terça-feira, abril 30, 2013

Resenha do livro Grafipar, a editora que saiu do eixo

O desenhista JJ Marreiro publicou no seu blog uma resenha do meu livro sobre a editora Grafipar. Leia abaixo:


Embora as maiores editoras do país estejam em São Paulo capital, foi Curitiba (PR) que gerou uma das mais apaixonantes e envolventes histórias dos bastidores da produção nacional de histórias em quadrinhos. Em pleno período da Ditadura Militar, em meio a repressão, perseguições políticas e enaltecimento de falsos moralismos, uma editora de quadrinhos tomou de assalto a atenção do mercado editorial com quadrinhos. Júlio Shimamoto, Flávio Colin, Franco de Rosa, Mozart Couto, Watson e Wilde Portela, Itamar, Gustavo Machado, Rodval Matias, Vilachã e Sebastião Seabra foram alguns artistas que colaboraram com a editora produzindo um material que hoje é indubitavelmente clássico.
Os temas de tom erótico lideravam as vendas, mas havia espaço para terror, ficção, aventura e humor. Alguns dos melhores desenhistas contratados pela editora foram convidados a morar em Curitiba e acabaram morando muito próximos uns dos outros dando origem à histórica Vila dos Quadrinistas. Chefiados por Cláudio Seto (o pioneiro do mangá no Brasil) a equipe criativa da Grafipar produziu páginas memoráveis e viveu histórias inesquecíveis. Agora este pedaço da História da Arte Sequencial brasileira está devidamente registrada num livro que resultou de uma pesquisa de 20 anos realizada pelo roteirista Gian Danton. Leia mais

Billy Wilder, o mestre do cinema

Texto escrito em parceria com Alexandre Magno


Billy Wilder é um dos melhores diretores de todos os tempos. Sua inventividade e ousadia marcaram o cinema norte-americano. Além disso, algumas das cenas mais marcantes da sétima arte, como a de Marilyn segurando a saia levantada pelo vento, são criações suas.


Nascido em 22 de junho de 1906, na cidade de Sucha, que atualmente pertence à Polônia, mas na época era parte do império austro-húngaro, filho de pai e mãe judeus, Samuel Wilder iniciou seus estudos com a intenção inicial de formar-se advogado, ainda bem que não seguiu por ai, ou o mundo teria várias obras-primas cinematográficas a menos.

Decidiu-se pelo jornalismo, exerceu a profissão em Viena (capital austríaca) quando por alguns anos morou lá. Nesse período aconteceu um episódio interessante. Wilder foi encarregado de entrevistar ninguém menos que Sigmund Freud, na residência do pai da psicanálise. Wilder teria dito a Freud algo que o irritou, fazendo-o expulsá-lo de sua casa. O que ele disse? Sempre que perguntado Wilder respondia: "Esse segredo vou levar comigo para o túmulo". E levou.

Emigrou para Hollywood nos anos 30 e estreou na direção na América em 1939, com A Incrível Suzana. Ganhou o Oscar de melhor diretor em duas ocasiões por Farrapo Humano (1945) e Se Meu Apartamento Falasse (1960). Aposentou-se em 1981 e faleceu em 2002, em Los Angeles.

Separamos aqui algumas das características que fazem de Billy Wilder um dos mais importantes cineastas de todos os tempos:


Pacto de sangue

Corajoso - Para começar, Wilder se mostrou corajoso já em sua chegada aos Estados Unidos, nos anos 30, fugindo da perseguição nazista. Ele mal sabia falar inglês. Ao se apresentar no consulado, era apenas um jovem roteirista estrangeiro quase sem dinheiro e com documentação inadequada. O oficial que lhe atendeu leu seus documentos e fez apenas uma pergunta: "O que você faz?"; "Escrevo filmes", respondeu Wilder. Surpreendentemente, o oficial validou seu visto e, ao lhe entregar a documentação, acrescentou: "Faça bons filmes".

Seus filmes de estreia na América não mostram muito de sua coragem. Ele começa a mostrar a que veio em Pacto de Sangue (1944), um clássico do gênero noir que alia uma trama complexa, contada em flash back, à influência do expressionismo alemão, ao apostar em uma iluminação low key (fraca, o que torna a cena escura). O filme é corajoso por contar uma história cheia de assassinatos e erotismo em uma sociedade ainda conservadora, que não estava acostumada a ver violência na tela.

Também não poupou críticas à imprensa marrom (sensacionalista) e ao bastidores do próprio cinema. Em filmes como Montanha dos Sete Abutres (1951) e Crepúsculo dos Deuses (1950), o diretor mostra personagens aproveitadores, que não se importam com o mal que provocam para conseguir o que querem. Crepúsculo dos Deuses por sinal merece ser melhor analisado. Ao mostrar o personagem de William Holden, um roteirista medíocre que se aproveita e ao mesmo tempo é manipulado pela ex-estrela de cinema interpretada por Gloria Swanson, o diretor expõe como Hollywood pode ser cruel, como todos agem movidos por seus próprios interesses. Não por acaso, houve executivos que após verem o filme ficaram extremamente irritados com Wilder.

Além de corajoso, era também ético. Durante o período de caça às bruxas (que teve como resultado o exílio de vários gênios como Orson Welles e Charles Chaplin), no auge da Guerra Fria, mesmo diante da pressão do governo e da postura de vários colegas de profissão, recusou-se a delatar colegas investigados pelo FBI suspeitos de simpatizar com o comunismo.

Finalmente, este tópico ficaria incompleto se Quanto mais Quente Melhor (1959) não fosse mencionado. O filme, que hoje é considerado a melhor comédia da história, causou rebuliço na época de seu lançamento. Na história, os personagens de Jack Lemmon e Tony Curtis são obrigados a se disfarçarem de mulheres para fugir de mafiosos. Wilder faz muitas brincadeira implícitas que puristas e a Igreja Católica acharam um flerte com a homossexualidade. Mesmo que o filme pareça comportado para os padrões de hoje, Quanto mais Quente Melhor foi um dos que iniciou uma revolução sexual nos filmes que explodiria nas décadas de 60/70. A partir dali, o Código Hays (que disciplinava o uso da violência e sexo nos filmes de Hollywood) foi lentamente perdendo força até ser arquivado.

Quanto mais quente, melhor

Sintaxe cinematográfica - A maior limitação de alguns filmes do Primeiro Cinema (1895-1915) era o de serem teatrais demais. À época, não havia códigos narrativos próprios para o cinema e, por conta disso, alguns filmes parecem hoje uma espécie de teatro filmado. Billy Wilder jamais se utilizou de técnicas não-cinematográficas em seus filmes. Sempre usando do artifício para mergulhar o espectador nas histórias, ele o fazia de tal modo que por momentos esquecemos até mesmo que aquilo é cinema.

Wilder era um diretor discreto. Não no sentido de sua vida pessoal, mas no sentido de o público não perceber a mão do diretor na película. Como ele também co-escrevia todos os roteiros de seus filmes, não permitia improvisações e seguia o roteiro à risca, ou seja, preferia enfatizar a história ao artifício que a conta.

Alguns exemplos em seus filmes explicam como ele conseguia ser genial sem ser extravagante. No vencedor do Oscar de melhor filme de 1960 Se meu Apartamento Falasse, em uma das cenas finais, Wilder utiliza apenas um dolly in (aproximar a câmera frontalmente) para demonstrar a solidão do personagem de Jack Lemmon. Em Farrapo Humano (1945) ele só precisa mostrar manchas de água feitas por um copo em um balcão para nos demostrar a dimensão do drama do protagonista alcoólatra.


Inovador - Por se tratar de um diretor da Hollywood clássica, muitos podem pensar que Wilder era conservador. Não é bem assim. Ele era conservador, sim, quando se tratava de movimentos de câmera, por exemplo, mas compensava isso criando cenas com composições extremamente inteligentes. Também não hesitava em utilizar novidades como a profundidade de campo em seus filmes logo após Orson Welles consagrá-la em Cidadão Kane. Este é apenas um caso de como o diretor se envolveu em tendências e não tinha medo de ser criticado ao inovar.

Mas suas maiores ousadias se encontravam mesmo nos roteiros. A metalinguagem presente em Crepúsculo dos Deuses, por exemplo, é extremamente criativa e inovadora por utilizar vários elementos da Hollywood real no filme (uma das cenas se passa em um set de filmagem real e os diretores e atores figurantes interpretavam a si mesmos, tal como o diretor C.B. De Mille e o ator Buster Keaton). Suas comédias com um humor ousado e irônico também são dignas de nota. Dispensava puritanismo e talvez tenha sido precursor da revolução no retrato do sexo no cinema que ocorreria anos mais tarde.

Texto originalmente publicado no Digestivo Cultural.

sexta-feira, abril 26, 2013

Lançamento do Livro do medo

Aconteceu terça-feira, dia 23, o lançamento do Livro do medo (Orago) na livraria Martins Fontes da Paulista. Compareceram três autores: J. Modesto, Marcel Del Debio e eu. Confira abaixo as fotos.


domingo, abril 21, 2013

sábado, abril 20, 2013

Lançamento do livro Grafipar, a editora que saiu do eixo

Aconteceu hoje, na loja Comix, em São Paulo, o lançamento do meu livro Grafipar, a editora que saiu do eixo, que conta a história da editor que desafiou o regime militar publicando quadrinhos eróticos e inquietantes em plena ditadura militar. Confira abaixo as fotos.













sexta-feira, abril 19, 2013

Um E.T. no meu quarto


Moira Magno Andrade 
 
Uma noite, estava indo dormir, estava indo em direção à minha humilde cama quando de repente vi uma luz vindo do guarda-roupa. Paft! As portas do guarda-roupa abrem e batem fortemente no meu rosto. Dentro do guarda-roupa, uma coisa verde e estranha aparece na minha frente. Um E.T.
-Socorro!
-Eu venho em paz.
-Em paz?
-Leve-me ao seu líder.
-Líder?
-Você é papagaio, moleque? Repete tudo que eu falo!
-Repito?
-Sim!
-O que você quer de mim?
-Leve-me ao seu líder.
-Prazer, Pedro.- diz o menino, convencido.
-Você é o líder?
-Sim, no futebol eu sempre sou o escolhido.
-Ô moleque burro! Leve-me ao dono do planeta.
-Hum... tá difícil. O dono nunca está no planeta sorvete.
-Planeta sorvete? Não é isso! Eu quero que me leve ao dono do mundo.
-Acho que o dono do mundo dos brinquedos não está na loja.
-Loja? Aaaaaargg! Esqueça. Agora traga-me sua melhor comida.
-Com prazer. Pronto.
-Deixe-me provar...o que é isso?
-Chiclete de morango.
-Quanto custa esse negócio no seu planeta?
-R$0,10.
-Traga-me outra coisa.- ordena o E.T.
-Tome isto.
-Nossa! Que coisa congelante. O que é isso?
-Sorvete de chocolate.
-Quanto custa?
-R$1,00.
-Caramba! As coisas do seu planeta são muito baratas! Conseguirei comprar seu mundo por um preço baratíssimo, além de fazer vocês, humanos, meus escravos. Menino, traga-me outra comida. A mais cara e gostosa que tiver.
-Aqui está.
-Hum... que delícia! O que é isso?
-Açaí.
-E esse negócio branco em cima?
-Farinha.
-Isso é muito bom! Quanto custa?
-A gota do açaí tá em média R$210,00.
-O quê?????????
-O pacote com 100 gramas de farinha tá uns R$920,00.
-Como é?
-Aqui a conta senhor: um milhão e duzentos reais.
-Peraí! Isso não é um restaurante, é um quarto, você é só uma criança humana e eu sou só um extraterrestre.
-É, amigo, a vida não está fácil pra ninguém.


Minha filha escreveu esse texto para a escola. Achei bem escrito, com um bom final e pedi para ela digitar para publicar no blog. E aí, gostaram? 

terça-feira, abril 16, 2013

Precisa-se de roteiristas

Como os engenheiros, os roteiristas serão essenciais para formar o novo Brasil
Nizan Guanaes

Cada um cria a sua própria história. Não espere ninguém para fazer a sua. O mundo é tão diverso quanto o número de pessoas que o habitam. Todo dia nasce gente e todo dia nascem histórias.
O Brasil tem uma das maiores populações do planeta, somos já quase 200 milhões. E o Brasil é um dos países mais ricos e diversos do mundo. Temos muitas histórias para contar e agora temos mais meios para contá-las, mais meios e mensagens, porque o Brasil mudou, o Brasil é novo de novo.
As coisas quase nunca acontecem de forma reta, lógica, perfeita. As coisas acontecem do jeito delas. Sou um defensor entusiasta da livre iniciativa e também um defensor tão entusiasta quanto da cultura. Dentro das dificuldades históricas que temos para produzi-la, que não são só do Brasil, mas de grande parte dos países, inclusive grandes produtores culturais, como França e Itália, é preciso reconhecer a necessidade de algum apoio oficial e defesa de mercado.
A produção audiovisual, principalmente cinema e programas de TV, é uma grande oportunidade para as marcas brasileiras e para a imagem do país aqui dentro e lá fora. Basta ver o que o cinema fez pelos Estados Unidos ou imaginar James Bond trocando o tradicional dry martini por uma caipirinha.
Como bem sabe a propaganda, imagem e som é a mistura mais eficiente para contar histórias e emocionar plateias.
Por isso fiquei muito feliz ao saber outro dia que estamos sofrendo de falta de... roteiristas. Sim, pela primeira vez na história do Brasil faltam roteiristas. Não é maravilhoso isso? Um país que precisa de criativos. Leia mais

Show Beneficente ao músico João Batera



Os artistas de Macapá estão unidos na campanha solidária com a finalidade de AJUDAR o AMIGO E ARTISTA JOÃO FERNANDES MONTEIRO pseudônimo “JOÃO BATERA”, que enfrenta um quadro grave de Calculo Renal e precisa urgentemente passar por cirurgia (Nefrolitotripsia Percutane, por videoendoscopia).

A ação solidária busca arrecadar fundos para os custos de viagem, cirurgia, internação, estadia e medicamentos. 

Para isso, a classe artística promove nesta quarta-feira, 17, show beneficente, no Teatro das Bacabeiras, a partir das 20h. Ingressos a R$ 10,00.

Participações: Nivito Guedes, Brenda Melo, Cleverson Bahia, Finéias Nelluty, Banda Babilônia, Oneide Bastos, Otto Ramos, Osmar Júnior, Amadeu Cavalcante, Loren Lua, Celine Guedes, Bira e Jéssica, declamações de poesia e muitos outros artistas.

Quem quiser ajudar com qualquer quantia, também pode, é só ligar para a cantora Taty Taylor, pelo telefone 8100-22222.


João Batera iniciou sua carreira no final dos anos 70 tocando bateria na igreja católica, e desde lá fez parte de grandes bandas como: Radar 08, Setentrionais, Banda Placa, Banda Brindes, Grupo Pilão, Banda Major Loki, Bandas de Instrumental e com os artistas Zé Miguel, Amadeu Cavalcanti, Patrícia Bastos entre outros.

João Batera também foi professor no curso de bateria na Escola Walquíria Lima, representou o Brasil na Itália no ano de 97 com o show “Olhos da Lenda” com o Cantor e compositor Osmar Júnior e viajou quase o Brasil inteiro levando a nossa cultura em Festivais e Shows fechados. Atualmente desenvolve show instrumental com seu grupo “The Fame”.

Entre você também nessa corrente, ajude Batera, que faz parte da cultura do Amapá.

Rita Torrinha - jornalista

Livro Grafipar, a editora que saiu do eixo autografado



Finalmente vou pegar os meus exemplares do livro Grafipar, a editora que saiu do eixo. Os que estiverem interessados em adiquirir um exemplar autografado por um preço camarada, entrem em contato comigo ainda esta semana pelo e-mail profivancarlo@gmail.com. 

Leia abaixo a sinopse da obra: 
Em 1977, nosso país vivia os últimos dias do duro regime ditatorial. O assunto sexo era um tabu total. Nas bancas, revistas como Status, Homem, Ele & Ela e Fiesta exibiam tímidas pin-ups censuradas, com, no máximo, um seio a mostra. Surgiu então uma editora especializada em erotismo, a Grafipar, que logo se destacou por seus excelentes quadrinhos nacionais, sempre misturando diversos gêneros como terror, ficção científica, folclore e policial com erotismo.
Em pouco tempo a editora se tornou a Meca dos quadrinhos nacionais, transformando Curitiba em um ponto de referência para o qual convergiram alguns dos melhores desenhistas e roteiristas brasileiros de todos os tempos, como Mozart Couto, Rodval Mathias, Watson Portela, Gustavo Machado, Vilachã, Sebastião Seabra, Fernando Bonini, Itamar Gonçalves, Franco de Rosa, entre outros. 
Grafipar- A Editora que Saiu do Eixo é o livro que conta a história dessa verdadeira usina de criatividade e de seu líder, o descendente de japoneses, e ativista cultural da colônia nipônica, Cláudio Seto, também introdutor da linguagem do mangá no Brasil. Este livro é resultado de mais de 20 anos de pesquisas. Assim, analisa as revistas da Grafipar, suas histórias e, ainda, trata dos bastidores da “vila de quadrinistas”, que existiu em Curitiba no início dos anos 1980. 
É uma obra obrigatória para todos os fãs de quadrinhos nacionais que queiram conhecer melhor essa deslumbrante fase dos gibis eróticos.

segunda-feira, abril 15, 2013

Semana do livro Monteiro Lobato

A Escola de línguas Franco-amapaense irá comemorar o dia do livro infantil e o aniversário de Monteiro Lobato com uma extensa programação. Confira abaixo: 
19/04/13 Sexta-feira
08h as 12h – Livro didático:
*Proj. Colhendo Leitores e Acolhendo Saberes. ( Cont. de Histórias)
08h as 10h - Oficina de Leitura:
*O mundo mágico do Sítio do Pica-pau Amarelo (Público: 5a à 7 a série)
08h as 12h - Gostinho de leitura.
08h as 12h - Jogos Educativos: Sala de
Informática.
14h as 16h – Oficina: *Empreender criança.
14h as 18h - Gostinho de leitura.
15h - Performance Teatral (as Obras de
Monteiro Lobato) Auditório Lumière. 14h as 18h - Oficina:
*Cinema
*Construção de personagens: *Fantoche, dedoche, Origami. *Contação de história.
16h as 18h - Oficinas Temáticas: *Oficina de Leitura: O mundo mágico do Sítio do Pica-pau Amarelo.
19h as 22h - Lançamento do Projeto Cine-Clube 2013. Auditório Lumière.
20/04/13 Sábado
08h as 18h - Exposição:
*O mundo mágico do Sítio do Pica-pau Amarelo.
08h as 12h - Gostinho de leitura.
09h as 10h - Peça Teatral: As Maravilhosas ideias de Visconde e
Narizinho.
14h as 16h – Oficina:
*Empreender criança.
14h as 18h - Gostinho de leitura 14h as 18h - Oficina:
*Cinema

*Construção de personagens: *Fantoche, dedoche, Origami. *Contação de história.
16h as 18h - Desvendando a biografia de Monteiro Lobato.
18h – Encerramento.

sábado, abril 13, 2013

Histeria - a história do vibrador

No século XIX qualquer mulher que tivesse insônia, irritação ou simplesmente rebeldia era diagnosticada como histérica. Acreditava-se que essa doença era provocada por problemas no útero. Uma das maneiras comuns de tratá-la era massagear a vagina da mulher, o que aliviaria o útero, provocando um "paroxismo histérico". Isso era feito por um médico e supunha-se que não havia nenhum prazer envolvido. Mas os médicos acabavam ficando horas com as mãos ocupadas e sofriam com a hoje famosa LER (lesão por esforço repetitivo). Foi nesse contexto que surgiu o vibrador. Inicialmente movido a vapor, ele permitia ao médico conseguir o tal "paroxismo" em minutos. 
Essa é a história por trás do filme Histeria, a história do vibrador, de . A película conta a história do médico Mortimer Granville (Hugh Dancy), inventor do aparelho. A história mistura fatos históricos com uma comédia romântica (Granville apaixona-se pela filha rebelde de seu sócio). 
As cenas mais engraçadas e que chamam mais atenção, claro, são aquelas em que os médicos, com aparente rigor científico, levam suas pacientes ao orgasmo sem nem mesmo desconfiar disso. 
Mas há muito mais: desde uma discussão sobre a situação do povo numa época em que a Inglaterra era um império, mas seus operários viviam na miséria até a questão da luta entre paradigmas. Médico inovador, Granville só vai parar no consultório do médico que seria seu sócio porque nenhum hospital o aceita por causa de sua crença nos germes como causadores de doenças. Na época, a teoria de Pasteur era vista como fantasia pela maioria dos médicos, que se recusava até mesmo a lavar as mãos. 
Histeria, uma história do vibrador, embora não seja uma obra-prima, certamente vai agradar quem gosta de uma boa comédia e, principalmente, por quem se interessa pela história da ciência. 
Anúncio antigo de vibrador. Os médicos recomendavam.

Aurora

Aurora é um filme clássico de F.W. Murnau (de Nosferatu) com roteiro de Carl Mayer (Caligari) considerado um dos melhores de todos os tempos. 

À primeira vista trata-se de um filme muito bem dirigido, com roteiro óbvio: uma mulher da cidade convence um ingênuo rapaz do interior a matar a esposa e fugir com ela para a metrópole. E a trama parece girar em torno da indecisão do homem de cumprir o que prometeu. O que segura é a direção, absolutamente revolucionária para a época, que deve ter um injetado criatividade expressionista alemã no cinema americano. Numa cena, por exemplo, o protagonista é atormentado pela imagem da mulher sedutora, um espectro que inclusive o abraça (num efeito especial impressionante para a época). 
Entretanto, perto do final, o filme apresenta uma virada que transforma a história, tirando dela seu ar ingênuo e introduzindo suspense. 
A platéia americana parece não ter entedido e o filme foi um fracasso, mas deixou uma marca eterna no cinema americano, em especial o "noir", que teve grande influência do expressionismo. 

quinta-feira, abril 11, 2013

Lançamento do Livro do Medo em São Paulo

Dia 23 de abril eu e outros autores vamos estar autografando a antologia Livro do Medo na livraria Martins Fontes, na Avenida Paulista, em São Paulo. Para que não é de Sampa, o livro pode ser comprado na livraria Relíquia.

Divulgada capa da Graphic MSP Turma da Mônica

O editor Sidney Gusman divulgou em sua página no Facebook a capa e alguns quadros da graphic novel Laços, dos irmãos Cafaggi, que será lançado em breve pela Panini. Ficou muito bom, não?

terça-feira, abril 09, 2013

Thatcher e o estado mínimo, imposto máximo

A morte da ex-primeira ministra britânica tem levado às mais variadas reações. Thatcher se notabilizou pela redução da intervenção do estado na sociedade, pela redução de impostos diretos (sobre  renda e propriedades) e pelo aumento dos impostos sobre o consumo ou regressivos, em que os mais pobres acabam pagando mais do que os mais ricos.
No Brasil, as ideias neo-liberais de Thatcher deram origem à doutrina "estado mínimo, imposto máximo", principalmente no governo FHC.
Resgato abaixo um artigo escrito por mim na época, sobre o assunto:

No livro História da riqueza do homem, Leo Huberman conta que o pobre camponês, na Idade Média, era obrigado a trabalhar nas terras do senhor por dois ou três dias na semana, sem receber qualquer pagamento por isso. Além disso, em época de colheita, era obrigado a primeiro segar as terras do senhor. Se uma tempestade ameaçava perder a colheita, era a plantação do senhor que deveria ser primeiro salva. Pode parecer uma situação lamentável e triste, mas o fato é que vivemos hoje, no Brasil, uma situação muito parecida. Um estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário revela que a carga tributária brasileira saltou de 36,80%, em 2004, para 37,82% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2005. Isso significa que, num ano, trabalhos 145 dias apenas para pagar impostos. É uma das maiores cargas tributárias do mundo.
O trabalhador assalariado que não declara imposto de renda pode achar que está isento da fome voraz do leão. Ledo engano. Ao comprar, na mercearia próxima à sua casa, um frasco de detergente, ele paga 40,50% de imposto. Se decidir levar sabão em barra, irá pagar os mesmos 40,50%. Se precisar reformar sua casa, pagará 39,50% de imposto sobre o saco de cimento. Se o dinheiro der par uma pintura, o coitado irá desembolsar 45,77% do valor apenas para pagar impostos.
O cidadão poderia desistir da reforma e decidir tomar uma água com açúcar para se acalmar, e, então, descobriria que paga 40,50% de imposto sobre o quilo do açúcar. Se, ao invés de água com açúcar, resolver beber um refrigerante, pagará 47% de imposto. Para acompanhar, um biscoito, com 38,50% de imposto.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Roberto Busato, classificou como confisco a carga tributária brasileira: "O mesmo rigor e voracidade que o Estado estabelece na cobrança de impostos deveria haver na prestação de serviços públicos; não é possível o País ser submetido a uma carga tributária de mais de um terço do seu produto interno e ter hoje como contrapartida a péssima prestação de serviços como educação, saúde e segurança".
O presidente da OAB lembrou que a informação veio a público às vésperas de mais um aniversário da Inconfidência Mineira. O movimento de independência, que teve como símbolo Tiradentes, surgiu da revolta dos brasileiros com a derrama, que instituía que um quinto de todo ouro descoberto no Brasil fosse mandado para Portugal. Hoje não se trata mais de um quinto, mas de mais de um terço da renda bruta brasileira sendo desviada para um governo que não consegue corresponder ao contribuinte nas suas necessidades básicas: ”Quem diria que, séculos depois, com o País já livre da tirania externa (mas subjugado a outro tipo de tirania, interna), um quinto nos soasse como amenidade? Hoje, pagamos em impostos mais de um terço do que produzimos, e o retorno disso em prestação de serviços não poderia ser mais precário, mais ineficiente”.
A situação tem mais um agravante. Segundo Osiris Lopes Filho, ex-secretário da Receita Federal, a “indecorosa” carga tributária do País, além de prejudicar o crescimento econômico e social, está funcionando como um forte indutor da sonegação de impostos. “É um absurdo, tributa-se a receita bruta e não apenas o lucro, como seria o correto”.
Em paralelo à escandalosa carga tributária, vive-se hoje no Brasil a doutrina neo-liberal do Estado Mínimo.
Essa doutrina foi definida de maneira muito meiga pela crítica de cinema da Veja, Isabela Boscov, em uma resenha sobre o filme V de Vingança:
"Ninguém acusaria Thatcher de ser um doce-de-coco, mas o que ela fez não foi concentrar o poder do Estado, e sim enxugá-lo e estimular os ingleses (ainda que com aquela truculência que lhe era peculiar) a cuidar de sua própria vida. Quanto mais um cidadão depende do Estado financeiramente ou do ponto de vista das decisões, mais sujeito estará a ter de beijar a mão que o alimenta.".
No Estado Mínimo, o cidadão, como bem definiu Boscov, tem que cuidar da sua própria vida. Se ele quiser saúde, deve pagar um plano de saúde. Se quiser educação, deve pagar uma escola particular. Se quiser segurança, deve colocar grades em sua casa, instalar equipamentos defensivos e contratar um vigilante.
Para o Estado, restam apenas as responsabilidades de controle e fiscalização, representadas por instituições como o Procon (que fiscaliza as relações do consumidor com fabricantes e varejistas), a Aneel (que fiscaliza as empresas fornecedoras de energia) e o MEC (que fiscaliza as faculdades particulares).
No Brasil o Estado Mínimo foi implantado no governo Fernando Henrique Cardoso.
Em conjunto com o Estado Mínimo, instala-se uma carga tributária cada vez mais agressiva, um leão voraz, que hoje abocanha 38% de tudo que é produzido no Brasil.
A situação é semelhante à de um patrão que paga um salário altíssimo para um funcionário, que decide tirar folga nos momentos em que mais se precisa dele. Como na parede há um cartaz "Não falte, ou seu patrão pode descobrir que você não faz falta", o dono da empresa raciocina que talvez esteja gastando demais com um funcionário tão relapso.
Da mesma forma, o cidadão deduz que, para custear um Estado Mínimo, que traz para si apenas as responsabilidades de fiscalização e controle, bastam os impostos que são pagos sobre as bebidas alcoólicas (83,07%) e cigarros (81,68%). E, da mesma forma que o Estado quer que o cidadão cuide sua própria vida, deveria também ele cuidar de sua própria vida.