terça-feira, maio 31, 2022

Os smurfs

 



Os Smurfs surgiram por acaso durante um almoço do quadrinista Peyo (pseudônimo de Pierre Culliford) com o colega André Franquin. Os dois eram grandes amigos e as famílias sempre que podiam estavam juntas. No meio do almoço, Peyo queria pedir o saleiro, mas se esqueceu do nome do objeto e trocou-o por Schtroumpf. André entrou na brincadeira e respondeu: "Bem, aqui está seu schtroumpf e quando acabar de schtroumpfar, schtroumpfe de volta". Surgia ali, meio que por brincadeira, tanto os nomes dos famosos personagens azuis quanto a forma como eles falam, trocando palavras pela expressão schtroumpf.
Nessa época, Peyo fazia uma série de sucesso denominada Johan et Pirlouit. Eram histórias humorísticas passadas na Idade Média.
O quadrinista teve a ideia de aproveitar a total falta de talento de Piriouit para a música para fazer uma sátira da história clássica O flautista de Hamelin. Nessa história deveriam aparecer, como personagens secundários,  pequenos duendes azuis. A cor azul, aliás, foi a terceira opção do criador. Inicialmente os personagens seriam verdes, mas Peyo ficou temeroso que a cor deles se confundisse com a floresta de fundo. Ele então pensou em vermelho, mas acabou ficando no azul. Assim, todos os Schtroumpfs seriam azuis com calças e gorros brancos - exceto pelo mais velho deles, que usa um gorro vermelho.
Os editores, no entanto, temiam que a censura francesa considerasse a linguagem dos personagens inadequada. Peyo convenceu-os argumentando que os duendes apareceriam em poucos quadros. Mas os duendes chamaram tanto atenção dos leitores que foram ganhando cada vez mais espaço conforme os capítulos eram publicados na revista Spirou. A participação deles foi aumentando cada vez mais na série até que eles se tornaram os protagonistas, eclipsando o personagem principal.
Quando as história foram publicadas em outros países, alguns tradutores preferiram mudar o nome dos personagens para Smurfs, nome pelo qual os personagens ficaram conhecidos no resto do mundo. No Brasil os duendes foram publicados como Strunfs, na década de 1970, até que o sucesso do desenho animado fez com que a série ficasse conhecida aqui como Smurfs.
Uma curiosidade a série é, embora exista mais de uma centena de smurfs, que cada um deles tem uma profissão, como o gênio, o repórter, o fazendeiro,  o cozinheiro etc.

Jornada nas estrelas – a licença

 


A licença é um dos episódios menos lembrados da primeira geração de Jornada nas Estrelas. Entretanto, é um dos exemplos de como a série criada por Gene Roddenbery podia abordar todo tipo de trama sem fugir do padrão de qualidade.
Na história, McCoy percebe que a tripulação da Enterprise apresenta sinais de stress e aconselha uma licença em um planeta paradisíaco. O local  não tem animais e nenhum tipo de perigo: apenas uma bela vegetação. Parece o planeta ideal para relaxar.
Entretanto, coisas estranhas começam a acontecer ao grupo de reconhecimento e, quando Kirk desce, o teletransporte deixa de funcionar, assim como as comunicações como a nave.
Os fatos bizarros se sucedem: magro vê o coelho e a garota de Alice no país das maravilhas, Sulu encontra um revólver, uma antiga namorada de Kirk surge do nada.
Emily Banks interpretou o par romântico de McCoy. 

Essa é a típica história em que o encanto está em tentar entender o que está acontecendo. É um episódio leve, com toques de humor e um bom contraponto ao tenso episódio anterior, O equilíbrio do terror.
O episódio dá a entender que há algum tipo de envolvimento amoroso entre McCoy e a ordença Barrows (interpretada pela linda Emily Banks), algo que provavelmente foi esquecido por outros escritores da série. Uma pena, já que o casal parecia ter química.

Mercenárias - Provérbios do Inferno (William Blake)

 

No tempo da semeadura, aprende; na colheita, ensina; no inverno, desfruta.
Conduz teu carro e teu arado por sobre os ossos dos mortos.
A estrada do excesso leva ao palácio da sabedoria.
A Prudência é uma solteirona rica e feia, cortejada pela Impotência.
Quem deseja, mas não age, gera a pestilência.
O verme partido perdoa ao arado.
Mergulha no rio quem gosta de água.
O tolo não vê a mesma árvore que o sábio.
Aquele, cujo rosto não se ilumina, jamais há de ser uma estrela.
A Eternidade anda apaixonada pelas produções do tempo.
A abelha atarefada não tem tempo para tristezas.
As horas de loucura são medidas pelo relógio; mas nenhum relógio mede as de sabedoria.
Os alimentos sadios não são apanhados com armadilhas ou redes.
Torna do número, do peso e da medida em ano de escassez.
Nenhum pássaro se eleva muito, se eleva com as próprias asas.
Um cadáver não vinga as injúrias.
O ato mais sublime é colocar outro diante de ti.
Se o louco persistisse em sua loucura, acabaria se tornando Sábio.
A loucura é o manto da velhacaria.
O manto do orgulho é a vergonha.
As Prisões se constroem com as pedras da Lei, os Bordéis, com os tijolos da Religião.
O orgulho do pavão é a glória de Deus.
A luxúria do bode é a glória de Deus. A fúria do leão é a sabedoria de Deus. A nudez da mulher é a obra de Deus.

A geração do imediatismo

 

O surgimento dos celulares fez com que a comunicação se tornasse extremamente intrusiva. Com celular você podia ser encontrado em qualquer hora, em qualquer local e as pessoas passaram a achar que você deveria estar disponível para conversar a qualquer momento. Quando comprei meu primeiro celular logo aprendi que tinha que desligá-lo à noite, pois muitos alunos me ligavam uma, duas horas da madrugada. Também descobri que tinha que desligá-lo quando entrava em sala de aula: muita gente simplesmente não compreendia que um professor não pode falar ao celular quando está em aula.

Parecia impossível, mas a internet no celular conseguiu deixar a comunicação ainda mais intrusiva. O surgimento dos smarthphones está criando uma geração que passa 24 horas por dia logada. Para essa geração, estar off line é como estar morto. E estar on-line é estar disponível para conversar. Antes mandava-se uma carta e esperava-se muitas vezes um mês inteiro para receber resposta. Hoje, espera-se que todas as pessoas estejam disponíveis para responder às mensagens instantaneamente.

Eu tenho sérios problemas com internet no celular. Para começar, meus dedos são grandes demais para a tela digital e quando digito um “d” sai um “s”, quando digito “p” sai um “o”, de modo que quando sou obrigado a escrever saem coisas como “xasa”, no lugar de “casa”, ou “pafamento” no lugar de pagamento. Além disso, nas poucas vezes em que ligo a internet é para usar o GPS (o GPS do meu celular só funciona com o Google Maps), de modo que, se alguém me chama no MSN do Facebook no celular, provavelmente vai me encontrar com sérias dificuldades para digitar, sem óculos de leitura e no meio da rua. Mas para a maioria das pessoas isso não parece ser impedimento para responder às mensagens. Se estou online, estou disponível para bater-papo.
Dia desses, quando cheguei em casa e fui olhar o celular, tinha o seguinte monólogo na tela do MSN:
“Gian, você pode ler um conto que escrevi?”
“Não vai ler?”
“Não respondeu, né? Seu arrogante!”
Fui ver e o intervalo entre cada mensagem era pouco mais que um minuto. Ou seja: a pessoa parte do princípio de que sua mensagem deve ser respondida imediatamente, ou o outro é arrogante e convencido.
Imaginem eu, no meio do trânsito, sem óculos, tentando ler um conto de um desconhecido e ainda tendo que emitir parecer sobre ele?  Além da impossibilidade, junta-se outro fator: qualquer escritor ou roteirista minimamente profissional não avalia original alheio. Os noveleiros da Globo são terminantemente proibidos de ler roteiros de iniciantes. O motivo é óbvio: se depois disso o roteirista fizer qualquer coisa minimamente semelhante, será acusado de plágio. Para ler originais de iniciantes existem profissionais especializados, que fazem isso sob contrato e muitas vezes não só fazem considerações estilísticas como revisam e ainda ajudam a registrar o texto. Mas nada disso é levado em consideração pela pessoa que está ali na internet e vê a bolinha verde indicando que a pessoa está on-line. Seu raciocínio é “Ah, ele está on-line, então está disponível para ler meu texto de cinco páginas”.
Dia desses me vi numa situação ainda mais embaraçosa. Enquanto estava no celular uma pessoa me mandou uma mensagem no MSN do Face (aquela coisa terrível que vibra, acende luzinha e faz sons para chamar atenção, mesmo que você não esteja no Facebook) interessada em comprar um dos meus livros sobre quadrinhos. Cegueta como sou e na pressa da rua, eu me enganei e acabei mandando o livro errado.
Quando o livro finalmente chegou, a pessoa entrou em contato, reclamando. Eu estava no meio de uma aula do doutorado, no meio de uma acalorada discussão sobre um texto e, no meu português trôpego pedi “descukpa”. Como o livro de fato pedido estava fora de catálogo, propus que a pessoa ficasse com o que eu havia enviado, como compensação (ao que ela prontamente aceitou) e eu devolveria o dinheiro. Eu sabia que o erro tinha sido meu e achei justo devolver o dinheiro e recompensar o comprador com o outro livro. Expliquei que estava em sala de aula e que resolveria o assunto assim que saísse. A pessoa simplesmente se recusou a aceitar que a situação não fosse resolvida naquele exato momento. Eu ali, tentando participar da discussão sobre o texto e tentando explicar, tropegamente, que ia depositar o dinheiro assim que terminasse a aula.
E o indivíduo: “Mas você vai depositar mesmo? Quando você vai depositar?”.
E eu, digitando e rezando para não ser visto pela professora: “Ocupado agora aula. Deposito hoje”.
E o celular vibrando: “Você vai depositar quando?”
Não teve outra solução: fui obrigado a sair da sala de aula, no meio da discussão, para ir depositar o dinheiro. Depositei, tirei uma foto do comprovante da transação, mandei para a pessoa e só então ela se acalmou.
Pior que a pessoa era um conhecido meu de antiga data e me disse que não estava suspeitando da minha honestidade. Apenas queria que a solução fosse dada na hora.
Ou seja: é uma geração em que tudo deve ser imediato. A comunicação instantânea criou a ansiedade instantânea. Se o problema não foi resolvido imediatamente, não vai ser resolvido. Se a pessoa não responde automaticamente a mensagem, ela está esnobando e é arrogante.
Em tempo: um amigo me ensinou como aparecer sempre off-line no MSN do Facebook. Foi um alívio.
Um amigo, editor de quadrinhos, que usa o Face e o Twitter para divulgar seus lançamentos, me disse que em certos dias quase não consegue trabalhar, de tanta gente querendo conversar. Como o nome dele está sempre com a bolinha verde, isso necessariamente deve significar que ele está disponível para bater papo.
Não vai longe o dia em que começaremos a ler algo do tipo: “Como assim você está morrendo? Isso não é desculpa para não responder as mensagens!”.  

Homem-Aranha – Nas garras do Lagarto

 


O Lagarto é um vilão surgido nas primeiras histórias do aracnídeo, ainda na fase Steve Ditko. Um personagem que ficou no limbo por muito tempo, até ressurgir em The Amazing Spiderman 44.

Na história, Peter Parker deixa sua tia na estação de trem, onde ela irá seguir numa viagem de descanso recomendado pelo médico. Mas na mesma estação está o Dr. Connors, que espera a esposa. Mas a espera é interrompida por sua transformação no Lagarto. Claro que caberá ao cabeça de teia impedir que o vilão realize seu plano de extermínio da humanidade.

A arte de John Romita já se destacava... 


Alguém já disse que a maioria dos vilões do aranha não existiria se consultasse com um psicólogo. De fato, o Lagarto é oposto do Dr. Connors, enquanto aquele é compassivo e tem como objetivo ajudar a humanidade, o Lagarto é um ser sem compaixão que acha inclusive que deve se vingar do seu alter-ego. Seria um caso de dupla identidade? Alguém já explorou essa possibilidade?

Algo que salta aos olhos nessa trama, que se estendeu até o número seguinte, é a arte impressionante de John Romita. Nessa época ele ainda imitava Steve Ditko (Romita achava que inevitavelmente Ditko voltaria ao título – o que não aconteceu) e limitava sua arte a uma diagramação apertada, muitas vezes com nove quadros por página. Mas mesmo assim já era possível  ver ali a arte refinada de um dos melhores desenhistas dos quadrinhos americanos de todos os tempos.

... embora nessa fase ele ainda imitasse Steve Ditko. 


Ditko poderia ser um grande narrador gráfico, mas Romita era um mestre do desenho – e isso pode ser visto na sequencia inicial, da estação de trem. A primeira página mostra de um lado Parker e a Tia May indo na direção do trem e, do outro, o doutor olhando para a mão semi-transformada, sendo assombrado pela imagem do lagarto. Aqui romita dá um show e mostra o grande fisionomista que era, além de mestre da composição.

E a dupla parecia afinada. Se romita fazia quadros impressionantes, Stan Lee conseguia criar sequencias interessantes de heroísmo e, ao mesmo tempo, de interação entre os jovens – embora ele pudesse ser mais econômico nos diálogos, dando mais espaço para a arte.

Os diálogos eram afinados, embora excessivos. 


Stan Lee nitidamente estava se divertindo. Na segunda parte da história, publicada no número 45 a revista, ele deixa os balões de um quadro em branco e acrescenta o texto: “Mais uma medida inédita da Marvel. Sabendo quão talentosos são nossos leitores, vamos deixar esse quadrinho com balões em branco para você escrever o diálogo de despedida se quiser. Também escolha a trilha sonora para tocar de fundo”.

A relação com romita deveria ser um alívio depois de todos os atritos com Steve Ditko.

Direto da estante - alguns dos livros escritos por Gian Danton

 

segunda-feira, maio 30, 2022

Entenda por que os comentários estão sendo moderados

 





 - Gian, entrei no seu blog e tentei comentar numa matéria, mas não ele não foi publicado imediatamente 

- Infelizmente eu tive que acionar a moderação de comentários. 

- Mas por quê? 
- Olha o tipo de comentário que os bolsominions estavam postando. 



- Caramba, são dezenas de comentários iguais o cara já começa te chamando de stalinista! 

- Pois é, virei um "extremista de esquerda stalinista"! 
- Caramba! 
- É o culto à personalidade. Como eles consideram o Bolsonaro um semi-deus, qualquer um que não o idolatre é imediatamente chamado de comunsita, petista, stalinista, dentista, skatista, surfista, remista. E pode colocar na conta vários outros "comunistas": Jim Starlin vira marxismo cultural, Raul Seixas vira marxismo cultural, Alan Moore vira marxismo cultural. E, para eles, comunista precisa ser preso. Para eles a Globo é comunista, a Folha de São Paulo é comunista, o Estadão é comunista. Esse tipo de gente só se informa pelo zap zap e por canais bolsonaristas como o Terça-livre. Qualquer coisa fora disso é comunismo. 
- O cara está te chamando de lulo-petralha?!!!



- Pois é, eu que nunca votei no PT, que sempre critiquei o PT, que na época da faculdade vivia em pé de guerra com os petistas da turma, de repente virei petralha só porque me recuso a idolatrar o mito. 
- E você praticamente nem fala de política no seu blog. 
- Pois é. Mas a estratégia deles é Dart Vader: ou você idolatra o Capitão ou é comunista, stalinista, petista, skatista, surfista, dentista, remista. Teve um "amigo" bolsominions que ameaçou me dar um soco só porque eu disse que político é para ser cobrado não para ser idolatrado. Outro disse que o pior tipo de "comunistas" são os "isentões": isentão aí significa alguém que se recusa a idolatrar o mito deles, mas ao mesmo tempo não idolatra o Lula, que se recusa a tecer elogios à ditadura militar, mas também não elogia a Coréia do norte. Antigamente para ser comunista precisava ser fã do Karl Marx, precisava ler o Manifesto Comunista, precisava acreditar em ditadura do proletariado. Hoje em dia, para ser comunista, basta não idolatrar o mito.
- Ele te acusa de cometer um gesto lulo-petista. Que gesto lulo-petista é esse?
- Me recusar a idolatrar o mito. Para quem escreveu esse comentário, qualquer um que não idolatre o mito está cometendo um gesto lulo-petista. Ou seja, na cabeça dele, está cometendo um crime. São pessoas que só se informam pelo zap zap e por vídeos de teoria da conspiração.
- Caramba, estou lendo aqui. O cara está ameaçando te denuncia... Te denunciar para quem? 
- Para os militres, provavelmente. 




- Estou vendo aqui. Ele te acusa de doutrinar os alunos. Fui seu aluno e você nunca falou de política em sala de aula. 
- Deve ser porque uso camisas da Marvel em sala de aula. Dizem que estou doutrinando os alunos a gostarem da Marvel. Nisso, confesso, sou culpado. Mas em minha defesa posso dizer que gosto da DC quando ela é desenhada pelo Garcia-Lopez.... rsrs... 
- Nossa, o cara diz que vai fazer você perder o emprego! Chega até a te chamar de estelionatário! 
- Só faltou dizer que vai me prender e  torturar pessoalmente para que eu confesse todos os meues crimes...kkkk Tudo isso porque eu me recuso a idolatrar o Capitão. E é esse pessoal que diz que é a favor da liberdade. A liberdade que eles querem é a liberdade de poder denunciar e prender quem pensa diferente deles. E como você pode ver, postaram essas ameaças dezenas de vezes no blog antes que eu bloqueasse os comentários. É por isso que não é mais possível comentar no meu blog. Infelizmente, tive que bloquear essa possibilidade de contato com meus leitores por causa desse tipo de comentário ameaçador.   
- Assustador, melhor manter os comentários do blog moderados mesmo.  
- Pois é. Melhor do que dar voz a gente desse naipe, que só se informa pelo zap zap e acredita em todas as teorias da conspiração possíveis. 

The Spirit – as novas aventuras

 

 

Spirit é um dos mais queridos e mais clássicos personagens dos quadrinhos. Criado por Will Eisner na década de 1940, o personagem revolucionou a narrativa gráfica esbanjando as potencialidades da linguagem e criando recursos únicos, como prédios que formavam o título da história ou o nome do personagem. Além disso, a série revolucionou ao focar não só no protagonista, mas principalmente em personagens secundários, o que dava um toque muito humano à série.
Por ser um personagem autoral, Eisner não autorizava que a editora que publicava o personagem desde a década de 1970, a kitchen, fizesse histórias do herói com outros autores.
Em 1998 o editor convenceu o Eisner a finalmente permitir uma publicação com vários autores mostrando suas versões do personagem. O resultado é o álbum publicado pela editora Devir.
O resultado é irregular. Algumas histórias conseguem captar a essência inovadora do personagem – outras são simplesmente histórias do personagem.
Moore e Gibbons focam suas narrativas nos vilões. 


Entre o melhor da edição estão as histórias escritas por Alan Moore e desenhadas por Dave Gibbons, que abrem a edição. As duas HQs interligadas conta a origem de dois dos principais vilões do Spirit: O Cobra e o Octopus. As duas, ao focarem nos vilões, exploram seus lados humanos, inclusive com as contradições entre as duas narrativas. A ironia entre o que ambos relatam e o que de fato acontece cria alguns dos melhores momentos dessas HQs.
A dupla ainda entrega outra história genial, agora sobre o assistente do Doutor Cobra, que teria morrido na primeira história do Spirit. Moore, como sempre, costura tudo, aproveitando as pontas soltas das histórias originais.
A dupla Moore- Gibbons ecoa a inovação narrativa de Eisner.


Outro ponto alto do álbum é “Domingo no parque com São Jorge”. O desenho underground de Dan Burr se encaixa perfeitamente com a narrativa de Jim Vance sobre o dia em que Spirit foi convencido a descansar no parque – o que, claro, o coloca em uma tremenda confusão.
Temos ainda Neil Gaiman fazendo o que Neil Gaiman sempre faz: uma história sobre um escritor escrevendo algo que se entremeia à narrativa. No caso, um roteirista de cinema que tenta escrever um roteiro policial e se depara com o Spirit investigando um caso real. Apesar do clichê a la Gaiman, é uma HQ divertida.

Encontrei em um sebo na França

 


Olhem o que achei num sebo... O kit gay!!! E, quem poderia imaginar..... ELE É FRANCÊS?!?!?!!!!! Ainda bem que nosso presidente nunca vai deixar publicarem aqui. Nossa bandeira jamais será vermelha, azul e branca. O Brasil nunca vai ser a França!!!!!!!!!!
O Kit gay ensina que os bebês são feitos na máquina de xerox!!!!
Mas o que eu achei mais impressionante é que o kit gay, em nenhum momento parece falar de homossexualidade. Não entendi isso. 
O Kit gay fala de garçons, mas não fala de gays. Não entendi nada. 

Maria Erótica e o clamor do sexo

 


No ano de 2003, o jornalista baiano Gonçalo Júnior chamou atenção com um livro essencial para qualquer que queira entender o mercado editorial brasileiro. Guerra dos Gibis mostrava como alguns dos principais impérios editoriais haviam sido erguidos a partir das vendas astronômicas dos gibis, em especial nos anos 1940 e 1950. Focado na vida de Adolfo Aizen, o livro contava também a perseguição aos gibis, feita por padres, professores e políticos. Mas, como a narrativa terminava na década de 1960, faltava uma segunda parte. É exatamente a segunda parte dessa epopéia que a editora Peixe Grande está lançando agora, com o livro Maria Erótica e o clamor do Sexo (Peixe Grande, 2010, 494 p.).
Se o primeiro livro tinha como personagem principal o editor Adolfo Aizen (dono da Ebal), este segundo é focado em dois outros personagens: Minami Keizi e Cláudio Seto. Ambos viveram a fase mais difícil dos quadrinhos nacionais, quando a perseguição aos gibis nacionais era institucionalizada e fazia parte do programa da ditadura militar. E ambos revolucionaram a linguagem dos quadrinhos ao introduzir os mangás em nosso país.
Minami chegou em São Paulo com pouquíssimo dinheiro no bolso, foi rejeitado pela maioria dos editores da época (que estranharam seu traço com fortíssima influência oriental), mas acabou criando uma das melhores editoras de quadrinhos da década de 1970, a Edrel.
Vindo da mesma cidade que Minami, Lins, no interior paulista, Cláudio Seto foi um dos principais e mais revolucionários artistas da Edrel e, posteriormente, comandou o setor de quadrinhos da Grafipar, a maior trincheira dos quadrinhos nacionais no final da década de 1970 e início da década de 1980.
O livro acompanha ora um, ora outro, oscilando entre as histórias desse personagens tão interessantes quanto as histórias que criaram.
A forma como Minami consegue sair da miséria para se tornar dono de uma editora é digna de nota. Após ter seu trabalho rejeitado, ele investiu seu pouco dinheiro num sistema de venda de livros por reembolso postal (os anúncios do serviço eram conseguidos em publicações em troca de tiras de quadrinhos produzidas por ele) que deu tão certo a ponto de Sebastião Bentivegna, dono da editora Pan-Juvenil convidá-lo a ser supervisor editorial. Com o tempo, afundado em dívidas com agiotas, Sebastião chamou Minami e o dono da gráfica que fazia fotolitos para a editora e ofereceu a Pan-Juvenil, de graça, desde que eles assumissem as dívidas.
Minami investiu em quadrinhos ousados tanto pelo erotismo quanto pelas inovações estéticas, que aproximavam os gibis dos mangás e teve tanto sucesso que a editora, agora chamada Edrel, não só conseguiu quitar seus débitos, como ainda cresceu e chegou a ameaçar as grandes.
Foi nesse momento que começou a calvário de Minami com a ditadura. Felizmente, o editor guardou todo o histórico de correspondências com a censura, o que permitiu a Gonçalo Júnior fazer um raio x da repressão ditatorial, nos brindando com alguns dos momentos mais interessantes do livro.
O argumento da ditadura é que, por trás da liberdade sexual, que se mostrava através das publicações da Edrel, escondia-se o comunismo internacional, que pretendia desestabilizar a família brasileira. Curiosamente, o mesmo fenômeno era também combatido na União Soviética como um vício capitalista.
Gonçalo amplia a investigação sobre a censura na época, abarcando de revistas como Garotas de Piadas da Edrell aos gibis do Pato Donald e Luluzinha, além de revistas de reportagens, como a Realidade.
Mas a perseguição ao Pato Donald nem se comparava à repressão ao erotismo. Sem querer perder o negócio, Minami procurava se informar como continuar publicando sem ter suas revistas apreendidas. Logo descobriu que não havia parâmetros. Tudo dependia muito da cabeça do censor.
O risco maior não era só a apreensão de revistas: as sedes  das editoras poderiam ser invadidas a qualquer momentos e seus funcionários presos.
O esquema da censura era cruel especialmente para os pequenos editores, com poucas ligações com o poder. Na fase mais cruel da ditadura, as bonecas das revistas tinham de enviadas para Brasília, onde muitas vezes demoravam meses para serem analisadas. Se houvesse algum corte ou pedido de mudança, uma nova boneca deveria ser feita e enviada para Brasília para uma análise igualmente demorada.
Se a revista focasse em assuntos do momento, esse esquema era morte certa. No final, a repressão levou ao fechamento tanto da Edrel quanto da editora seguinte de Minami, a M&C.
Para fugir da repressão, Cláudio Seto, escondeu-se no único lugar onde não se esperava encontrar um subversivo: no partido do regime a Arena, pela qual foi eleito vereador em Lins.
Quando se casou, resolveu pegar a estrada e fazer uma viagem pelo sul do país. Ao chegar em Curitiba, encontrou a cidade envolta pela neve e, encantado, resolveu morar lá.
Sua ida para Curitiba parece ter sido arquitetada pelo destino, pois, na mesma época um editor local pretendia entrar no mercado erótico, aproveitando a abertura da censura e o interesse da população pelo tema. Era o início da Grafipar. Deu tão certo que virou uma verdadeira trincheira do quadrinho nacional, a ponto de alguns dos mais importantes artistas da época se mudaram para a capital do Paraná.
Erros editoriais, perseguição política e a crise econômica selaram o fim da editora, o que não a impediu de deixar uma marca poderosa nos quadrinhos brasileiros.
O livro se torna ainda mais importante pelo fato de tanto Minami quanto Seto terem morrido recentemente, quase no esquecimento, em especial Minami. Numa época em que os mangás dominam as bancas, poucos se lembram desses grandes artistas e editores que introduziram a linguagem oriental nos quadrinhos nacionais. Nas palavras de Toninho Mendes, que escreve a orelha da publicação: “Gonçalo Júnior faz ressurgir do limbo um segmento da imprensa nacional quase desconhecido: o dos pequenos editores de revistas e livros de sexo que desafiaram a polícia e os censores com forma criativas de enganar a repressão e fazer o brasileiro participar mais ativamente – em vários sentidos – da revolução sexual, que a ditadura tanto se empenhou por não deixar entrar no país”.

O budismo e a superação do sofrimento

 


A questão do sofrimento é a espinha dorsal da doutrina budista. Na verdade, a própria transformação de Sidarta Gautama em Buda inicia com uma jornada de sofrimento.

Gautama era um príncipe que foi criado pelo pai longe de tudo que pudesse ser desagradável. Preso dentro de um palácio em que tinha de tudo do bom e do melhor, um dia ele resolveu sair e encontrou um homem doente. Quando descobriu que ele também um dia ficaria doente, isso o deixou extremamente abalado. Em outra vez que saiu do palácio, ele encontrou com um homem velho. Ele nunca havia visto pessoas velhas e quando soube que também ele ficaria velho, isso o aterrorizou. Finalmente, numa terceira vez, ele viu um enterro e descobriu que ele também um dia iria morrer. Imaginem o horror da situação.

Para se livrar desse sofrimento, Sidarta inicia uma jornada que o faria se elevar à condição de Buda. Em sua iluminação, ele descobriu quatro nobres verdades: A verdade da existência do sofrimento; a verdade da causa e da origem do sofrimento; a verdade da cessação do do sofrimento; o caminho que conduz à extinção do sofrimento.

Embora seja normalmente traduzida como sofrimento, a palavra usada por Buda era “dukkha”. Dukkha era uma roda de carro de boi mal-feita, em que o orifício está mal centrado, o que faz com que ela se encaixe imperfeitamente no eixo, deixando a roda desalinhada. A dukkha fazia com que o carro sacolejasse e a viagem fosse acidentada, incômoda, um sofrimento.

Era uma metáfora: quando nossa mente não está centrada, o resultado é sofrimento.

As escrituras budistas dividem a dukkha em três categorias: dukkha do sofrimento comum; dukkha da transformação; dukkha do condicionamento.

Dukkha do sofrimento comum é o tipo mais óbvio de sofrimento: a doença, a velhice, a morte. Damos uma topada na mesa e sentimos dor. Ficamos velhos e sentimos dor nas mais variadas partes do corpo, adoecemos com mais facilidade. Esse tipo de dor é inevitável, mas o budismo nos ensina a lidar com ele de forma a sofrermos menos.

Dukkha da transformação é um tipo mais sutil e psicológico. O mundo está em constante transformação, em eterna mudança, mas tememos isso e nos protegemos numa fortaleza pessoal. Vivemos um momento de alegria e queremos que esse momento dure para sempre. Vivemos um momento de glória e queremos que esse momento dure para sempre. Experimentamos uma vitória e queremos jamais experimentar a derrota.

Mas é impossível agarrar esses momentos. O mundo está em eterna transformação. Num momento estamos felizes, no outro tristes. Num momento estamos no auge da vitória, no momento seguinte experimentamos a queda e a derrota.  

Quando o mundo à nossa volta se transforma, isso provoca sofrimento porque nos negamos a aceitar essa mudança.

O medo da transformação pode provocar inclusive tragédias, como nos casos dos homens que matam suas companheiras por ciúmes. Há um caso emblemático de um homem que era casado com um mulher de sorriso lindo, que garantia elogios de todos. Com ciúmes, ele pegou um martelo e quebrou todos os dentes dela. Ele tinha uma mulher linda, com um sorriso perfeito e deveria se sentir feliz com isso, mas, com medo de perdê-la, preferiu machucá-la e acabar com aquele sorriso. O medo da mudança fez com que ele não conseguisse aproveitar a companhia de uma pessoa tão bela.

O budismo nos ensina a viver o momento presente, sem nos atormentarmos com o futuro ou com o passado. O presente é o que realmente importa. Ao focarmos no futuro, perdemos o momento presente. Quantas vezes não olhamos para o passado e não percebermos o quanto tínhamos sido felizes em determinada situação, mas não havíamos valorizado isso?

O Dukkha do condicionamento é também chamado de sofrimento de fundo. É uma sensação de ansiedade, nos que nos leva a criar uma fortaleza à nossa volta para nos defender do fluxo da vida. "Renato Russo sintetizou isso nos versos: Tudo é dor e toda dor vem do desejo de não sentirmos dor". 

Ao aprendermos a lidar com as situações, mantemos centralizada a nossa mente, superando a dukkha.

Resgate

 

Na década de 1980 houve uma onda de filmes em que um homem enfrentava um exército – uma onda que surfou no sucesso do primeiro Rambo e teve seu auge nos filmes posteriores da franquia. Mas se o primeiro tinha profundidade psicológica e sequências de ação verossímeis, muitos dos seus derivados eram difíceis de acreditar: em Rambo II, por exemplo, o protagonista vence sozinho a guerra do Vietnã lutando contra vietnamitas que, mesmo com uma metralhadora em punho, não conseguem acertar um único tiro.
Resgate, filme dirigido por Sam Hargrave com roteiro e produção dos irmãos Russo (dos filmes do Capitão América e dos Vingadores) resgata muito daquele primeiro Rambo.
Na história, graças a uma falha na segurança, o filho de um traficante é sequestrado pelo traficante rival. Sem dinheiro para pagar o resgate, o chefe da segurança contrata um grupo de especialistas liderados pelo mercenário interpretado por Chris Hemsworth. Mas, como o dinheiro da quadrilha foi confiscado pela justiça, o chefe da segurança trai o grupo de mercenários na tentativa de salvar ele mesmo o garoto – e evitar pagar pelo serviço.
Enquanto isso, o chefe do tráfego coloca toda a força policial da cidade para caçar o mercenário e o garoto.
É um filme de ação de tirar o fôlego, com perigos a cada esquina. Mas é também verossímil. Não vemos, por exemplo, a câmera nervosa de outros filmes, usada para esconder problemas de coreografia das lutas – um recurso que torna a narrativa confusa. É possível ver e entender tudo que acontece. Além disso, o mocinho não sai incólume: sofre facada, tiro, é atropelado. A impressão que se tem é de ver alguém altamente preparado, mas que não é um super-herói lutando contra indianos incapazes de acertar um único tiro.
Acrescente a isso uma boa caracterização de personagens inclusive secundários, cada um com uma motivação muito clara: o chefe da segurança que precisa resgatar o garoto para que sua família não seja morta, o traficante que manda na cidade, o garoto que quer subir na cadeia do tráfico. 
Em tempo, o filme é adaptação de uma história em quadrinhos ‘Ciudad’ de Ande Parks e dos irmãos Russo.
O filme é baseado na hstória em quadrinhos Ciudad.

domingo, maio 29, 2022

Jornada nas estrelas – Nômade

 


Na década de 1960 vários seriados de ficção científica tinham episódios com monstros – vide Viagem ao fundo do mar, que tinha sempre o monstro da semana. E alguns episódios da série clássica usam esse recurso, mas o subvertem esse clichê de maneira extremamente inteligente. Ótimo exemplo disso é Nômade, episódio da segunda temporada.
Na história, a Enterprise se depara com um ser mecânico que exterminou milhões de pessoas. Ao trazê-lo a bordo, descobrem que é um antiga sonda espacial terrestre, que se encontrou com uma sonda alienígena, teve seus bancos de memória danificados, ao mesmo tempo em que se tornava extremamente poderosa, e passou a seguir uma nova diretriz: destruir toda a imperfeição, sendo imperfeição toda a forma de vida.
A sonda só não destrói a enterprise porque acha que Kirk foi seu criador, já que ela foi projetada por um antepassado do capitão da enterprise.
Há muitos elementos de destaque no episódio. O tema é tão bom que serviu de base para o primeiro filme da fraquia. E a solução, lógica ao invés de física, mostra que Jornada era um seriado muito além de seu tempo. Também chama atenção os diversos truques para mostrar a Nômade. A sonda se movimenta pela nave e isso acontece, na maioria das vezes, por truques de cenário, para esconder o suporte, ou mesmo truques de câmera, como colocar a câmera ao lado da sonda, acompanhando-a.

Quem matou Sara?

 

Para quem está acostumado às novelas mexicanas, com suas tramas previsíveis e personagens estereotipados, Quem matou Sara, série mexicana da Netflix, é uma grata surpresa.

Escrita pelo chileno José Ignacio Valenzuela, Quem matou Sara é uma história repleta de reviravoltas em uma trama que é tudo, menos linear.

O que mais surpreende não é tanto o enredo policial, todo baseado no segredo enunciando no título, mas na forma como foi elaborado o roteiro, com várias linhas temporais e várias tramas paralelas em sucessão rápida e frenética, assim como o uso inteligente das elipses.

A série tem como protagonista Alex Guzmán, que, acusado de matar a própria irmã, Sara, passa 18 anos preso e quando sai tem apenas dois objetivos na vida: vingar-se de quem o incriminou e descobrir quem matou sua irmã. Para isso ele precisará enfretar a poderosa família Lazcano, cujo patriarca, César, é dono de um cassino e está envolvido com tráfico internacional de mulheres.

Sara morreu quando o paraquedas no qual estava se rompeu. O paraquedas é puxado por uma lancha então o suspeito de ter danificado o equipamento é um dos que estavam naquele local fechado. Uma típica trama a la Agatha Christie, com um crime acontecendo num local fechado e poucos suspeitos. Mas Quem matou Sara vai muito além desse enredo básico ao mostrar que todos têm algo a esconder, todos parecem ter um passado negro, algo a ser explorado na trama – o que faz com que mesmo a história se esticando por dez episódios, raramente sentimos que estamos sendo enrolados (exceto talvez a trama do filho gay de César Lazcano e sua trama com o marido tentando ter um filho, que parece realmente desnecessária).

De todos os episódios, o mais impressionante é o sexto, “Caça”, focado em um dos empregados dos Lazcanos que tenta o suicídio. No episódio anterior vemos ele apontando a arma para a cabeça. Nesse, uma sucessão muito rápida de flashs backs explica como as coisas chegaram até ali, completando todas as lacunas deixadas pela elipse temporal do episódio anterior. O roteiro é completado por uma edição em ritmo frenético que, incrivelmente, consegue manter a coerência da narrativa no meio de tantas linhas narrativas temporais diferentes.

Quem matou Sara é um verdadeiro quebra-cabeças que desafia os expectadores, gerando inclusive várias teorias sobre detalhes da trama. Esse quebra-cabeça instigante unido a um roteiro certeiro e uma direção competente fazem com que essa série seja a nova mania da Netflix, tanto que a série já foi confirmada para segunda temporada. Será que finalmente conseguiremos descobrir quem matou Sara?

Fundo do baú - Smurfs

 


Os Smurfs são uma criação do quadrinista francês Peyo. A ideia surgiu durante um jantar com o amigo e também quadrinista André Franquin. Peyo que já tinha bebido um pouco de vinho, queria pedir sal, mas o que acabou saindo foi Schtroump. O amigo respondeu: "Bem, aqui está seu schtroumpf e quando acabar de schtroumpfar, schtroumpfe de volta".

Peyo gostou da brincadeira e resolveu aproveitar na série sobre a Idade Média que fazia na época. Assim, ele introduziu um grupo de duendes azuis chamados Schtroumpfs que falavam de um modo estranho. Esses personagens que deveriam aparecer em uma única história fizeram tanto sucesso que tomaram conta da série.

Quando um produtor comprou os direitos dos para os EUA, o nome foi trocado por algo mais fácil de ser pronunciado: os Smurfs. Em 1981 os personagens já faziam tanto sucesso mundo afora que foi criado um desenho animado, uma produção da Hanna-Barbera, que se transformou numa febre. Foram 256 episódios, fora os especiais. Mais recentemente, os personagens também ganharam filmes com animação em 3D.