sábado, maio 31, 2008

História dos quadrinhos

Mistérios no espaço

Na década de 1950, com a crise nos quadrinhos de super-heróis, as editoras tentaram vários gêneros alternativos. Um dos gêneros de maior sucesso foi a ficção-científica.
Embora a FC existisse nas tirs de jornais desde o final da década de 1920, foi só na década de 1950 que os gibis do gênero começaram a fazer grande sucesso nos gibis. Strange adventures (1950) e Mystery in Space (1951), dois lançamentos da National, puxaram a fila. As revistas eram compostas de histórias curtas, sem continuação ou personagens fixos. A ação estourava em qualquer lugar do espaço ou em qualquer período temporal.
A editora EC Comics, embora fosse especializada em terror, deu uma grande contribuição à FC nos quadrinhos, aproximando-a do que era feito na literatura. Aliás, Ray Bradbury, um dos grandes escritores do gênero, era fã e colaborador da editora.
As histórias da EC eram instigantes, sempre com finais surpreendentes. Numa história, por exemplo, os terrestres vão ter seu primeiro contato com seres de outro planeta. À medida que se aproximam, contam, pelo rádio, a história da humanidade e de suas guerras. No final, ao descerem, descobre-se que os terrestres são ratos, a única espécie que sobreviveu a uma guerra atômica.
Com a perseguição aos quadrinhos, os gibis de ficção da EC foram cancelados e os da National se tornaram inócuos, com histórias bobas, como a de um robô que precisa encontrar a cabeça na qual está a informação que salvará a terra.
Em 1958, o escritor Gardner Fox voltar a dar vitalidade ao gênero, relacionando-o com os super-heróis. Ele recebeu, do editor Julius Schwartz, a missão de criar um herói espacial para estrelar a revista Mystery in Space. Então criou Adan Strange, um norte-americano que era arremessado a 25 trilhões de milhas no espaço ao ser capturado pelo raio zeta, indo parar no planeta Rann. Lá, usando apenas sua esperteza e um par de jatinhos que lhe permite voar, ele se torna o herói local.
O sucesso de Adan Strange fez com que a DC encarregasse Gardner Fox de ressuscitar um herói da era de ouro, o Gavião Negro. Na versão clássica, ele era Carter Hall, a reencarnação de um príncipe egípcio. Na nova versão, era Katar Hol, um policial do planeta Thanagar que vem à Terra. Com arte de fenomenal de Joe Kubert, a série tornou-se um sucesso.
Tanto o Gavião negro quanto Thanagar passaram a exercer papel fundamental na cronologia da DC Comics desde então. E uma versão feminina da personagem consta no ótimo desenho animado da Liga da Justiça, atualmente em exibição.
Dizem que eu sou completamente alienado das coisas toscas do mundo, mas eu realmente não sabia que existia uma aberração chamada dança do quadrado, pelo menos até essa semana, quando um professor me falou dessa pérola. Olha que lindo:

Ou este:

Caminhos do coração


Eu já comentei aqui o fato da novela Caminhos do Coração ser baseada em quadrinhos (e também o fato de que quase fui expulso de uma lista de discussão de roteiristas por ter falado de quadrinhos).

A novela tem sido um sucesso. Um daqueles que me quase me expulsaram da lista poderia argumentar que o sucesso da novela se deve à qualidade técnica da direção e do roteiro e não graças ao apelo quadrinístico.

Este excelente texto de Alexandre Maron destrincha o roteiro e mostra as várias falhas cometidas pelo autor Thiago Santiago, incluindo os diálogos sem sentido. Lembro de uma cena que se passava em um circo. Um dos personagens se transformava em um monstro qualquer e os expectadores saiam correndo. No meio da balbúrdia, duplas de personagens paravam para conversar. Era surreal: todo mundo correndo e gritando à volta (muitas dessas pessoas indo e vindo, andando em círculos) e os dois personagens lá parados, tirando um ¨dedo de prosa¨. No total, foram quase 20 minutos de diálogos com o monstro lá, parado, esperando sua vez para entrar em cena e atacar alguém.

Parece que só o que salva Caminhos do Coração é o apelo quadrinístico.
Se quiser assistir uma boa obra baseada em quadrinhos, compre o filme Corpo Fechado no Submarino.

quinta-feira, maio 29, 2008

Serial killer francês é condenado à prisão perpétua

Michel Fourniret, o assassino francês que matou sete meninas e mulheres em um período de 14 anos, foi condenado à prisão perpétua nesta quarta-feira, na França.
Fourniret, que passou a ser conhecido como o "Ogro das Ardennes", em referência à região de bosques entre Bélgica e França onde atuava, havia admitido ter seqüestrado e matado suas vítimas entre 1987 e 2001.
O tribunal da cidade de Charleville Meziere também condenou a mulher de Fourniret, Monique Olivier, por cumplicidade nos crimes. Olivier ajudava o marido a atrair as vítimas.
O promotor descreveu Fourniret como um "monstro" e chamou sua mulher de uma "bruxa dissimulada". Leia mais

Comentário: Mais um caso típico de psicopata. Ele escolhia suas vítimas enquanto dirigia. Então parava para perguntar por informações e convencia a vítima a entrar no carro. Sua esposa ia junto para fazer a vítima se sentir segura... Ao contrário do que a maioria pensa, os psicopatas são convardes. Eles nunca atacam a vítima de frente. O mais comum é criar algum artifício para fazer a própria pessoa entrar na armadilha imaginada por eles.

Uma pesquisa recente, encomendada pelo Instituto Pró-Livro e feita pelo IBOPE, traçou um perfil do leitor brasileiro. A pesquisa descobriu que o brasileiro lê, em média 4,7 livros por ano. A maioria livros didáticos. Entre as pessoas que não estão na escola, a média ficou em 1,3 livros por ano. Os que mais lêm são os jovens. O público entre 11 e 13 anos chega a ler 8,6 livros por ano. De 5 a 10 anos, lêem 6,9 e de 14 a 17 anos o volume é de 6,6 livros por ano.

Esses dados batem com um texto que estou escrevendo sobre o assunto. Uma das razões desse desinteresse pelo livro está relacionado com o fato de o padrão de literatura, no Brasil, é Machado de Assis: livros voltados apenas para análise psicológica dos personagens, com pouquíssima ação. O que se salva são os autores infantis e juvenis, como Monteiro Lobato e Marcos Rey. Livros desses autores foram um prazer para gerações de leitores. Mas depois que a pessoa fica adulta, deve começar a ler livros ¨sérios¨, cujo modelo é Machado de Assis. É justamente aí que começa a cair o índice de leitura.

Como escrever quadrinhos 2

OS TIPOS DE ROTEIRO

Se fôssemos dividir os tipos de roteiro, encontraríamos duas modalidades principais. A primeira é aquela que chamamos de roteiro e nos EUA é denominado de full script. A outra é o argumento, ou Marvel Way.

O argumento ou Marvel way


Na década de 60 Stan Lee era um cara muito ocupado. Ele escrevia uma série de personagens: Capitão América, Homem-aranha, Homem de ferro, Doutor Estranho, Hulk, Surfista Prateado, Demolidor, Quarteto Fantástico, Os Vingadores e mais algumas bobagens.
Qualquer um que já se aventurou a escrever um roteiro de quadrinhos deve se perguntar: afinal de contas, como ele conseguia escrever tantos títulos e ainda ser editor das revistas?
A resposta é o marvel way, ou argumento. Stan, esperto, não fazia o roteiro descriminando tudo que aconteceria na história. Ele entregava ao desenhista apenas uma sinopse e, depois de desenhada a história, colocava o texto.
O método Stan Lee era algo mais ou menos assim:

O tocha humana foge do Quarteto Fantástico e os outros integrantes começam a procurá-lo pela cidade. Ele, vestido como uma pessoa normal, entra em uma pocilga e lá encontra com Namor, que está desmemoriado. O Tocha joga o coitado no mar e ele recupera a memória e decide se vingar dos humanos convocando um monstro marinho. O Coisa resolve o conflito entrando com uma bomba nuclear dentro do bicho e explodindo-a lá dentro.

Eis o roteiro de uma revista inteira! Não admira que Stan Lee escrevesse tantos títulos...
Atualmente o método Marvel, chamado no Brasil de argumento, evoluiu para algo um pouco mais descritivo. Os roteiristas costumam descrever a ação da página como um todo, mas deixando para o desenhista a escolha sobre quantos quadrinhos usar e como dispô-los na página.
Algo mais ou menos assim:

Página 2
O Coisa, O Doutor Fantástico e a Mulher Invisível saem no Fantasticarro para procurar o Tocha. Sue fica invisível e caminha entre as pessoas. Ela entra em um bar e toma um suco em um bar. Um homem vê e corre assustado.


A tradição de só colocar o texto depois de feito o desenho se mantém.
O leitor deve estar se perguntando quais as vantagens e desvantagens do método Marvel. A primeira vantagem, claro, é que ele permite ao roteirista escrever muitas revistas ao mesmo tempo. E, se o desenhista for muito bom, permite que ele solte sua imaginação.
Mas as desvantagens são maiores.
Se o desenhista não for bom e experiente como era Jack Kirby, o principal parceiro de Stan Lee, ele provavelmente vai estragar a sua história. Vai fazer dela algo tão pavoroso que nem você terá coragem de ler.
Por outro lado, o método Marvel faz com que o estilo do desenhista se sobreponha ao do roteirista. Não é a toa que Jack Kirby dizia ser autor de todas as histórias feitas por ele na Marvel. Afinal, o trabalho duro era todo dele... O roteirista só precisava ter uma idéia básica e depois colocar o texto sobre o desenho já pronto.
Faça uma experiência. Pegue histórias dos X-Men de vários desenhistas, mas todas escritas por Chris Claremont. As histórias desenhadas por John Byrne são completamente diferentes daquelas desenhadas por Bill Sienkiewicz. Parece que são escritas por pessoas diferentes. Fica difícil olhar e dizer: “Esta é uma história do Claremont”. O estilo do roteirista fica apagado diante da estética do desenhista, algo que já não acontece quando se usa um roteiro full script.

Roteiro full script
Nesse caso, o roteirista descreve detalhadamente cada quadro de cada página, inclusive com os textos e os diálogos. O objetivo é passar ao desenhista todas as informações sobre como o roteirista pensa a história e convencê-lo a seguir os passos indicados pelo roteiro (regra básica de um roteiro: nunca seja chato).
Além da descrição objetiva da cena, o full script pode fazer considerações psicológicas sobre os personagens. Sua motivação na cena, por exemplo.

Um full script padrão seria algo mais ou menos assim:

Página 1
Quadro 1 – João está andando na rua de uma grande cidade. Ele é alto, magro e branco. João parece estar triste e algumas pessoas olham para ele, comovidas com seu sofrimento.
Texto: Hoje não foi um bom dia.
João: Preciso melhorar a minha vida!

O full script pode evoluir para um texto “à prova de desenhista”. Isso significa que, independente da qualidade ou do estilo do ilustrador, o resultado será semelhante. Os mestre dos roteiros à prova de desenhista são Alan Moore e Neil Gaiman.
Os roteiros de Moore são tão detalhados que torna-se impossível o desenhista “escorregar”, ou seja, fazer alguma besteira.
Nessa modalidade descreve-se tudo, até a angulação a partir da qual vemos a (de cima para baixo, de lado) e até as roupas dos personagens.
Veja como seria a versão à prova de desenhista, feita pelo roteirista ABS Moraes:

Página 1

Painel 1- Externa, dia, plano geral, altura normal. Em primeiro plano vemos: João,o protagonista da história que aparece neste painel, está andando pelacalçada de uma avenida da cidade grande. Ele é mostrado de frente nesteprimeiro momento pra que o leitor, posteriormente, tenha familiaridadebastante com sua aparência pra reconhecê-lo de imediato. É alto, mas nãotão alto, mais como uma pessoa que ultrapassou um pouco a estatura médiado brasileiro comum, digamos que 1.80 m.; branco, não pálido; magro, massem ossos pronunciados. Background: prédios de escritórios, lojas dedepartamento, lanchonetes e afins podem ser vistos de ambos os lados darua. Carros passam zunindo pela rua em altas velocidades. Pessoas nascalçadas de ambos os lados da rua observam enquanto João passa e nãopodem deixar de se compadecer com o sofrimento e angústia que eledemonstra. Sua expressão deve transmitir os sentimentos acimamencionados, não esqueça.Texto: Hoje não foi um bom dia.João: Preciso melhorar a minha vida!
Como se vê, há uma grande quantidade de detalhes que orientam o desenhista e garantem que ele faça exatamente o que o roteirista pensou para a cena. Isso faz com que o escritor, embora não seja o responsável pelo resultado final, tenha total controle sobre ele.

quarta-feira, maio 28, 2008

O segredo é a promoção


Muitas vezes, o segredo do sucesso de um negócio está na estratégia promocional adotada. Exemplo disso é o restaurante NATHAN'S FAMOUS, especializado em hot dogs. Segundo o blog Mundo das Marcas, a origem do restaurante remonta a 1871, quando o imigrante alemão Charles Feltman abriu uma banca em Coney Island, distrito de Nova York, e vendeu 3.684 unidades de pão com salsicha (o conhecido Hot Dog), além da cobertura de mostarda e chucrute, em seu primeiro ano de trabalho.

Com o tempo, ele precisou de um ajudante e contratou um rapaz chamado Nathan Handwerker, um imigrante polonês para ajudá-lo no restaurante por um salário de US$ 11 por semana. Após Feltman aumentar o preço do sanduíche de 5 para 10 centavos de dólar, dois clientes famosos do restaurante, o cantor Eddie Cantor e pianista Jimmy Durante, convenceram Nathan a abrir o seu próprio restaurante e continuar vendendo o cachorro-quente pelo antigo preço. O resultado disso: Nathan, embora não tenha inventado o hot dog, criou uma rede de restaurantes que existe até hoje e virou uma verdadeira instituição americana, tanto que o presidente Franklin Delano Roosevelt serviu os famosos cachorros quentes do NATHAN’S FAMOUS para o rei e a rainha da Inglaterra durante uma recepção.

Como ele conseguiu crescer tanto? Com um produto, mas também com muita promoção. Logo no início, ele dava cachorros quentes de graça para qualquer médico que fosse comer em seu restaurante e colocou uma placa com os dizeres: ¨Se o médicos comem nossos cachorros quentes, você sabe que eles são bons¨. É ou não uma grande sacada promocional?

Outra grande atração da Nathan´s é uma competição de devoradores de cachorro quente.


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Réptil voador gigante era 'supercegonha' que andava no chão, sugere pesquisa


Talvez seja um destino inglório para os maiores animais alados da história da Terra: em vez de caçar em pleno vôo ou dilacerar grandes presas com suas mandíbulas, eles passariam a maior parte do tempo em terra firme mesmo, capturando pequenos vertebrados e até invertebrados. No entanto, para uma dupla de paleontólogos britânicos, assim viviam os grandes pterossauros, répteis de asas que dominaram os céus do planeta durante a Era dos Dinossauros. Eles não passariam de supercegonhas -- ou, pior ainda, jaburus.

Mark Witton e Darren Naish, da Universidade de Portsmouth (Reino Unido), acabam de publicar sua revisão radical sobre a vida dos monstros alados na revista científica de acesso livre "PLoS One". Para ser mais exato, a dupla estudou a anatomia funcional e a ecologia dos azdarchídeos, grupo de pterossauros (répteis voadores) que chegaram a ter mais de 12 m de uma ponta à outra das asas, segundo certas estimativas. Leia mais


Compre o DVD Dinotopia no Submarino.

Esquadrinhando


O amigo Marko Ajdaric, responsável pelo Neorama dos quadrinhos, um newsletter que apresenta diariamente dezenas de notícias sobre quadrinhos, agora está montando o Esquadrinhando, uma versão do Neorama voltado para a área de educação, como explica no e-mail que me mandou:


¨No Esquadrinhando, procuramos elencar as notícias por nós selecionadas que melhor podem aproximar a Nona Arte da escola. Mais de 80% do materials empre é em português, mas incluímos também algumas preciosidades em outros idiomas, que acreditamos úteis.

Boa leitura, 3 vezes por semana.Não esqueça, para que esse projeto vingue, é fundamental que você inscreva novos leitores¨.


Para se inscrever, mande um e-mail para neorama@uol.com.br.

terça-feira, maio 27, 2008

Superdotados e educação II


Um dos aspectos mais preocupantes do estudo dos superdotados é a percepção de que a maior parte dos indivíduos talentosos não são aproveitados positivamente pela sociedade.
Estudos demonstram que uma em cada 20 pessoas é superdotada. A maior parte dessas pessoas simplesmente não desenvolve seus talentos.
Em dos um dos cursos que realizei em Belém havia uma garoto de apenas doze anos que desenhava com incrível habilidade. Seu traço era caracteristicamente Disney, mas ao ser apresentado a outros desenhistas, ele desenvolveu um traço próprio, que misturava as características infantis de Disney com o expressionismo alemão da década de 20. quem conhece o assunto sabe que alguém conseguir revelar um traço próprio, individual com apenas 13 anos é coisa para gênios. Esse rapaz era tão pobre que não tinha dinheiro para comprar papel e usava o verso dos cartazes de cerveja que os donos de bares lhe davam. Um final feliz seria vê-lo desenhando e se tornando famoso com seu trabalho na área de quadrinhos, publicidade ou artes-plásticas. Mas não foi isso que aconteceu. O rapaz desapareceu e provavelmente seu talento se perdeu. É provável que ele tenha se tornado pedreiro, pintor de paredes ou algo similar.
Quando não ocorre do talento simplesmente se perder, há grande chance dele se voltar para atividades pouco positivas. Fernandinho Beira-mar é um ótimo caso de superdotado que usa suas habilidades da pior maneira possível. Exemplos semelhantes são muitos.
Fala-se muito do desperdício de comida, desperdício de água e similares. Mas pouco se fala no desperdício de talentos. Enquanto o Brasil não aproveitar seus indivíduos talentosos, seremos sempre um país periférico. Quantos grandes cientistas, esportistas, artistas não se perdem por falta de oportunidades?
A única maneira de evitar que o talento de um superdotado simplesmente se perca ou seja usado para o mal é através da educação. A escola, ou instituições livres poderiam oferecer atividades extra-classe para alunos com altas habilidades. Além disso, os professores, que lidam continuamente com superdotados, precisam ser educados para trabalharem corretamente com esse tipo de aluno.

Dedução e indução

Dedução e indução são dois tipos de raciocínios lógicos usados não só em filosofia, mas também em pesquisas científicas. Abaixo eu explico os dois:


O que é indução?


Indução é o princípio lógico segundo o qual deve-se partir das partes para o todo. Ou seja, ao fazer uma pesquisa, deve-se ir coletando casos particulares e, depois de certo número de casos, pode-se generalizar, dizendo que sempre que a situação se repetir o resultado será o mesmo. Se, por exemplo, eu quero saber a que temperatura a água ferve. Coloco água no fogo e, munido de um termômetro, meço a temperatura. Descubro que a fervura aconteceu a 100 graus centígrados. Repito a experiência e chego ao mesmo resultado. Repito de novo e vou repetindo até chegar à conclusão de que a água sempre ferverá a 100 graus centígrados. Umberto Eco dá um outro exemplo curioso: os sacos de feijões. Vejo um saco opaco sobre a mesa. Quero saber o que tem no mesmo. Uso o método indutivo: vou tirando o conteúdo do saco um a um. Da primeira vez, me deparo com um feijão branco. Na outra tentativa, de novo um feijão branco. Repito a experiência até achar que está bom (ou até acabar a verba). Então extraio uma lei: dentro deste saco só há feijões brancos.

O que é dedução?

A dedução é uma forma de raciocínio científico segundo o qual devemos partir do geral para o particular. Assim, devemos primeiro criar uma lei geral e depois observar casos particulares e verificar se essa lei não é falseada. Para os adeptos da dedução, o cientista não precisa de mil provas indutivas. Basta uma única prova dedutiva para que a lei possa ser considerada válida.
No exemplo do saco, imaginem que o vendedor nos disse que ele estava cheio de feijões brancos. Eu então retiro um feijão de dentro do saco. Se for um feijão branco, então minha hipótese está, por enquanto, correta.
Um problema da dedução é que ela geralmente se origina de induções anteriores. Geralmente fazemos uma lei geral depois de já termos observado casos particulares.

Indicação bibliográfica

Monteiro Lobato


O instituto Pró-Livro encomendou uma pesquisa para saber quem é o escritor brasileiro mais admirado pelos leitores. A pesquisa ouviu 5 mil pessoas de 311 municípios brasileiros. O resultado não podia ser outro: deu Monteiro Lobato em primeiro lugar. Uma surpresa foi o nome de um quadrinista na relação (Maurício de Souza). Veja abaixo a relação completa:


Monteiro Lobato (1º), Paulo Coelho (2º), Jorge Amado (3º), Machado de Assis (4º), Vinicius de Moraes (5º), Cecilia Meireles (6º), Carlos Drummond de Andrade (7º), Erico Verissimo (8º) e José de Alencar (9º), Maurício de Souza (10º).
Compre livros desses autores no Submarino.

segunda-feira, maio 26, 2008

Assisti alguns episódios aleatórios do Box da terceira temporada de Jornada nas Estrelas: nova geração. Meu filho assistiu todos na seqüência e, quando eu tinha tempo, assistia com ele. Uma coisa que deu para perceber, na comparação com a série clássica, é que, na série clássica, havia mais aventura e mais imaginação. Os roteiros, na Nova geração, se tornaram mais realistas, com mais diálogos do que ação. Também há menos episódios fora da nave. A impressão que dá é de que eles gastaram uma grana no cenário da nave e resolveram aproveitá-lo até a última gota. Por outro lado, eles parecem ter economizado em cenários de planetas.
No primeiro disco, o episódio mais interessante é ¨Quem observa os observadores¨em que Picard é confundido com um deus pelos habitantes de um planeta primitivo. É um dos poucos episódios que trabalham questões filosóficas, que eram muito comuns na série clássica.
No disco 6, ¨O colecionador¨ conta a história de um homem que captura ao andróide Data para sua coleção. Lembra muito um episódio da série clássica, ¨O cérebro de Spock¨, o que não é uma boa referência. O seqüestrador também é bastante caricato, mas o episódio vale por ter desenvolvido melhor o personagem Data.
No disco 7, o episódio ¨Transformações¨também é interessante. A Enterprise descobre num planeta distante um homem ferido e sem memória. Ele é curado, mas logo descobrem que está sendo caçado por uma civilização desconhecida. Os roteiristas poderiam ter abordado questões políticas e religiosas, o que faria desse o melhor episódio da temporada, mas essa discussão ficou muito aquém do que eu esperava ou do que se podia ver na série clássica.

Para quem é fã de Jornada nas Estrelas, uma boa dica é o site da USS, loja especializada, que vende um monte de bugigangas de Jornada e outros seriados, entre eles, esses bichos de pelúcia dos extraterrestres da série (se for comprar de presente, é bom que a sua namorada seja treker!)

Vem aí o novo filme de Flash Gordon



Vem aí o novo filme de Flash Gordon
Por Eduardo Nasi (26/05/08)A revista de cinema Variety anunciou semana passada que o clássico herói espacial Flash Gordon, criado em 1934 pelo quadrinhista Alex Raymond, deve ganhar uma nova versão cinematográfica.Segundo as primeiras informações, a produção deve ser de Neal Moritz, da Sony Original Films, com direção de Breck Eisner, de Sahara. Leia mais
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domingo, maio 25, 2008

Indiana Jones


Falei que fomos assistir ao Indiana Jones, mas não comentei o filme. Bem, Indiana Jones é sempre um personagem interessante, que resgata a emoção dos seriados de aventura e isso, por si só já é bom. Esse quarto filme lembra os melhores momentos da franquia e tem também seus mais insistentes defeitos. Tem ação do início ao fim, além das famosas sacadas de humor. A direção de Spielberg é sempre uma aula de cinema... Mas tem também o roteiro tão furado quanto uma peneira. Em uma sequência, por exemplo, eles vão parar na Amazônia e, de repente, estão nas cataratas do Iguaçu. Nesse local, eles caem em três cachoeiras e sobrevivem!

Algo que certamente está causando polêmica é que agora os vilões não são mais os nazistas, mas os soviéticos. Numa época pós queda do comunismo, os soviéticos já não funcionam muito bem como vilões... enquanto os nazistas serão os eternos vilões do cinema americano. O filme toca de leve na questão da caça às bruxas na década de 1950, quando os EUA foram dominadas por uma paranóia anti-comunista... mas o tema é esquecido quando começa a ação.

Meu conselho: deixar o senso crítico em casa e ir ao cinema disposto a embarcar numa aventura sem muita lógica, mas muito divertida.

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História dos quadrinhos 35
A mulher vampiro

A primeira vampira de sucesso dos quadrinhos surgiu no Brasil. Trata-se de Mirza, criação do desenhista italiano naturalizado brasileiro Eugênio Colonesse e do roteirista Luís Meri. A personagem surgiu na época de ouro dos quadrinhos de terror nacional, na década de 1960.
Nessa época, Colonnese e Rodolfo Zalla tinham um estúdio, o D´Arte, especializado em quadrinhos, no qual chegavam a produzir 300 páginas por mês nos mais diversos gêneros (dos super-heróis aos de guerra). Um dia José Sidekerskis, da editora Jotaesse os procurou e pediu que Colonesse criasse uma personagem vampira.
No dia seguinte surgia Mirza. O nome era uma variação de Mylar, super-herói de sucesso, criado por Colonesse. ¨Não parecia nome de uma mulher, tanto que resolvi acrescentar no título ´a mulher vampiro´ para acentuar mais. Hoje se você pesquisar na lista telefônica, vai encontrar várias Mirzas, mas naquele tempo não existia¨, lembra Colonnese.
A revista foi publicada em 1967 e virou um hit. Dos 35 mil exemplares impressos, sobravam pouco mais de mil. Além disso, a redação da editora começou a receber várias cartas de fãs pedindo a continuidade da personagem. O interessante é que as histórias conseguiam captar muito bem o clima erótico, elemento essencial do terror vampiro. O roteirista Luis Meri escrevia de acordo com as orientações de Colonnese, mas de vez em quando colocava uma inovação, como uma festa de lésbicas.
Apesar do sucesso, o gibi durou apenas 10 números. A razão disso foi a mudança de ramo do desenhista. Um dia Rodolfo Zalla procurou Colonnese com a proposta de desenhar para livros didáticos. Este respondeu que não sabia fazer livros didáticos, pois sua especialidade era quadrinhos. ¨Uma cenoura que você fizer para um livro didático paga mais que cinco páginas de quadrinhos¨, rebateu Zalla. Foi o bastante para convencer o amigo. Dedicando-se apenas às ilustrações didáticas, o criador deixou de lado sua personagem, que ainda seria republicada, no início dos anos 1970, pela Editora Regiart, de forma pirata. Essa publicação manteve o interesse pelos leitores.
Na década de 1980 houve um renascimento dos quadrinhos nacionais e Colonnese acabou voltando à sua personagem mais famosa, pelas editoras Press, D´arte e Vecchi.
Eram outros tempos, de abertura política e a vampira ganhou contornos mais sensuais. Se antes ela usava um vestido longo, que cobria até suas pernas, agora ela usava decotes generosos e vestidos curtos, quando não lingiere sensual. O roteirista Osvaldo Talo colaborou nessa fase dando um passado para a personagem: ela seria uma condessa chamada Mirela Zamanova. Uma nova história, na revista Metal Pesado, apresentou uma versão totalmente erótica da vampira.
Desde então, Mirza tem voltado em edições especiais, para jubilo dos fãs. E, quando se fala que Vampirella é a primeira vampira dos quadrinhos, ele se lembram que a grande criação de Colonnese é bem anterior.

sábado, maio 24, 2008

Estou fazendo uma enquete para saber que assuntos o leitor deste blog mais gosta que eu trate aqui. Os temas que coloquei foram:

Marketing
Metodologia cientifica
Quadrinhos
Outros

Até agora, quadrinhos está vencendo de lavada, mas pouca gente votou. Vote e me ajude a conhecer você um pouco. A enquete está na barra lateral direita.

Irresponsabilidade no trânsito


Fomos assistir Indiana Jones. No caminho, um susto e tanto! Eu ia atravessar a Santos Dumond, que é preferencial. Tinha um carro do outro lado, que também ia atravessar reto. Na hora em que engatamos a primeira, apareceu uma moto, vinda do outro lado da rua, querendo fazer a conversão para a esquerda. Ou seja, ali, de todos os veículos envolvidos, a moto era a que tinha menos preferência. Embora fosse dobrar à esquerda, a moto avançou pela direita, cortou a frente do carro que estava do lado e surgiu na minha frente, quando eu já estava no meio da Santos Dumond! Tive que frear com tudo para não atropelar a moto! Fiquei com o coração na mão, mas o motoqueiro, um mototaxista com passageiro na garupa, seguiu caminho, despreocupado, feliz da vida depois da barberagem que fez.

Ontem, na entrada do Zerão, uma moto avançou a preferencial e bateu num carro que trafegava na Claudomiro de Moraes. Não parei para olhar, mas pelo impacto na porta do carro, imagino o que deve ter acontecido ao motoqueiro. Dia desses, deparei com outro acidente, muito parecido, na Leopoldo Machado: uma moto avançou a preferencial e foi atropelada por um carro.

Nessa mesma rua, dia desses, uma moto cortou a minha frente para entrar em uma loja. Tive que parar totalmente o carro para não bater. Como buzinei, o motoqueiro ainda saiu me xingando.

Macapá é a cidade brasileira com maior número de acidentes de trânsitos e, em quase todos os acidentes, há uma moto envolvida. Não é de se admirar: as motos avançam sinal vermelho, não respeitam preferencial, andam à esquerda, mesmo quando vão dobrar à direita, não sinalizam manobras... Muitos dos que fazem isso são mototaxistas e, assim, não só colocam sua vida em risco, como ainda praticamente condenam seus passageiros à morte.
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Noiva guerrilheira


Uma noiva abandonada no altar, em Belo Horizonte, chamou atenção do Brasil recentemente. Como forma de se vingar, ela criou um blog, espalhou vários vídeos no Youtube, no Orkut e foi para as ruas, vestida de branco, distribuir panfletos denunciando seu ex-noivo. Ela foi entrevistada por vários programas televisivos e virou celebridade nacional. O ápice da popularidade foi no programa Superpop, na RedeTV, terça-feira passada. A produção do programa conseguiu achar o noivo e imaginem o barraco... pois bem, depois de toda a confusão, eles acabaram explicando que tudo isso não passava de uma estratégia de marketing de guerrilha para promover o filme 5 frações de uma quase história . Genial.
Carlos Machado é um desses caras que fazem as coisas acontecerem em Curitiba, especialmente na área de ficção-científica. Fã de Jornada na Estrelas, ele sempre estava envolvido nos delíciosos eventos trekkers (o mais divertido era ver o pessoal vestido como os personagens da série). Ele também é o responsável por uma lista que reúne escritores e pesquisadores brasileiros de FC, lista da qual eu faço parte. Pois agora descobri que o Carlos também tem um interessante blog, o FuturAntiqua. Recomendo.

Pobres heróis


Está passando atualmente uma bela propaganda de incentivo para que as pessoas votem e participem das eleições. O texto diz: ¨Heróis existem...¨ e mostra o rosto de várias pessoas que lutaram contra a ditadura militar, para que hoje se tivesse o direito ao voto. Bonito, mas incompleto. O que faz uma democracia não é só o direito de votar, mas também a liberdade de imprensa. Vejam o caso dos EUA. A imprensa tem total liberdade para divulgar informações sobre os candidatos, ou até mesmo de satirizá-los. Exemplo disso é o seriado Os Simpsons. Em um episódio, Homer compra uma briga pessoal com o presidente George Bush (pai), em outro a Guerra do Iraque é criticada diretamente quando Homer resolve se alistar no exército e, ao desertar, é perseguido pelos militares, que praticamente destroem a cidade para encontrá-lo. Quando a coisa se torna muito feia, o general diz para um comandado: ¨Nós nunca admitimos que cometemos um erro¨. No episódio de sexta-feira, na TV Globo, Margie perde a memória e Homer lhe mostra o álbum de recordações. ¨Aqui sou eu esmurrando George Bush pai e aqui sou eu esmurrando George Bush filho¨, diz.
Um desenho desses aqui no Brasil geraria uma indenização de milhões de reais para o político citado. A simples publicação da caricatura de um político, nas últimas eleições, gerou indenizações milionárias.
Embora não exista censura direta, a justiça brasileira faz as vezes de censora, privilegiando os candidatos poderosos. Enquanto a rede Globo pode falar de política à vontade, fazendo sua propaganda disfarçada (todo mundo se lembra da edição do debate Collor-Lula), as redes de informação não tradicionais, que seriam o veículo de expressão daqueles que não têm voz, são pesadamente patrulhados pela justiça. Fala-se hoje em multar pesadamente blogueiros que falem de assuntos políticos durante as eleições. Existe previsão de censurar até mesmo o Orkut.
Heróis existem... e devem estar chorando nos túmulos.
Compre a quinta temporada dos Simpsons no Submarino.

Tribunal do DF condena mulher infiel a pagar R$ 7 mil de indenização

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) obrigou uma professora de Planaltina, cidade-satélite de Brasília, a pagar R$ 7 mil de danos morais ao ex-marido. Não cabe mais recurso da decisão, pois o julgamento ocorreu na Turma Recursal do tribunal. O juiz que decidira em primeira instância o caso havia concedido R$ 14 mil de indenização, mas a Turma Recursal decidiu reduzir o valor. Ela foi flagrada pelo cônjuge, nua, em conjunção carnal com outro homem, na residência e na própria cama do casal. O autor da ação entrou com o pedido de indenização após a homologação da separação litigiosa na Vara de Família. Na época da separação, ficou comprovada a culpa da esposa, que, segundo a sentença homologatória, “incorreu em quebra do dever de fidelidade, previsto no art. 1.566 do Código Civil”. Testemunhas ouvidas em juízo confirmaram o flagrante. Leia mais

Comentário: Parece que o Brasil virou a terra do dano moral. Em um outro caso, um homem foi condenado a pagar 20 mil reais por causa de uma infidelidade virtual. Algo que só existia em um e-mail do réu, virou notícia nacional. É de se perguntar o que realmente provoca constrangimento: se a infidelidade, ou a divulgação dela.

sexta-feira, maio 23, 2008


Comprei no Submarino a terceira temporada da série Jornada nas Estrelas nova geração. Bacana. Acho que foi a primeira série de FC que acompanhei com mais atenção. Foi o meu compadre, Bené Nascimento que me chamou atenção, na época em que estava passando na extinta TV Manchete. Assisti a primeira temporada, considerada a pior, mas mesmo assim adorei e passei a respeitar mais o gênero e depois descobri (ou redescobri) a série clássica, especialmente quando ela passou na BAND. Dei sorte disso ter acontecido num período em que estava de férias. Vou comentar os episódios da terceira temporada aqui, mas antes gostaria de fazer uma pergunta: tem mais algum fã de Jornada nas Estrelas em Macapá?

Como escrever quadrinhos 1
O QUE É UM ROTEIRO E PARA QUE SERVE

Durante algum tempo da história dos quadrinhos, desenhista e roteirista eram a mesma pessoa. Em outras palavras, havia um só artista, que bolava a história, escrevia, desenhava e, em alguns casos, até fazia o letreiramento.
Mas com o tempo foi possível perceber que nem todo bom desenhista é também um bom roteirista. Para ser bastante sincero, logo ficou claro que alguns desenhistas eram quase analfabetos.
Foi quando surgiu a figura do roteirista. Creio que o primeiro grande roteirista foi Lee Falk, autor de Mandrake e Fantasma. Falk criou verdadeiras lendas e tinha total controle sobre elas. Mas como ele podia fazer isso? Afinal, ele era apenas o escritor... Como ele poderia fazer com que o desenhista ilustrasse a história exatamente como estava em sua cabeça?
Se você respondeu “através do roteiro”, ganhou um doce.
O roteiro é uma invenção genial. Ele permitiu que uma pessoa incapaz de desenhar um círculo fizesse quadrinhos. Ele permitiu que artistas que não se conhecem, e nem mesmo moram no mesmo país, possam trabalhar juntos. E, finalmente, o roteiro abriu a possibilidade dos quadrinhos alcançarem uma qualidade literária e gráfica inimaginável.
Portanto, o roteiro é um veículo através do qual o escritor consegue orientar o desenhista, levando-o a ilustrar a história exatamente como ele imaginara.

quinta-feira, maio 22, 2008

Superdotados e educação


Os alunos superdotados nem sempre são fáceis de se trabalhar. Para começar, é comum que, sobre alguns assuntos, eles tenham mais informações que o professor. Se a orientação pedagógica é tradicional (em que o professor é visto como depositário de conhecimentos que devem ser repassados aos alunos), pode haver problemas sérios, com o professor vendo o aluno como um concorrente.
Além disso, a capacidade de aprender antes dos outros pode tornar a aula tediosa. Quando o professor diz A, o aluno já deduziu o B e o C, de modo que o restante da aula se torna apenas tediosa repetição.
Pesquisadores da área têm identificado que 20% do período de aula é desperdiçado por um aluno com QI de 130. Ou seja, em uma aula de 50 minutos, 10 minutos é pura redundância. A obrigatoriedade de permanecer na sala durante os 50 minutos torna o restante do tempo um suplício para os superdotados. Além disso, os desafios propostos pela escola costumam estar muito abaixo da capacidade desses alunos, que se torna desestimulado. Sem estímulos cognitivos, tal alunos procurará realizar os deveres escolares no menor tempo possível, desperdiçando o restante do tempo em simples recreação inconseqüente. É o caso de alunos que terminam de fazer as atividades antes do tempo e, a partir daí, começam a “fazer bagunça”, atrapalhando os outros.
Curiosamente, é mais fácil encontrar superdotados no “fundão” que na frente. Ao contrário do que imagina a maioria dos professores, o aluno que se senta na frente, escreve tudo que o mestre diz e tem um caderno bem organizado, dificilmente é superdotado. Muitos superdotados nem mesmo fazem apontamentos em seus cadernos, pela simples razão de que não precisam disso. Conheço casos de alunos que passaram pela faculdade sem ter caderno.
O professor só conseguirá o respeito do superdotado se este perceber que tem algo a aprender com ele. A autoridade, para um superdotado, não é fruto da tradição, ou da força, mas do conhecimento de cada um. Certa vez entrei em uma turma de primeiro ano do ensino médio e visualizei um aluno com enorme livro do Stephen King (em inglês) aberto sobre a carteira. Ele passou a aula inteira lendo o livro. Na sala dos professores, muitos dos meus colegas me informaram que ele era o terror da escola, um aluno problemático e indisciplinado. Na aula seguinte levei a ele um fanzine (publicação alternativa) que eu havia feito no qual havia uma matéria sobre King. Na aula seguinte lhe apresentei Edgar Alan Poe. Resultado: ele se tornou um dos meus melhores alunos. Seus textos, que antes eram só medianos, revelaram-se de grande qualidade literária. Antes ele não escrevia melhor porque simplesmente achava que o exercício não exigia dele toda a sua capacidade.

quarta-feira, maio 21, 2008

Vale a pena ler de novo


Desde que instalei o novo contador, tenho verificado não só as pessoas que me visitam, mas onde elas moram (para minha surpresa, tenho muitos leitores nos EUA e em Portugal!) e o que elas estão lendo. Assim, acabei descobrindo alguns hits: posts antigos, mas que estão sendo sempre visitados. Abaixo alguns deles:

Mídia espontânea - um post em que falo do calendário da Nerdcore, com moçoilas vestidas de super-heroinas.

Inteligência animal - um post sobre animais que apresentam inteligência muito desenvolvida, como é o caso dos golfinhos.


Amapá francês - nesse post eu comento que uma das razões da vinda da família real portuguesa viesse para o Brasil foi para evitar que os franceses tomassem a área que hoje é ocupada pelo estado do Amapá.

Superdotados - um post sobre superdotados, claro. Recente, mas chamou muita atenção.

Música e história - o grande campeão de audiência. Nesse texto eu mostro como algumas músicas conseguiram captar o espírito de um determinado período histórico.

Bob esponja capitalista - nesse post eu comento o trabalho de conclusão de um aluno, que mostrou a ideologia capitalista que permeia a Fenda do Biquini. Bob Esponja é o trabalhador explorado, mas satisfeito com a exploração...

Minha mulher diz que pai não faz parte da família - um post sobre as estratégias de marketing das empresas de telefonia celular.

Mulheres dos quadrinhos - faço uma seleção de desenhistas que criaram tipos inesquecíveis de mulheres.

terça-feira, maio 20, 2008

Morreu Will Elder, um dos pioneiros da revista Mad


Por Sérgio Codespoti (19/05/08)O artista William Elder (também conhecido como Will Elder e Bill Elder) faleceu na manhã de 15 de maio, aos 86 anos de idade. A causa da morte não foi divulgada e o enterro ocorreu no domingo, em Nova Jersey, nos Estados Unidos. Embora Elder tenha trabalhado muitos anos como ilustrador, ele é mais lembrado pelo seu trabalho pioneiro, ao lado de Harvey Kurtzman, na revista Mad e por Little Annie Fanny (Aninha, no Brasil), personagem da revista Playboy. Leia mais


Ps: Nossa, fase Kurtzman-Elder-Wally Wood-Jack Davis na Mad era realmente memorável. Eu adorava a mania deles de colocar piadas de fundo nos quadros. E foi o Elder que inventou isso...

segunda-feira, maio 19, 2008

Filosofar é preciso


Minha esposa é professora de filosofia na rede estadual de ensino e, para ajudar na sala de aula, criou um blog muito interessante sobre o assunto, o Filosofar é preciso.

Música do dia


Eu queria ser John Lennon
Columbia (letra Odair José)

Eu queria ser John Lennon um minuto só
Pra ficar no toca-discos e você me ouvir
Eu queria ser aquele espelho do teu quarto
Nele você sempre olha antes de dormir

Eu queria ser a chuva que molhou seu rosto
Pra saber o gosto que você sentiu
Quando um pingo frio do seu corpo caiu

Eu queria ser a razão dessa sua alegria
Pois até mesmo dormindo o seu nome eu chamo
Eu queria ser a verdade dos seus sonhos perdidos

Assim eu teria coragem pra dizer que te amo
Eu queria ter você sempre no meu caminho
Pra não ser mais triste nem andar sozinho
ou ficar jogado por aí

Eu queria ser o dono do seu pensamento
Pra acabar com todo esse sofrimento
Que nunca me deixou ser feliz
Compre o CD Vou tirar você desse lugar no Submarino.

domingo, maio 18, 2008


Foi muito boa a palestra ontem, sobre roteiro de quadrinhos, durante o Dia D RPG. Deu bastante gente e a platéia parecia muito interessada. Estou esperando o Daniel, da coordenação do evento, me mandar as fotos para eu publicar aqui. Hoje o evento continua e, à noite, haverá um jantar medieval (o Daniel me adiantou que vai ter um porco assado inteiro no jantar!).


Algumas pessoas na palestra me perguntaram se existe livro sobre o assunto. Bem, existe o Guia DC de roteiro e desenhos e meu livro virtual Como escrever uma história em quadrinhos. Fica a dica.


Desespero

Acabei de ler Desespero, de Stephen King. Não é o melhor do mestre, mas King, mesmo que quando é ruim, é muito melhor que a maioria dos escritores comerciais.
A trajetória desse autor é interessante: na década de 1970 ele escreveu alguns romances bons, como O Iluminado, Zona Morta e Carrie. Essa fase terror teve seu auge no livro Cemitério, que provavelmente é o livro mais apavorante já escrito. Mas o auge mesmo foi no início dos anos 1990, com o livro Corredor da Morte, hoje chamado de À espera de um milagre por causa do filme, um belo livro cujos elementos fantásticos só servem para destacar a humanidade dos personagens.
Dali em diante, ele parece estar pendendo mais e mais para a fantasia e perdeu muito do charme que tinha antes. Seu enredos se tornaram fantasiosos demais, no meu entender. O que poderia ser uma história de violência doméstica com toques de terror, em Insônia, vira uma batalha campal entre o bem e o mau.
Desespero segue essa linha mais fantasiosa, em que o fantástico toma mais espaço que a caracterização dos personagens (o que dificulta ao leitor criar empatia com os mesmos). Mas ainda assim é um livro gostoso de ler. Impossível de parar de ler parece ser um adjetivo que foi grudado na testa de King e esse livro não foge à regra.
Desespero é uma pequena cidade mineira nos EUA. Quando um casal passa por um placa onde há um gato morto pregado, esse é apenas o prenúncio que virá. Eles são em seguida parados por um policial imenso, que mata o homem e prende a mulher. Para quem começa a ler, parece apenas uma história de psicopata, mas depois se percebe que há muito mais coisas em jogo, com entidades ancestrais e malignas envolvidas. A narrativa vai retornando no tempo e contando a história de todas as outras pessoas que estão presas com Mary. Entres eles a família Carver, cujo garoto David é o personagem mais consistente de todo o livro, embora seja também o mais fantástico. David encontrou Deus ao rezar para um colega que sofreu um acidente, e esse encontro vai ser fundamental na trama.

Desespero não é só um livro de terror, é também uma obra sobre crença e descrença, sobre como as pessoas deixaram de acreditar em algo maior e o vazio que isso deixou em suas vidas.

Mesmo quando escreve algo puramente comercial, King ainda tem algo a dizer.
Compre livros de Stephen King no Submarino.


História dos quadrinhos 34
O terror no Brasil


O início da década de 50 nos EUA foi marcado pelo surgimento da editora EC. Contando com artistas do porte de AlI William­son, Wallace Wood e Krigstein, essa editora publicou várias re­vistas que revolucionaram o ter­ror e conquistaram a garotada. O sucesso dessas publicações se estendeu ao Brasil. Várias editoras pequenas publicavam e republi­cavam o material da EC, com sucesso. Entre 1952 e 1954, dez novas revistas de terror foram lançadas. A cada ano, uma nova editora entrava no mercado. Mas a fonte secou quando a EC Comics foi perseguida nos EUA e as revistas de terror proibidas por lá. Sem material inédi­to e com um público ávido por novas histórias do gênero, os edi­tores foram obrigados a contratar artistas nacionais. Começava a chamada fase de ouro da HQ bra­sileira e aquela que ficou conhecida como Primeira geração de quadrinistas nacionais.
No começo, para não afugentar os leitores, os editores pediam que os artistas assinassem com nome americanos, para dar a impressão de que as histórias eram feitas nos EUA, depois os autores foram aos poucos assinando seus nomes verdadeiros.
Editoras como a La Selva (que chegava a vender 2 milhões de exemplares por mês) conseguiram grande êxito, mas ninguém se arriscava a lançar uma revista só de quadrinhos nacionais.
A virada, que realmente marcaria a era de ouro dos quadrinhos nacionais, aconteceu em 1959, quando Jaime Cortez e Miguel Penteado lançaram a editora Continental. A proposta era publicar unicamente artistas nacionais, sem pseudônimos. As revistas da Continental vinham com uma tarja verde-amarela com os dizeres: “Escri­ta e desenhada totalmente no Brasil”.
O interessante dessa fase é que boa parte dos seus principais ar­tistas eram estrangeiros. Eugênio Colonese era italiano, Rodolfo Zaíla era argentino, Jaime Cor­tez, português.
Além de lançar várias revistas de terror, todas com sucesso, a editora também foi primeira a editar as revistas de Maurício de Souza, com o gibi do Bidu (que na época era protagonista e depois viraria personagem secundário da Turma da Mônica).
Um erro de um funcionário da Junta Comercial fez com que a editora fosse obrigada a mudar de nome. É que já existia uma outra empresa chamada Continental e, pior, em processo de falência e cheia de credores. Para se livrar dos cobradores, o jeito foi mudar o nome para Outubro (uma homenagem à revolução russa). Depois, até esse nome teve de ser alterado, por que Victor Civita havia registrado todos os meses do ano.
Segundo Gonçalo Júnior, ¨O começo da outubro foi marcado pelo idealismo e pela descontração dos colaboradores, que dividiam seu tempo entre o trabalho nas revistas e a reestruturação do movimento de nacionalização dos quadrinhos – que ganharia força a partir de 1961¨.
É bem provável que esses ar­tistas viessem a transmitir suas experiências para uma nova ge­ração, contribuindo assim para a criação de um quadrinho genui­namente nacional. Infelizmente esse processo foi abortado pela intervenção da ditadura militar, que começou a perseguir as publi­cações nacionais de terror. Miguel Penteado chegou a ser chamado pela polícia para dar explicações e foi pressionado a deixar de publicar terror. A censura não poupava nem mesmo as histórias infantis. Exemplo disso é o banho de chuveiro do Cebolinha, que foi cortado pelos censores.
Com isso, as revistas foram sendo canceladas, ou perdendo qualidade e muitos dos melhores artistas migraram para outras áreas, como a publicidade ou a ilustração de livros didáticos.
Isso fez com que os novos quadrinistas tivessem pouco contato com a primeira geração e tivessem que começar tudo do zero. Isso certamente atrasou em muito a criação de uma linguagem nacional de quadrinhos.
Compre obras de Flávio Colin, um dos mestres do terror nacional, no Submarino.

sábado, maio 17, 2008

Minha ex-aluna, a jornalista Hanne Capiberibe está passando por sérios problemas de saúde. Os amigos estão se reunindo todo dia, às 18 horas, na sede do sindicato dos jornalistas, para rezar por ela. O endereço é Avenida Almirante Barroso, entre Leopoldo Machado e Hamilton Silva. Embora não esteja indo lá, também estou rezando pelo restabelecimento dela.

Olha a dengue aí


A foto é da lateral do muro externo do antigo CCA, atual colégio Gabriel de Almeida café. A quantidade de lixo acumulada ali é preocupante, um verdadeiro berço para a larva do mosquito da dengue. Parece que, se os garis limpam, limpam apenas a parte externa da calçada, jogando o resto para o canto do muro. Também não custava nada os alunos do colégio ajudarem não jogando lixo no chão. E a prefeitura poderia fazer sua parte espalhando lixeiros pela área. Se todos colaborarem, a dengue não vai virar uma epidemia, como virou no Rio de Janeiro.

quinta-feira, maio 15, 2008

Eventro sobre RPG trará palestra sobre quadrinhos

O roteirista Gian Danton ministrará uma palestra sobre roteiros para quadrinhos durante o Dia D RPG, no SESC Araxá, dia 17 de maio, às 17:30. Na ocasião haverá sorteio de camisas do blog ivancarlo.blogspot.com e exemplares da revista Manticore.
Gian Danton (pseudônimo do professor Ivan Carlo Andrade de Oliveira) é roteirista desde 1989, tendo trabalhado com alguns dos mais importantes desenhistas nacionais, entre eles Bené Nascimento, que atualmente trabalha para a editora DC Comics. A graphic novel Manticore, escrita e desenhada por ele, é a publicação mais premiada da história dos quadrinhos nacionais. Gian Danton tem publicado também em países como EUA, Portugal e França.
Na palestra, ele vai explicar quais são os principais elementos de um roteiro de quadrinhos e a complexidade que envolve a construção de um argumento. ¨Muita gente nem sabe que existe uma profissional que escreve as histórias¨, conta o palestrante. ¨Já encontrei pessoas que achavam que os roteiros eram feitos por um computador. Outros achavam que bastava saber desenhar para escrever quadrinhos. Na verdade, a confecção de um roteiro é uma atividade complexa, que envolve técnicas sofisticadas e muita pesquisa¨.
O dia D RPG é o maior evento sobre o tema da América Latina e acontece em diversas cidades do Brasil e de outros países. O RPG é um jogo de interpretação no qual os jogadores incorporam personagens e contam uma história. É a primeira vez que o evento acontece em Macapá. Para se inscrever, é necessário doar um quilo de alimento (exceto sal). As inscrições poderão ser feitas no dia, no SESC Araxá. Além da palestra haverá várias outras atrações no dias 17 e 18, entre eles um jantar medieval, simulação de jogos, torneios, mostra de filmes e concurso de fantasias com o tema medieval (cosplay).
Uma logomarca é um símbolo que vai acompanhar a empresa pelo resto de sua vida. Então deve ser bem planejada para evitar sentidos negativos. Abaixo alguns exemplos de logos que não seguiram essa regra.


Superexposição de uniformes de heróis agita Nova York


Por Eduardo Nasi (12/05/08) Não foi com pouco bafafá que foi inaugurada, na semana passada, a mostra Superheroes: Fashion and Fantasy (Super-Heróis: Moda e Fantasia), que fica em cartaz até 1º de setembro no Metropolitan Museum of Art, em Nova York.A concorrida vernissage da exposição teve até confronto de celebridades: a modelo Gisele Bündchen, ao lado do namorado, o jogador de futebol americano Tom Brady, teve que se esquivar do ex, o ator Leonardo DiCaprio. Leia mais


Escudo do Capitão América no filme do Homem de Ferro


Por Sérgio Codespoti (15/05/08)Se você piscou, pode ter perdido a oportunidade de ver o escudo do Capitão América numa cena de Homem de Ferro.O escudo está jogado sobre uma mesa, atrás de Tony Stark, numa cena que ele está trabalhando na armadura, como pode ser visto na imagem ao lado. Leia mais

Ps: A Marvel está aprendendo a trabalhar com marketing viral. No final dos créditos do Homem de ferro aparece Nick Fury conversando com Tony Stark, tentando convencê-lo a montar o grupo Os Vingadores. Dizem que o Homem de ferro também aparece no filme do Hulk, que estreará em breve. Com isso a Marvel vai criando um boca-a-boca que será muito bem vindo quando forem lançar os filmes do Capitão América e dos Vingadores.

quarta-feira, maio 14, 2008

Compare preços de livros

Há algum tempo eu fui praticamente expulso de uma lista de discussão de roteiristas de novelas porque toquei no tema quadrinhos. Lá, podia-se falar de tudo: cinema, teatro, literatura, menos de quadrinhos, porque se considerava que essa mídia não tinha nada a ver com novelas. Ironia das ironias, a Rede Record está conseguindo ótimos pontos no IBOPE (inclusive superando a Globo) justamente com uma novela baseada nos quadrinhos: Caminhos do coração (até a página da atração, na net, usa a linguagem dos quadrinhos) . A novela, que chegou a alcançar picos de 27 pontos no IBOPE, contra 22 da Globo, vai ter até uma continuação chamada Os Mutantes. Enquanto isso, os integrantes da lista de discussão ainda continuam achando que um roteirista de novela não pode ler quadrinhos...


A Alcinea Cavalcante, em seu blog, informa que o supermercado Yamada em Macapá foi fechado na sexta-feira pelo Procon por vender queijos e iogurtes fora do prazo de validade. Na verdade, se fossem olhar um pouquinho mais à frente, os fiscais do Procom iam descobrir que a maioria das frutas e verduras vendidas ali também estão estragados ou, como se diz aqui, ¨passados¨, que é quando já está próximo de estragar. A razão disso é que tudo que vem de fora pára em Belém e só depois segue viagem. Quando chega aqui, já está passado... além disso, a Yamada simplesmente se nega a comprar produtos (frutas e verduras) de produtores locais.
Eu tenho vivido um verdadeiro calvário com a Yamada. Na época em que existia a Yamada Lagoa, comprei três vasilhames de água. O supermercado era caminho para mim, a água era barata, tudo parecia muito fácil. Então a Yamada Lagoa fechou (por alguma razão, não estou surpreso) e me sobrou como opção comprar a água na Yamada centro, que fica longe de casa, e fora de mão. Mesmo assim, lá vou eu, com os garrafões, apenas para ouvir: ¨Não tem água¨. Um dia cansei, chamei o gerente e ameacei ir no Procon. Ele me deu o número do telefone e assegurou que isso não aconteceria mais, que era só ligar e ele reservaria para mim. Isso não resolveu muita coisa, pois eu chego lá e tenho que ficar meia-hora esperando para pelo gerente e quando ele chega, muitas vezes, diz que não tem água. Já passei uma hora inteira para comprar um único garrafão de água. Da última vez, o gerente me disse que tinha, eu paguei e depois descobriram que não tinha a água. Ou seja: além de vender produtos estragados, a Yamada ainda faz o cliente perder tempo e ainda não oferece o produto prometido...

Hoje uma das principais fontes de rendas dos filmes é o licenciamento da marca. O filme mal chega ao cinema e sua marca fica estampada em dezenas de produtos. Um exemplo de sucesso disso é o filme do Speed Racer, baseado no animê clássico. Virou caderno. Vai virar álbum de figurinhas. Os compradores do Nescau Cereal ganham réplicas dos carros do filme (o Mach 5 é meu!). Até a Petrobrás entrou na onda. Ela aparece na película, com um carro movido a biocombustível.
Compare preços de produtos com a marca Speed Racer.
Olha que anúncio legal das Havaianas. Faz muito tempo que a marca abandonou a estratégia de convencer o consumidor a comprar porque ela era a única que não tinha cheiro, não soltava as tiras e (como era mesmo o resto?). Agora, o anúncios vendem um produto que é moda no mundo todo. A cor e o formato de borboleta servem, aqui, para destacar o produto junto ao público jovem e feminino. Compare preços de Havaianas.

terça-feira, maio 13, 2008

Desculpa esfarrapada para fazer propaganda


Um leitor (e aí, Rocco?) reclamou que estou fazendo propaganda muito descarada do Submarino. Aqui o leitor manda, então eu não vou dizer que o Submarino está fazendo uma promoção com frete grátis em toda a loja de livros (em compra acima de R$ 49,00). Também não vou indicar o álbum Asterix e seus amigos (com a releitura do personagem feita por vários quadrinistas europeus famosos, como Manara) e que está em promoção, de R$ 25,0 por apenas R$ 19,80. Também não vou falar do novo romance de Stephen King, Love: a história de Lisey. King escrevendo uma história de amor? Ou será apenas um embuste para nos empurrar mais um delicioso livro de terror? Não compre e não descubra.
Uma boa dica de programa é o CQC, comandado pelo Marcelo Tas, que passa na Band, na segunda à noite. Lembra o Pânico, mas é menos besteirol e mais crítico. Os jornalistas do CQC usam o humor para fazer crítica social e política. Eu não conhecia. Assisti ontem e gostei muito.
Durante a inauguração de um hospital, o foco deles foi a razão pela qual o hospital levou 20 anos para ser construído.
Mas o melhor mesmo foi uma matéria sobre uns ricaços em São Paulo que simplesmente resolveram fechar a rua onde fica a casa deles. Colocaram portões dos dois lados e seguranças. Só passa por ali com autorização deles. O repórter foi numa faculdade de Direito e perguntou aos alunos e professores: é legal se apropriar de um bem público (no caso, uma rua)? A resposta, claro, foi não. Mas mesmo assim, os ricaços não só fecharam a rua, como ainda entraram na justiça pedindo a posse da rua por usocapião.
O curioso de tudo isso é que os seguranças chamaram a polícia quando perceberam que estava sendo feita uma reportagem sobre essa ilegalidade. E a polícia foi... e queria prender o repórter! Coisas do Brasil... Já pensaram se essa moda pega? Daqui a pouco alguém vai resolver tomar posse do lugar bonito...

segunda-feira, maio 12, 2008

História dos quadrinhos

A volta dos super-heróis

Na década de 1950, as revistas de super-heróis entraram em crise. As vendas foram caindo cada vez mais e a maioria das editoras migrou para outros gêneros, como o terror, o romântico e o faroeste. Apenas os personagens mais populares, como o Super-homem e o Batman, ainda continuavam vendendo bem.
Então, em 1956, a editora National (atual DC Comics) teve a idéia de relançar alguns heróis da era de ouro dos super-heróis. O primeiro personagem escolhido foi o velocista Flash. Para editar a revista foi escolhido Júlio Schwartz, que editara a revista original, na década de 1940. Acontece que Schwartz não gostava do personagem, muito menos do uniforme, e pediu para o escritor Robert Kanigher e os desenhistas Carmine Infantino e Joe Kubert para reformularem totalmente o personagem, inclusive com um uniforme que destoasse completamente daquele usado na era de ouro (que era baseado no deus Hermes). Assim, o novo personagem era alter-ego de Barry Allen, um cientista da polícia que ganhava poderes ao ser banhado por produtos químicos. Ex-agente literário de escritores de ficção-científica, Schwartz resolveu dar um ar científico ao personagem acrescentando notas de rodapé explicando, por exemplo, que Flash conseguia atravessar objetos sólidos vibrando velozmente as moléculas de seu corpo. Deu certo. A nova abordagem agradou bastante os leitores, fazendo com que a revista do personagem inaugurasse a chamada Era de Prata dos super-heróis. Afinal, os tempos eram outros. Com a corrida espacial e a possibilidade de uma guerra nuclear, explicações científicas pareciam algo muito mais real do que magia.
O próximo personagem a ser revitalizado foi o Lanterna Verde. Enquanto o Lanterna da era de ouro parecia mais com Aladin e a lâmpada mágica, o novo era um patrulheiro espacial. Assim, o piloto de testes Hall Jordan recebe um anel de uma alienígena moribundo que fazia parte da tropa dos Lanternas Verdes. Com isso, ele se torna o novo patrulheiro, responsável pela área do universo em que está a Terra.
Em abril de 1958 estreou a primeira equipe de super-heróis da Era de Prata. A Legião dos super-heróis surgiu numa aventura do Superboy, mas logo foi conquistando fãs, que começaram a clamar por novas aventuras. A criação dos personagens com estranhos poderes e origens (Rapaz Cósmico, Garota de Saturno, Rapaz Triplo e Violenta Encolhedora, entre outros) foi obra do roteirista Otto Binder, ex-roteirista do Capitão Marvel. Entretanto, a revista se tornou um sucesso após a entrada no título de um escritor novo, que mandava suas histórias por correio, chamado Jim Shooter. Um dia a editora convidou-o para conhecer a redação e todos levaram um susto: o novo talento era, na verdade, um garoto de 13 anos!
O sucesso desse revival dos heróis fez com que os editores da National decidissem reviver a Sociedade da Justiça. Mas Julius Schwartz achava que o nome Sociedade era formal demais, trocando-o por Liga, uma palavra conhecida dos jovens por causa das ligas de beisebol. O novo grupo reunia os principais heróis da editora e fez grande sucesso. Era a lógica do mais pelo mesmo: mais heróis pelo mesmo número de páginas. A Liga da Justiça estreou na revista The Brave and the Bold em março de 1960.
Além da reformulação dos personagens, outra grande sacada de Schwartz foi estreitar a comunicação com os leitores, ao criar a seção de cartas na qual apareciam os endereços dos fãs. Com isso, eles eram estimulados a trocar correspondência entre si e o resultado foi duplo: os gibis deixaram de ser leitura descartável para se tornarem itens colecionáveis e começaram a surgir vários fanzines, revistas feitas por fãs, que divulgavam os personagens e revelavam novos talentos. Alguns dos grandes escritores de quadrinhos, como Roy Thomas, surgiram nos fanzines.
Compare preços de revistas do Lanterna Verde.