dispensável. Aliás, quanto ao comentário, é melhor não tê-lo do
que ter comentários pessoais, do tipo “Não gostei desse livro” ou “Acho esse
livro muito importante”.
Exemplo
de ficha de leitura
Determinismo na ciência
EPSTEIN,
I. Teoria da Informação. São Paulo:
Ática, 1986.
Epstein é uma autoridade na área
de cibernética e teoria da informação. Foi autor de um dos primeiros livros
sobre o assunto publicados no Brasil: Cibernética e Comunicação, de
1971. Doutor em filosofia, é professor do Programa de Pós-graduação em Comunicação
da Universidade Metodista de São Paulo.
Esse, embora seja um livro de
introdução ao assunto, acabou se tornando uma referência obrigatória para a
Teoria da Informação. Epstein fala de códigos, mensagens, decifração de mensagens
codificadas, redundância e sintaxe. Outros temas: entropia, redundância, fontes
ergódicas e quantificação da informação.
De fundamental importância é o
terceiro capítulo: “O que é informação”. Nesse, Epstein trabalha o conceito de
entropia e explora os conceitos de Demônio de Maxwell e Demônio Laplaciano. O
Demônio Laplaciano é uma entidade imaginada por Laplace para explicar o determinismo
da natureza. De posse de informações sobre todas as partículas do universo,
seria capaz de prever o futuro. O Demônio de Maxwell, ao contrário, trabalha
com a indeterminação e opera utilizando a entropia a seu favor.
“A inteligência suposta por
Laplace seria onisciente, mas impotente para provocar qualquer modificação no
curso dos eventos. Restaria a ela um olhar entediado sobre o porvir, pois nada poderia
ocorrer que não tivesse já previsto” (p. 30-31).
A arte empolgante de John Cassaday
John Cassaday é um desenhista norte-americano famoso por sua capacidade de aliar precisão anatômica com grande capacidade narrativa de ação. Ele ficou conhecido a partir de 1999 quando desenhou a série Planetary, com roteiro de Warren Ellis. Outro trabalho de destaque foi Astonishing X-men, com roteiro do cineasta Joss Wheldon. Também tem feito capas para as séries Lone Ranger e Buck Rogers, da Dynamite.
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