quinta-feira, março 30, 2006

Macapá é, proporcionalmente, a capital brasileira com maior número de acidentes de trânsito. Vários fatores contribuem para isso, mas o principal deles é o total desconhecimento das regras de trânsito. Ao fazer a conversão após um sinal, todos os motoristas fazem questão de entrar pela contra-mão. Se dois motoristas vão fazer a conversão, um para a esquerda e outro para a direita, o correto é passar por trás do outro carro, mas a grande maioria prefere passar pela frente, expondo a si e a outro carro à possibilidade de bater com o carro que vem atrás. Se um dos carros insistir em seguir as regras de trânsito, é imediatamente ofendido pelos outros. Dia desses eu estava conversando sobre o assunto com Comandante da Guarda Municipal e ele mesmo admitiu que esse vício é causa de boa parte dos acidentes de trânsito.

Outra mania amapaense uma brincadeira perigosa: o indivíduo decide que vai ser o único a passar pelo sinal verde. Dessa forma, assim que se aproxima do semáforo, ele diminui a velocidade e se posiciona de modo a impedir ultrapassagens. Quando o sinal muda para o amarelo, ele finalmente avança, aproveitando o "rabinho de sinal" e rindo dos outros que ficaram presos lá atrás...
Conheça o fotolog do meu compadre Joe Bennett.
Veja a homenagem que Maurício de Souza fez para o astronauta brasileiro.

Correntes

Se há uma coisa que me deixa realmente irritado são as chamadas correntes. Mesmo quando o tema é teoricamente correto, geralmente é apenas uma bobagem inventada por um estudante sem mais o que fazer (lembram do livro de geografia em que a Amazônia não fazia parte do Brasil?). Mas recentemente recebi uma corrente que me deixou realmente bravo. Leia:

Um filme nojento está sendo filmado para aparecer na América este ano, o qual mostra Jesus e seus discípulos como sendo homossexuais!!! Da mesma forma que uma peça que já tem estado em teatros por algum tempo. Se chama "Corpus Christi" que significa "O Corpo de Cristo". É uma gozação revoltante do nosso Senhor. Mas nós podemos fazer diferença. É por isso que estou mandando esse email para todos vocês. Você poderia, por favor, adicionar o seu nome no final da lista desse email? Se você fizer isso, nós poderemos ser capazes de banir esse filme de ser mostrado na América. Aparentemente, algumas regiões da Europa já baniram o filme. Tudo que precisamos é de muitas assinaturas!

Já é um abuso mandar uma corrente para alguém, mas mandar uma corrente pedindo o cerceamento da liberdade de expressão... vamos e venhamos! (Mandei para o autor da mensagem um e-mail perguntando por que razão a sexualidade de Jesus era tão importante para ele, mais importante até que a mensagem...)

Tome Palloxi...

Arnaldo Jabor é um dos mais famosos comentaristas brasileiros. Injustamente. O homem é um poço de contradições e vive dando bola fora. Veja o caso Palocci. Há pouco mais de três meses, em um comentário no Jornal Nacional, Jabor dizia: "Lula, ouça Palocci. Tome Palocci como remédio. Palocci três vezes ao dia, sete dias por semana, quatro semanas por mês!". Se Lula tivesse escutado mais o Palocci, a essa hora já teria sido chutado para fora do planalto...
Eduardo Barbier é um brasileiro atualmente vivendo na França. Lá ele continuou produzindo o fanzine Boca do Mundo, agora com uma equipe de colaboradores internacionais. Conheça o site do zine clicando aqui.

Um brasileiro chega ao espaço

Num Brasil cada vez mais desesperançoso, é sempre bom ter um herói como Marcos Pontes, o primeiro astronauta brasileiro. No meio de tantos casos de corrupção de desmandos governamentais, é bom voltar a sentir orgulho de ser brasileiro. Leia a notícia aqui.

quarta-feira, março 29, 2006

No Afeganistão um homem está no corredor da morte, acusado de ter virado cristão. Vale lembrar que Bush invadiu o país prometendo levar a liberdade e a democracia para os afegãos...
Quando eu e Bené Nascimento começamos a fazer quadrinhos, no final da década de 80, Belém não tinha menor tradição na área. Hoje o Pará virou celeiros e grandes desenhistas e quadrinistas. Muitos trabalham para os EUA, outros, como pessoal que produziu a revista Encantarias, prefere publicar por aqui, belíssimas edições, sucessos de crítica (para serem sucessos de públicos, só falta uma melhor distribuição). Agora descubro que uma mulher, uma mulher, é a mais nova desenhista paraense a trabalhar para os EUA. O espanto é porque é muito raro, mesmo nos EUA, encontrar mulheres quadrinistas. Confira a notícia aqui.
Uma amiga recentemente viajou para os EUA, para visitar parentes lá. O tratamente que recebeu foi humilhante. Fizeram com que ela e a família ficassem três horas, trancados em uma sala e submetidos a dois relatórios.
Quando visitava Washington, ela perguntou ao guia turístico sobre o avião que caiu sobre o Pentágono. "Que avião?", respondeu ele "Foi um míssel!".
Para quem não sabe, existe uma forte suspeita de que os ataques de 11 de setembro foram arquitetados por Bush e seus sócios árabes. Faz sentido.
Bush está tentando aprovar uma lei que transforma em crime não só a imigração ilegal, como o auxílio a imigrantes (o que poderia representar prisão para médicos e padres). E o homem se reelegeu prometendo legalizar os imigrantes ilegais! Para quem quer imigrar legalmente para os EUA, vale a pena conferir o inferno burocrático vivido por Nemo Nox, do blog Por um Punhado de Pixels. Nemo é um profissional renomado e reconhecido, com vasta experiência na Europa e nos EUA. Tem emprego fixo nos EUA, green card, mas mesmo assim é tratado como criminoso.
Reações dos leitores do Burburinho com relação à biografia de Monteiro Lobato, escrita por mim e publicada no site:

Gostaria de parabenizar a todos vcs pela matéria sobre Monteiro Lobato!tenho 32 anos, cresci assistindo ao sítio do pica-pau, porém, poucoconhecia da história do escritor, e passo hj a admira-lo muito mais!Obrigado!

Que belo panorama! Legal, esse passeio rápido e eficaz pelo mundo deLobato. Principiante como eu na literatura e tudo mais..agradeço. Através do burburinho vou aprendendo. Valeu

Gian Danton, li os textos sobre Monteiro Lobato e estou encantada. Adorei essa parte da história. Como tenho um blog, fareia divulgação desse "burburinho" gostoso daqui.Um abraço.

terça-feira, março 28, 2006

Ontem uma aluna me mostrou um texto seu. Inicialmente pensei que fosse parte de algum TCC, mas me surpreendi ao descobri que era uma ótima crônica, muito bem escrita e sem dúvida nenhuma criativa. Gostei tanto que pedi a ela autorização para publicar em meu blog. Aí vai:

Cotidiano: A Lei do mais forte e do mais esperto
Tereza Cristina Sampaio Lima

Hoje fui violentada, e não apenas uma única vez, mas em todas ás vezes necessárias. Pisaram no meu pé, puxaram o meu cabelo, rasgaram a minha blusa, deram-se socos, apertões, arranhões e até palavrões eu escutei. Tudo isso em uma hora.
Não deu pra ver quem era ou quantos eram, mas pelas inumeráveis vozes sabia que não se tratava de uma única pessoa, por isso preferi não me defender (seria loucura) e deixei-me ser violentada, apenas abaixei a cabeça e concenti o ato, afinal não se pode julgar sem palavras, não é mesmo?
Se chorei? Preferi dizer que me indignou o fato de nada poder fazer e ter a certeza de que esse dia, ou melhor, esses dias de violências físicas e verbais farão (mesmo não querendo) parte do meu passado e que aos poucos passará a ser o maior de todos os meus traumas.
Bem, caso não estivesse me referindo ao transporte coletivo (os famosos ônibus), poderia jurar que esse se trata do relato de uma violência sexual, mas não, pois essa é a realidade de quem necessita desse meio de transporte.
E enganam-se aqueles que ACHAM, que essa situação irá mudar através de promessas políticas, que só servem para encher os olhos do povo com palavras bonitas e difíceis, o fato é que não se deve prometer o que não irá cumprir. E digo isso pelo simples fato de que esses políticos que se dizem representantes do povo, não tirariam o menor tempo que fosse para um “passeio” de ônibus, porque está é a realidade que vivemos. Andar em um ônibus superlotado é ter que se submeter à Lei do mais forte e do mais esperto.
A verdade é que para essas situações, politicagem barata não tem vez, pois eu prefiro afirmar que isso só irá piorar, e espero que as portas do céu não sejam do tamanho das de um ônibus.

Sereias


Sempre fui muito interessado em temas de mitologia. Arrumando minhas coisas, encontrei uma ficha sobre o tema, retirada, creio, do livro Dicionário folclórico, de Câmara Cascudo (meus alunos vão me crucificar por isso, mas o fato é que na época não anotei a referência da obra na ficha). Aí vão duas anotações:
ONDINAS - tradição germânica. São sereias sem cauda. Casam-se, têm prole. A única condição é que o marido jamais revele palavras de rancor para com seres do rio. Se isso ocorre, ela volta para o filho e leva consigo os filhos.
AS MOURAS ENCANTADAS - Eram filhas de príncipes mouros, deixadas em Portugal para proteger o tesouro de seus pais. Vivem na forma de serpente e, uma vez no ano, cantam, prometendo ouro e pedras a quem as desencantar. Uma vez desencantada, casa-se com o corajoso. O Alentejo era a região da Mouras Encantadas.

segunda-feira, março 27, 2006

Pato Donald acirra a briga entre divorciados na Suécia

Por Marcus Ramone (27/03/06)Um exemplar do primeiro número do gibi Kalle Anka & C:o., publicado em setembro de 1948 e estrelado pelo Pato Donald, virou alvo de disputa judicial entre uma mulher e seu ex-marido na cidade de Koeinge, na Suécia. Leia mais

domingo, março 26, 2006

sexta-feira, março 24, 2006

Impossibilidades quadrinísticas


De vez em quando eu penso em coisas improváveis... como uma antologia poética do Hulk. O prefácio, claro, seria do doutor Bruce Banner, e seria mais ou menos assim:
“Confesso que estranhei o convite desse amável e desconhecido senhor de prefaciar seus contundentes poemas. Na verdade, embora sempre estejamos nos mesmos locais, nunca tivemos a oportunidade de nos encontrar. Até porque... aughh grooowh gaarrhhh... Onde estão homenzinhos? Hulk esmaga!”
Mesmo ameaçando bater em quem não comprasse seus livros, o gigante verde não venderia muito. Afinal, seus versos seriam sofríveis:
“Hulk esmaga!
Até creme de batata!”
O Thor escreveria romances policiais. Também não daria certo. Muito papo e pouca ação:
“Então sois vós o assassino ou éreis aqueles de quem não desconfiávamos? Quiçá o mordomo?”
O Coisa, por outro lado, daria um ótimo comentarista político:
“Quer saber? Está na hora do pau!”
O Super-homem viraria garoto propaganda das companhias aéreas: “Para o alto e avante!”. Mas no Brasil seria processado por propaganda enganosa.
Preciso parar de pensar nessas coisas, ou nunca serei contratado pela Marvel...

Astros da música gravam CD-tributo a Neil Gaiman

Por Marcus Ramone (24/03/06)No mundo da música é bastante comum a reunião de artistas que regravam canções de um ídolo da área a fim de homenageá-lo. As HQs também prestam seus tributos em coletâneas especiais com os melhores trabalhos de um determinado quadrinhista. Leia mais

quarta-feira, março 22, 2006

A música de nossa época

Meu colega do site Amapá Busca, Euclides Farias, me enviou um comentário sobre o meu texto Música e História:

Caro Ivan,

É rico e singular o painel político-musical brasileiro traçado em "Música e História". Li, no blog, com vivo interesse.
Quanto a seu questionamento final, sobre qual seria a música-retrato destes tempos de mensalão e ilusão, sugiro a letra de "Ministério da Economia", de 1951 (como música é atemporal, esta é atualíssima), do sambista carioca Geraldo Pereira, morto em 1955.

É letra, em parceria com Arnaldo Passos, para ser lida preferencialmente com com ironia que, a bem da verdade, Geraldo Pereira, malandro convertido ao getulismo, não devotou ao presidente:
"Seu Presidente/Sua Excelência mostrou que é de fato/Agora tudo vai ficar barato/Agora o pobre já pode comer (até encher!)/Seu Presidente/Pois era isso o que o povo queria/O Ministério da Economia/Parece que vai resolver/Seu Presidente/Graças a Deus não vou comer mais gato/Carne de vaca no açougue é mato/Com meu amor eu já posso viver/Eu vou buscar a minha nega pra morar comigo/Eu sei que agora não há mais perigo/Porque de fome ela não vai morrer/A vida estava tão difícil que eu mandei a minha nega bacana/Meter 'os peito' na cozinha da madame/Em Copacabana/Agora vou buscar a nega/Porque gosto dela pra cachorro/'Os gato' é que vão dar gargalhada de alegria lá no morro".

Boa lembrança Euclides. Eu acho que a melhor indica o período que estamos vivendo é a UH UH UH, LA LA LA, IÉ IÉ!, do Pato Fu:

"Acho muito caro o que ele tá pedindo
Pra eu ter muito mais sorte e menos azar
Acho muito pouco o que tenho no bolso
Pra ver o sol nascer não tem que pagar
É certo que o milagre pode até existir
Mas você não vai querer usar
Toda cura para todo mal
Está no Hipoglós, Merthiolate e Sonrisal"

Meus livros na Virtual Books

Acabei de receber as estatísticas de acessos de meus livros disponíveis na Virtual Book. Coloco abaixo os números de alguns:

DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA NOS QUADRINHOS: ANÁLISE DO CASO WATCHMEN foi visitadapor 35.492 internautas.

Foram baixados pelos internautas 20.002 exemplares de ALEXANDRE ( as páginasde ALEXANDRE ainda tiveram 89.791 visitas).

TEORIAS DA COMUNICAÇÃO 8.379 e-books

MOIRA foram baixados 28.651 exemplares e as páginas tiveram num total de18.379 visitantes.

CULTURA POP 7.387

HISTÓRIAS DE TERROR 7.365

MONTEIRO LOBATO 31.397as páginas de MONTEIRO LOBATO on-line tiveram 69.378 visitas.

COMO ESCREVER HQ 80.003

PERRY RHODAN 10.098

MUNDO DRAGÃO1 on-line tiveram 65.372 visitas.
MUNDO DRAGÃO2 on-line tiveram 56.279 visitas.
MUNDO DRAGÃO3 on-line tiveram 49.105 visitas.
MUNDO DRAGÃO4 on-line tiveram 36.314 visitas.
MUNDO DRAGÃO5 on-line tiveram 53.024 visitas
MUNDO DRAGÃO6 on-line tiveram 63.011 visitas.
MUNDO DRAGÃO7 on-line tiveram 36.235 visitas.
MUNDO DRAGÃO8 on-line tiveram 45.054 visitas.
MUNDO DRAGÃO9 on-line tiveram 36.104 visitas.
MUNDO DRAGÃO10 on-line tiveram 52.320 visitas.
MUNDO DRAGÃO11 on-line tiveram 32.001 visitas.

O números são impressonantes, mas até hoje não impreessionaram nenhum editor.

Preconceito

A palavra preconceito já diz tudo. Pré-conceito, ou seja, conceito estabelecido antes de ter contato com a coisa. Quem tem preconceito contra negros, por exemplo, não precisa conhecer os negros. Aliás, quando ele conhece um negro, é muito provável que sua idéia sobre o assunto mude.Um preconceito que vi muito foi contra os quadrinhos. Muita gente que nunca tinha lido quadrinhos, ou tinha lido só Turma da Mônica, fazia questão de mostrar suas ideais pré-concebidas: quadrinhos é subliteratura, coisa de criança, quadrinho nunca vai chegar a ser arte, etc...Muitas dessas pessoas eu desafiava a ler grandes obras como Watchmen (Alan Moore e Dave Gibbons), Companheiros do Crepúsculo (Bourgeon) ou Um contrato com Deus (Will Eisner). Algumas aceitavam e acabavam mudando de idéia, mas muitos simplesmente se recusavam a sequer dar uma olhada nessas revistas.Eu tinha grande preconceito contra novelas, achava que era o ópio do povo. Isso até assistir Pantanal. A primeira vez que ouvi falar de grilagem de terras não foi no Jornal Nacional, foi em Pantanal. Depois veio Renascer e aí eu mudei radicalmente a minha idéia de que era possível fazer uma boa novela.Eu tinha grande preconceito contra quadrinho italiano, o famoso fummetti. Achava que era leitura de vigia noturno. Um dia escrevi um texto falando sobre a importância do roteirista pesquisar antes de escrever uma história e o amigo Antonio Eder me trouxe uma edição de Ken Parker para mostrar como o roteirista tinha pesquisado bem sobre os esquimós para escrever a história. Com muita má vontade, eu concordei em ler um número. No dia seguinte, pedi para o Antonio para ler o número seguinte e logo eu já tinha emprestado toda a coleção (depois, quando o Antonio conseguiu uma outra coleção, completa e em melhor estado, eu comprei toda a coleção antiga).Mas ninguém é imune ao preconceito. Quando li O Código da Vinci, achei bem legal os enigmas lingüísticos e matemáticos do livro. Eles são certamente o ponto alto da obra. Como sei que o Antonio também gosta desse tipo de curiosidade, indiquei a ele, mas ele se recusou, pois já tinha tido informações negativas sobre o autor.Ou seja, ele estabeleceu um pré-conceito sobre o livro a partir do que lera sobre o autor. E, no caso do Antonio, tenho certeza de que pesou também o fato do Código ser um sucesso. Da mesma forma que muitos pensam "Se é um sucesso, deve ser bom", o Antonio pensou "Se é um sucesso, deve ser uma porcaria".Tanto um quanto outro são pré-conceitos.

terça-feira, março 21, 2006

Está disponível, no site da Virtual Books, mais um capítulo da série Mundo Dragão. Dessa vez, os desenhos são de Beto Nicácio.

domingo, março 19, 2006

Ótima tira de quadrinhos, de autoria do desenhista Antonio Eder:

Traumas de infância de Osama Bin Laden

Está disponível o quarto capítulo da série Os Anjos. Marcos enfrenta o psicopata que raptou sua mulher.

sábado, março 18, 2006

Música e história

Existem certas músicas que, mais do que qualquer tratado acadêmico, representam e analisam uma determinada época. Abaixo apresento algumas canções que marcaram gerações ou épocas.

Final dos anos 1960

Nessa época, embora se vivesse a ditadura militar, achava-se que os militares voltariam para os quartéis se houvesse pressão social nesse sentido. Era uma época de sonho, de achar que o mundo poderia ser mudado e que o povo unido venceria. Nenhuma canção marcou tanto essa época de esperança e crítica social quanto “Para não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré.

Pra não dizer que não falei das flores
Geraldo Vandré
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Nas escolas nas ruas, campos, construções
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Pelos campos há fome em grandes plantações
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão ...
Há soldados armados, amados ou não
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição
De morrer pela pátria e viver sem razão

Década de 70
A história mostrou que os soldados não estavam tão perdidos assim, tanto que arranjaram um jeito de continuar no poder. Todos sabem o restante do enredo: o AI5 fechou o Congresso, cassou políticos e eliminou os direitos civis. Uma parte da esquerda que acreditava que caminhando e cantando e seguindo a canção conseguiriam mudar a sociedade chegou à conclusão de que as coisas só mudariam através das armas. Começaram as guerrilhas urbanas e rurais, ambas rapidamente sufocadas pelo Regime Militar. Sem ter o que fazer, os carrascos voltaram sua atenção para qualquer um que discordasse do regime. A tortura chegou aos intelectuais e artistas. A morte do jornalista Herzog é sintomática desse período. Criou-se uma era de terror, em que qualquer um podia ser a próxima vítima dos militares. No final dos anos 70, embora já houvesse indícios de a democracia voltaria (inclusive com o governo dos EUA pressionando nesse sentido), ainda havia o medo. A música Cartomante, de Ivan Lins e Victor Martins (mas que ficou famosa na voz de Elis Regina) é a melhor representação desse período.

Cartomante
Ivan Lins e Victor Martins
Nos dias de hoje é bom que se proteja
Ofereça a face pra quem quer que seja
Nos dias de hoje esteja tranqüilo
Haja o que houver pense nos seus filhos
Não ande nos bares, esqueça os amigos
Não pare nas praças, não corra perigo
Não fale do medo que temos da vida
Não ponha o dedo na nossa ferida
Nos dias de hoje não lhes dê motivo
Porque na verdade eu te quero vivo
Tenha paciência, Deus está contigo
Deus está conosco até o pescoço
Já está escrito, já está previsto
Por todas as videntes, pelas cartomantes
Tá tudo nas cartas, em todas as estrelas
No jogo dos búzios e nas profecias
Cai o rei de Espadas
Cai o rei de Ouros
Cai o rei de Paus

Anos 80
Já estava escrito. O rei ia cair. Não só um, mas todos, o rei de espadas, de ouros e o rei de paus. O início dos anos 80 trouxe consigo o início da democracia, mas também trouxe uma geração que tinha crescido sob a sombra da Ditadura (que na época era chamada de revolução) e que tinha perdido o vínculo com a geração política do passado. As revelações sobre as atrocidades nos países comunistas, aliadas à situação de terror interna, criou uma geração que não sabia o que queria, mas sabia o que não queria, a geração Coca-cola.

Geração Coca-Cola
Legião Urbana
Quando nascemos fomos programados
A receber o que vocês nos empurraram
Com os enlatados dos USA, de 9 às 6.
Desde pequenos nós comemos lixo
Comercial e industrial
Mas agora chegou nossa vez
Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês.
Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola.
Depois de vinte anos na escola
Não é difícil aprender
Todas as manhas do seu jogo sujo
Não é assim que tem que ser
Vamos fazer nosso dever de casa
E aí então, vocês vão ver
Suas crianças derrubando reis
Fazer comédia no cinema com as suas leis.
Depois de vinte anos na escola
Não é difícil aprender
Todas as manhas do seu jogo sujo
Não é assim que tem que ser
Vamos fazer nosso dever de casa
E aí então, vocês vão ver
Suas crianças derrubando reis
Fazer comédia no cinema com as suas leis.

Como diz a música, esses jovens se sentiam derrubando reis, os mesmos que, na música anterior, iriam cair por força do destino e das cartomantes. Era uma geração criada sob influência dos enlatados, mas que queria cuspir de volta esse lixo em cima dos que mandavam. Era também uma geração que pela primeira vez convivia com a liberdade que querria aproveitá-la. Embora não fosse uma geração comprometida com uma ideologia específica, era política num sentido de revolta contra as injustiças.

Anos 90
Veio Sarney, angariou o entusiasmo e depois a decepção do povo e, então, o Collor. E, com o Collor, uma grave crise social. Nessa época, quase todas as pessoas que eu conhecia estavam desempregadas. Muitas empresas fecharam suas portas. Na área de quadrinhos, praticamente todas as editoras encerraram suas atividades e só sobrou o mercado erótico. Até Maurício de Souza teve que rebolar para continuar no mercado (tanto que as tirinhas da Mônica celebraram a queda de Collor). Na época, até as pessoas que tinham emprego fixo ficaram subitamente desempregadas, por conta das privatizações. A música Teatro dos Vampiros, do Legião Urbana, é o melhor símbolo desse período negro. Como dizia a música, os bandidos estavam soltos, o povo não. E todo mundo sentia como se tivesse voltado aos tempos da ditadura, retrocedendo pelo menos 10 anos no tempo.

Teatro Dos Vampiros
Legião Urbana
E nestes dias tão estranhos
Fica poeira se escondendo pelos cantos
Este é o nosso mundo: o que é demais nunca é o bastante
E a primeira vez é sempre a última chance.
Ninguém vê onde chegamos:
Os assassinos estão livres, nós não estamos
Vamos sair - mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos estão procurando emprego
Voltamos a viver como há dez anos atrás
E a cada hora que passa
Envelhecemos dez semanas

Qual seria a música de nossa época?

Compre CDs de Elis Regina e Legião Urbana no Subarino.

sexta-feira, março 17, 2006

Mundo Dragão

Recebi de uma leitora da série Mundo Dragão (que você pode ler clicando aqui):


Boa tarde!
Descobri esta semana na internet o Livro Virtual " O mundo dos Dragões", é maravilhoso!
Tenho um filho de 5 anos e todas as noites leio para ele 1 capitulo da historia. Quando chego do trabalho ele vai logo perguntando: "Mãe, hoje vamos ler mais um capitulo da nossa história?"
Acontece que só encontrei disponível na internet os 11 primeiros capítulos e estou quase chegando lá...
Gostaria de saber onde encontro os próximos...
Vai ser frustrante não terminar de ler a história para ele.
Vc pode me ajudar?
Obrigada.
Atenciosamente,


Em tempo: Não é só ele que está gostando da história de Lia, Bruno e JR não, eu também estou doida para saber o final!.

Isabela

COMENTÁRIO: É esse tipo de mensagem que torna gratificante escrever essa série, já que não recebo nada, financeiramente. Não posso me dedicar a essa história devido às demais tarefas, mas sempre que recebo um e-mail como esse, fico mais estimulado a continuar. Só para constar: há algum tempo um fã chegou a se oferecer para elaborar um jogo animado com os personagens...
Leia o meu texto sobre o Google no Digestivo Cultural.
Plebe Rude foi uma das melhores bandas de rock brasileira dos anos 80, talvez a que melhor assimilou o estilo e a ideologia punk. O começo foi marcado por músicas de caráter social, com uma musicalidade bem simples. Com o tempo, música e letras foram se sofisticando, sem perder o espírito punk. Os últimos discos são os melhores. E são também os que venderam menos. Dentre as músicas dessa fase, uma delas, Valor, se destaca pela letra.
E a música termina com uma mensagem importante: quem não dá valor ao que tem, não merece ter nada de valor.

VALOR – PLEBE RUDE
Música: Jander BilaphraLetra: Jander Bilaphra e André X

Há vidas que por vontade eu canto
Há vidas que por vontade eu conto
por muitos lugares andei
em muitos lugares morei
Muitas vidas vi passar
por isso lhe conto meu amigo
preste atenção, uma coisa vou cantar
A gente só dá valor à juventude
quando estamos na meia idade
a gente só dá valor à natureza
quando moramos na cidadea gente só dá valor às amizades
quando estamos na solidãoa gente só dá valor à frieza
quando perdemos à razão
Quem não da valor ao que temnão merece ter nada de valor
Há vidas que por vontade eu canto
Há vidas que por vontade eu conto
por muitos lugares andei
em muitos lugares morei
Muitas vidas vi passar
por isso lhe conto meu amigo
preste atenção, uma coisa vou cantar
A gente só dá valor às alegrias
quando estamos na tristeza
Só damos valor ao dinheiro
quando estamos na dureza
A gente só dá valor às máquinas
quando não funcionam mais
só damos valor à tranquilidade
quando tanto fez, tanto faz
Quem não da valor ao que tem
não merece ter nada de valor

terça-feira, março 14, 2006


A propaganda da Boticário em homenagem ao dia internacional da mulher é um ótimo exemplo daquilo que Roland Barthes chamava de estetismo (uma foto que parece uma pintura).
Música é uma coisa boa, que faz a gente esquecer os problemas e se sentir mais feliz. Ás vezes uma boa música é todo o remédio que precisamos. Esse poder foi muito bem sintetizado por Chico Buarque na letra de "Para todos":

Nessas tortuosas trilhas
A viola me redime
Creia, ilustre cavalheiro
Contra fel, moléstia, crime
Use Dorival Caymmi
Vá de Jackson do Pandeiro

Vi cidades, vi dinheiro
Bandoleiros, vi hospícios
Moças feito passarinho
Avoando de edifícios
Fume Ari, cheire Vinícius
Beba Nelson Cavaquinho
O nome de um produto é parte essencial de seu marketing. Um bom nome é meio caminho para o sucesso. Veja Bombril, Kodak... Recentemente uma faculdade aqui em Macapá mudou seu nome para uma palavra que é sinônimo de cocô na gíria jovem e virou alvo de brincadeiras e trocadilhos. Hoje recebi e-mail de uma ex-diretora dessa faculdade falando cobras e lagartos da instituição...
Ontem levei os meus alunos de Marketing de varejo para uma visita ao Shopping Macapá. O objetivo era que eles identificassem as estratégias usadas pelos lojistas nas vitrines e no lay-out de suas lojas. A maioria dos grupos elogiou muito a qualidade do que viu. Fica registrado meu agradecimento aos lojistas e à direção do Shopping.

Resenha: V de Vingança é um bom espetáculo



Por Sérgio Codespoti (13/03/06)

V de Vingança, filme que deve estrear no Brasil em 7 de abril, é um bom espetáculo, e deve ser conferido por todos. Até os fãs de quadrinhos vão gostar, e possivelmente apenas os mais ardorosos vão reclamar muito das mudanças.Adaptado pelos irmãos Wachowski (os criadores de Matrix) para o cinema, V de Vingança se baseia na minissérie V for Vendetta, de Alan Moore e David Lloyd, publicada em meados dos anos 80. Leia mais

New York Times publica artigo sobre briga de Alan Moore com a DC

Por Sérgio Codespoti (14/03/06)
Alan Moore é um dos maiores autores modernos dos quadrinhos. Seu nome é quase uma garantia de qualidade, e muitas editoras se beneficiam deste fato. Ao mesmo tempo, ele é um escritor considerado por muitos como excêntrico e polêmico.No último domingo, 12 de março, o jornal New York Times publicou uma matéria sobre o filme V de Vingança, e a briga de Alan Moore, que escreveu a obra, com a DC e a Warner. Leia mais
Conheça, no Burburinho, a história do Papa que foi desenterrado e julgado pelo seu sucessor. Uma história macabra de vingança política.

segunda-feira, março 13, 2006

Conheça a divertida versão que Antonio Eder fez dos 35 anos da Gibiteca de Curitiba (a minha parte predileta é quando diz que foi colocada em uma lápide em homenagem ao quadrinista curitiba desconhecido, uma redundância)
O Digestivo Cultural alcançou a incrível marca de 4 mil acessos diários. E isso sem estar associado a nenhum grande portal e como talentos desconhecidos do grande público (entre eles eu). Conheça a história aqui.

Novo episódio da série Os Anjos

Está disponível o terceiro episódio da série Os Anjos. Marcos vai descobrir que, enquanto salvava pessoas, sua mulher corria perigo.

sábado, março 11, 2006


Antonio Eder (assim mesmo, sem acentos) é um desenhista sem igual. Ele tem uma qualidade que compartilha com o Ziraldo: a capacidade de expressar tudo com poucos traços. Agora ele criou um blog para colocar seus trabalhos, entre eles a capa de um livro meu que nunca saiu. Confira.
Não comentei, mas assisti no período de carnaval:

O homem do ano – Bom filme, com boas interpretações, mas é barra-pesada. Mostra como se desenvolveu a indústria da segurança particular e as relações escusas de autoridades com delinqüentes.

A pantera cor-de-rosa (no cinema) – ótimas interpretações de Kelvin Kline e Steve Martin. Demos boas risadas. Um ótimo filme sessão da tarde (filme sessão da tarde é aquele não é uma obra-prima, mas também não ofende seus neurônios).

Hellboy – o compadre Joe Bennett já havia me dito que o filme era melhor que o gibi e concordei. O roteiro não é grande coisa e tem furos do tamanho do Maracanã (no começo é super-difícil para o Hellboy matar os demônio e, para cada demônio que morre, aparecem dois, no final do filme, eles matam com facilidade todos os demônios e não renasce nenhum... vá entender), mas é bem dirigido. Outro bom filme sessão da tarde.
Mas o melhor mesmo desse carnaval foi assistir aos DVDs da série Anos Incríveis. É uma pinga, você começa assistindo um episódio e dali a pouco já está em outro... e outro... Emocionante, engraçado, filosófico, Anos Incríveis é melhor que 99% dos filmes de Hollywood.

Domnínio público

Imagine um lugar onde você pudesse ler gratuitamente todas as obras doMachado de Assis, obras como a "A Divina Comédia", ou ter acesso ahistorinhas infantis?Que este lugar lhe mostrasse as grandes pinturas de Leonardo da Vinci, ouvocê pudesse escutar gratuitamente uma música em MP3 de alta qualidade ?Pois o Ministério da Educação, está disponibilizando tudo isso. Bastaacessar o site.www.dominiopublico.gov.br

With A Little Help From My Friends

With A Little Help From My Friends é uma música dos Beatles, mas para os fãs da série Anos Incríveis ficou conhecida pela interpretação visceral de Joe Coker. Abaixo a tradução:

O que você pensaria se eu cantasse fora do tom?Você levantaria e me abandonaria?Empreste-me seus ouvidos E cantarei uma canção pra vocêE tentarei não cantar fora do tomOh, eu consigo com uma ajudinha de meus amigosEu fico bem com uma ajudinha de meus amigosTentarei com uma ajudinha de meus amigosO que fazer quando meu amor está distante?(Ficar só te preocupa?)Como eu me sentirei até o fim do dia?(Você está triste porque só?)Não, eu consigo com uma ajudinha de meus amigosEu fico bem com uma ajudinha de meus amigosTentarei com uma ajudinha de meus amigos amigos.Você precisa de alguém?Eu preciso de alguém para amarPoderia ser qualquer um?Eu quero alguém para amarVocê acreditaria num amor à primeira vista?Sim, estou certo que isto acontece toda hora.O que você vê quando apaga a luz?Eu não vejo muito, mas eu sei que isto é meu,Oh, eu consigo com uma ajudinha de meus amigosEu fico bem com uma ajudinha de meus amigosTentarei com uma ajudinha de meus amigos Você precisa de alguém?Eu preciso de alguém para amarPoderia ser qualquer um?Eu quero alguém para amarOh, eu consigo com uma ajudinha de meus amigos Com uma ajudinha de meus amigos

quinta-feira, março 09, 2006

O acidente que vitimou a estudante Joecy é uma plena demonstração de que no carnaval não existem leis ou regras a serem seguidas. Com medo de perder votos dos brincantes, as autoridades deixam rolar... se fosse em outra época, e com um carro normal, e não um carro alegórico, bastariam 15 minutos do carro parado na pista e já apareceria um policial para multar a proprietário. Como era carnaval, ninguém fez nada e o trambolho ficou lá até fazer uma vítima fatal. E não se trata de uma crítica apenas a este governo. Quando o governador era outro, uma escola de samba estava instalada na quadra de uma escola (de verdade) perto de casa. Na saída do carro alegórico, descobriram que o portão não era grande o bastante. Resultado: quebraram todo o muro e deixaram lá, quebrado. Claro que ninguém fez nada, pois era carnaval, e no carnaval não existem regras a serem seguidas...

quarta-feira, março 08, 2006

Do blog do Walter Júnior:

IRRESPONSABILIDADE NO MEIO DO MUNDO

Após uma semana do desfile das escolas de samba no Sambódromo em Macapá, a estudante Joecy de Jesus Siqueira de 22 anos morreu depois que o carro em que estava colidiu com um carro alegórico da Escola de Samba Boêmios do Laguinho, que ocupava mais de 50% da Avenida Ivaldo Veras, no bairro Zerão.
Durante toda a semana passada, nenhum diretor da escola providenciou a retirada do veículo. Somente na manhã de ontem, após o acidente, que um caminhão guincho surgiu para retirar a alegoria do local. Leia mais

COMENTÁRIO: eu conhecia essa garota de vista. Morava perto de casa e eu sempre passava na frente da casa dela. Era jovem, difícil acreditar que morreu. Mais difícil acreditar ainda que ela morreu por irresponsabilidade de alguém que deixou o carro alegórico lá, no meio da pista. Era óbvio que iria acontecer um acidente. Vizinhos dela me disseram que o que mais revoltou a família foi saber que os moradores das ruas próximas ao Sambódromo já tinham solicitado à Escola Boêmio do Laguinho a retirada do carro alegórico da pista. Com a palavra, o Ministério Público.

FITA CASSETE


Alguém lembra da fita cassete? Era uma pequena fita magnética que permitia a gravação de músicas tanto de discos quanto de rádio. Na década de 80, para os pobres como eu que não tinham dinheiro para comprar discos, a alternativa que restava era comprar uma fita cassete e gravar diretamente do rádio. Alguns locutores inclusive avisavam quando iam tocar uma música para gravar – e prometiam não falar durante a execução da mesma, mas quase sempre eles não resistiam e soltavam a matraca antes da música acabar. Assim, as fitas eram uma mistura de música com falatório. Lembro que cheguei até a comprar fita gravada, original – sim, existia isso. Tinha uma do Pink Floyd e duas três dos Beatles (Revolver, Magical Mistery Tour e Sgt. Peppers). Claro que de vez em quando aparecia uma alma caridosa que gravava para a gente uma fita diretamente do LP. Hoje parece-me que o papel que antes era das fitas cassete agora é do MP3. E parece-me que o MP3 cresceu no rastro da total falta de qualidade das rádios. O legal de ouvir rádio é não saber o que vem em seguida. Hoje as rádios se tornaram totalmente previsíveis... aliás, de um mal-gosto previsível. Axé, forró e funk, principalmente funk. A qualquer hora em que você ligue o rádio está tocando funk... Com um CD de MP3 você pode ouvir música como estivesse com um rádio ligado. Os atuais programas rodam de forma aleatório, de modo que você não sabe o que virá em seguida. Agora mesmo estou ouvindo um de MPB...

terça-feira, março 07, 2006

segunda-feira, março 06, 2006

domingo, março 05, 2006

SITE COLABORATIVO OVERMUNDO NO AR HOJE

Um enorme site colaborativo, onde qualquer pessoa pode participar. Este é o Overmundo (www.overmundo.com.br). Nele haverá informações culturais dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal, com destaque para o que não encontra espaço na mídia tradicional. Um guia e uma agenda cultural de cada cidade também estarão disponíveis e serão perpetuamente atualizados, de forma colaborativa. O Overmundo ainda trará um banco de produtos culturais, com vídeos, textos músicas e imagens de todo o país, tudo licenciado em Creative Commons, ou seja, toda produção poderá ser baixada e reutilizada, de acordo com a escolha de cada autor.
O Amapá já tem um representante no site: a jornalista Carol Assis.

sexta-feira, março 03, 2006

quinta-feira, março 02, 2006

Anonymous deixou um novo comentário sobre a minha postagem "Programa de ­índio":

VAMOS DEIXAR O NOSSO ÍNDIO DE FORA DISSO ELES NÃO TEM NADA HAVER COM A FALTA DE INFRA - ESTRUTURA (RESTAURANTES, HOTEIS E ETC....)DOS MUNICIPIOS E SIM A UMA GESTÃO E UM EMPREENDEDOR COMPROMETIDO COM O QUE DE MELHOR PARA O AMAPÁ.

Anonymous, concordo que programa de índio é uma péssima expressão, até porque no meu caso foi programa de civilizado no pior sentido da palavra. Infelizmente não existe em português outra expressão semelhante, mas que não tenha a mesma carga de preconceito. Concordo, mas um detalhe: minha tendência é não aceitar comentários anônimos...

quarta-feira, março 01, 2006

Orkut

Não sei se mereço, mas o fato é que criaram uma comunidade para mim no Orkut. A comunidade pode ser acessada em: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=8931525
o Jeferson Nunes, que criou a comunidade, escreveu um depoimento sobre mim:

O gian e um cara que eu me orgulho de chamar de amigo, tranquilo e genial tem me ensinado muita coisa no decorrer desses anos que nos conhecemos nao so na arte de escrever mas tambem na de viver.valeu por tudo mestre.

O Jeferson foi meu aluno em um curso de roteiro pela internet. É ou não é para a gente ficar orgulhoso?

Gregos e romanos produziram boas poesias e até Platão, que mais tarde escreveria contra a poesia, chegou a arriscar uns versos para tentar conquistar um rapaz. Abaixo a poesia de Platão e outra de Petrônio:

POESIA DE PLATÃO
Envio-te uma maçã com estas palavras:
Recebe-a, se concordares em amar-me
E dá-me em troca tua virgindade.
Mas se és contrário ao meu desejo,
Aceita-a da mesma forma
E pensa em como é efêmera a beleza.

POESIA DE PETRÔNIO
Mas antes, antes, num feriado interminável
Fiquemos a beijar-nos sobre o leito!
Não haverá cansaço nem rubor;
Isso nos agradou, agrada e agradará;
Isso jamais termina, é um começar sem fim.