quinta-feira, outubro 29, 2020

Mistérios no espaço: a revista de Fc da DC Comics

Na década de 1950, com a crise nos quadrinhos de super-heróis, as editoras tentaram vários gêneros alternativos. Um dos gêneros de maior sucesso foi a ficção-científica.
            Embora a FC existisse nas tirs de jornais desde o final da década de 1920, foi só na década de 1950 que os gibis do gênero começaram a fazer grande sucesso nos gibis. Strange adventures (1950) e Mystery in Space (1951), dois lançamentos da National, puxaram a fila. As revistas eram compostas de histórias curtas, sem continuação ou personagens fixos. A ação estourava em qualquer lugar do espaço ou em qualquer período temporal.
            A editora EC Comics, embora fosse especializada em terror, deu uma grande contribuição à FC nos quadrinhos, aproximando-a do que era feito na literatura. Aliás, Ray Bradbury, um dos grandes escritores do gênero, era fã e colaborador da editora.
            As histórias da EC eram instigantes, sempre com finais surpreendentes. Numa história, por exemplo, os terrestres vão ter seu primeiro contato com seres de outro planeta. À medida que se aproximam, contam, pelo rádio, a história da humanidade e de suas guerras. No final, ao descerem, descobre-se que os terrestres são ratos, a única espécie que sobreviveu a uma guerra atômica.
            Com a perseguição aos quadrinhos, os gibis de ficção da EC foram cancelados e os da National se tornaram inócuos, com histórias bobas, como a de um robô que precisa encontrar a cabeça na qual está a informação que salvará a terra.
            Em 1958, o escritor Gardner Fox voltar a dar vitalidade ao gênero, relacionando-o com os super-heróis. Ele recebeu, do editor Julius Schwartz, a missão de criar um herói espacial para estrelar a revista Mystery in Space. Então criou Adan Strange, um norte-americano que era arremessado a 25 trilhões de milhas no espaço ao ser capturado pelo raio zeta, indo parar no planeta Rann. Lá, usando apenas sua esperteza e um par de jatinhos que lhe permite voar, ele se torna o herói local.
            O sucesso de Adan Strange fez com que a DC encarregasse Gardner Fox de ressuscitar um herói da era de ouro, o Gavião Negro. Na versão clássica, ele era Carter Hall, a reencarnação de um príncipe egípcio. Na nova versão, era Katar Hol, um policial do planeta Thanagar que vem à Terra. Com arte de fenomenal de Joe Kubert, a série tornou-se um sucesso.
            Tanto o Gavião negro quanto Thanagar passaram a exercer papel fundamental na cronologia da DC Comics desde então. E uma versão feminina da personagem consta no ótimo desenho animado da Liga da Justiça, atualmente em exibição.

quarta-feira, outubro 28, 2020

Defenda o SUS

 







A arte fantástica de Keith Parkinson

Keith Parkhinson começou a se interessar por fantasia ainda criança. Quando cresceu, virou um especialista em ilustrações de RPG. Ilustrou jogos como Forgotten RealmsDragonlanceGamma WorldGuardiansEverQuestMagic: The Gathering e Vanguard: Saga of Heroes. Também ilustrou livros e revistas.














Homem-aranha – a saga original do clone


A saga do clone é um dos momentos mais controversos da história do aracnídeo. Arrastada, complicada, quase incompreensível, era um ótimo exemplo do que de pior a Marvel produziu na década de 1990. Entretanto, ela é baseada em uma ótima HQ, publicada aqui pela editora Salvat na coleção definitiva do Homem-aranha.
Escrita por Gerry Conway e desenhada por Ross Andru, uma das melhores duplas já reunidas no título do Aranha, a saga surgiu para resolver um problema: Gwen Stacy, a namorada do herói, havia morrido em um dos momentos mais dramáticos dos quadrinhos de todos os tempos. Mas Stan Lee, que não tinha sido consultado, não gostou. E exigiu que a equipe trouxesse a personagem de volta. Hoje em dia é comum um herói morrer de manhã e aparecer à tarde tomando café, mas naquela época, na Marvel, quando alguém morria, morria mesmo. Trazer de volta alguém que havia batido as botas era considerado uma quebra do pacto de verossimilhança.
Então, a solução foi trazer Gwen de volta na forma de um clone.
A solução poderia parecer forçada nas mãos de uma equipe menos habilidosa. Mas Conway e Andru transformaram isso num verdadeiro clássico dos quadrinhos, a começar por todo o suspense. O clone é apresentado aos poucos, deixando o leitor indeciso sobre o que está vendo.
O álbum da Salvat inicia com uma edição anterior, Spiderman 129, que apresenta o personagem Chacal. Depois pula para uma história em que Peter Parker viaja para Paris e enfrenta um vilão chamado Ciclone. Geralmente essa história em duas partes é pulada e não sem razão: é um ponto fora da curva, com um vilão ridículo, que o aracnídeo derrota usando um ventilador!
Mas na edição seguinte, vemos a dupla Conway-Andruu no seu melhor, a começar pela splash page na qual Peter Parker, ao ver Gwen, acha que enlouqueceu.

Andru é um especialista na figura humana e sua composição é perfeita, com Peter Parker no centro, sentado no degrau da escada, os olhos vidrados, em posição fetal, sendo atormentado pela figura espectral do Homem-aranha, que lhe diz coisas como: “Finalmente aconteceu, não é? Depois de todos esses anos, depois de todas essas batalhas que lutou sendo eu... você finalmente surtou”. E, ao fundo, Gwen Stacy estática, como um fantasma assombrando Parker.
O texto de Conway é fluído, parecendo ter sido escrito de maneira automática, e explora bem tanto a ação quanto os aspectos psicológicos do personagem. E a arte de Andru contribui para ainda mais para isso.
É interessante notar, por exemplo, porque Conway gostava mais de Mary Jane: Gwen Stacy parece uma garota dos anos 1960, enquanto Mary Jane é uma descolada garota dos anos 1970. Essa diferença entre elas fica nítida tanto nas roupas que usam quanto na personalidade.
Lendo esse álbum percebemos porque a revista do aracnídeo se tornou a mais vendida da Marvel. Pena que essa obra-prima tenha dado a origem a um dos momentos mais constrangedores da história do Homem-aranha de todos os tempos. 

Saco de ossos, de Stephen King


Saco de ossos, de Stephen King, é uma história trivial, mas contada com um domínio perfeito das técnicas narrativas.
A história é sobre uma viúva jovem e bonita em disputa com sogro milionário pela guarda da filha. Para isso, ela conta com a ajuda de um escritor de livros de sucesso.
Claro que se trata de uma história de Stephen King e não poderia faltar o elemento sobrenatural. No caso, são os espíritos que se comunicam, principalmente através de imãs de geladeira no formato de letras, com o escritor.
O que há de melhor em King não é necessariamente o terror, mas a forma como ele conta o cotidiano dos personagens. King chega a ser obsessivo nos detalhes, mas no final parecemos conhecer tão bem os personagens como se eles fossem amigos de infância.
O grande domínio narrativo se mostra principalmente através do suspense. Suspense é falta de informação, é algo que precisa ser revelado.
Em Saco de ossos, temos os seguintes elementos de suspense: A mãe vai perder a guarda da menina? Quem é o fantasma que assombra a casa do escritor? A mulher do escritor estava realmente grávida quando morreu? Ela tinha um amante?
Tentar a responder a essas perguntas é uma das razões para seguir em frente nas quase 400 páginas do livro. A outra, claro, é o texto delício de King.

Tentou comentar no blog e não conseguiu?

 


- Gian, entrei no seu blog e tentei comentar numa matéria, mas não consegui. 
- Infelizmente eu tive que bloquear os comentários. 
- Mas por quê? 
- Olha o tipo de comentário que os bolsominions estavam postando. 
- Caramba, são dezenas de comentários iguais o cara já começa te chamando de stalinista! 
- Pois é, é o culto à personalidade. Como eles consideram o Bolsonaro um semi-deus, qualquer um que não o idolatre só pode ser comunista. E pode colocar na conta vários outros "comunistas": Jim Starlin vira comunista, Raul Seixas vira comunista, Alan Moore vira comunista. E, para eles, comunista precisa ser preso. 
- O cara está te chamando de lulo-petralha?!!!
- Pois é, eu que nunca votei no PT, que sempre critiquei o PT de repente virei petralha só porque me recuso a idolatrar o mito. 
- E você praticamente nem fala de política no seu blog. 
- Pois é. Mas a estratégia deles é Dart Vader: ou você idolatra o Capitão ou é comunista. Teve um "amigo" bolsominions que ameaçou me dar um soco só porque eu disse que político é para ser cobrado não para ser idolatrado. Outro disse que o pior tipo de "comunistas" são os "isentões": isentão aí significa alguém que se recusa a idolatrar o mito deles, mas ao mesmo tempo não idolatra o Lula, que se recusa a tecer elogios à ditadura militar, mas também não elogia a Coréia do norte. Antigamente para ser comunista precisava ser fã do Karl Marx, precisava ler o Manifesto Comunista, precisava acreditar em ditadura do proletariado. Hoje em dia, para ser comunista, basta não idolatrar o mito.
- Ele te acusa de cometer um gesto lulo-petista. Que gesto lulo-petista é esse?
- Me recusar a idolatrar o mito. Para quem escreveu esse comentário, qualquer um que não idolatre o mito está cometendo um gesto lulo-petista. Ou seja, na cabeça dele, está cometendo um crime.
- Caramba, estou lendo aqui. O cara está ameaçando te denuncia... Te denunciar para quem? 
- Para os militres, provavelmente. 
- Estou vendo aqui. Ele te acusa de doutrinar os alunos. Fui seu aluno e você nunca falou de política em sala de aula. 
- Deve ser porque uso camisas da Marvel em sala de aula. Dizem que estou doutrinando os alunos a gostarem da Marvel. Nisso, confesso, sou culpado. Mas em minha defesa posso dizer que gosto da DC quando ela é desenhada pelo Garcia-Lopez.... rsrs... 
- Nossa, o cara diz que vai fazer você perder o emprego! Chega até a te chamar de estelionatário! 
- Só faltou dizer que vai me prender e  torturar pessoalmente para que eu confesse todos os meues crimes...kkkk Tudo isso porque eu me recuso a idolatrar o Capitão. E é esse pessoal que diz que é a favor da liberdade. A liberdade que eles querem é a liberdade de poder denunciar e prender quem pensa diferente deles. E como você pode ver, postaram essas ameaças dezenas de vezes no blog antes que eu bloqueasse os comentários. É por isso que não é mais possível comentar no meu blog. Infelizmente, tive que bloquear essa possibilidade de contato com meus leitores por causa desse tipo de comentário ameaçador.   
- Assustador, melhor manter os comentários do blog fechados mesmo.  

Patrícia Swzen, a pet humana


Vivemos em um mundo em que as pessoas acreditam em tudo que encontram nas redes sociais, sem a menor preocupação em pesquisar a validade da informação. Com isso histórias falsas circulam facilmente. Algumas são inocentes. Outras podem até matar, como nos casos de linchamentos provocados por boatos (já tivemos pelo menos três no Brasil).
Assim, quando precisei fazer um trabalho final para a disciplina Arte e novas tecnologias (ministrada por Edgar Franco na FAV-UFG), pensei em fazer uma obra que alertasse sobre os hoax na internet.
Usando como base o universo pós-humano criado por Edgar Franco, eu e José Loures criamos a história de Patrícia Swzen, uma moça catarinense que iria para a China passar por uma cirurgia que a transformaria em uma mistura de humana e animal (nós nunca deixamos claro, mas provavelmente ela seria uma mistura de humano com felino).
Criamos uma carta fake na qual Patrícia contava sua história e soltamos nas redes sociais. Além disso, enviamos essa carta para diversos veículos de imprensa.
Como imaginávamos que algumas pessoas poderiam ficar curiosas a ponto de procurarem pela personagem, criamos seu perfil no Facebook, como se ela fosse uma pessoa real (o perfil existe até hoje e recebe até mesmo felicitações de aniversário).
A história foi criada e espalhada em 2014 e logo se alastrou, com muitas pessoas acreditando na mesma - e chegou a ser destaque no podcast do Omelete.
Também chegamos a fazer um vídeo com uma narrativa visual apresentada em congresso de arte, a partir da história.
Quando estava no auge, revelamos a farsa. O recado era claro: desconfie de tudo que você ver nas redes sociais, sempre pesquise antes de compartilhar.
A página sobre a Pet Humana ainda existe e pode ser acessada aqui https://www.facebook.com/hqpethumana/
Em tempos: o uso de fakes não é novidade na arte. Vários outros artistas já usaram o recurso como forma de refletir sobre os mais variados assuntos, inclusive sobre a própria arte. Existe inclusive um filme de Orson Welles, F for Fake que aborda o tema.

Roteiro para quadrinhos: finalizando a história

 O final de uma história em quadrinhos é um dos momentos mais importantes da trama. Quantas vezes já não ficamos com vontade de jogar o gibi no lixo depois de ler o final de uma história?

Apresento aqui algumas estratégias de finalizar a história.

Uma das possibilidades é terminar com uma ironia do destino.

É um final típico do seriado Além da imaginação, que tornou esse recurso célebre.


Num dos episódios mais famosos, um bancário quer, a todo custo, ler seus adorados livros, mas nunca consegue. É a esposa que manda a todo momento ele fazer algum trabalho doméstico, é o chefe que o flagra lendo em serviço e lhe dá uma bronca. À certa altura ele entra no cofre do banco para finalmente conseguir ler um pouco. Nesse meio tempo, acontece uma guerra nuclear. Quando finalmente ele sai do cofre, descobre que ele é o único sobrevivente, mas que todos os livros da biblioteca foram poupados e entra em êxtase. Finalmente ele teria tempo de ler seus livros prediletos! É quando seus óculos caem e quebram!

Nos quadrinhos, o mais célebre exemplo de final irônico é, provavelmente, Watchmen. Todo o plano ousado de Ozymandias pode ser cair por terra por causa da escolha de um idiota.


Já o final surpresa é típico das histórias de terror. Nesse tipo de estratégia o leitor descobre no final da história que tudo que ele imaginava até ali sobre a trama e até sobre os personagens estava errado. O final surpresa pode ser um verdadeiro desastre, mas, se bem feito, pode se tornar célebre e até levar o leitor a refletir sobre o mundo à sua volta.


No cinema o final surpresa mais famoso de todos os tempos é, provavelmente, o Gabinete do Dr. Caligari. No início da história vemos um rapaz contando a história de um louco chamado Caligari que, usando sonambolismo, fazia um gigante realizar vários assassinatos. No final, descobrimos que o narrador é louco e que Caligari é na verdade o diretor do hospício. Mas já havia indícios de que essa era a verdade: os cenários expressionistas representavam o ponto de vista de um louco.

Nos quadrinhos da EC Comics o final surpresa chegou a pontos realmente antológicos. Em uma história, por exemplo, uma garota é estuprada em uma pequena cidade do interior. Um forasteiro é preso. O xerife finge facilitar sua fuga, mas é só uma estratégia para entregá-lo para uma multidão enfurecida. No final descobrimos aquilo que já deveríamos saber se estivéssemos prestando atenção aos detalhes: o xerife era o verdadeiro estuprador.

Outra maneira engenhosa de terminar uma história é com a elipse: a história começa como terminou.

Essa é uma estratégia particularmente útil em histórias humorísticas. Por exemplo, a história podem mostrar uma família embarcando numa viagem absolutamente desastrosa. Depois, todos dizem: Nunca mais! No final, vemos essa mesma família, um ano depois embarcando numa viagem que pelas pistas visuais será outra roubada.

Em uma das minhas histórias para a série de álbuns Clássicos revisitados eu mostrava uma dupla de garotos extraterrestres provocando, inadvertidamente, a extinção dos dinossauros. No final, após descobrir o que tinham feito, eles resolvem voltar para a terra, na França de 1789 e tudo leva a crer que eles irão provocar a revolução francesa.



O final em elipse pode se dar em termos visuais: Piada Mortal começa com a chuva e depois Batman e Coringa conversando. E termina com Batman e Coringa conversando e depois a chuva.

Aliás, Piada Mortal é exemplo de um outro tipo de final: quando a história trata de um tema, ela deve terminar retornando ao tema. O tema de piada mortal é a relação doentia entre Batman e Coringa e é isso que vemos no início (Batman tentando estabelecer algum diálogo para que não aconteça o final previsível dos dois se matarem) e no final de significado aberto (que alguns interpertam como o Batman matando o vilão).

Finalmente, uma outra maneira de terminar a história pode ser com uma reflexão do protagonista ou mesmo do narrador. Essa reflexão pode ser sobre o impacto dos acontecimentos daquela HQ sobre a vida do personagem, ou pode ser sobre o próprio protagonista.

Praticamente todas as histórias do Homem-aranha da fase de Stan Lee e Joh Romita terminavam assim. No número 46 de The Amazing Spiderman, por exemplo, vemos Peter Parker refletindo: “Naquele dia fatídico em que me tornei o Homem-Aranha talvez tenha havido mais do que uma mudança física. Talvez, ao receber outra identidade, eu tenha me tornado incapaz de ser feliz!”.

Final encadeado é um tipo de final que só pode ser usado em histórias curtas e cujo roteirista tem controle do processo de edição.

Nele, uma história só termina de fato na história seguinte. A primeira tem um final fraco, que deixa no leitor uma impressão ruim, de algo mal acabado. Mas na história seguinte as duas histórias se interligam no mesmo final, deixando o leitor surpreso e maravilhado.

Um exemplo desse tipo foi publicado pela EC Comics e republicado no Brasil na revista Cripta do Terror 1.




Na primeira história, intitulada “Um é pouco...”, uma femme fatale vive de enganar homens e tirar-lhes todo o dinheiro, deixando-os na miséria. Depois de arruinar sua mais recente vítima, ela conhece uma velhinha endinheirada num bar, que lhe propõe morar com ela para lhe fazer companhia. A golpista percebe ali uma chance de se dar bem novamente, mas quando chega na casa da velhinha descobre que ela tem um filho enlouquecido depois de ter sido abandonado por uma mulher que só estava interessada em seu dinheiro. A história termina com o rapaz matando a moça.

Um final fraco, não? Espere a próxima história intitulada “...dois é demais”. Nela um homem de meia idade mata a esposa, a enterra no porão e diz para a polícia que ela fugiu. Mas um detetive resolve investigar e logo voltará com um mandato para revistar a casa. O marido então corta todo o corpo, coloca-o num baú e viaja para outra cidade. Sua ideia é esquecer o baú com o corpo no trem. Mas quando vê o detetive seguindo-o, percebe que ele irá revistar o baú e troca a etiqueta do baú com o corpo de sua esposa por um outro baú igual, que acha no compartimento de cargas. Quando o detetive abre o baú...há um corpo lá dentro! Então vemos um último quadro no qual o rapaz enlouquecido da primeira história pergunta à mãe o que ela fez com o cadáver da garota que ele havia matado. E ela responde que o havia despachado dentro de um baú num trem! O final fecha as duas histórias com uma reviravolta realmente genial.

Essas são algumas possibilidades de finais para histórias. É bom lembrar, no entanto, que o único limite para as possibilidades de finais é a imaginação do roteirista.

terça-feira, outubro 27, 2020

A incrível história do garoto que tinha pelos nas mãos


Essa é realmente do fundo do baú. A incrível história do garoto que tinha pelos nas mãos foi provavelmente a minha primeira colaboração com o Antonio Eder. Deve ter sido feita ali pelo ano de 1994, logo que me mudei para Curitiba. Pelo que lembro, o Antonio me mostrou um rafe de uma história sobre um garoto que tinha pelos nas mãos, mas não sabia como terminar. Eu dei a ideia do final e escrevi o texto. Essa história fez sucesso na época, tendo sido publicada por pelo menos uma dezena de fanzines.

O Antonio não só guardou a HQ, como guardou também o roteiro. Na época eu escrevia em lauda jornalística (o Franco de Rosa havia me dado uma quantidade enorme de laudas de uma revista de Rock da Nova Sampa. É possível observar no roteiro que eu só coloquei o texto, numa espécie de Marvel Way. A razão disso é que o Antonio já tinha feito todo o rafe da história, então não era necessário colocar as descrições dos quadros. Uma curiosidade aí também é que o texto datilografado está riscado e corrigido a mão. Coisas da época pré-informática.

A propaganda nazista


Hitler dava grande destaque à importância da propaganda. Para ele, a derrota da Alemanha na I Guerra Mundial estava diretamente ligada à boa propaganda dos inimigos.
Para ele, a propaganda deveria funcionar como a artilharia antes da artilharia numa guerra. A propaganda deveria quebrar a principal linha de defesa do inimigo antes do avanço do exército.
Para o líder nazista, a propaganda deveria ser sempre popular, dirigida às massas e nivelada por baixo: “As grandes massas têm uma capacidade de recepção muito limitada, uma inteligência modesta, uma memória fraca”.
Por isso, a propaganda deveria restringir-se a pouquíssimos pontos, repetidos incessantemente. Era necesário não dispersar o foco e atenção, de modo que, se fosse necesário despertar o ódio do povo a vários inimigos, tornava-se necessário agrupá-los em um só grupo, mostrando que todos faziam parte da mesma categoria.
O essencial era atingir o coração das pessoas, e não a razão. A massa, segundo Hitler, seria como as mulheres, incapaz de compreender argumentos racionais, mas facilmente tocada por uma “vaga e sentimental nostalgia por algo forte que as complete”.
Não havia nenhum limite moral ou ético para a propaganda nazista. Se fosse necessário mentir, o correto era mentir dizer uma grande mentira, de modo que nem passasse pela cabeça do povo ser possível uma tão profunda falsificação da verdade.

Curta-metragem produzido no Amapá conquista prêmios no 43º Festival Guarnicê de Cinema (MA)


 Lançado em fevereiro de 2020, o curta-metragem Açaí, da produtora de audiovisual amapaense Grafite Comunicação, participou do 43º Festival Guarnicê de Cinema e conquistou dois prêmios durante o evento, o de Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Curta-metragem Nacional Júri Popular. A trilha premiada é uma obra do músico Manoel Cordeiro e da banda O Sósia.

 

A produção local concorreu com mais 22 obras de outros estados na Mostra Nacional de Curtas, sendo a única produção amapaense durante o festival. O prêmio dado pelo júri popular é um dos maiores do festival, que este ano recebeu votos via aplicativo próprio da organização. Já o título de Melhor Trilha Sonora Original é dado por uma comissão técnica que avalia a qualidade das músicas e a composição com a parte visual da produção.

 

Segundo André Cantuária, diretor do filme, a trilha é fortemente influenciada pelos ritmos brega e melody, típicos do estado. "A ideia era resgatar a identidade do Norte também nas músicas, então escolhemos O Sósia, que é uma banda de brega rock de Macapá, e depois o Manoel Cordeiro, amapaense e nacionalmente conhecido como Mestre da Guitarrada, para fechar uma trilha envolvente e dançante", pontuou o diretor.

 

O Festival foi realizado pela Pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proec) da Universidade Federal do Maranhão e promovido pela Diretoria de Assuntos Culturais (DAC).

 

Filme Açaí

 

No ano de 2017, a produção foi selecionada no 1º Edital de Fomento ao Setor Audiovisual do Amapá, organizado pelo Governo do Estado para conteúdos inéditos. O curta conta a saga de Dionlenon, um homem de 30 anos que está acostumado com a vida que leva ao lado da mãe, com quem mora numa periferia de Macapá. Ele sai em busca de dois litros de açaí para almoçar, mas não conta com uma viagem tão distante assim.

 

A ideia do roteiro inicial veio de alunos da escola Estadual Professora Raimunda dos Passos, bairro Novo Horizonte, durante o ano de 2015, dentro do Festival “Curta o Curta”, iniciativa que busca desenvolver os talentos da comunidade escolar. A partir de 2017, a Grafite Comunicação iniciou o projeto “Cine Perifa” na instituição, por meio da parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF/RJ), oferecendo curso de formação em cinema na metodologia do “Inventar com a Diferença”, para professores e alunos da Escola sobre audiovisual.

 

Ficha Técnica

 

Direção: André Cantuária

Roteiro: Sandro Romero

Produção: Rafael Aleixo

Produção Executiva: Jhenni Quaresma

Direção de Fotografia: Nildo Costa

Direção de arte: Pedro Stkls

Edição/Montagem: Richard Monteiro e Ícaro Reis

Trilha Sonora: Manoel Cordeiro e O Sócia

Desenho de som: Hian Moreira

Preparador de elenco: Thomé Azevedo

Estrelando: Joca Monteiro

 

Elenco: Deize Pinheiro, Rute Xavier, Naldo Martins, Paulo Bastos, Lu d Oliveira, Adalberto Marques, Veerney Nunes, Murillo Mathiel, Dionizio Junior, Kaio Castillo, José Augusto, Neto Montalvão, Laura do Marabaixo, Danu Alcântara, Sarah Aranha, Lucas Souza, Silvana Eduvirgens, Maria Rosa, Mauricio Maciel, Nilton “Biro Biro”, Caique Sampaio, cadela Pantera.

Calafrio 68 traz história de Gian Danton sobre o psicopata Ted Bundy



Calafrio 68 está lançada. Uma edição recheada de zumbis e vírus!!! Como já mostra a bela capa de Cláudio Dutra.

Os horripilantes quadrinhos da edição começam com Maldição Vodu do mestre Elmano; Sidemar de Castro e o estreante Rubens Lima produziram Vírus Maldito! Quem trouxe o Rubens para o time foi seu irmão, o já consagrado pelos leitores Ivan Lima que traz Monstros Urbanos. Na série de assassinos seriais biografados pelo Gian Danton, o da vez é Ted Bundy, com o belo traço de Chris Ciuffi. Outra estreia vem com a dupla Rodrigo Ramos (ele mesmo, do Boca do Inferno) e Marcel Bartholo com Hematos, primeiro episódio da série Causos em que esses dois artistas irão relatar ocorrências com figuras folclóricas. Sidemar faz o roteiro e desenhos de O Vírus do Terror; e a HQ clássica Morte Vudu de João Costa e Bené (Joe Bennett) Nascimento.

Nas seções, a querida Mala Direta com as mensagens dos leitores; mais uma crônica do mestre Saidenberg; e Capas Clássicas. Quem é Quem biografa o essencial Sidemar de Castro, e a matéria especial sobre a saudosa editora Vidente.

Calafrio 68 tem 52 páginas no formato 20,5 x 28cm, e preço de R$15,00. Os pedidos podem ser feitos pelo e-mail revistacalafrio@gmail.com. 

Capitão América e o Cubo Cósmico

 


A volta do Capitão América na década de 1960 foi a oportunidade ideal para Stan Lee e Jack Kirby contarem histórias repletas de grandiosidade e ação desenfreada.

Exemplo disso é a saga do Cubo Cósmico, publicada em Tales of Suspense 80 e 81.

A história começa com uma splash page grandiosa, um close do Capitão América, espantando com uma explosão nos céus de Nova York. Vamos ser sinceros: só Jack Kirby conseguiria fazer com que um close se tornasse grandioso.

O capitão segue a cápsula de fuga da nave que explodiu e salva seu tripulante, um dos integrantes da I.M.A – ideias mecânicas avançadas (é, na década de 60 eles adoravam essas siglas), que balbucia sobre um grande perigo, o cubo cósmico, que foi roubado pelo Caveira Vermelha: “O cubo cósmico... mortífero... é a arma definitiva! Foi a maior realização da IMA... nas mãos erradas... pode causar o fim da humanidade”.

O cubo cósmico é um instrumento que realiza todos os seus desejos de quem o segura... e esse objeto terrível está sendo levado para o caveira pelo piloto do avião, dominado mentalmente pelo vilão.

Como o Capitão América é o Capitão América, ele pega um foguete da Shield para alcançar o avião, pula sobre ele, entra na cabine e aciona o assento injetor.

Interessante aí como Kirby consegue encher a sequência de suspense e tensão ao fazer as imagens apertadas nos quadros, como se o leitor tivesse vendo as ação de dentro da pequena cabine, algo que contrasta totalmente com os planos abertos e monumentais repletos de splahs a partir do momento em que o Caveira se apodera do artefato e se torna extremamente poderoso.

Aí o leitor se pergunta: como o capitão américa, um homem forte e bem treinado, mas sem grandes podereses poderia vencer a maior ameaça que o mundo já conheceu? Só para ter uma ideia, o cubo cósmico é tão poderoso que depois vai se tornar uma das joias recolhidas por Thanos para sua manopla.

Mas o herói não desiste e derrota o vilão usando para isso a própria astúcia e coragem: “Não posso entrar em pânico! Não me renderei ao desespero! Não importa a dificuldade... lutarei como vivi... sem nunca perder a espença!”.

O Capitão América que era um herói de verdade.