sábado, julho 31, 2021

A arte inesquecível de Galep

 

Galep é mais conhecido por ter sido o co-criador do ranger Tex, o mais famoso quadrinho italiano de todos os tempos. Seu estilo econômico e discreto, em que o desenho serve essencialmente à narrativa teve uma influência absoluta sobre os fumetti, em especial os publicados pela editora Bonelli. Mas seu trabalho não se restringiu a Tex: ele ilustrou de tudo, inclusive arte sacra. Confira o trabalho desse mestre e clique aqui para saber mais sobre sua trajetória.


















O pensamento vivo ou morto de Alfred E. Newman

 

Alfred E. Newman é o mascote da revista MAD, famoso por suas frases repletas de ironias e uma sinceridade absoluta. É uma espécie de coaching ao contrário. Confira algumas das citações mais famosas desse mestre da sabedoria amalucada.




Balada sideral

 


O motor de todas as histórias é o conflito. Sem conflito não há HQ. A maioria das pessoas costuma visualizar isso como algo externo, a exemplo das lutas entre heróis e vilões. Mas existe um outro tipo de história, em que o conflito ocorre dentro do personagem. Ótimo exemplo disso é o álbum Balada Sideral, de Rafael Senra, publicado em 2014 pela Bartleblee.
O álbum narra a trajetória de Markun, um jornalista hipocondríaco que vê suas certezas desabarem quando é escalado para entrevistar uma dupla de irmãos músicos que vivem na rustigaláxia.
O resultado é um road movie com o jornalista acompanhando Opala e seu irmão Arcus durante uma turnê e se deparando com um mundo totalmente diferente do seu, em que as pessoas ainda vivem de forma natural. Na multigaláxia, de onde vem Markun, as pessoas desaprenderam a comer, tomando pílulas nutritivas, e se empanturram com todo tipo de químicos. De um estranhamento inicial (e os conflitos inerentes ao choque cultural) à aceitação dessa nova experiência, vemos a evolução do personagem, que encontra seu ápice na chamada pira, show em que, com uso de tecnologia o personagem tem uma viagem pelo mundo dos arquétipos e do inconsciente coletivo.
É interessante acompanhar a evolução do protagonista e igualmente interessante obervar como Rafael Senra constrói um universo plausível e ao, mesmo tempo, muito diferente do nosso, com casas e carros que podem ser virtualizados, só para dar um exemplo. A sequência da viagem interna do personagem também é muito bem construída, poética e lembra algumas histórias de Alan Moore, inclusive na concepção da arte como magia.
De negativo o formato reduzido, que prejudica visualizar os quadros em que o desenho é mais detalhista ou que há uma grande quantidade de diálogos.

Sweet Tooth

 


Uma doença chamada flagelo mata a maior parte da humanidade. Ao mesmo tempo em que surge, bebês híbridos, humanos e animais começam a nascer. Ninguém sabe se eles são consequência do vírus ou a causa da pandemia. Na dúvida, a maioria das pessoas os odeia e eles são caçados como animais.

Essa é a premissa de Sweet Tooth, série da Netflix baseada nos quadrinhos de Jeff Lemire publicados pela DC Comics.

Sweet Tooth é centrada no garoto Gus, um híbrido de humano e cervo, criado pelo pai em uma floresta isolada de tudo e de todos. Esse idílio é quebrado quando o pai morre e Gus é aprisionado por caçadores e salvo por um homem chamado na série de Grandão. Grandão era um caçador de híbridos, mas a relação com Gus o transforma e surge daí uma amizade improvável. Os dois empreendem uma viagem, em busca de respostas e da mãe do garoto híbrido. No caminho, conhecem uma garota defensora dos híbridos chamada de Ursa. Forma-se assim um trio improvável e disfuncional, mas que magnetiza a simpatia do expectador.

Jim Mickle, o responsável pela adaptação, fez algumas mudanças. Gus, por exemplo, que é um garoto feio nos quadrinhos virou fofo garotinho na série. O tom também é menos cru. A relação de Gus com o pai, por exemplo, é mais afetiva.  

Mas aparentemente, nada do que era realmente essencial na história foi modificado. A premissa das pessoas odiando e perseguindo tudo que é diferente, por exemplo, se mantém. Além disso, o garoto Christian Convery interpreta com perfeição o personagem, conquistando o público desde a primeira tomada.

Muito bem dirigida, a série mistura uma narrativa pós-apocalíptica e uma forte denúncia social com um tom de fábula do tipo que vemos em filmes de Tim Burton, por exemplo. E a trama é envolvente, com personagens carismáticos (interpretados por atores igualmente carismáticos) e sem sequências de pura enrolação como é comum vermos em seriados desse tipo. Tudo ali contribui para a narrativa fluir.

O clima é tão envolvente que acabamos esquecendo que na grande maioria das cenas o único efeito especial é um garoto com uma tiara de chifres na cabeça.

sexta-feira, julho 30, 2021

Fundo do baú - Futurama

 


Futurama surgiu em 1999, obra de Matt Groening, o mesmo criador dos Simpsons.

A ideia era levar para o futuro toda a ousadia dos Simpsons para satirizar os principais temas da ficção científica, de invasões espaciais a revoltas de robôs.

Na época em que se passa a história, o ano 3000, existem filas em cabines de suicídio (que podem ser acionadas por apenas 25 centavos), travesseiros irradiam mensagens publicitárias e a maioria corporação do planeta é comandada por uma velhinha corrupta chamada Mamãe. Para criar o visual e os conceitos da série, Groening e sua equipe mergulharam em uma vasta coleção de livros de ficção científica, dos clássicos aos mais descartáveis. As capas de livros de FC dos anos 50 foram, inclusive, a principal inspiração para o visual das naves e arquitetura das cidades futuristas.

A história é protagonizada por Philip J. Fry, um jovem entregador de pizzas nova-iorquino que é acidentalmente congelado e acorda mil anos no futuro. Ali ele se torna entregador na empresa Planet Express, do seu 30 vezes sobrinho-neto (que, na história, é muito mais velho que Fry).

A galeria de personagens secundário é memorável, a começar pelo carismático Bender, um robô alcóolatra, cleptomaníaco e egocêntrico. Leela, a responsável capitã da nave, é uma ciclope alienígena criada em um orfanato. O professor Professor Hubert J. Farnsworth é um gênio de 159 anos, que constantemente se esquece das coisas. Dr. John A. Zoidberg é um alienígena crustáceo que trabalha como médico da nave e, embora diga o contrário, não sabe nada sobre anatomia humana.

A equipe de roteiristas aproveitou o fato da animação se passar no futuro para criar todo tipo de situações extravagantes. Na série, por exemplo, o Natal não é uma data festiva. Ao contrário, é a época em que todos se recolhem em suas casas com medo de um robô assassino que acha que é o Papai Noel.

Zumbis e outras criaturas das trevas

 

Zumbis e outras criaturas das trevas é uma antologia organizada por Franco de Rosa e publicada pela editora Kalaco em 2012. A publicação, com quase 250 páginas, reúne um time de primeira dos quadrinhos nacionais, incluindo o mestre do terror Rubens Francisco Lucchetti, Julio Shimamoto, Alexandre Jubran, Mozart Couto e muitos outros.

Eu colaborei com a HQ "Três balas" e tive a honra de ver meu texto desenhado pelo grande Walmir Amaral. Quem lia quadrinhos nas décadas de 1970 e 1980 dificilmente deixou de ler alguma coisa com o traço do Walmir. Ele produziu a maior parte das capas da famosa revista Kripta, quadrinhos e capas para a revista do Fantasma. A história parte da seguinte premissa: o que você faria se seus melhores amigos se transformassem em zumbis?"Três balas" é, essencialmente, uma história sobre amizade e foi muito influenciada pelo trabalho de Stephen King, com destaque para a noveleta "O corpo", que deu origem ao filme "Conta comigo".