sexta-feira, abril 09, 2010

Cultura pop e indústria cultural



INTRODUÇÃO
Desde a Escola de Frankfurt, o termo Indústria Cultural tem sido usado para designar aquelas peças culturais que não são nem fruto da elite, nem da população menos favorecida, configurando produtos veiculados através dos meios de comunicação de massa.
Entretanto, fatos recentes têm demonstrado que o conceito formulado por Horkheimer e Adorno nem sempre se adequam aos produtos da mídia.
Por outro lado, começa a ser usado um novo termo para designar esses mesmos produtos: cultura pop. O termo, embora de uso corrente, não mereceu até o momento uma melhor análise por parte da comunidade acadêmica.
O nosso objetivo aqui é dar uma definição do termo cultura pop, trabalhando-o como complementar ao de Indústria Cultural.
INDÚSTRIA CULTURAL
O conceito de Indústria Cultural foi veiculado pela primeira vez em 1947, por Horkheimer e Adorno, no texto "A dialética do Iluminismo". O termo foi cunhado em oposição à cultura de massa, que dava a idéia de uma cultura surgida espontaneamente da própria massa.
Para Adorno, a idéia de que os produtos da Indústria Cultural vêm do povo é equivocada, pois a Indústria Cultural, ao aspirar à integração vertical de seus consumidores, não apenas adapta seus produtos ao consumo das massas, mas também determina esse consumo.
O termo Indústria Cultural  é mais adequado, pois deixa bem claro que tais peças culturais são produtos fabricados para serem consumidos, assim como sabonetes e carros.
É importante notar, como destaca José Marques de Melo, que as reflexões da escola de Frankfurt foram feitas durante "a transição da sociedade industrial para a sociedade da informação, tendo a emergente indústria cultural como protagonista hegemônico.
Adorno e Horkheimer partem da constatação de que a sociedade industrial não havia realizado as promessas do iluminismo humanista. O desenvolvimento da técnica e da ciência não trouxe um acréscimo de felicidade e liberdade para o homem.
Considerando-se, diz Adorno, que o iluminismo tem como finalidade libertar os homens do medo, tornando-se senhores de si e liberando-os do mundo da magia, do mito e da superstição, e admitindo-se que essa finalidade pode ser atingida por meio da ciência e da tecnologia, tudo levaria a crer que o iluminismo instauraria o poder do homem sobre a ciência e a técnica. Mas o que ocorreu foi justamente o contrário. Liberto do medo mágico, o homem tornou-se vítima de um novo engodo: o progresso da dominação técnica.
Ao invés do libertar a humanidade, o progresso da técnica acabou por escravizar o homem, alienando-o.
Os meios de comunicação de massa, resultado direto de desenvolvimento da técnica, tiveram papel importante nesse processo de escravização da massa.
Segundo os pensadores frankfurtianos, a reprodutibilidade técnica tirou tanto da cultura popular quanto da cultura erudita o seu valor real. O resultado, a Indústria Cultural, não conduz à experiência libertadora da fruição estética.
O próprio princípio da reprodução deformaria a obra, pois ela seria nivelada por baixo, evitando sempre que possível aqueles elementos que poderiam interferir no seu caráter de produto.
Exemplo disso podemos ver na adaptação da Disney para o clássico “O Corcunda de Notre Dame”, de Victor Hugo. A história foi "adocicada" para se tornar mais palatável ao consumidor...
Assim, a Indústria Cultural pretende alienar, e não conscientizar; acomodar, e não incitar.
Para os frankfurtianos, os produtos da Indústria Cultural teriam três funções:
A.    ser comercializados;
B.    promover a deturpação e a degradação do gosto popular;
C.   obter uma atitude sempre passivados seus consumidores.
Como são feitos para serem vendidos, os produtos da Indústria Cultural jamais devem desagradar os compradores. A produção é homogeneizada e nivelada por baixo.
Para Adorno, a visão crítica por parte do expectador não é possível dentro da Indústria Cultural, pois "A transformação do ato cultural em valor suprime sua função crítica e nele dissolve os traços de uma experiência autêntica".
Embora seja fundamental para a análise dos meios de comunicação de massa, em especial na primeira metade do século passado, a noção de Indústria Cultural tem sido objeto de diversas críticas.
Martellart, por exemplo, desconfia que Adorno e Horkheimer estigmatizaram a Indústria Cultural em decorrência de seu processo de fabricação atentar contra certa sacralização da arte: "Na verdade, não é difícil perceber em seu texto o eco de um vigoroso protesto erudito contra a intrusão da técnica no mundo da cultura".
Além disso, as idéias da escola de Frankfurt, mesmo atacando o conformismo, acabaram se tornando um discurso conformista, de pessoas que, confortavelmente em suas poltronas ou empregos, apenas criticam a indústria cultural, sem, no entanto, apresentar qualquer opção.

CULTURA POP
O termo cultura pop tem sido usado indiscriminadamente para designar diversos produtos da Indústria Cultural. Fala-se em música pop, pop rock, quadrinhos pop e, finalmente, cultura pop.
Mas o que é cultura pop? O que caracteriza algo como pop? Que tipo de cultura é essa, denominada pop?
Uma resposta interessante para a pergunta está no ponto de vista daqueles que colocam a cultura pop como uma alternativa para a cultura oficial.
Em um virulento editorial da revista General Visão, número zero,  Rogério de Campos ataca o imobilismo cultural daqueles que criticam a Indústria Cultural por comodidade:
"Essa revista surge para, entre outras coisas, chatear essa gente. Nosso objetivo é mergulhar nas imagens criadas pela tal cultura pop e provocar mais imagens. Desenhos de shapes de skate, games, ilustrações, brinquedos estranhos, capas de discos, roupas, flyers, cartazes, filmes, tatuagens, fanzines, desenhos de sites, desenhos animados, fotografias, histórias em quadrinhos e até pinturas e esculturas. Criadores que vivem além das fronteiras das imaculadas galerias ou apenas inconvenientes, fora do lugar "correto", fora do tempo, contraditórias, infinitas imagens elétricas para ofuscar as imagens oficiais. Não siginifica ficar deslumbrado pela Indústria Cultural, mas, ao contrário, enfrentá-la com ações e visões críticas".
Daí percebe-se o conceito de cultura pop como algo que nasce da Indústria Cultural, mas não se limita às regras suas acríticas e homogenizantes. Ao contrário, a cultura pop está muito mais próxima da subversão que da ideologia. Ela, constantemente, quer incomodar o receptor, ao invés de acomodá-lo.
O trabalho do autor britânico de histórias em quadrinhos) Alan Moore se encaixa perfeitamente nesse padrão. Sua produção de quadrinhos tem sido subversiva e inquietante: do “herói” anarquista em “V de Vingança” à denúncia da moral vitoriana, na história incrivelmente detalhada de Jack, o Estripador, “Do Inferno”, recentemente transformada em filme.
Quando achou que os leitores estavam acomodados à sua produção mais intelectual, Moore, para provocá-los, dedicou-se a fazer histórias de super-heróis para a editora Image.
Essa produção crítica e provocadora não se encaixa em absoluto no conceito de Indústria Cultural.
Muito antes de Alan Moore, a editora americana E.C. Comics já fazia quadrinhos que estavam mais próximos do conceito de obra aberta do que de Indústria Cultural.
São inúmeros os outros exemplos (de)produções que estão mais próximas da entropia que da redundância que, teoricamente, deveria caracterizar a Indústria Cultural.
No cinema, há diretores como os americanos QuentinTarantino (, de “Cães de Aluguel” e “Tempo de Violência”) e Terry Gillian e, mais recentemente o indiano M. Night Shyamalan, (de “O Sexto Sentido” e “Corpo Fechado”)que não se encaixam no jeito americano de fazer filmes.
Na música há bandas que rompem com os ditames do stablishment: Beatles e suas experimentações, o incorfomismo de Raul Seixas, Pato Fu e a crítica à TV (na música “Televisão de Cachorro”)...
Por outro lado, há toda uma leitura crítica por parte dos receptores que foi totalmente ignorada pelos frankfurtianos, assustados com a idéia de uma mídia toda-poderosa, derivada do conceito de agulha hipodérmica.
A leitura de uma história em quadrinhos, de um seriado de TV, de um filme, pode evoluir desde a fruição pura e simples até uma análise semiótica aprofundada.
Embora os meios de comunicação de massa tenham como objetivo a leitura e a fruição rápidas, isso não significa que todos os leitores estejam “amaldiçoados” a fazerem sempre leituras superficiais.
Alguns leitores discutem os quadrinhos da mesma forma que um crítico de arte o faria com um quadro, ou um crítico literário com um romance.
Por conta dessa leitura, alguns produtos da indústria cultural acabam se tornando cultura pop. É o que acontece, por exemplo, com o seriado Jornada nas Estrelas ou com as histórias clássicas de Jack Kirby e Stan Lee para a Marvel.
Importante notar que, embora não tenham uma postura tão crítica ou provocadora quanto outros exemplos de cultura pop, tanto Jornada quanto as histórias clássicas da editora americana de quadrinhos Marvel (dona do Homem-Aranha, Capitão América e X-Men) têm duas características em comum:
A.    Eles apresentam inovações significativas com relação ao modo de fazer as coisas dentro daquele gênero ou mídia (ou seja, são mais informativos que redundantes). A Marvel inovava, e muito, ao mostrar o lado humano dos heróis (o melhor exemplo talvez seja o Homem-aranha, sempre envolvido com gripes, perseguições da polícia e brigas com a namorada), sem falar na estética expressionista de Jack Kiby. Jornada nas Estrelas inovava ao introduzir nos seriados de ficção um vivo manifesto pacifista e ao dar um grande valor aos roteiros bem elaborados.
B.    Eles se destacam por seu caráter mítico. Não são poucos os autores que admitem o caráter mítico de Jornada nas Estrelas e de personagens como o Surfista Prateado. A mídia estariam, nesse caso, resgatando algo que havia se perdido com a quase total extinção dos chamados contadores de histórias que, nas sociedades de desenvolvimento tecnológico menos desenvolvido, são os principais divulgadores dos mitos.
CONCLUSÃO
O conceito de cultura pop surge não para substituir o de indústria cultural, mas complementá-lo. Ele é aplicado onde justamente as teorias da escola de Frankfurt falham: nos produtos da indústria cultural que não conformam, mas provocam, não acomodam, mas incentivam uma leitura crítica da realidade.
A cultura pop surgiria ou de uma vontade de se contrapor à indústria cultural num movimento "de dentro", ou daquelas peças que ganham uma nova dimensão em decorrência de sua carga arquetípica.
Assim, a cultura pop teria as seguintes características:
A.    ser inovadora com relação aos seus congêneres, tanto em termos de forma quanto de conteúdo;
B.    apresentar uma leitura crítica de mundo;
C.   ter um conteúdo arquetípico;
D.   ser provocadora.
Tais características fazem com que, embora passe pelos mesmos mecanismos de reprodutibilidade técnica, a cultura pop se diferencie da média do que chamamos de indústria cultural. 

Metodologia científica na Transa Amazônica

O meu livro Introdução à metodologia científica já está à venda na livraria Transa Amazônica, na Av. Padre Júlio, entre São José e Cândido Mendes. Com linguagem fácil e descomplicada, a publicação é voltada para estudantes de graduação que estão dando os primeiros passos na construção de trabalhos acadêmicos.

quinta-feira, abril 08, 2010

A primeira imagem do Astronauta na versão Gian Danton - JJ Marreiro

O site HQ Cast divulgou, em primeira mão, uma imagem da história que eu escrevi e o JJ Marreiro vai desenhar para o especial MSP+50 com o personagem Astronauta. "O Character design do Astronauta tem nítida influencia do Curt Swan e do Alex Toth e a trama criada pelo Gian DAnton (que também é fã de Star Trek, Doctor Who & Perry Rhodan) seguirá algo na linha das clássicas Planet Comics, Strange Worlds, Weird Science e Space Adventures", divulgou o site.Confira abaixo a imagem:  

Os serial killers do trânsito

Segundo o jornal A Gazeta, na última terça-feira, o lavador de carros Ivan Brandão da Silva atropelou e matou um rapaz no bairro do Congós. Ao invés de parar o carro, ele continuou viagem e atropelou mais duas pessoas perto da caixa d´água do Buritizal.
O crime chama atenção por dois fatores:
1) o motorista parecia estar jogando um video-game em que se ganha pontos atropelando pedestres;
2) embora esteja preso, ele será solto em breve e dificilmente voltará a ser preso.
Se tivesse matado uma pessoa com um revólver, certamente seria condenado, como o fez com um carro, sairá dessa tranquilamente.
O juiz Marconi Pimenta, através do Twitter, me informou que dia desses um homem foi preso por matar uma pessoa no trânsito. Solto, voltou a matar.
Certa vez relatei aqui o caso de um um motorista de caminhão que, depois de uma briga de trânsito, perseguiu um carro com uma ex-aluna. Eu estava logo atrás e vi, atônito, quando ele bateu no carro e arrastou-o por mais de duas quadras. Detalhe: era o caminhão que faz serviço para o Detran, rebocando carros apreendidos. Apesar da tentativa de homicídio doloso, ele não respondeu inquérito e continua dirigindo.
Um ex-aluno teve seu carro atingido por outro que avançava a preferencial. Ficou provado que o motorista estava participando de um racha e estava bêbado. Mesmo assim não respondeu a nenhum inquérito, nada. Aliás, não se machucou também, enquanto meu aluno ficou paralítico.
Ou seja: se a as coisas não mudarem, a tendência é que os acidentes de trânsito só aumentem. Todo mundo que quiser matar outra pessoa irá provocar um acidente, pois sabe que "não pega nada".

quarta-feira, abril 07, 2010

Depoimento no Orkut


É difícil elegermos o melhor filme, a melhor música, o melhor livro...
É díficil porque a posição que eles ocupam em nossas preferências podem ser ultrapassadas por outras obras que temos contato posteriormente.
Mas, para esses casos, sempre tive uma regra: o primeiro "melhor da lista" sempre será O PRIMEIRO e MELHOR de todos os "melhores da É difícil elegermos o melhor filme, a melhor música, o melhor livro...
É díficil porque a posição que eles ocupam em nossas preferências podem ser ultrapassadas por outras obras que temos contato posteriormente.
Mas, para esses casos, sempre tive uma regra: o primeiro "melhor da lista" sempre será O PRIMEIRO e MELHOR de todos os "melhores da lista" de outros tempos.
O primeiro contato que tive com o nome Gian Danton me levou a, com toda a certeza e experiência de jovem leitor, elegê-lo como melhor argumentista/roteirista/articulista de quadrinhos que eu já havia visto até então. Outros nomes surgiriam no futuro, é claro. Mas Gian, me lembro bem, ocupou o primeiro dos primeiros da lista.
E, querem saber, isso não é apenas por regra não! Pois admiro o trabalho desse rapaz a tempo suficiente para afirmar que ele ocupa o lugar de primeiro das minhas listas, não só por ter uma lista... mas porque É bom no que faz mesmo!" de outros tempos.
O primeiro contato que tive com o nome Gian Danton me levou a, com toda a certeza e experiência de jovem leitor, elegê-lo como melhor argumentista/roteirista/articulista de quadrinhos que eu já havia visto até então. Outros nomes surgiriam no futuro, é claro. Mas Gian, me lembro bem, ocupou o primeiro dos primeiros da lista.
E, querem saber, isso não é apenas por regra não! Pois admiro o trabalho desse rapaz a tempo suficiente para afirmar que ele ocupa o lugar de primeiro das minhas listas, não só por ter uma lista... mas porque É bom no que faz mesmo!
Depoimento no Orkut, de Dark Marcos, do blog Âmago

Novo capítulo dos Exploradores do Desconhecido

Já está on-line mais um capítulo dos Exploradores do Desconhecido. Desta vez, descobrimos um pouco sobre as habilidades de Helga. Para ler, clique aqui.

terça-feira, abril 06, 2010

Preconceito de quem pensa com os pés


ÁTILA NUNES (recebido por e-mail)

Aconteceu um incidente grave em São Paulo, que contraria tudo aquilo que se fala sobre o lado bom e generoso do povo brasileiro.
O incidente abaixo foi primeiramente noticiado pelo jornal Folha de SP ontem e depois pelos demais em todo o país.
O Lar Mensageiros da Luz é um abrigo de crianças, adolescentes e adultos de ambos os sexos, com deficiência, especificamente paralisia cerebral. Atualmente atendem 38 pessoas da Baixada Santista, SP
E de onde vêm esses deficientes?
São deficientes em risco pessoal e social encaminhados pelo Poder Judiciário, Conselho Tutelar, Poder Executivo Municipal ou espontaneamente.

                       O INACREDITÁVEL

Como tudo começou? Foi programada na Semana Santa uma visita de jogadores do Santos F.C. ao Lar Mensageiros da Luz, que dá assistência à paralisia cerebral. Seriam entregues ovos de Páscoa.
Quando o ônibus parou á porta da instituição, alguns jogadores como Neymar, Robinho, Fábio Costa, Durval, Léo, Marquinhos e Brum se recusaram a descer.
Ganso chegou com seu próprio carro e, antes de entrar no local, foi chamado pelos colegas que estavam no ônibus (eles gritaram e bateram nas janelas). Ganso entrou no ônibus e não saiu mais.
A razão? Souberam que a instituição tinha sido fundada por espíritas.
O presidente Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro foi até o ônibus e conversou com os atletas. "Falei para os jogadores que o Santos tem que provar que não é apenas um time de futebol"
O técnico Dorival Júnior, visivelmente constrangido, disse que deixara claro que era uma atividade paralela às atividades do clube e que não era obrigatória a presença de todos. “Era pra ser algo fraterno, buscando uma troca com aquelas crianças que têm muito mais para nos ensinar do que temos para lhes oferecer” - disse o técnico santista.
Dentro da instituição, os jogadores que participaram da doação dos 600 ovos, entre eles Felipe, Edu Dracena, Arouca, Pará e Wesley, conversaram e brincaram com as crianças.
Em entrevista à TV Bandeirantes, Robinho e Neymar disseram que sua religião (evangélica)  precisa ser respeitada. Por isso não desceram do ônibus para visitar os deficientes que os esperavam.
“Só ficamos sabendo quando chegamos ao local que se tratava de um ambiente espírita” – disse Robinho
Evangélico, Neymar disse o seguinte: “Fiquei sabendo dos rituais religiosos (sic) realizados no local somente quando cheguei lá. Tomei essa atitude, pois tinha receio de não me sentir bem".

E DEPOIS?

Essa notícia me foi trazida pelo meu filho e companheiro de jornada, Átila Nunes Neto, que como eu, estava chocado.
Meu filho é um homem de 36 anos e foi criado num lar espiritualista, mas sempre alertado para que jamais sua fé passasse por cima dos princípios básicos da fraternidade.
Chico Xavier dizia que se Allan Kardec tivesse dito que “Fora do Espiritismo não há salvação”, ele não teria seguido os passos da Doutrina Espírita.
Mas, Kardec disse que “Fora da caridade não há salvação”. E a gente aprende que na caridade não há excessos e que deve ser a felicidade dos que dão e dos que recebem.
O preconceito no caso de alguns jogadores do Santos superou a caridade. É uma pena. Eles teriam invadido de alegria os corações daquelas crianças com paralisia cerebral.
Mas, o preconceito é uma opinião não submetida à razão.
Pior mesmo, é quando o preconceito religioso surge de quem pensa com os pés.

PS1: Se fosse uma festa com cerveja e mulheres, os jogadores entrariam sem se sentirem constrangidos... e Robinho ainda pediria 40 camisinhas... talvez até estuprasse uma garota... 

Música do dia



O toque
Rita Lee e Paulo Coelho
Abri a janela
Um som diferente entrou
Meus olhos mudaram, eu sei
Ou foi o sol que mudou, babe

O som das nuvens
A conversa do vento
A voz dos astros
A história do tempo

O som das estrelas
A música do luar
Contando em segredo, eu sei
Contando todo o meu medo, babe,

O som das flores
O murmúrio do céu
Me deram um toque
Quem tem ouvidos que ouça

Você é uma criança do universo
E tem tanto o direito de estar aqui
Quanto as árvores e as estrelas
Mesmo que isto não esteja claro para você
Não há dúvidas
Que o universo segue o rumo
Que todos nós escolhemos

sexta-feira, abril 02, 2010

Impossibilidades quadrinísticas

            De vez em quando eu penso em coisas improváveis... como uma antologia poética do Hulk. O prefácio, claro, seria do doutor Bruce Banner, e seria mais ou menos assim:
            “Confesso que estranhei o convite desse amável e desconhecido senhor de prefaciar seus contundentes poemas. Na verdade, embora sempre estejamos nos mesmos locais, nunca tivemos a oportunidade de nos encontrar. Até porque... aughh grooowh gaarrhhh... Onde estão homenzinhos? Hulk esmaga!”
            Mesmo ameaçando bater em quem não comprasse seus livros, o gigante verde não venderia muito. Afinal, seus versos seriam sofríveis:
            “Hulk esmaga!
            Até creme de batata!”

            O Thor escreveria romances policiais. Também não daria certo. Muito papo e pouca ação:
            “Então sois vós o assassino ou éreis aqueles de quem não desconfiávamos? Quiçá o mordomo?”
            O Coisa, por outro lado, daria um ótimo comentarista político:
            “Quer saber? Está na hora do pau!”

            O Super-homem viraria garoto propaganda das companhias aéreas: “Para o alto e avante!”. Mas no Brasil seria processado por propaganda enganosa.
            Preciso parar de pensar nessas coisas, ou nunca serei contratado pela Marvel. 

quarta-feira, março 31, 2010

Onde foi parar a TV de Barueri?

Filha do secretário de educação de Barueri ameaça expulsar colega de faculdade

Já não bastasse o pai ter acobertado uma funcionária que levou uma TV de plasma da escola para casa, a filha do Secretário de Educação de Barueri também está aparecendo na mídia por razões nada éticas. Ao ouvir um colega de faculdade criticar a prefeitura da cidade pela atuação no caso, ela ameaçou expulsá-lo da faculdade ("Você não sabe com quem você está se metendo", diz ela).
Veja abaixo o vídeo com mais esse escândalo:

Exploradores do desconhecido é destaque em blog

O blog Mensagens do Hiperespaço, do respeitado editor e escritor Cerito, deu destaque à volta da série Exploradores do desconhecido:


Há cerca de dois anos, o escritor e roteirista Gian Danton (pseudônimo de Ivan Carlo Andrade de Oliveira) disponibilizou na internet, através do blogue Exploradores do Desconhecido, os primeiros capítulos da história em quadrinhos de ficção científica "Operação salto quântico", uma space ópera claramente inspirada na franquia Star Trek, com os excelentes desenhos de Jean Okada que remetem aos luxuosos álbuns europeus.
Nela, os tripulantes da espaçonave Pioneer, Garry Rolland, Jean-Jacques Giraudeau, Mia Sasaki, Jaime Muniz e Helga Voltz, depois de uma experiência com um novo sistema de propulsão hiperespacial, descobrem-se orbitando um planeta Terra de outra dimensão. Ao desembarcarem, são recebidos com festa por um estranho imperador mundial, mas são traídos e aprisionados. A série foi bem recebida pelos leitores, mas depois de uns poucos capítulos, deixou de ter atualizações e acabou esquecida.
Finalmente, a história voltou a receber novas sequências, agora com os desenhos finalizados em tons de cinza. Apesar de menos impressionantes do que os coloridos das sequências iniciais, ressaltam ainda mais a qualidade das ilustrações de Okada que, em muito momentos, lembram as de ilustradores festejados como Russ Manning e Dave Gibbons, não por acaso dois dos meus quadrinhistas favoritos. Jean Okada faz quadrinhos no início dos anos 1990, com passagens pela Phênix Editorial, Editora Abril e Metal Pesado.
O blogue também disponibiliza o ebook Amanhã é ontem, com uma outra aventura dos tripulantes da Pioneer – desta vez em texto – envolvidos com o loop temporal.

Trecho da monografia sobre blogs amapaenses

A ótima monografia da Camila Karina sobre blogs amapaenses é, desde já, uma referência obrigatória ao assunto. Enquanto alguns alunos se rendem à mediocridade e fazem plágio, outros, como a Carina, fazem um trabalho fundamental para a sociedade, registrando a história deste que é hoje um dos principais veículos de comunicação do Amapá. Na página 36, ela fala sobre este blog:
"O blog Idéias de Jeca-Tatu aborda temas em sua maioria culturais e acadêmicos, informações sobre quadrinhos, literatura, cinema e música. É atualizado diariamente pelo autor que posta vídeos, dicas de novos sites relacionados com as tematicas abordadas no blog e interage diretamente com os leitores pela ferramenta de comentários".
Para ler a monografia completa, clique aqui.

terça-feira, março 30, 2010

Monografia sobre blogs amapaenses

A Camila Karina, aluna de pós-graduação de Mídia do CEAP, fez seu TCC sobre os blogs amapaenses. O resultado foi um belo trabalho, de grande valor histórico. Para ler a monografia, clique aqui.

segunda-feira, março 29, 2010

Exploradores do desconhecido de volta

A série Exploradores do Desconhecido, escrita por mim e desenhada pelo Jean Okada, conseguiu arrebanhar uma série de fãs, especialmente entre os apreciadores de ficção científica e tiras clássicas. Infelizmente, por uma série de fatores, a série ficou bastante tempo sem atualização. Mas agora, o Okada voltou a publicar a história, na forma de capítulos maiores, juntando várias tiras. Uma ótima notícia para os fãs. No capítulo que foi disponibilizado hoje, os leitores descobrirão o segredo de Mai. Para ler, clique aqui.

Glauco: culpado ou inocente?

Até a década de 1980, nos casos em que maridos matavam suas esposas, os julgamentos acabavam sendo focados nas vítimas. Os advogados de defesa pretendiam mostrar que a vítima não prestava e, portanto, merecia ser morta. É o princípio da "legítima defesa da honra". A lógica era: quem merecia morrer já morreu, então vamos soltar esse pobre homem, que matou porque era o seu dever.

Uma aberração jurídica, esse argumento tem sido ressuscitado pelo advogado de defesa de Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu, assassino confesso do cartunista Glauco. A linha da defesa é que Cadu era um garoto feliz e carinhoso, que nunca revelou sinais de violência antes de começar a frequentar a igreja Céu de Maria, dirigida por Glauco. Depois desse episódio, ele teria se transformado em um monstro, um louco, que rezava para as plantas e não dizia coisa com coisa. O máximo que o pai do assassino, certamente orientado pelo advogado, admite sobre o filho é que, antes de Cadu ter contato com o chá do Santo Daime, ele era indeciso sobre a profissão que iria seguir. Fora isso, era um santo. O fato dele ser usuário de drogas, ter passagem pela polícia por tráfico, ter abandonado três cursos universitários e não ter qualquer ocupação não impede a defesa de pintá-lo como santo que virou demônio depois de entrar para a igreja dirigida por Glauco. Essa versão da história foi comprada pela TV Record e pela Veja. leia mais

domingo, março 28, 2010

Novo romance de Roberto Causo se passa no Amapá

Roberto Causo, um dos principais escritores brasileiros de FC e um dos maiores especialistas no assunto, está lançando um novo livro, Selva Brasil, pela editora Draco. A curiosidade é que o livro se passa na maior parte no Amapá. Abaixo, o release:



Esta é uma história alternativa que imagina como seria o Brasil vinte anos depois da invasão militar brasileira das Guianas, na Fronteira Norte, segundo os planos megalomaníacos do Presidente Jânio Quadros. Simultaneamente, a Argentina invadiu as Ilhas Malvinas, no Atlântico Sul.
Contudo, uma coalizão formada pelos países atingidos pela ação militar brasileira – Inglaterra, França e Holanda – e os Estados Unidos contra‑atacaram e empurraram os soldados brasileiros de volta, ficando com um bom pedaço da Amazônia Brasileira.
Desde então instalou-se um conflito permanente na região, com o Brasil e aliados latino-americanos lutando para retomar o território perdido e manter sob controle uma guerrilha patrocinada por aqueles países do Primeiro Mundo. É um Brasil completamente diferente do nosso, contido política e economicamente por esse conflito perpétuo, e com gerações de jovens brasileiros comprometidas com o conflito.
Amparada por uma pesquisa cuidadosa, Selva Brasil acompanha um grupo de soldados que – ao seguir para um ponto anônimo do Amapá, na fronteira com a Guiana Francesa, onde devem substituir uma outra unidade do Exército Brasileiro – se depara com desertores e com um plano secreto para romper as regras de engajamento que limitam o conflito na região.
Ao mesmo tempo, esses homens são confrontados com um estranho experimento militar que, indo além dos parâmetros do seu projeto, pode ter aberto um portal entre essa realidade paralela e a nossa.

quinta-feira, março 25, 2010

Depoimentos de mulheres torturadas pela ditadura

BRASÍLIA – “Eu sabia que estava com um cheiro de suor, de sangue, de leite azedo. Ele [delegado Fleury] ria, zombava do cheiro horrível e mexia em seu sexo por cima da calça com olhar de louco.” De Rose Nogueira, jornalista em São Paulo. Da ALN, foi presa em 1969, semanas depois de dar à luz.
“No quinto dia, depois de muito choque, pau de arara, ameaça de estupro e insultos, abortei. Quando melhorei, voltaram a me torturar.”
De Izabel Fávero, professora de administração em Recife. Da VAR-Palmares, foi presa em 1970.
“Eu passei muito mal, comecei a vomitar, gritar. O torturador perguntou: “Como está?”. E o médico: “Tá mais ou menos, mas aguenta”. E eles desceram comigo de novo.”
De Dulce Chaves Pandolfi, professora da FGV-Rio. Da ALN, foi presa em 1970 e serviu de “cobaia” para aulas de tortura. Leia mais

História dos quadrinhos

Maus – a história de um sobrevivente
Gian Danton e Matheus Moura
Maus - A história de um sobrevivente, é considerada a melhor história em quadrinhos já produzida sobre o holocausto. De autoria de Art Spielgman, o livro conta a história do pai do autor, um judeu polonês sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz.
Além disso, o livro trata da conturbada relação entre pai e filho e como os efeitos psicológicos da guerra repercutiram na vida de ambos por anos. Toda a história é contada de duas maneiras. A primeira é o que seria o presente, mostrando os últimos anos de vida do pai de Spielgman durante as entrevista dele com o filho e a realização do próprio livro. É nessa parte que o relacionamento dos dois ganha destaque. A segunda forma é construída como flashback, ou seja, mostrando o passado do pai durante a invasão nazista na Polônia.
O livro, além da sinceridade absoluta, se destaca pelo ótimo tratamento gráfico, com suásticas avançando como sombras sobre os personagens judeus. A representação dos povos, embora use o antropomorfismo (animais para representar seres humanos), um recurso já clássico nos quadrinhos e nos desenhos animados, o faz de forma a destacar a mensagem do autor e ressaltar o clima opressor do período nazista.
Assim, os alemães são representados como gatos e os judeus como ratos. Os americanos são cachorros, os suecos carneiros, os ciganos, traças e os poloneses como porcos. A representação evoca a propaganda nazista, que, de fato retratava os judeus como ratos e os poloneses como porcos. Era também comum que os nazistas se referissem aos povos indesejados como insetos.
Sem ser melodramática, Maus mostrou e analisou a realidade dos judeus perseguidos pelos alemães, elvando as histórias em quadrinhos ao patamar jornalístico. Tanto que, em 1992, a graphic novel ganhou o Prêmio Especial Pulitzer – premiação que homenageia jornalistas, músicos e escritores.
Grande parte do livro foi publicado em série na revista RAW, editada por Spiegelman entre 1980 e 1991. No Brasil, Maus (que quer dizer rato em alemão) foi publicado em duas partes pela editora Brasiliense. Recentemente ganhou uma versão integrada em volume único pela editora Companhia das Letras.

terça-feira, março 23, 2010

Não sou um mero corretor

Recentemente tive uma experiência lamentável. Há cerca de três meses, duas alunas de um curso de especialização me procuraram pedindo para orientar seus TCCs. Aceitei e me espantei ao receber dois trabalhos prontos. Em um deles identifiquei imediatamente que um capítulo era plágio. Além disso havia referências em inglês, francês e espanhol. Até mesmo de um jornal de marketing da Inglaterra a qual a aluna dificilmente teria acesso. Na verdade, toda a bibliografia era plágio. Orientei a aluna para que retirasse os plágios e, o que deixasse de citações de citações, usasse apud. Também orientei para que ela tirasse da bibliografia todos os livros que não havia lido. 
A outra não me pareceu plágio, até porque não era um bom texto. Havia frases incompreensíveis, como "O marketing trabalha com a necessidade de privação". Ninguém tem necessidade de ser privado das coisas que deseja. Depois de grande trabalho, pedindo para modificar frases e mais frases, consegui chegar a algo que pudesse ser entregue, desde que fossem feitas mais algumas mudanças. 
As duas entregaram e o coordenador de pós identificou plágio nos dois trabalhos. Mesmo aquele que eu achava que não era plágio, era. Na verdade, era uma colcha de retalhos. Muitas vezes a parte de um autor terminava no meio de uma frase e se continuava com outro autor, razão pela qual havia tantas frase desconexas. 
Entrei em contato com essa aluna, explicando que tínhamos que repensar o trabalho. A resposta, irada, me espantou: a aluna colocava a culpa em mim. Dizia que não fui um orientador, já que peguei o trabalho pronto. Eu havia sido um "mero corretor, e incompetente, pois não havia sido capaz de identificar os plágios dela". Dizia-se inclusive vítima, pois havia gastado dinheiro com a encadernação. 
A outra entregou a mesma monografia plagiada que eu já havia identificado, inclusive com as referências em inglês. Apostou provavelmente que nem eu nem o coordenador leríamos. 
Bem, eu não sou um mero corretor (na verdade, a aluna usou a palavra "corregedor" SIC) e o caso me mostrou algo essencial: nenhum orientador sério aceita orientar monografia pronta. Orientação deve ser feita passo a passo, página a página, desde a construção do projeto de pesquisa até a escrita da monografia. Portanto, se tiver uma monografia pronta, não me mande, até porque, se você conseguiu fazer tudo sozinho, não precisa de orientador.
A gente aprende com tudo. 

segunda-feira, março 22, 2010

Ministério Público federal investiga trolls


Sim, existe uma procuradora federal investigando trolls. A informarmação é do blog Oleo do Diabo. É bom os trolls colocarem as barbas de molho...

Após desistir de ação, prefeito de Barueri chama CQC de babacas

Uma reportagem proibida pela Justiça de ser veiculada na semana passada, a pedido da Prefeitura de Barueri, será a principal atração do programa “Custe o Que Custar” (CQC) que vai ao ar nesta noite, às 22h15, na Band. A matéria mostra o suposto desvio de um aparelho de TV doado à Prefeitura de Barueri, na Grande São Paulo. De acordo com texto publicado no site da Band, a equipe do programa utilizou um GPS instalado dentro do aparelho para rastreá-lo, e constatou a presença do equipamento na casa da diretora de uma escola da cidade. Leia mais

domingo, março 21, 2010

Santo Daime como redutor de danos para dependentes químicos

A morte de Glauco provocou na imprensa e na sociedade civil uma discussão fértil sobre o uso de substâncias psicoativas. Sua fé cristã aliada às práticas xamânicas dos caboclos da floresta é bem ilustrada por um episódio que marca o início da igreja Céu de Maria. Ao se mudar para a casa no Butantã, local da sua primeira igreja, Glauco se deparou com um pequeno grupo de meninos de rua que viviam na casa até então abandonada. Em vez de expulsá-los, iniciou com eles seus rituais, retirando alguns das ruas, que até hoje comungam o Santo Daime.
Esse tipo de coragem e fé encontrou ressonância em camadas da classe média urbana que frequentavam sua igreja, a maior do Brasil fora do Acre. E como acontece com toda igreja, o Céu de Maria também atraiu aflitos, em busca de redenção espiritual. A multidão emocionada no enterro de Glauco testemunha o profundo amor que ele conseguiu despertar e o reconhecimento do papel positivo que representou. Leia mais


Ps: Interessante texto de uma pessoa que conhece o assunto. Na guerra de desinformação, o pai de Cadu, orientado pelo advogado, está tentando vender a imagem de que o garoto era normal e feliz e ficou louco depois que passou a frequentar a igreja de Glauco. Ou seja: a estratégia de defesa é que Glauco era o culpado e morreu porque mereceu. 

Pô, Dioclésio! Fora do contexto, ninguém é normal


“O que a gente fez foi desnudar, fotografar e radicalizar os argumentos do autor para mostrar o ridículo da situação. Queremos provar que com um pouco de má intenção qualquer um pode ver malícia em qualquer coisa, por mais inocente que seja. O segredo é tirar do contexto. Um fragmento da história sem situar o leitor, um frame do desenho animado sem mostrar seu porquê. Aí fica fácil achar pelo em ovo ou chifre em cabeça de cavalo” Pablo Peixoto, explicando que o blog Porra Maurício é uma crítica ao texto do "jornalista" Dioclésio Luz, no Observatório da Imprensa, no qual ele acusa a Turma da Mônica de incentivar o bulling. 

sexta-feira, março 19, 2010

Ágora


Assisti Ágora, filme de Alejandro Amenábar. É um belíssimo filme sobre a filósofa Hipátia, uma das mentes mais brilhantes de sua época e que acabou morrendo nas mãos dos cristãos depois de ter sido torturada e humilhada por eles. 
A película permite uma reflexão sobre vários assuntos e torna-se, desde já, grande candidato a ser exibido em aulas de história e filosofia, à semelhança de O nome da Rosa. 
Além das questões filosóficas levantadas no filme (curioso ver os filósofos discutindo o sistema de Ptolomeu em que os planetas tinham uma órbita em torno da terra e uma outra órbita em torno de si mesmos), há as questões teológicas e históricas. 
Os cristãos daquela época eram o equivalente hoje dos fanáticos islâmicos. A destruição da Biblioteca de Alexandria pelos cristãos foi um crime contra humanidade equivalente ou até maior que a destruição do World Trade Center. Em termos culturais, maior, pois muito do conhecimento acumulado à época se perdeu. 
O curioso é que isso foi feito por seguidores de Jesus, que dizia: "Ama a teu próximo como a ti mesmo". Não há nada nos ensinamentos de Jesus que mande escarnecer da crença alheia, ou matarm alguém, ou destruir bibliotecas, mesmo assim tudo isso foi feito em nome de Jesus. 
Ou seja: parece que a humanidade não estava preparada para uma mensagem de paz e interpretou tudo errado. O que era para ser misericórdia virou intolerância, o que era para ser paz virou guerra. Tanto que, quando o paganismo foi varrido do império romano, os cristãos se voltaram contra si mesmos, com a igreja perseguindo os cristãos que não seguiam sua visão de mundo. 
Claro, o cristianismo gerou grandes pensadores, como Santo Agostinho, São Tomás Aquino e Guilherme de Ockan, mas nem isso impediu que a bárbarie tomasse conta. Vide a Santa Inquisição. 


quinta-feira, março 18, 2010

Guedes Manifesto lança Almanaque Meteoro

O blog Guedes Manifesto criado há cerca de um ano e meio pelo editor, escritor e roteirista Roberto Guedes (autor dos livros A Era de Bronze dos Super-Heróis, A Saga dos Super-Heróis Brasileiros e Quando Surgem os Super-Heróis), se transforma em selo editorial, e sua primeira publicação é o Almanaque Meteoro 1 (52 páginas, capa colorida, miolo P/B).

Trata-se de um genuíno prozine (fanzine só com autores profissionais), que segue na mesma tradição dos lendários Witzend de Wally Wood; Charlton Bullseye editado por Bob Layton; e Historieta, do saudoso Oscar Kern; misturando Quadrinhos, artigos, entrevistas e pin-ups.

Para a edição de estréia, o Almanaque apresenta o início da emocionante e aguardada série de Meteoro, Aquele Que Está Nos Ares. Publicado pela primeira vez em 1992, o Mascarado Voador estrelou diversas revistas no decorrer de quase 20 anos, até chegar aqui, modernizado para o novo milênio, desamarrado da velha continuidade, com uma nova identidade secreta, uma origem reformulada e uma proposta editorial que certamente irá cativar o leitor de imediato.
A tiragem é bem limitada, por isso não perca tempo! Para se adquirir a primeira edição do Almanaque Meteoro, basta entrar em contato com Roberto Guedes através do blog http://guedes-manifesto.blogspot.com/ ou diretamente pelo seu e-mail, clicando aqui (guedesbook@gmail.com). Em breve, endereços de bancas e comic shops que revenderão a edição serão divulgados no Manifesto. O título é trimestral.

sábado, março 13, 2010

Saudades do Glauco

Ontem nem tive tempo de postar algo sobre a morte do quadrinista Glauco, que chocou a todos nós. Talento puro, Glauco revolucionou o humor, influenciando até mesmo os amigos Angeli e Laerte, que eram mais antigos que ele na profissão. Além de grande artista, Glauco era um líder religioso, do Santo Daime, uma religião que mistura crenças indígenas e católicas.
Abaixo, coloco uma entrevista dele sobre sua atuação no Santo Daime.

quinta-feira, março 11, 2010

Artelectos chega ao número 4

A revista de quadrinhos experimentais de Edgar Franco chega ao número 4 trazendo mais algumas histórias com seu inconfundível traço ilustrando seu peculiar universo ficcional. A obra de Edgar, tantas vezes reconhecida no campo da pesquisa acadêmica e da música eletrônica, agora tem o aval de um dos mais renomados prêmios dos quadrinhos nacionais, o Troféu Bigorna, atribuído por especialistas na área. 
Mais informação no site da editora Marca de Fantasia

Artigo sobre paradigmas na revista Filosofia

Já está nas bancas de Macapá o número 22 da revista Conhecimento Prático Filosofia que traz um artigo meu sobre o filósofo Thomas Kuhn e a teoria dos paradigmas. Interessante para quem se interessa pela teoria do conhecimento.

quarta-feira, março 10, 2010

Blog faz homenagem satírica ao Maurício de Sousa

A nova sensação da internet é o blog Porra Maurício, criado pelos roteiristas Fernando Marés e Pablo Peixoto. O blog foi criado para criticar um texto Dioclécio Luz no Observatório da Imprensa, que acusava a Mônica de praticar bulling e cobrava que as histórias fossem mais politicamente corretas. O texto do Dioclécio é muito ruim e sem a menor fundamentação, mas deu origem a esse ótimo fruto, que já foi elogiado até pelo Marurício. Acessem o blog e se preparem para rir: além dos ótimos recortes de histórias com erros de revisão (por exemplo, em um quadrinho, o Cebolinha aparece com dedos, e em outro sem dedos), o divertido são os comentários... 

Videocast sobre o MSP+50

terça-feira, março 09, 2010

Eu e JJ Marreiro no MSP+50


Finalmente eu já posso contar: estou entre os artistas selecionados para a segunda edição do álbum de luxo MSP 50. 
O álbum foi criado para comemorar os 50 anos de carreira de Maurício de Sousa. Foi um dos lançamentos mais elogiados de 2009. E também um dos grandes sucessos de venda, que se esgotou rapidamente em lojas virtuais, como o Submarino. 
O sucesso e o fato de muitos artistas terem ficado de fora fizeram com que se decidisse fazer uma segunda edição... e eu fui convidado para participar dessa segunda edição em parceria com o desenhista cearence JJ Marreiro. O Sidney Gusman, coordenador editorial da MSP fez o convite ano passado, mas pediu sigilo. Só semana passada divulgou a informação, no seu Twitter:  "A primeira das 3 duplas do MSP + 50 é... @giandanton (roteiro), do Amapá, e @jjmarreiro (arte), do Ceará. Vem coisa boa aí!"
Eu cresci lendo as revistas do Maurício de Sousa, especialmente o gibi do Cebolinha que  colecionei por toda a infância. Meus filhos cresceram lendo Turma da Mônica. Lembro de uma história do Capitão Feio e outra do Astronauta que meu filho pedia para ler para ele diversas vezes. Minha filha aprendeu a ler com as revistas do Maurício, aos quatro anos. Hoje, com 10, ela lê a Turma da Mônica Jovem e sabe tudo sobre os personagens criados pelo Maurício. 
Então, o convite foi uma dupla alegria. A primeira, participar de uma homenagem a um artista que marcou a minha infância e a de meus filhos. A segundo é fazer isso em dupla com o JJ Marreiro, um dos artistas nacionais que mais admiro. 
Claro que o peso da responsabilidade foi grande, mas no final, acho que chegamos a um resultado bom. Sidney Guman, ao ler o texto, escreveu no seu Twitter: "Editei há pouco o roteiro do @giandanton, que será desenhado pelo @jjmarreiro no MSP + 50. Uma perfeita HQ mauriciana, eu diria". 
Agora a história está sendo desenhada pelo JJ. Quando tivermos alguma coisa, eu posto aqui. 

domingo, março 07, 2010

Quadrinhos X Politicamente correto – mais um round

  • Por Diogo Salles

Soa o gongo para mais um round na luta do humor e da HQ contra o patrulhamento politicamente correto. O último havia sido a polêmica do livro Dez na Área, um na Banheira e Ninguém no Gol.  E eu que achava que já tinha visto de tudo, vi o recorde da vergonha alheia ser batido mais uma vez: um sujeito tentou mostrar que os quadrinhos da Turma da Mônica são um mau exemplo para as crianças porque são “conservadores”. Dê uma olhada na imagem acima. Viu como essa turminha representa uma grande ameaça ao seu filho? Medo!
Não será preciso desmontar as fraquíssimas argumentações do texto, porque isso já está feito. O que me assusta é o falso moralismo, a mentalidade primitiva e a mesquinhez do autor, que entre outras sandices, diz que a Mônica pratica “bulling” e que a Magali e o Cascão têm “desvios comportamentais”. Ora, não entendi. Com o perdão da indiscrição, mas será que o autor se deixou influenciar tão fácil pelo Cascão que parou de tomar banho? Nada contra, só perguntando. Ou será que ele, influenciado pela Mônica, passou a praticar o “bulling” lá no sindicato dele? leia mais

História dos quadrinhos

Grafipar
 No final dos anos 1970, surgiu em Curitiba uma editora especializada em quadrinhos que tirou o foco do eixo Rio-São Paulo e conseguiu agregar alguns dos melhores artistas nacionais. Seu nome era Grafipar.
A Grafipar deu tão certo que vários desenhistas e roteiristas se mudaram para Curitiba, formando uma vila de quadrinistas, a única no Brasil de que se tem notícia. Entre eles: Bonini, Franco de Rosa (que depois viraria editor da Press, Nova Sampa, Escala e Mythos), Gustavo Machado, Watson, Ataíde Braz e Cláudio Seto, o samurai dos quadrinhos e grande mentor da turma da Grafipar.
Um dos atrativos eram os salários, bons para a época, muito maiores, por exemplo, que o salário de um jornalista. O time de roteiristas da casa tinha nomes como Carlos Chagas, Nelson Padrella, Ataíde Brás, Júlio Emílio Brás e até o poeta Paulo Leminski.
Uma grande surpresa para a maioria do público é saber que Paulo Leminski escreveu quadrinhos. Na época a sua esposa, Alice Ruiz, editava uma revista astrológica, Horóscopo de Rose para a Grafipar e Leminski acabou fazendo alguns trabalhos para a editora. Ele adorava o trabalho do desenhista Júlio Shimamoto e talvez tenha escrito algo para ele. De certo mesmo, o poeta só escreveu quatro histórias. Duas para Cláudio Seto e duas para Rodval Matias.
Vários desenhistas começaram suas carreiras ou se tornaram conhecidos dos fãs na Grafipar, entre eles Rodval Matias, Mozart Couto e Watson. Os dois primeiros tinham nítida influência de Frank Frazzetta, desenhista americano famoso por suas histórias de ficção fantástica.
Mozart Couto vinha de uma família conservadora do interior de Minas Gerais. Por isso, não desenhava erotismo, que era a principal fonte de renda da editora. Os outros desenhistas reclamavam, já que ele era único que fazia exclusivamente história de terror e fantasia. Posteriormente, quando a editora começou a entrar em decadência e os títulos se tornaram mais explícitos, ele começou a desenhar erotismo e não parou mais.
Era comum receberem visitas de fãs querendo conhecer Watson, o mais festejado desenhista da Grafipar. Como o seu traço era muito parecido com o do francês Moebius, eles achavam que ele era um homem alto e sofisticado. Ficavam decepcionados. Nordestino, Watson era baixinho, mirrado e vivia com frio. Passava os dias de inverno enfiado na cama, embrulhado no cobertor, vestindo uma toca de lã e desenhando numa mesinha de sala.
A Grafipar lançou uma quantidade e uma variedade enorme de títulos. Começou com uma revista chamada Eros, mas como outra editora tinha direito sobre o nome, a publicação mudou para Quadrinhos Eróticos. Com a mudança de nome, as vendas dispararam e o dono da Grafipar se empolgou.
Depois de Quadrinhos Eróticos vieram Fargo, sobre faroeste, Sertão e Pampas, com histórias que se passavam no sul do país, Perícia, sobre crimes, Neuros, de terror, e Próton. Esta última pretendia seguir a linha Heavy Metal, misturando fantasia com ficção científica Quase todas as histórias, incluindo as policiais e de terror, tinham toques de erotismo. Não era propriamente pornografia, mas erotismo.
Outra revista curiosa era a Super-gay, um descarado plágio do Capitão Gay, do humorista Jô Soares. Na revista, boa parte das personagens da DC e da Marvel ganhavam sua versão rosa-choque e tínhamos heróis como o Aquagay, o Thorvelhinho, o Húlia e o Flashhomo. As poucas mulheres que apareciam era... sapatões! O desenho era de Watson, que dava um verdadeiro show, botando no chinelo muitos desenhistas gringos. Mas Jô Soares, que sempre leu quadrinhos, descobriu a artimanha e reclamou à editora. O Super-gay foi vencido pelo Capitão Gay.
Outro grande momento da Grafipar foi a revista Fêmeas. Fêmeas apresentava histórias de aventura no melhor estilo Frank Frazzetta. Fêmeas eram as heroínas bárbaras, como Ulla, Maíra, Ssara e Hyania, que, entre uma aventura e outra transavam com vilões, heróis e qualquer um que aparecesse pela frente.
Um pouco antes da Grafipar completar cinco anos, a crise econômica acabou com a editora. As últimas revistas foram publicadas em 1983. Muitos desenhistas foram para São Paulo ou Rio de Janeiro. Os roteiristas foram trabalhar com publicidade ou jornalismo. Os ilustradores que ficaram tornaram-se chargistas de jornais ou pintores. Alguns, como Rogério Dias, tornaram-se artistas plásticos famosos e reconhecidos.
O sonho havia acabado, mas a semente plantada ainda dá frutos. Atualmente Curitiba é um foco de quadrinhos de ótima qualidade, com revistas sucesso de público e crítica, como O Gralha e Manticore. 

Saiba mais sobre a editora no Baú da Grafipar.

terça-feira, março 02, 2010

Anjo de dor

Até há pouco tempo existia um grande preconceito contra a literatura de terror brasileira. Acreditava-se que uma história passada em São Paulo, com personagens com o nome de Ricardo não conseguiriam chegar aos pés dos livros escritos nos EUA, com personagens chamados, por exemplo, Richard. Era um preconceito que dominava a literatura de gênero, incluindo a ficção-científica. Editoras colocavam banners em seus sites com os dizeres: “Não aceitamos originais de ficção-científica” ou “Não aceitamos originais de terror”.
Felizmente as coisas mudaram, e muito. O sucesso dos vampiros de André Vianco (Os sete) e da fantasia de Orlando Paes Filho (série Angus) abriu os olhos das editoras para os talentos nacionais. Graças a isso, podemos hoje ler obras como Anjo de dor (Devir) de Roberto de Souza Causo.
Roberto Causo é um dos mais importantes e respeitados nomes da literatura de gênero no Brasil. Começou a publicar profissionalmente no início da década de 1990, mesmo período em que organizou a I Convenção de ficção científica do Brasil, em Sumaré, São Paulo. O evento contou com a presença do badalado escritor Orson Scott Card. Roberto foi um dos classificados no Concurso de contos Jerônimo Monteiro, promovido pela célebre Isaac Assimov Magazine, editada pela Record, que marcou época, influenciando toda uma geração de fãs e escritores. Colaborou com a revista publicando, além de contos, entrevista e resenhas. Desde então, tem publicado textos sobre literatura gênero nos mais diversos veículos, de Playboy à Cult. Também é um conhecido organizador de coletâneas, como Dinossauria Tropicalia (GRD, 1994), Rumo à Fantasia (Devir, 2009) e Os Melhores Contos Brasileiros de Ficção Científica (Devir, 2008), além de ter publicado romances, como A corrida do rinoceronte (Devir, 2006).
O anjo de dor, sua mais recente publicação mostra que o preconceito contra o horror nacional é apenas isso: preconceito. Causo começou a escrevê-lo em 1990, num barracão que foi o que restou da cozinha e do banheiro da casa de seus pais, derrubada pela prefeitura de Sumaré para ampliação de uma avenida. Antes dele, quem ocupava o lugar era um ex-pugilista chamado Ricardo. O texto era escrito de madrugada, em uma velha máquina Olivetti. Leia mais no Digestivo Cultural.

segunda-feira, março 01, 2010

Artigo sobre paradigmas na revista Filosofia

A edição 22 da revista Conhecimento Prático Filosofia traz um artigo meu sobre o filósofo Thomas Kuhn, autor da teoria dos paradigmas. A revista já está disponível na região sudeste e deve chegar em Macapá na próxima semana. O meu artigo sobre Edgar Morin, capa do número 21 chamou a atenção de outra publicação, que pediu para republicar. Quando tiver mais detalhes, aviso.

Con-gozada: lixo e poluição sonora

Quando em morava no bairro da Cidade Nova, em Belém, tínhamos um Centro Comunitário e realizávamos várias atividades culturais. Concurso de música, campeonato de xadrez, cursos, oficinas, etc. Nunca incomodamos ninguém. Mesmo o concurso de música era dentro do centro, e o som era sempre no volume certo para não incomodar os vizinhos. Além disso, fazíamos campanhas de conscientização quanto a questões como o lixo urbano. Eu fico comparando a experiência da Cidade Nova com a do Congós, onde moro atualmente.
Parece que no Congós as pessoas só reúnem para incomodar os outros e ajudar alguns a faturar. Não há nenhuma preocupação ambiental ou cultural. Exemplo disso é o bloco Congozada. Para começar, nunca ouvi falar em bloco em área residencial. Geralmente os blocos ocorrem em locais não-residenciais justamente para não incomodar. O "evento" aconteceu ontem, em pleno domingo, começou de tarde e varou a noite. As músicas, claro, eram de gosto duvidoso e o som era tão estrondoso que as paredes de minha casa tremiam. Eu, havia trabalhado sábado e domingo e, ao contrário dos organizadores da Congozada ia trabalhar na segunda de manhã. Mas não pude descansar. Quem consegue dormir com som alto?
O resultado pode ser visto nas fotos que ilustram este post: muito, muito lixo espalhado pelos locais por onde passou a Congo-zada.
O mais curioso é o evento, aparentemente, teve autorização da Secretaria de Meio Ambiente.