segunda-feira, novembro 07, 2022

Sargento Rock e a Companhia Moleza

 


Quando surgiu, na revista G.I. Combat, o Sargento Rock chamou a atenção o suficiente para que os editores da DC Comics decidissem transformar ele num personagem recorrente.

Aparentemente a equipe original (o desenhista Joe Kubert e o roteirista Robert Kanigher) não estava disponível, de modo que quem ficou responsável por essa primeira história da série, publicada em Our Army of War 81, foram Bob Hanney no roteiro e Ross Andru no desenho.

Na história, intitulada “Rock e a companhia Moleza”, Hanney ignora completamente a HQ de origem do personagem enquanto, ao mesmo tempo, imita Kanigher.

Na história original, o sargento Rock era um ex-lutador que nunca permanecia caído por pior que fosse a situação. Isso foi representado naquela primeira história pela expressão: “Vamos... lute!”.

O sargento enfrenta um capitão de ferro nazista. 


Na trama criada por Hanney, Rock enfrenta um militar nazista apelidado de Capitão de Ferro. “O Capitão Nazista era um homenzarrão... mais alto que seus maiores soldados”, dizia o texto.

Acontece que ele está enfrentando Rock, uma rocha inabalável, que aguenta qualquer tipo de ataque.

Até aí tudo bem, o problema é que ao invés de resgatar a experiência como boxeador, Hanney resolve arranjar uma outra profissão para Rock: “Eu trabalhava com fundição de aço. Você tem que ser forte para trabalhar com aço incandescente o dia inteiro!”, explica o sargento. E fica repetindo isso da mesma forma que na história original o personagem repetia o bordão Vamos.. lute: “Aço incandescente é pior!”, diz ele durante um ataque de morteiros. Hanney provavelmente usa essa metáfora pelo fato do capitão ser chamado um capitão de ferro.

O roteirista muda a origem do personagem. 


Acontece que enquanto a metáfora original fazia sentido (um lutador que nunca é nocauteado torna-se um sargento que nunca é derrotado por pior que seja a sitação), a nova metáfora não faz. Afinal, em que sentido uma pessoa trabalhar com fundição de aço faria com que ela nunca fosse derrotada numa guerra?

Além disso, há sequências sem sentido. À certa altura o Capitão de Ferro manda bombardear a trincheria na qual está o sargento está. Um dos soldados diz: “Sargento, se eu estivesse armando minha arma teria sido atingido como os outros”. Como assim? Ele precisaria sair da trincheira para colocar munição na arma?

Além disso, o roteirista desperdiça a oportunidade de apresentar os integrantes da companhia moleza.

No número seguinte de Our Army at War Kanigher voltaria para mostrar como se faz.

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