quarta-feira, maio 31, 2017
O uivo da górgona - parte 68
68
Jonas se virara para os zumbis, as
facas em suas mãos erguidas, pronto para se defender.
- Eles estão entre nós e a escada!
Um dos zumbis urrou e correu na
direção deles.
Veio descontrolado, pouco se
importando com as facas que brilhavam à sua frente.
Jonas rasgou o ar com a faca e a
ponta dela passou pelo nariz do zumbi, tirando um filete de sangue. Uma segunda
faca passou, agora pela garganta e o filete se misturou ao jorro. O zumbi parou
por um instante, como que surpreso, seus olhos mortos e indecisos. Então caiu.
- Corram! – gritou Jonas.
Edgar correu o mais que pôde. Não
sabia para onde estava indo ou para que lado estavam os outros. A multidão
atrás de si e seu urrar caótico eram a única coisa que em que pensava.
Infelizmente havia poucos carros no estacionamento e se esconder parecia
impossível.
As pernas já começavam a falhar e
a respiração era forçada. O peso da idade já começava a cobrar seu preço. Mesmo
assim, ele continuava correndo, olhando de tempos em tempos para trás. Na
última vez que olhou, percebeu que a multidão se afastava cada vez mais. Os
três haviam se separado, criado três objetivos e a grande massa não sabia como
responder a isso. Sem as camadas mais evoluídas do cérebro, só lhes restara os
comportamentos instintivos, de ação imediata. Agora, sem saber aonde ir, o
grupo paralisara, indeciso.
Edgar escondera-se atrás de uma
coluna e os observava. O grupo agora era maior, talvez umas vinte pessoas. Mas
o que ganhara em número, perdera em iniciativa. Ficavam ali, mexendo-se,
grunhindo, mas incapazes de decidir por um rumo.
Eles ainda estavam entre ele e a
porta que dava acesso aos andares superiores. Se conseguisse passar por eles
sem ser visto, talvez pudesse se salvar.
Jonan Hex
No início da década de 1970 os quadrinhos de faroeste iam mal das pernas. Parecia impossível que um gibi de cowboys pudesse fazer sucesso. Foi quando surgiu Jonan Hex. Um dos primeiros anti-heróis dos quadrinhos, Hex era diferente de tudo que se fizera no gênero até então.
Na época, a DC publicava a
revista All Star Western, mas as histórias não estavam agradando os novos
leitores, acostumados às inovações da Marvel e da própria DC. Joe Orlando, o
editor, e o escritor John Albano queriam criar tentar algo novo. Albano teve a
ideia de caçador de recompensas, um homem mau-humorado e mau-caráter. A ideia
era se afastar o máximo do estereótipo do cowboy difundido por Hollywood e
pelos quadrinhos. O desenhista escolhido para a série, o filipino Tony
DeZuñiga, pegou exatamente o espírito do personagem, fazendo-o com roupa de um
confederado da guerra civil americana e uma enorme cicatriz no lado direito do
rosto, que acabou se tornando sua marca registrada.
O traço de Zuñiga era tão
realista que muitos achavam que ele usava referências fotográficas. O que
ocorre é que no início de carreira ele havia usado tantas referências que tinha
se acostumado a fazer um traço realista.
Joe Orlando ficou receoso em
publicar um personagem mau-caráter e acrescentou um lado bom, dando profundidade
ao personagem.
Essa característica aparece
já na primeira história. Jonan nos é apresentado como um impiedoso caçador de
recompensas, mas que usa o dinheiro para ajudar uma viúva endividada e seu
filho. O final feliz que se insinua aí faz lembrar o clássico faroeste Os
brutos também amam. Mas a viúva se mostra pouco agradecida e o herói termina a
história ainda mais enfezado que no início, mostrando que aquela não seria uma
série comum.
Jonan Hex estreou na revista
All-Star Western, em 1972 e logo se tornou o protagonista da mesma. Em 1977
ganhou revista própria, que durou 92 números, sendo publicada até 1985. É, até
hoje, um dos mais famosos cowboys dos quadrinhos.
Como os aliados conseguiram enganar os alemães no dia D?
Para diminuir as defesas sobre as praias da Normandia, os
aliados usaram vários estratagemas. O objetivo era fazer os nazistas pensarem
que o ataque aconteceria em Calais, na Noruega, o ponto mais próximo da
Inglaterra. Foram tão bem sucedidos que, quando houve a notícia de um ataque na
Normandia, a maioria dos oficiais alemães achou que se tratava de um blefe, de
uma incursão de pequeno porte para desviar a atenção de Calais.
Para enganar os alemães os aliados levaram à frente da
operação Fortitude. Um grupo de velhos oficiais britânicos ficava trocando mensagens de rádio num código
fácil de ser quebrado. Um tal de quarto exército britânico iria invadir a Noruega
em julho e para isso já estavam até fazendo treinamentos com esqui e
sobrevivência na neve.
Para aumentar a impressão de que o ataque seria mesmo por
Calais, chamaram especialistas de Hollywood para criar um exército fictício.
Foram montados um centro de abastecimento falso, tanques de plástico e até
navios de papel machê. O objetivo era
enganar os aviões espiões. Funcionou. A maioria das tropas alemãs foram
enviadas para a Noruega.
terça-feira, maio 30, 2017
Heróis da TV 44
Em meados da década de 1980 eu colecionava a revista Superaventuras Marvel, mas não tinha dinheiro para comprá-la. Acontece que descobri um colega de escola que colecionava outra revista, a Heróis da TV, mas não tinha saco de procurar nos sebos, coisa que eu adorava. Assim, eu percorria os sebos de Belém, procurando Heróis da TV (eu levava a lista da coleção do meu amigo). Eu comprava barato e revendia para o amigo, pelo dobro do preço. Com o dinheiro arrecadado, comprava outras Heróis da TV e algumas Superinteressantes (essas eu ficava para minha coleção). Claro que antes de vender, eu lia a revista de cabo a rabo. De todos os personagens dessa fase o que mais me chamava atenção era o Mestre do Kung Fu por sua relação com a filosofia oriental.
O uivo da górgona - parte 67
67
Edgar olhou para suas mãos,
apreensivo. Tinha uma faca na esquerda e um cutelo na direita. Tinham invadido
uma loja de importados e se armado as facas cujas propagandas prometiam um
corte perfeito. As imagens dos anúncios mostrava as facas cortando carne como manteiga.
Edgar rezou para que fosse verdade.
- Vamos entrar juntos e evitar nos
separar. – disse Jonas. A ideia é andar entre os carros e tentar pegar eles um
a um. Não sei se vamos conseguir isso com todos, mas quanto mais diminuirmos o
tamanho do grupo melhor, ok?
Alan e Edgar concordaram.
Então desceram para o
estacionamento.
Ficaram lá, parados, esperando.
Conforme seus olhos iam se acostumando à parca luminosidade, iam enxergando os
vultos passando. Edgar já havia observado que o comportamento de multidão era
errático e ampliado pelo uivo da górgona. Quando ela soava, eles se juntavam em
grupos e se tornavam muito, muito mais violentos. Em outros momentos, eles
simplesmente vagavam sem rumo, algumas vezes sozinhos. Só voltavam a se juntar
em uma multidão compacta quando ouviam barulhos. Assim, teriam alguma chance se
pegassem um a um.
A dúvida era se deveriam se expor,
procurando um zumbi desgarrado, ou esperar ali por um que talvez nunca
aparecesse.
Por fim, a sorte jogou a favor
deles.
- Ali. – disse Jonas, apontando
para o canto esquerdo.
Quanto teve certeza de que os
outros já tinham visto, saiu correndo, as duas mãos com as facas erguidas.
Edgar e Alan foram logo atrás dele.
A primeira facada acertou em cheio
na garganta, que se abriu num jato de sangue.
Sim, sem dúvida, aquelas eram boas
facas.
Os três terminaram o serviço,
enquanto o zumbi engasgava em seu próprio sangue.
Edgar tentou não pensar que era um
ser humano que estava ali, sendo morto implacavelmente.
Finalmente, a coisa parou de se
mexer. Os três ficaram lá, parados, meio atônitos, até serem despertados por
Jonas.
- Vamos sair daqui, rápido!
Os três se esconderam atrás de um
carro, bem a tempo de ver um grupo se aproximar. Era um grupo pequeno, de dez
ou doze zumbis. Vinham se arrastando e gemendo um matraquear incompreensível.
Jonas apontou para um deles, que
vinha atrás, desgarrado dos outros.
Aguardaram pacientemente que o
grupo passasse, então pularam sobre ele.
Alan e Edgar puxaram o zumbi na
direção dos carros enquanto Jonas tentava acertar a jugular, como fizera com o
outro. Mas dessa vez algo deu errado. Talvez tenha sido o fato dele estar sendo
puxado na direção errada, ou talvez simplesmente Jonas tivesse sido incapaz de
um golpe tão certeiro quanto da outra vez. O fato é que o outro soltou um urro
quando a faca afiada passou por seu peito sujo, espalhando um rastro de sangue.
- Ai, meu Deus! – fez Alan.
Edgar não disse nada, mas
concordou com o rapaz. O grito. O grito ia chamar os outros.
Jonas enterrou a faca na barriga
do zumbi, enquanto Edgar fazia o mesmo na garganta, o que fez com que o grito
se transformasse num gorgolejar que foi se esvaindo aos poucos, até que o corpo
morto caísse no chão do estacionamento.
Só então os três puderam olhar às
suas costas. Havia uma multidão ali, atrás deles.
Simulacro e hiper-realidade
A
noção de simulacro remonta a Platão. Segundo ele, havia o modelo original,
perfeito, no mundo das ideias. Em nosso mundo encontrava-se a cópia imperfeita
desse modelo original. E, por último, havia a cópia da cópia, o simulacro. No
simulacro, as imagens perdem seus referentes, são apenas signos, sem relação
com o mundo.
A relação entre imagem e natureza
muda, de forma radical, com as tecnologias digitais. A natureza é substituída
por um simulacro. A imagem se descola da realidade física do objeto para se
ater ao modelo do objeto. É o que Baudrillard chama de hyper-realité (hiper-realidade). Agora, a modelização do objeto é
mais importante que o objeto. Não se trata mais de representar o mundo, mas de
simulá-lo, ou até criá-lo.
Essas
imagens, mais interessantes e vívidas que as imagens reais, criam uma espécie
de hiper-realismo, que Umberto Eco no
livro Viagem na irrealidade cotidian definiu através da comparação com o slogan
da Coca-cola The real thing: “a
imaginação americana deseja a coisa verdadeira e para atingi-la deve realizar o
falso absoluto”.
Exemplo
disso é o Museu da Cidade de Nova York com seus pergaminhos vendidos na loja,
fac símiles do contrato de compra de Manhattan. A reprodução é cuidadosa, reproduzindo
até mesmo o cheiro de papel velho. Ocorre que o contrato original era em
holandês e o seu simulacro está em inglês.
O
próprio Umberto Eco lembra que os quadrinhos já brincavam com a hiper-realidade,
como nas histórias do Super-homem em que aparece a Fortaleza da Solidão com a
representação fidedigna, mas ampliada, de lembranças de aventuras do homem de
aço. Também ali estão diversos robôs, cópias fidedignas do próprio Homem de aço,
simulacros do mesmo.
Nas palavras de Baudrillard os
modelos deixam de ser uma projeção do real, mas tornam-se, eles mesmos, uma
antecipação do real.
O que foi o dia D?
O dia D foi uma das maiores operações militares da II
Guerra Mundial. Nela, ingleses, norte-americanos e canadenses invadiram o
continente europeu pelas praias da Normandia. A necessidade dessa operação
surgiu em um encontro entre Franklin Roosevelt, presidente norte-americano,
Winston Churchill, primeiro-ministro britânico, e Josef Stalin, premier da
União Soviética, em Teerã, no Irã. O líder russo insistiu que não poderia
sustentar sozinho uma guerra contra a Alemanha na Europa. Para ele, era
necessário abrir uma frente ocidental na guerra, para dividir os esforços
nazistas.
Embora relutantes, pois sabiam que invadir o continente
provocaria um grande número de mortes, os líderes da Inglaterra e dos EUA
concordaram, pois duas possibilidade os assustavam. Eles temiam que Stalin
pudesse assinar um tratado de paz com Hitler ou, pior, que ele libertasse a
Europa toda, ficando todo o continente sob as asas da Rússia.
A operação foi chamda de Overlord (senhor supremo) e foi
cuidadosamente planejada. A idéia era bombardear fortemente as posições alemãs,
enviando para-quedistas para atacarem por trás, cortando as linhas de
comunicação e tomando pontes, enquanto uma multidão de soldados aliados
avançavam pelas praias.
No comando da operação foi colocado o general
norte-americano Dwigth Eisnhower.
O principal problema a ser resolvido era quanto ao
desembarque. A tecnologia existente na época contava com barcos pesados e
difíceis de manobrar, além de muito vulneráveis. O projetista naval
norte-americano Andrew Higgins solucionou o problema criando os lanchões,
barcos de 10 metros que conseguiam carregar até 30 soldados, manobrar em águas
rasas e voltar para pegar uma nova leva de pessoal ou equipamento.
O dia D aconteceu em 6 de junho de 1944.
segunda-feira, maio 29, 2017
Capitão Gralha: primeiros esboços para o personagem
Esses são os primeiros esboços conhecidos para o uniforme do famoso super-herói curitibano. Iwerten nitidamente estava influenciado pela mitologia grega e dava ao personagem um visual mais mitológico. O visual mais super-herói surgiria pouco depois do embarque do quadrinista no Brasil.
Quem foi Franklin Delano Roosevelt?
Franklin Delano Roosevelt foi um dos mais populares presidentes da história dos EUA e líder daquele país no período da II Guerra mundial.
Roosevelt realizou quatro mandatos, até morrer pouco
antes do final da guerra. No primeiro mandato ele conviveu com a grande
depressão e conseguiu tirar o país da situação de penúria em que ele se
encontrava dando melhores condições de trabalho aos americanos, construindo
estradas e obras governamentais e levando energia elétrica às partes menos
desenvolvidas do país.
Foi um dos grandes responsáveis pelos EUA terem se
tornado a potência que são hoje.
Foi um grande amigo e parceiro de Winston Churchill,
primeiro ministro inglês.
Roosevelt contraiu poliomielite aos 39 anos, uma doença
que o deixou com grande dificuldade de movimento desde então. Ele muitas vezes
usava cadeiras de rodas, mas fazia o possível para esconder isso do público, prefeindo
andar apoiado em seguranças do serviço secreto.
Suas medidas durante a II Guerra o tornaram populares,
fazendo com que ele vencesse uma quarta eleição, tornando-se o único presidente
a alcançar essa marca. Entrentanto, ele não chegou a terminar esse mandato,
pois morreu em 1945.
Família Titã
No inicio da década de 1990, o desenhista Joe Bennett ainda não tinha iniciado sua vasta produção para o mercado norte-americano de super-heróis, no qual atuaria com personagens como Batman, Homem-Aranha, Thor e tantos outros. Ele ainda assinava seus trabalhos como Bené Nascimento.
Na época, um segmento que andava em alta era o de quadrinhos eróticos, e Bené tinha total liberdade de criação para realizar seus trabalhos para a Editora Sampa. Foi nessa fase que ele, em parceria com o escritor Gian Danton, produziu diversas HQs focadas no horror e na fantasia.
A Insólita Família Titã foi publicada nessa época em diversas revistas eróticas (numa tiragem total de mais de 150 mil exemplares), e ganhou muitos fãs, além de ter conquistado novos adeptos a partir do ano 2000, quando foi difundida na Internet.
Em 2014 a editora Opera Graphica relançou a história no formato de álbum de luxo, com textos sobre a importância da história e biografia dos autores, além de mais uma HQ, Powers, tornando-se um item de colecionador para os fãs dos super-heróis brasileiros.
Valor: 25 reais, frete incluso.
Pedidos: profivancarlo@gmail.com.
Neologismos
Hoje uma pessoa deixou essa mensagem no meu perfil no Facebook:
"esquerdofrênico e esquerdopata, esse é o respeito à democracia e às opiniões divergentes? Fazendo discurso de ódio e intolerância? Vc é mesmo um idiota útil de Lenin e Gramsci! Censurador e ditador! Só podia ser um comunopetista esquerdofrênico! Abra seus posts para público se tiver coragem de conhecer a verdadeira democracia e o que a maioria do povo pensa! De resto, é apenas fanatismo religioso da sua fé socialsita."
A mensagem, provavelmente, era uma resposta a uma postagem minha na qual eu dizia que bloqueava bolsominions justamente por causa das ofensas e total falta de argumentos.
Curiosamente, a mensagem, repleta de neologismos, reforçava exatamente o que eu disse: não há argumentos, apenas ofensas. E uma visão muito específica de democracia, segundo a qual todos são obrigados a aceitar essas ofensas ou se converter ao credo bolsonariano.
É por essa razão que bloqueio bolsominions.
"esquerdofrênico e esquerdopata, esse é o respeito à democracia e às opiniões divergentes? Fazendo discurso de ódio e intolerância? Vc é mesmo um idiota útil de Lenin e Gramsci! Censurador e ditador! Só podia ser um comunopetista esquerdofrênico! Abra seus posts para público se tiver coragem de conhecer a verdadeira democracia e o que a maioria do povo pensa! De resto, é apenas fanatismo religioso da sua fé socialsita."
A mensagem, provavelmente, era uma resposta a uma postagem minha na qual eu dizia que bloqueava bolsominions justamente por causa das ofensas e total falta de argumentos.
Curiosamente, a mensagem, repleta de neologismos, reforçava exatamente o que eu disse: não há argumentos, apenas ofensas. E uma visão muito específica de democracia, segundo a qual todos são obrigados a aceitar essas ofensas ou se converter ao credo bolsonariano.
É por essa razão que bloqueio bolsominions.
O uivo da górgona - parte 66
66
No dia seguinte, quando acordou,
Edgar sentiu o cheiro reconfortante de café. Levantou-se, saiu do cinema e foi
seguindo o cheiro. Jonas encontrara uma cafeteria e a colocara em
funcionamento.
- É muito bom sentir esse cheiro!
– comentou Edgar.
- Como prefere?
Edgar riu:
- Cappucinno.
- Temo que o chantili tenha
estragado. Mas vou fazer o que posso com leite em pó, chocolate e canela.
Edgar provou. Estava muito bom.
- Não quero atrapalhar seu café,
mas temos que resolver aquela história...
- Qual?
- Os zumbis no estacionamento.
Edgar ficou em silêncio, olhando
para o outro. Sabia que era verdade. Sabia que a única forma real de evitar o
perigo era matar todos os zumbis lá embaixo, mas mesmo assim tentava adiar a
decisão. Matar por defesa era uma coisa, mas descer lá embaixo e exterminá-los?
Não parecia nada agradável. Disse isso a Jonas.
- Além disso, eles são violentos.
Nada garante que um de nós não seja morto.
- Vamos ter que agir em silêncio e
tentar matar um a um.
Edgar sorveu lentamente o café,
pensativo.
- Está bem, quando faremos?
- Hoje de manhã.
Valerian e Laureline
Em 1967 surgia nas páginas da revista Pilote uma série que
iria mudar para sempre a ficção científica nos quadrinhos. Chamava-se Valerian –
agente espácio-temporal e era produzida por dois novatos, o roteirista Christin
e o desenhista Mézières.
Em sua primeira história, que daria origem ao álbum “Maus
sonhos”, o desenho ainda parecia simplista e os roteiros ingênuos. Mas já era
possível perceber que havia algo ali, especialmente
quando o agente Valerian, em viagem temporal para a Idade Média encontra uma
moça, Laureline, que conquista os leitores e se torna personagem fixa da série.
Os artistas eram dois jovens franceses que havia se mudado
para os EUA na infância e se reencontraram na adolescência. Com o dinheiro do
primeiro álbum eles comprariam sua passagem de volta para o país natal, onde
iriam revolucionar os quadrinhos.
O segundo álbum “A cidade das águas movediças” já trazia um
traço mais seguro e um roteiro mais bem amarrado, além de referências que
mostravam o quanto a obra dialogava com o pós-modernismo. O mafioso Sun Rae foi
inspirado no músico de jazz Sun Ra. O cientista Schroeder, além da referência
óbvia ao personagem pianista da tira Peanuts, tinha as feições de Jerry Lewis
no filme O professor Aloprado.
Mas seria no terceiro álbum, “O império dos mil planetas”
que a dupla acertaria a mão, definindo o estilo que os diferenciaria de tudo
que havia sido feito até então em termos de ficção científica. Foi nesse álbum
que a vocação de Mézières para criar cenários exuberantes se revelou. Também
foi nessa história que Christin mostrou sua capacidade de criar civilizações
extraterrestres e seus hábitos culturais.
A sequência inicial, mostrando a feira do planeta-império, é
primorosa.
Nela descobrimos que mercadores comercializam schalmis,
espécie de conchas gigantes, onde as pessoas se recolhem em busca de
esquecimento. Conhecemos as pedras vivas de Arphal, que se fixam à pele como as
mais belas jóias. Ou os raríssimos spiglics de bluxte, que vivem sobre a cabeça
de seus donos, transmitindo a eles perene felicidade através de telepatia.
A série fez tanto sucesso na Europa que Valerian e
Laureline, dois nomes que não existiam, tornaram-se populares a ponto de muitos
pais batizarem seus filhos com eles.
Outra consequência é mais polêmica. Desde que saiu o
primeiro filme de Star Wars, o desenhista percebeu várias coincidências entre o
filme e suas imagens publicadas no álbum.
O visual de escrava da princesa Lea no filme “O retorno de
Jedi”, por exemplo, é muito parecido com o de Laureline em “O país sem estrelas”.
A nave usada pelos personagens é semelhante à Millennium Falcon, além de várias
outras semelhanças.
Além disso, a personalidade independente da princesa Lea
está muito mais para a Laureline do que para as princesas das histórias
clássicas de ficção científica, que ficava paralisadas diante do perigo,
esperando serem salvas pelos heróis.
O sonho dos autores de ver sua história adaptada para o cinema irá
finalmente se realizar: o cineasta Luc Besson adaptou a história para a telona
e previsão de estreia é ainda para este ano.
O invencível Punho de Ferro
No começo dos anos 70 o ocidente foi
invadido pelo cinema de Hong Kong. O astro da pancadaria e filosofo
Bruce Lee, era a cabeça de ponte da invasão chinesa dos cinemas
ocidentais.
De olho no filão, a Marvel Comics
lançou em Marvel Premiere #15, de
maio de 1974, o personagem Punho de Ferro. Criado por Roy Thomas e Gil
Kane o personagem se chamava Daniel Rand filho
de empresário norte-americano Wendell Rand que descobriu a
mística cidade de Kun Lun. A cidade só se manifestava na Terra a cada
10 anos, e quando Daniel estava com 9 anos, ele, seus pais e o sócio Harold Meachum partiram
em uma nova expedição para procurá-la.
Após matar
os pais de Daniel, Harold voltou para tomar os negócios
de Rand. O garoto consegue sobreviver, mas vaga perdido até encontrar a
cidade, e, ao expressar seu desejo de vingança contra Harold, é treinado em
artes marciais. Após 10 anos, quando a cidade volta a aparecer na Terra, Daniel,
agora transformado no Punho de Ferro (Seu poder era concentrar sua força
interior em um dos punhos, o tornando duro como ferro daí seu nome), volta à
civilização para concretizar a sua vingança.
O personagem teve uma fase de sucesso
quando foi produzido pela então promissora dupla
de artistas John Byrne (desenhos) e Chris Claremont (
roteiros). Essa dupla entraria para a historia pela
famosa série de histórias dos X-Men. Depois de algumas
histórias solo (publicadas no Brasil pela editora Bloch em revista
própria e depois pela Ed Abril em Herois da TV), Punho de
Ferro teve a sua revista fundida com a de outro herói, Luke Cage o herói
de aluguel” numa fase sem muito sucesso. Com a saída de Byrne, a
revista foi cancelada.
Depois de anos como coadjuvante, o Punho
de Ferro voltou aos planos da Marvel. Ganhou uma nova chance muito
elogiada pelas mãos do ótimo roteirista Ed Brubaker e
o competente desenhista David Aja. Existem até planos para um filme
do personagem.
Texto escrito em parceria com Jefferson Nunes.
Texto escrito em parceria com Jefferson Nunes.
domingo, maio 28, 2017
Superaventuras Marvel 8
No início da década de 1980, Conan se tornou uma espécie de coringa da Marvel na editora Abril. Sua popularidade alavancava as vendas. Por isso ele se tornou a estrela da recém-lançada Superaventuras Marvel. A revista só tomou uma cara própria (e deixou de publicar Conan) a partir do número 16, quando estreou o arrasa-quarteirão X-men, cujos direitos até então pertenciam à RGE. A partir daí os personagens de fantasia da revista passaram a ser Sonja e o rei Kull.
Quem era Winston Churchill?
Winston Churcill foi o primeiro-ministro inglês durante o período da II Guerra Mundial e um dos grandes responsáveis pela Inglaterra ter resistido aos ataques alemães.
Churcil era filho de nobres ingleses. Foi jornalista
antes de se dedicar à política. Chegou a lutar na I Guerra Mundial, numa
atuação pouco importante e, segundo alguns, desastroza.
Na câmara dos comuns ficou famoso por suas duras críticas
ao nazismo, que considerava um perigo para a Inglaterra. Várias vezes ele
insistiu na necessidade do país se preparar militarmente para uma investida
alemã. Seu acerto de previsão fez com que ele fosse eleito primeiro-ministro
após a invasão da Polônia por parte do III Reich.
Seus discursos memoráveis, aliado à aproximação dos EUA
foram fundamentais para a futura vitória dos aliados na guerra. Seu famoso
discurso, prometendo sangue, suor e lágrimas para os ingleses foi um dínamo que
alavancou a esperança da população.
Apesar da vitória na guerra, os conservadores perderam as
eleições de 1945 para os socialistas e Churcill foi destituído do cargo, mas
voltaria a ele em 1951.
Ele chegou a receber o prêmio nobel por suas memórias da
guerra e foi saudado como o maior inglês vivo.
Apesar de ter sido líder da Inglaterra no período de
guerra, ele primava pelo pacifismo e dizia que a II Guerra tinha sido uma
guerra desnecessária, pois os países da Europa poderiam tê-la impedido evitando
que a alemanha recomposse suas forças armadas.
O uivo da górgona - parte 65
65
Edgar estava sonhando. Em seu
sonho, ele estava em um parque. Lá em cima brilhava um sol forte, mas
tranquilizador. Pássaros cantavam nas árvores em uma miríade de tons e acordes.
No chão, a relva tinha uma tonalidade de verde claro e luminoso.
O professor olhou à sua volta e
viu pessoas sentadas em esteiras e toalhas. Algumas conversavam, outras comiam
e bebiam e alguém parecia cantar uma música que se confundia com a orquestra
dos pássaros.
Então, lá longe, ele as viu.
Sua mulher e sua filha.
Algo pareceu apertar seu coração,
uma mistura de angústia e alegria... e ele começou a correr na direção delas,
chamando seus nomes.
Mas elas não o viam e não ouviam.
Ele corria, corria, corria. Mas
distância parecia enorme.
Então, em determinado momento, a
menina se virou e um sorriso surgiu em seu rosto. Embora estivessem muito
longe, ele pareceu ouvi-la:
- Papai!
Agora eram elas que corriam na
direção dele e isso o inundou de uma alegria tão grande que o fez chorar. As
lágrimas escorriam, soltas, de seu rosto.
Então, no meio do caminho, tudo
mudou. O sol desapareceu, como se uma luz tivesse sido apagada e foi substituída
pelas trevas da noite. Já não havia mais parque, relva, pessoas lanchando
felizes em esteiras. O cenário era de prédios cinza destruídos, de tristeza e
desolação.
As duas continuavam correndo na
direção dele, mas a expressão delas havia mudado. Agora estavam em desespero.
Então surgiu o lamento terrível da
multidão e dezenas, centenas, milhares de mãos as agarraram e as envolveram
numa mistura de sangue e terror.
Edgar acordou assustado. Por um
minuto achou que tivesse gritado, mas então percebeu que todos ainda estavam
dormindo. Ficou lá, longo tempo, olhando para o teto do cinema, rezando para
que o pesadelo não voltasse e lutando contra o sono, até dormir novamente.
sábado, maio 27, 2017
Pancada
Pancada foi uma revista surgida no rastro do sucesso da MAD. Publicada pela editora Abril fez bastante sucesso na década de 1970. Durou 33 números, de 1977 a 1979.
Como os três grandes dividiram o mundo?
A terceira reunião dos três grandes aconteceu em Postdam,
a 20 quilômetros de Berlim, em julho de 1945. A escolha do local tinha um significado
específico. Postdam era uma espécie de casa de veraneio dos antigos reis
prussianos. Foi nessa localidade que Frederico, o grande, mandara construir o
belíssimo palácio de Sans Souci. Reunir-se sobre o local que simbolizava a
glória germânica era um sinal de que Hitler estava definitivamente acabado.
Os trés grandes, com excessão de Stalin, já não eram mais
os mesmos. Churchil perdera o cargo de Primeiro-ministro e Roosevelt havia
morrido, sendo substituído por Harry Truman.
A balança agora pendia para o lado dos norte-americanos,
pois um dia antes da reunião explodiu a primeira bomba atômica sobre o deserto
do Novo México.
Começou ali a guerra fria, com URSS e EUA lutando pela
supremacia. A Alemanha foi dividida em quatro partes, uma francesa, outra
inglesa, outra russa e finalmente uma quarta norte-americana e cada aliado foi
autorizado a tirar reparações de sua parte. Decidiu-se que as populações alemãs
seriam deslocadas dos territórios orientais, que seriam entregues aos
poloneses.
O uivo da górgona - parte 64
64
De fato, a maioria da comida ainda
estava congelada.
- O shopping tem gerador. Deve ter
funcionado por algum tempo antes que acabasse o combustível.
- Isso significa que...
- Sim. Se conseguirmos
combustível, vamos poder ligar novamente o gerador e ter energia.
Jonas cuidou de cozinhar alguns
hambúrgueres na chapa e fritar batata-frita, que já estava cortada, o que facilitava
muito o serviço.
Sofia foi quem mais apreciou a
refeição, embora Edgar tenha se preocupado com a quantidade de maionese e
catchup que ela colocou no sanduíche.
Zu comeu apenas pão e batata
frita. Edgar comeu apenas um pouco de pão. Estava sem fome.
Alan e Dani comeram lado a lado.
Alan molhava batata-frita no catchup e lhe dava na boca. A garota parecia feliz
com isso.
Quando terminaram, Edgar e Jonas
pegaram o corredor. Tinham rumo certo: a lojas Americanas, onde o professor
queria pegar alguns itens, como travesseiros, toalhas, sabonetes, pasta e
escovas de dente.
Enquanto Jonas abria a fechadura,
o professor voltou a pensar no assunto: onde ele aprendera isso?
- Estive pensando em uma coisa. –
disse Jonas.
- Hm? – fez Edgar.
- Os zumbis lá embaixo. No
estacionamento. Precisamos cuidar deles.
- Até agora eles não subiram. Não
parecem ameaça e temos outra saída.
- Até agora havia uma única pessoa
no shopping. Agora aumentou o número de pessoas e, portanto, o barulho. Não vai
demorar muito para que isso chame a atenção deles. Além disso, para ligar o
gerador, precisamos descer ao estacionamento.
A tranca se abriu com um estalo e
a porta corrediça subiu.
- O que sugere? – perguntou Edgar.
- Vamos ter que descer lá e
resolver isso. Ou estaremos em eterno perigo.
- Você diz?
- Vamos ter que matar todos eles.
Edgar pegou sacolas grandes e as
encheu com um kit de travesseiro, cobertor, toalhas, escovas e pastas de
dentes. Ao voltarem, deu um para cada.
Jonas descobriu que nos banheiros
dos funcionários havia chuveiros e todos, exceto Zulmira tomaram banho.
Dormiram sentados nas cadeiras do
cinema. Edgar sentia-se desconfortável. Estava acostumado a dormir de lado. No
dia seguinte iria procurar um colchão, pensou, enquanto observava Alan e Dani.
Os dois estavam deitado lado a lado, lá na frente, próximo à tela, e também não
estavam dormindo. “Eu devia ter pego camisinha”, pensou.
Heróis da TV da minha coleção - melhores capas
Essas são algumas das capas que mais gosto dessa revista que marcou época. O que acharam? Concordam?
Pulp fictions
Pulp fictions foram publicações anteriores ao surgimento das revistas em quadrinhos (comic books, nos EUA). Publicava contos, inicialmente de autores consagrados, como Poe e H. G. Wells. Posteriormente começaram a contratar novos escritores. Alguns dos autores mais famosos do século XX, como Isaac Asimov, surgiram nos pulps. O nome se deve ao fato do papel ser feito com a polpa da madeira, um papel vagabundo ao extremo, que vazava as letras para o outro lado e se esfarelava com o tempo. Como precisavam se destacar nas bancas, essas revistas tinham capas chamativas, algumas das quais se tornaram clássicas. Abaixo algumas capas de pulps.
O rei do quarto mundo
Em 1970, Jack Kirby foi contratado como estrela pela National (hoje DC
Comics) com liberdade total para criar. Na década de 1960 ele, juntamente com
Stan Lee haviam transformado a Marvel (principal rival da DC) na editora mais
revolucionária dos quadrinhos americanos num movimento que a fez dominar o
mercado de super-heróis, domínio esse
que dura ate hoje.
Kirby estreou num titulo autoral chamado Novos Deuses. Ele ficara famoso
na Marvel ao desenhar principalmente o Thor, então o título era um recado: os
velhos deuses da Marvel estavam mortos. Agora a supremacia seria dos novos. O
texto de abertura do gibi era quase uma declaração nesse sentido: “Chegou o
tempo em que os velhos deuses morreram! O corajoso pereceu com o ardiloso! O
nobre definhou, aprisionado na batalha devido ao mal desencadeado! Foi o último
dia para eles! Uma era antiga terminara com um feroz holocausto!”.
O texto demonstrava muito da mágoa de Kirby com a Marvel. Ele sentia que
sua importância na reformulação da editora havia sido diminuída pelo excesso de
exposição de Stan Lee, que sempre foi ótimo em marketing pessoal e era constantemente
entrevistado pelos jornalistas que queriam falar dos novos quadrinhos Marvel,
que haviam conquistado a nova geração, inclusive de intelectuais.
Na DC, Kirby, criativo com sempre (o roteirista Alan Moore diz que
conseguia criar um mundo antes do café da manhã), queria criar toda uma saga
que passaria pelas revistas Novos Deuses, Forever People e Mister Milagre... A
ideia era posteriormente reunir essas narrativas, que ficaram conhecidas como
Quarto Mundo, numa série de livros em capa-dura.
A saga contava a história de Nova Gênesis, um lar de deuses, em sua luta
contra Apokolips, dominada pelo terrível Darkseid. Ambos os planetas ficam na dimensão conhecida
como o Quarto Mundo, a maneira mais segura
de se chegar a essa dimensão é através de Tubos de Explosão.
Kirby criou todo um universo, e, a despeito do pouco sucesso e do
cancelamento dos títulos de forma precoce, Os Novos Deuses foram incorporados à cronologia do universo DC e têm
participação importante em varias sagas cósmicas da editora.
Jack Kirby criou vários outros personagens, como Etrigan, o demônio,
Kamandi e Omac. Também fez o Super-homem, mas como seu traço diferia muito do
estilo dos outros desenhistas do homem de aço, o rosto do personagem era feito
pelos outros artistas. Essa foi a gota d´água no já estremecido relacionamento
do “Rei” com a DC comics .
Pouco tempo depois, Kirby acabou voltando para a Marvel, onde criou os
Eternos (Fruto das suas leituras de Eram os deuses Astronautas de Eric Von
Danikem) Embora seu trabalho na DC fosse
totalmente inovador e de ótima qualidade, faltava humanidade para os
personagens. Nas histórias de deuses e criaturas super-poderosas faltava
justamente aquilo que Stan Lee colocava nas histórias: o lado humano.
Mesmo não tendo feito grande sucesso de público, o Quarto Mundo
redefiniu o universo DC. Para começar, a editora finalmente ganhou um vilão
sério, alguém que se poderia temer. Antes dele, o melhor que a DC havia chegado
em termos de vilões eram o palhaço Coringa e o cientista louco Lex Luthor.
A criação de Kirby ecoa até hoje nos quadrinhos da DC Comics. A editora
foi marcada definitivamente pelas mãos do rei dos quadrinhos.
sexta-feira, maio 26, 2017
Heróis da TV 40
Como foi a segunda reunião dos três grandes?
A segunda reunião aconteceu em Ialta, de 7 a 11 de fevereiro de 1945.
Naquela ocasião já era certo que os alemães perderiam a guerra e os três
grandes se concentraram em discutir o que seria feito com a Europa depois da
queda do nazismo. Churcil dizia que as forças do Eixo estavam sendo “esganadas
por um cinturão de ferro e aço”.
O foco da reunião foi a proposta de Churchil de
estabelecer áreas de influência sobre as áreas libertadas, ou tomadas dos
nazistas. Pela proposta, os ingleses ficariam com a Grécia e metade da
Iuguslávia, enquanto os russos teriam a Hungria, a Romênia e a Bulgária. A
Polônia ficaria livre. Stalin discordou desse ponto e bateu o pé numa Polônia
comunista. O máximo que o líder inglês conseguiu foi uma promessa de eleições.
Roosevelt deixou claro que não pretendia passar muito tempo com suas tropas na
Europa. Para ele era necessária uma co-existência pacífica com a União
Soviética, o que enfraqueceu os argumentos de Churchil com relação à Polônia.
O único ponto em que todos concordaram foi com relação à
Alemanha. Decidiu-se dividi-la em quatro áreas de influência. Uma seria
governada pelos EUA, outra pela Inglaterra, outra pela URSS e outra pela
França.
Stalin foi vingativo: queria que os alemães indenizassem
todos os países atacados, pagando tudo que havia sido destruído, de usinas a
navios. 50% dessa indenização ficaria com os russos. Além disso, os alemães
teriam seus investimentos em países estrangeiros expropriados e serviriam como
força de trabalho para reconstruir os países afetados.
Henry Morgenthau, secretário do Tesouro americano foi
mais além: defendeu a pastorilização da Alemanha, ou seja a destruição ou
remoção de todo o parque industrial do país, fazendo com que os germânicos
voltassem à Idade Média. Rooselt declarou que a dieta dos alemães deveria ser
sopa três vezes ao dia. Também ficou acertada a criação de um tribunal para
julgar crimes de guerra.
Mocumentário: testando as fronteiras entre a realidade e a ficção
Um gênero cinematográfico
que sempre suscitou discussões sobre a questão da realidade-ficção foi o
documentário. Em uma abordagem mais clássica, o documentário é visto como o
oposto da ficção, reproduzindo a bipolaridade ficção-realidade.
Mas
um novo gênero surge exatamente para contestar essa diferenciação: o mocumentary (ou, aportuguesando,
mocumentário).
Provavelmente
o primeiro exemplo célebre de mocumentário tenha sido Zelig, de Woody Alenn, de
1983. O pseudo-documentário é ambientado na década de 1920 e fala sobre Leonard
Zelig, um um homem que tem a capacidade de mudar sua aparência para se adequar
ao meio. Se ele está no meio de mafiosos, começa a se parecer com mafiosos, se
está no meio de médicos, parece um médico. É um verdadeiro camaleão humano.
Uma das estratégias usadas
para diluir o limite entre realidade e ficção é o uso de pessoas reais, como a
escritora Susan Sontag, o psicólogo Bruno Bettelheim, que, com seus
depoimentos, reforçam a verossimilhança da narrativa. O filme ainda usa outros
recursos de documentários, como imagens de cinejornais, fotos da época e até
mesmo áudios das consultas do protagonista com sua psicóloga (devidamente
acrescidos de ruídos que os tornam mais realistas).
O mocumentário, portanto,
testa os limites entre o ficcional e o real, entre o documentário e a ficção,
levando o espectador a indagar-se até que ponto essa separação é válida.
Atualmente há vários
exemplos famosos de mocumentários. Entre eles destaca-se o filme Borat, e o
seriado Modern Family.
Borat, filme dirigido por
Sasha Baron Cohen, de 2006, satiriza o modo de vida americano ao apresentar “O
segundo melhor repórter do glorioso país Cazaquistão viaja à América”, como diz
seu subtítulo, que vai aos Estados Unidos aprender sobre o modo de vida daquele
país.
Como elemento reforçador dessa sátira,
o ator permanece no personagem mesmo quando dá entrevistas de divulgação do
filme.
Modern
Family é um seriado
criado por Christopher Lloyd e Steven Levitan. A série mostraria as gravações
de um cineasta europeu que no passado havia feito um intercâmbio na casa dos
Pritchett e decidiu retornar aos Estados Unidos para fazer um documentário
sobre “sua família americana”. Após a recusa de outras produtoras, a ABC
resolveu produzir a série, mas com a condição de que a trama do diretor fosse
retirada da história, ficando apenas as ações das três famílias e seus
depoimentos para a câmera, que comentam e costuram os acontecimentos.
O enorme sucesso de
público e de crítica (o seriado já está na sétima temporada e já recebeu 15
prêmios Emmy) despertou atenção para o gênero mocumentário, mostrando sua
importância atual.
Embora não utilize
totalmente a linguagem dos documentários, os depoimentos para a câmera e a
abordagem sobre temas recentes (como a liberação do casamento gay) criam um
clima de verossimilhança próprio dos documentários ou reality shows. Seu sucesso é indício da familiaridade da audiência
com obras que testam os limites entre o ficcional e o real.
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