sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Estou disponibilizando no 4shared as minhas apostilas de aulas. É só clicar:

Apostila de metodologia científica

Apostila de Marketing global

Contos do Cargueiro Negro estará incluso no DVD de Watchmen


Por Sérgio Codespoti (29/02/08) O ator Gerard Butler, de 300, confirmou para a revista Empire que Os Contos do Cargueiro Negro estarão inclusos no DVD de Watchmen, como animação. Leia mais


Ps: Os contos do cargueiro negro são um gibi que um garoto está lendo em uma banca de revista e que reflete a história de Watchmen e os dilemas dos personagens. A história reflete a estrutura fractal da trama. De fato, é muito bom que venham os contos no DVD, mas não gostei da idéia de que será um anime.

A editora Conrad está disponibilizando, gratuitamente, o livro Plantados no chão, da jornalista Nátalia Viana. O livro discute os assassinatos políticos no Brasil, de pessoas que, em busca da defesa da natureza ou do direito das populações pobres, acabam batendo de frente com interesses de poderosos. Chico Mendes e Dorothy Stang são ótimos exemplos. O release, enviado pela editora, diz:


¨A idéia é que o conteúdo se espalhe bem mais do que seria possível no formato papel, para que esse debate encontre espaço nos mais diferentes cantos possíveis. Por isso, nós da Conrad, juntamente com a autora Natalia Viana, pedimos: baixe o livro, copie, imprima, critique, entre no debate. Espalhe. O livro pode ser baixado no site
http://www.conradeditora.com.br/plantadosnochao.html

quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Recebi do amigo Josiel, um dos melhores escritores de ficção ciberpunk do Brasil:

O ensino público do Brasil é uma máquina de moer carne, que nem no filme The Wall do Pink Floyd. Sabem, eu tenho uma sobrinha que aqui tirava notas ruins na escola pública. Por uma dessas viradas da vida, em 2002 ela foi morar na Espanha. Hoje ela fala 5 línguas e conseguiu uma bolsa na Noruega. Ela tem 17 anos. Sim, a minha sobrinha! Que aqui no Brasil nunca demonstrou ter uma inteligência excepcional.
O mais engraçado é que quando ela morava aqui, muita gente poderia dizer que as notas ruins dela eram culpa exclusivamente dela.Mas como tirar notas boas e como ter interesse nas aulas da rede pública, que, de resto, não desperta interesse algum na maioria dos alunos, e mais: condiciona os alunos a sempre passarem de ano "raspando", com a nota mínima para passar de ano, e nota esta atingida com "colas", ou então "decorebas" que são esquecidas no dia seguinte à prova?
E o quadro acima é "na melhor das hipóteses". Na televisão eu vi uma reportagem em que fizeram uma pesquisa com o destino dos alunos da escola pública de SP. Pegaram aleatoriamente a foto de formatura de uma turma de uma escola do Jardim ângela, periferia de SP e foram ver o que tinha acontecido com aqueles alunos formados na oitava série. Quase a metade estava presa, uma outra parcela tinha sido assassinada e só uma pequena parcela tinha conseguido emprego. Salário? 600 reais por mês... a escola pública brasileira está perpetuando a diferença entre as classes sociais. Josiel

Uma vez, em Fortaleza, pegamos um taxi e o motorista, ao passar por um ponto em que o asfalto era irregular, começou a reclamar:
- Isso é um absurdo! Onde já se viu asfalto dessa qualidade!
- Você diz isso porque nunca foi em Macapá. - adverti.
- Impossível! O asfalto não pode ser pior do que isso aqui!
- Isto aqui é um tapete comparado com as ruas de Macapá.
Na verdade, a realidade é muito pior do que o taxista poderia sequer imaginar. O problema não são irregularidade no asfalto, mas buracos mesmo. Alguns tão grandes que podem caber um carro. Outros ocupam toda a extensão da pista, de um lado a outro. Outros são pequenos, mas tão profundos que, se você deixar cair uma roda ali, só sai com um guincho. O pior é que esses buracos surgem até mesmo em ruas que foram asfaltadas (quase escrevi assaltadas, ato falho...) há menos de seis meses.
Quando morava em Belém, eu costumava ler no ônibus. Em Macapá isso é absolutamente impossível, pois não há rua ou trecho que não esteja repleto de buracos.
Parece que asfalto usado na cidade tem a mesma qualidade de nossos políticos...

terça-feira, fevereiro 26, 2008

Hipocondríacos

A moça irrompeu, esbaforida, pela porta, enquanto a enfermeira terminava de aplicar o soro.
- Ei, não pode entrar agora!
- Rafael, Rafael! Você está bem? Vim correndo quando soube que você estava doente.
- Por favor, ainda não é o horário de visitas. Como a senhora conseguiu entrar? - perguntou a enfermeira, puxando a moça para fora.
- Não, não me afaste do meu Rafael! Por favor, me diga: ele está bem?
Nisso o doente se mexeu no leito, murmurando:
- Beatriz? Você está aí?
Foi o bastante. A mulher se desvencilhou dos braços da enfermeira e se jogou aos pés da cama.
- Rafael, Rafael, você ainda está vivo?
- Beatriz, você está aí? Eu não consigo vê-la...
- Mas ele só está... - interveio a enfermeira.
- Santo Deus, o que fizeram com o meu amado?! Você consegue me ouvir, querido?
- Beatriz? É você mesmo? Agora que vou morrer, quero que saiba que te amo...
- Oh, Rafael! Eu também te amo. Do fundo do meu coração...
- Beatriz, por favor, me dê um último beijo.
Houve um minuto de silêncio, ao fim do qual Beatriz pulou sobre ele, num último e ardoroso beijo de amor. A enfermeira tentou impedi-la, mas era impossível até mesmo saber quem era quem no meio dos aparelhos, seringas e tubos.
- Querida, você sabe o quanto eu amo você. - garantiu ele, depois que se desgrudaram. Não chore por mim. Também quero que você arranje outro homem. Não perca sua juventude por mim...
- Não, não me diga isso, meu amor, você vai sobreviver... E eu jamais terei outro homem...
Ficaram em silêncio. Beatriz enxugava as lágrimas com um lenço.
- Querida, agora que estou morrendo, acho que deveria saber de uma coisa. Lembra-se de Ana?
- A Ana?
- Sim, aquela estudava com você quando nos conhecemos...
- Rafael, você não...
- Eu tive um caso com ela.
- Não, não acredito... não é possível!
Ficou repetindo isso, balançando a cabeça em negativa, a enfermeira parada num canto, os olhos arregalados, sem saber o que fazer....
- Beatriz... agora que estou morrendo, não faz mais sentido esconder meu caso com Maria...
- A minha melhor amiga? Desgraçada!
- Calma, foi coisa pequena: durou só dois anos...
- Dois anos? Seu safado! Cretino!
- Cretino, eu? Pensa que não sei do Paulo?
Beatriz ficou estática.
- Paulo?
- Pensa que não sei? Tenho até fotos...
- Seu cretino! - gritou a mulher e pulou no pescoço dele.
- Gasp, gasp - fez o doente, envolvendo com as mãos o pescoço de Beatriz, que caiu no chão, sob ele.
Rolaram pelo chão do hospital até perderem as forças e só então caíram nos braços um do outro, jurando:
- Beatriz, eu te amo.
- Também te amo, Rafael.
A enfermeira ficou alguns instantes estarrecida, depois saiu do quarto, murmurando consigo:
- Esses hipocondríacos... e era só uma infecção intestinal.

Mauricio de Sousa conduz debate sobre importância da leitura e escrita


Os direitos das crianças e a importância da leitura e da escrita darão o tom do encontro da embaixadora do UNICEF no Brasil, a personagem dos quadrinhos Mônica, e do Escritor do UNICEF para as Crianças Brasileiras, Mauricio de Sousa, com os alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Brasil-Japão. O evento acontece na próxima quarta-feira, 27 de fevereiro, às 14 horas, na própria escola, no bairro do Rio Pequeno, Butantã.

Durante o evento, Mauricio, Mônica e Cebolinha entregarão cerca de 900 jogos de materiais escolares arrecadados no final do ano passado durante a Campanha Social de Natal, realizada pelo Parque da Mônica. Mauricio de Sousa conversará com as crianças sobre sua experiência como escritor e defensor dos direitos das crianças e dos adolescentes.

Entusiasmados com a visita, professores e alunos já estão tratando dos temas que serão abordados no encontro durante as aulas. Redações, desenhos e histórias em quadrinhos ajudam as crianças, os adolescentes e os adultos que participarão do evento a expressar sua opinião. Os temas também continuarão a ser tratados pela escola após o evento.

A ação faz parte das atividades de Mônica como embaixadora do UNICEF no Brasil, título que recebeu em novembro de 2007. Mônica foi escolhida pelo UNICEF pela influência que exerce sobre crianças, professores e famílias, tendo ajudado, ao longo de mais de 44 anos, a transmitir valores como a amizade, a importância da educação, da convivência familiar e comunitária.

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Os premiados no Oscar


MELHOR FILME
"Onde os Fracos Não Têm Vez"
MELHOR DIRETOR
Ethan e Joel Coen, por "Onde os Fracos Não Têm Vez"
MELHOR ATRIZ
Marion Cotillard, por "Piaf: Um Hino ao Amor"
MELHOR ATOR
Daniel Day-Lewis, por "Sangue Negro"
ATRIZ COADJUVANTE
Tilda Swinton por "Conduta de Risco"
ATOR COADJUVANTE
Javier Bardem em "Onde os Fracos Não Têm Vez"
MELHOR FILME ESTRANGEIRO
"The Counterfeiters", da Áustria
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Diablo Cody, por "Juno"
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Ethan e Joel Coen por "Onde os Fracos Não Têm Vez"
LONGA DE ANIMAÇÃO
"Ratatouille"
CURTA DE ANIMAÇÃO
"Peter & the Wolf"
MELHOR CURTA-METRAGEM
"Le Mozart des Pickpockets (The Mozart of Pickpockets)"
MELHOR DOCUMENTáRIO
"Taxi to the Dark Side"
MELHOR DOCUMENTáRIO EM CURTA-METRAGEM
"Freeheld"
MELHOR MONTAGEM
"Ultimato Bourne"
EFEITOS VISUAIS
"A Bússula de Ouro"
MELHOR FOTOGRAFIA
"Sangue Negro"
MELHOR EDIÇÃO DE SOM
"O Ultimato Bourne"
DIREÇÃO DE ARTE
"Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet"
FIGURINO
"Elizabeth: A Era de Ouro"
MAQUIAGEM
"Piaf: Um Hino ao Amor"
MELHOR TRILHA SONORA
Dario Marianelli por "Desejo e Reparação"
MELHOR CANçãO
Falling Slowly, de "Once"

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

O poder de uma marca


Na década de 1970, Stephen King arranjou uma solução para sua super-produção. Ele produzia demais e as editoras tinham medo de lançar todas as obras, saturando o mercado com seus livros. Assim, ele inventou o pseudônimo Richard Bachman, com os quais assinou aqueles trabalhos que lhe pareciam menos comerciais. A farsa durou alguns anos, até que um repórter descobriu a verdade. Como resultado disso, os livros de Bachman tiveram um salto de vendas. Um deles, que havia vendido 28 mil exemplares, vendeu 280 mil exemplares. É o poder de uma marca de sucesso...

Conheci o Nirlando Lopes na loja Caverna do Gibi, em Belém. Como era fã dos meus roteiros, ele tinha pedido para o Jeferson (dono da loja) me ligar caso eu aparecesse por lá. Desde então temos nos encontrado ocasionalmente por lá e conversado sobre quadrinhos. Agora descobri que, além de fã, ele também é um bom desenhista. É possível conferir aqui algumas ilustrações de guerreiras feitas por ele.

PROFESSOR DO AMAPÁ LANÇA LIVRO SOBRE NAZISMO
Uma das novidades das bancas nesse mês de fevereiro é o livro 200 perguntas sobre nazismo, de autoria do professor Ivan Carlo. O livro foi lançado pela editora Escala ao custo de R$ 12,90.
Este é o primeiro volume de uma coleção com perguntas e respostas sobre temas instigantes. Além do texto, a qualidade gráfica também se destaca. A capa cartonada e o papel gouchê do miolo tornam a leitura mais agradável, além de um glossário em cada página, explicando os termos mais difíceis. ¨É um bom guia para quem tem curiosidade sobre o assunto, mas ainda está iniciando¨.
Entre as curiosidades, estão o fato de que Hitler viveu durante algum tempo quase como mendigo ou a oração dedicada a ele que as crianças rezavam nos orfanatos alemães da época. Mas o volume não traz apenas informações históricas. Também filmes, jogos e quadrinhos sobre o nazismo são analisados. Uma das curiosidades: A roupa do vilão Darth Vader, da série Star Wars, foi baseada no uniforme dos African Korps, os soldados nazistas que atuavam África.
Além de diversão, o livro é um alerta: ¨ Lembrar o que aconteceu é uma forma de evitar que aconteça de novo. Quanto mais pessoas souberem o que foi o nazismo, menor a chance de que ele venha a eclodir novamente, com este ou com outro nome. Este livro reúne 200 perguntas que podem ajudar o leitor iniciante a conhecer um pouco melhor o que foi esse período negro da história... e nunca esquecer¨, escreve o professor, na introdução.

Ivan Carlo é mestre em comunicação e professor do Centro de Ensino Superior do Amapá e da Faculdade de Macapá. É autor de vários livros nas áreas de metodologia científica e comunicação, entre eles o Introdução à metodologia científica. Atualmente ele prepara o volume 200 perguntas sobre sociedades secretas, também para a editora Escala.

O grupo de quadrinistas independentes Quarto Mundo lançou o seu informativo. Ainda não recebi, mas pelo que vi lembra o saudoso Recado, da Devir, que servia para divulgar os lançamento dessa distribuidora. Para conhecer o Quarto Mundo, clique aqui.

O Universo HQ anunciou que John Landis, diretor de Blues Brothers e Um Lobisomem Americano em Londres, filmará uma biografia autorizada de William Gaines. Gaines foi o dono da EC, a editora mais revolucionária dos quadrinhos, que revolucionou os quadrinhos de terror e o humor, com a MAD.

Dá para comprar igressos antecipados?

Republicação de cartuns causa revolta na Dinamarca


Por Sérgio Codespoti (21/02/08)Depois que a polícia dinamarquesa desmantelou um complô para matar Kurt Westergaard, um dos 12 responsáveis pelas polêmicas caricaturas de Maomé, mais de 15 jornais e revistas decidiram republicar os cartuns como uma forma de protesto contra tentativas de tolher a liberdade de expressão usando a violência.A Dinamarca foi tomada por uma revolta de jovens muçulmanos, que já dura oito dias, com mais de 20 jovens presos. Diversos carros e caminhões de lixo foram queimadosMas a republicação dos cartuns não é a única causa da violência. Os jovens muçulmanos estão acusando a polícia de abuso de autoridade e assédio. Atualmente, a polícia dinamarquesa pode interpelar qualquer pessoal na rua, mesmo sem motivo aparente, para revista pessoal em busca de armas, uma política nova criada para coibir atentados.As autoridades locais e os líderes da comunidade muçulmana estão tentando acabar com a revolta de maneira pacífica. O problema abriu nova discussão sobre a integração das culturas. Apesar disso, já existem parlamentares e funcionários do governo falando em deportar famílias e jovens. Fonte: Universo HQ.


PS: Essa crise das caricatura é um assunto espinhoso. Mostra o choque entre duas culturas. As caricaturas mostravam os mulçumanos como terroristas. Revoltados por serem mostrados dessa forma, os mulçumanos no mundo destroem prédios, botam fogo em carros... Tem também o fato de que a religião mulçumana proíbe a divulgação de imagens do profeta Maomé (uma das caricaturas supostamente mostrava Maomé com um manto que formava uma bomba, supostamente, pois, como não se conhece o rosto do profeta, poderia ser qualquer pessoa). Essa regra serve para os mulçumanos, mas eles querem proibir qualquer um de qualquer religião, em qualquer país, de divulgar imagens do profeta. Tenho saudades da Idade Média, quando os países islâmicos eram os mais intelectualizados e mais civilizados do mundo ocidental...
Essa é para os meus alunos de marketing: um bom vídeo em espanhol explicando o que é o marketing viral. Pode ser acessado aqui.
CURUPIRA 3
A mata da região tinha uma característica que dificultava em muito as coisas para mim. O chão era, na maior parte, elameado. Nada de terra firme, na qual acabam se formando trilhas nos locais por onde as pessoas passam com mais freqüência. Em certo ponto, precisei atravessar uma baixinha que estava aparentemente seca. Quando dei o primeiro passo, afundei até quase a cintura. A lama era tão espessa que agarrava meu tênis, tirando-o do pé. Isso me atrasava, pois eu tinha de voltar para pegá-lo. Andar sem tênis, nem pensar.
Já em terra firme, pensei em seguir uma baixinha, mas eu sempre as encontrava pelo meio e, como ainda não começara a cheia, não sabia para que lado ficava o rio. Outro problema é que, em certas regiões mais estreitas da ilha, as baixinhas poderiam até varar de um lado a outro.
O jeito era gritar e andar. Fiz isso até que ficasse rouco e meus pés já não me agüentassem em pé. O pior de tudo é que o dia já ia terminando. A perspectiva de pssar a noite na floresta sozinho, enlameado, sem fogo, e apenas com um facão era assustadora demais para ser sequer cogitada. Eu não iria querer isso nem para o meu pior inimigo. A floresta de dia é uma espécie de paraíso silvestre, um local onde reencontramos nossa essência, um local em que entramos em contato com a natureza no seu estado mais puro... mas a floresta de noite é um inferno capaz de fazer Rousseau mudar de idéia e ansiar desesperadamente para o conforto de uma casa com todas as comodidades modernas. Há os insetos. Todos eles saem de noite para se alimentar do primeiro bobalhão com a pele descoberta que puderem encontrar. E existem insetos que nem merece esse nome, pois são enormes, verdadeiros monstros. Além deles, todos os animais carnívoros saem de noite para caçar. E havia também aquilo que não podia ser nomeado, as criaturas da noite, que não existem para a nossa realidade cartesiana, mas são perigosamente reais quando o manto negro cai sobre as árvores. E, quando se está na floresta, a noite cai de repente, sem qualquer aviso. Num momento é dia e no outro é a mais negra noite.
Estava já quase desistindo e me conformando com minha má sorte quando ouvi vozes. Vozes humanas. Comecei a gritar para chamar a atenção de quem quer que fosse, enquanto me aproximava da origem do som. Então percebi que as pessoas estavam do outro lado de uma baixinha. Uma, aliás, que nem merecia esse nome: era enorme.
Impossível de atravessar como eu fizera com a outra. Comecei a percorrer a beira até encontrar uma árvore caída que servia de ponte. Quase caí, mas cheguei do outro lado. Depois de muita procura, encontrei um casal de caboclos com filhinha. Contei para eles minha história.
- Nós estamos indo catar açaí. – informou o homem. Espere aqui, que depois a gente te leva pra casa.
Sentei numa árvore caída e esperei. Esperei. Esperei e esperei. O tempo passou e nada deles aparecerem. Uma idéia idiota, aterrorizante, passou por minha mente: e se não existissem nem o homem, nem a mulher, nem a criança? E se fosse tudo uma ilusão provocada pelo curupira?
O tempo passava e eu me sentia cada vez mais angustiado. O pensamento terrível aparecia de tempos em tempos, mas eu o afastava, como quem espanta um mosquito.
Finalmente, ouvi barulho de vozes. Os três apareceram, trazendo cachos de açaí. Enquanto me levavam para sua casa, eles me informaram que eu havia atravessado de um lado a outro da ilha. Também disseram que, pelo caminho que ia, acabaria chegando no mangue e, provavelmente, seria obrigado a passar a noite lá.
- O mangue é um lugar terrível para se andar. – comentou o homem.
Realmente, além do solo enlameado, essa região tem uma vegetação característica, composta de capim navalha (que corta a pele ao menor contato) e plantas espinhosas.
No final, voltamos para a casa do meu sogro da maneira mais rápida: de canoa. A maré estava cheia, o que nos permitiu atravessar por uma baixinha que ia de um lado a outro da ilha. Caso contrário, teríamos que contornar a ilha, o que levaria horas.
Quando contei o que me acontecera, meu sogro não só não duvidou de minha palavra, como ainda aconselhou:
- Não se entra na mata sem pedir permissão.

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

CURUPIRA 2
Certo de que era um porco, pus-me a chamá-lo. Coisa curiosa são as formas que o pessoal do interior usa para chamar porcos. Cada região tem uma. Na ilha de Marajó, chama-se assim: cheine, cheine, cheine... pode parecer nome de cowboy, mas funciona. Comigo, no entanto, não deu certo. Não era um porco.
Enquanto chamava o porco, parei numa clareira com uma mangueira muito grande. Continuei andando. Pelos meus cálculos, já devia estar perto da casa e logo acabaria me livrando do meu perseguidor. Para minha surpresa, não só não encontrei a casa, como voltei para o mesmo ponto: a clareira com a mangueira! Fiquei apavorado. Eu nunca havia andado em círculos em todos os anos andando no meio da floresta! Além disso, para fazê-lo, eu precisaria estar caminhando há horas. Eu havia voltado para o mesmo ponto em poucos minutos. Para quem achava que estava indo em linha reta, era uma constatação assustadora.
Lembrei imediatamente da lenda do curupira. Para os que não a conhecem, o curupira é um menino de cabelos de fogo e pés voltados para trás. Trata-se de um elemental da floresta, que faz com que se percam caçadores e pessoas mal-intencionadas (na verdade, eu descobri depois que qualquer um que entra na mata sem pedir permissão é considerado mal-intencionado). O curupira tem também o poder de ilusão. Há uma história sobre um caçador que sempre matava mais animais do que precisava, desrepeitando a natureza. Para castigá-lo, o curupira fez com que ele, vendo sua mulher, pensasse que se tratava de um bicho. Resultado: o caçador fez fogo e acabou matando a própria esposa...
Todas essas histórias me vieram à mente naquele momento. Então fiz a única coisa que não poderia ter feito: saí correndo pela mata. Quando dei por mim, estava completamente perdido. Os passos já não me seguiam mais.

quarta-feira, fevereiro 20, 2008


Há algum tempo queria escrever aqui sobre os mitos da amazônia. Remexendo nos meus fanzines encontrei um chamado Curupira que apresentava duas histórias auto-biográficas. Como vou precisar digitá-las, vou postando aqui em partes. Aí vai a primeira parte:


CURUPIRA 1

Nunca acreditei em elementais. Na minha opinião, isso era assunto de meninas bobas que lêem Paulo Coelho e de caboclos supersiticiosos. Só mudei de opinião quando visitei uma cidade da ilha de Marajó chamada Muaná.
Fui com a minha namorada na época e atual esposa. Talvez caiba aqui uma palavrinha sobre o modo de vida na ilha de Marajó. O que mais salta aos olhos é a importância do rio. Para as pessoas que moram no interior, o rio é tudo: de fonte de alimentos a rua. Sim, rua! Para se ir à casa do vizinho, não se vai por terra, mas numa canoazinha inconstante, que alguns chamam montaria. Todos fazem suas casas na beira da água. Minha esposa me contou que certa vez sua mãe brigou com uma vizinha que morava do outro lado do rio. As duas postaram-se na ponta do trapiche e ficaram lá, gritando impropérios uma para a outra. Para nós, seria como ter uma discussão com um vizinho que mora a duas ruas de distância sem sair de casa.
Usando um barquinho, no qual eu quase nunca conseguia me equilibrar, visitamos vários locais e conhecemos a região próxima ao rio. Mas tinha ganas mesmo era de andar no meio da floresta. Afinal, eu já estava mais do que acostumado a fazê-lo na mata do Utinga, em Belém. Assim, munido de um facão, entrei na floresta.
Meu objetivo era encontrar um pé de fruta (não me lembro realmente qual) que havíamos avistado à beira de uma baixinha. Baixinha é como os caboclos chamam os pequenos riachos criados pela cheia do rio. Verdadeiras veias que serpenteiam toda a mata, transformando-se em valas de lodo quando a maré está baixa.
Não houve qualquer problema na ida, embora eu fosse obrigado a atravessar uma parte bem densa da floresta e não tivesse comigo uma bússula. Cheguei exatamente onde queria, o que não surpreende, pois eu estava acostumado a andar na mata e sempre o fiz usando apenas o sol, a beira do rio e as trilhas existentes para me orientar.
Infelizmente, o cacho estava vazio. Algum animal se antecipara a mim na colheita das frutinhas. Era retornar.
Quando voltava, comecei a ouvir passos atrás de mim. Quem quer que fosse, andava quando eu andava e parava quando eu parava. Intrigado, dei o grito característico que os caboclos usam para se cumprimentarem. Uma mistura de O com U muito agudo e forte. Pode parecer pouco elegante, mas no meio da mata é a melhor maneira de se ter certeza de que o outro ouvirá. Mas naquela ocasião, meus cumprimentos não foram respondidos.
Tentei novamente, ainda mais forte. Nada.
Continuei andando, e os passos atrás de mim. Era bem audíveis. Não se tratava, por exemplo, de uma ilusão auditiva provocada pelo vento nas folhas ou pelos galhos caídos. Não mesmo. Podia ouvir perfeitamente os passos atrás de mim: poc poc poc... de vez em quando, podia perceber uma madeira estalando, sinal claro de que alguém a pisara.
Parei novamente... e repeti o cumprimento. Nenhuma resposta. Comecei a pensar, então, que poderia ser um porco. Os marajoaras têm o costume de criar seus porcos soltos pela floresta. Todo dia, no final da tarde, os suínos se reúnem para receber comida de seu dono, mas passam a maior parte do dia na floresta, devorando coquinhos. De vez em quando um deles se torna selvagem, dando ensejo para uma caçada com espingardas pica-pau.

terça-feira, fevereiro 19, 2008

Curiosidades sobre Stephen King

Uma das comunidade de que participo no Orkut é sobre Stephen King, sempre um dos meus autores prediletos. E aí vai uma das curiosidades postadas recentemente nessa comunidade:

¨De acordo com uma pesquisa americana feita há alguns anos, dentre as coisas que os americanos escolheriam levar para uma ilha deserta a primeira colocoda foi a Bíblia Sagrada e a segunda foi qq livro de Stephen King. Depois de saber do resultado dessa pesquisa SK teria pedido um adiantamento de R$17 milhões de dólares pelo livro que estava escrevendo na época (Saco de Ossos)¨

É raro a grande imprensa se interessar pelos quadrinhos nacionais. Mais raro ainda se interessar pelo maior prêmio da área, o Ângelo Agostini. Pois o site do UOL não só falou sobre o assunto, como abriu um álbum para que seus leitores pudessem ver os trabalhos premiados. Clique aqui para conferir. (acima, desenho do Laudo, premiado como melhor desenhista)

domingo, fevereiro 17, 2008

Mainardi não tem nada na mão

Paulo Henrique Amorim
Em nenhuma democracia séria do mundo,jornais conservadores, de baixa qualidadetécnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PIG, Partido da Imprensa Golpista.. Diogo Mainardi dedicou uma parte de sua carreira como colonista da Veja – clique aqui para ler o que chamo de "colonista" - a provar que o Presidente Lula e seu Governo seriam demolidos quando ele concluísse as investigações sobre a Telecom Itália.. Instado a mostrar as provas, Mainardi, promovido à pág 55 da edição de 20 de fevereiro, que acaba de chegar às bancas, mostrou o que tinha na mão.. Nada.. Mainardi não tem um par de setes na mão.. A colona é uma maçaroca, sem pé nem cabeça, que se baseia em dois depoimentos: de um tal de Giuliano Tavaroli, e de um outro Fabio Ghioni.. Que poderiam ter dito que Roberto Civita é da Al-Qaeda.. O que vale tanto quanto o que os dois falaram sobre o "lulismo".. Sobre Mainardi e a Veja, o melhor é não comprá-la.. Não assiná-la.. Não ir ao seu site na web, onde se depositam seus dejetos.. Não recomendar aos amigos.. Nem à mídia de sua agencia de publicidade.. E ir ao blog do Nassif. . Fonte de pesquisa : http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/478001-478500/478365/478365_1.html


história dos quadrinhos 25
A Mad

A revista Mad foi a única revista que sobreviveu à caça aos quadrinhos da EC Comics, além de ser uma das publicações mais rentáveis de todos os tempos, chegando a vender mais de um milhão de exemplares, mesmo quando as vendas de outras revistas estavam caindo. O segredo da publicação estava no humor escrachado, que não perdoava ninguém. A Mad era tão irreverente que não conseguia anunciantes, vivendo exclusivamente das vendas em banca.
O criador da revista chamava-se Harvey Kurtzman. Ele trabalhava para as revistas de terror e ficção científica da EC Comics, de Bill Gaines. Um dia, sem dinheiro, Kurtzman procurou o patrão pedindo um empréstimo. Gaines deu um empréstimo, mas em troca pediu que ele editasse uma revista humorística para aproveitar seu talento natural para a sátira.
Kurtzman afirma que criou o nome, mas Gaines garante que o título surgiu numa reunião com All Feldestien, o outro editor da EC. A revista, que tirava sarro de tudo e de todos (inclusive dos leitores) estreou em 1952, em formato comics, colorida e bimestral. Seu humor era ácido e tinha alguns dos melhores desenhistas da época, como Wally Wood, Jack Davis e Bill Elder. Os quadrinhos eram recheados de piadas de fundo, num estilo escrachado. Não foi um sucesso imediato. O tipo de sátira apresentada ali era tão original que espantou no início, mas as vendas foram aumentando aos poucos. O sucesso só viria mesmo no número 4, com uma sátira do Super-homem, o Superduperman.
Logo a Mad estava vendendo muito bem e satirizando todos os aspectos da cultura pop norte-americana. As vendas estavam muito bem, mas a caça às bruxas estava à porta e a saída foi transformar a Mad em um magazine, com formato maior e em preto e branco. Com essa mudança, ela não era considerada um gibi e, portanto, não tinha que se adequar ao comics code. Em 1956, todas as publicações da EC fecharam suas portas e a editora passou a se sustentar apenas com a Mad.
Nesse período, Kurtzman se desentendeu com Gaines e a revista passou a ser editada por All Feldestein. Este não tinha um humor tão corrosivo quanto o de Kurtzman, mas introduziu mudanças que agradaram, como colocar o mascote da revista, o idiota Alfred E. Newman, em todas as capas.
Aliás, o personagem se tornou tão popular que chegou a ser usado em protestos contra o presidente George Bush (os dois, aliás, são muito parecidos). Algumas frase de Alfred E. Newman se tornaram famosas, como "O importante não é saber, mas sim ter o telefone de quem sabe." ou "Vivemos em uma época em que os sucos de limão são feitos com limões artificiais e que os detergentes são feitos com limões verdadeiros."
Em 1961, Gaines vendeu a revista para o grupo Time-Warner, que passou a publicá-la sob o selo DC Comics. Mesmo concorrendo com gigantes, como o Super-homem, a Mad continuou a ser a revista mais lucrativa do grupo. Gaines continuou no controle da revista até sua morte, em 1992.
No Brasil, a revista chegou só em 1974, vinte anos depois de ser lançada. A razão do atraso é que todos os editores achavam que seria impossível traduzir as piadas. Quem resolveu apostar foi Lotário Vechhi, da editora Vecchi. Para cuidar da edição e adaptação ele chamou Otacílio d´Assunção Barros, o famoso Ota, que se tornaria uma referência absoluta da Mad no Brasil.
A entrevista de emprego parecia mais uma piada da Mad. Lotário perguntou ao Ota quais eram os nomes dos sobrinhos do Pato Donald e do cachorro do Fantasma. Ao final, ele se levantou, apertou sua mão e disse ¨Sr. Otacílio, o senhor foi o melhor candidato que apareceu aqui até agora. O emprego é seu!¨. ¨Saí de lá descrente, achando meu futuro patrão completamente imbecil. Qualquer idiota que tivesse dado as mesmas respostas teria sido contratado do mesmo jeito¨, lembra Ota.
Apesar de tudo, a maioria das pessoas na Vecchi estava relutante quanto ao sucesso da publicação e decidiram lançar apenas 40 mil exemplares, e apenas no Rio e São Paulo. Se não vendesse bem, o encalhe seria mandado para outros estados. Mas Ota fez um trabalho tão bom que a revista esgotou rapidamente, sendo necessária uma segunda tiragem de 30 mil exemplares. E as vendas foram aumentando, até se estabilizarem em 150 exemplares, tornando-se um dos maiores sucessos de vendas da época. A capa desse primeiro número, com os dizeres ¨quebre em caso de fossa¨, tornou-se um clássico.
Com o tempo começou a surgir um problema: a edição americana saía apenas oito vezes por ano, a brasileira, doze. Além disso, muitas das histórias eram referências a seriados ou filmes que não haviam saído aqui. A solução foi contratar artistas nacionais, o que fez com a Mad se tornasse uma reunião do melhor do humor nacional. Gente como Vilmar, Carlos Chagas e Tako fizeram sucesso na revista, além do próprio Ota, que, apesar de ter um traço muito ruim, acabou fazendo sucesso com os relatórios Ota.
Com o fechamento da Vecchi, a revista foi para a Record e mais uma vez surpreendeu, vendendo muito bem. As vendas só caíram a partir de meados da década de 1990. Depois da Record, a revista migrou para Mithos e atualmente não é publicada no Brasil.

sábado, fevereiro 16, 2008

Aliás, deviam também avisar aos turistas que os pontos turísticos não abrem em dias de feriados. Nem os do Estado, nem os particulares. Também aconselharia ler esse meu texto: Nossa odisséia pelo interior do Amapá.

Princípio básico de marketing: não adianta divulgar um produto se não há como satisfazer o cliente. Aqui falta estrutura turística, os balneários e hotéis de selva que fecham na época de feriados prolongados, a cidade está cheia de buracos... o turista dificilmente vai sair daqui satisfeito.
Agora que Macapá foi tema da vencedora Beija-flor, vão aparecer muitos turistas por aqui. E o povo já está comentando que, para recepcioná-los, seria bom colocar uma faixa no aeroporto:

BEM-VINDOS À CIDADE DOS BURACOS

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Alan Noronha foi mais do que um amigo na época em que eu morava em Belém. Foi um irmão. De fato, muita gente pensava que éramos irmãos. Um dos caras mais talentosos que já vi, ele escrevia muito bem. Na época do movimento de quadrinhos que transformou Belém no que é hoje (um celeiro de quadrinistas), ele era um dos roteiristas mais talentosos. Na verdade, você só não leu mais coisas dele porque o cabra é terrivelmente preguiçoso e produz muito pouco. Mas agora ele lançou um blog, o Guamundo, onde você pode conferir um pouco da sua prosa refinada. Confira.

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

As mulheres dos quadrinhos

Todo bom leitor de quadrinhos sabe que certos desenhistas têm uma capacidade incrível de sintetizar no seu estilo tipos de pessoas. No caso das mulheres, isso é ainda mais verdadeiro. Numa reunião de fãs é comum ouvir algo como: ¨Nossa, essa menina parece ter sido desenhada pelo Crumb¨, ou algo assim. Assim, apresento abaixo alguns desenhistas que definaram tipos femininos.
Alex Raymond - desenhista americano, criador de Flash Gordon. Desenhava mulheres com beleza clássica, grega, sem exageros, com proporções estudadas. Como costumava usar modelos vivos, suas mulheres são muito realistas.


John Byrne - Esse desenhista ficou famoso após desenhar os X-men. Sua fase com os personagens é considerada a melhor de todos os tempos. Byrne faz como ninguém a típica mulher norte-americana: reta como uma tábua, e sem curvas, com rosto bonitinho. Pode ver que é o padrão da maioria das atrizes norte-americanasMilo Manara - desenhista italiano, famoso por seus trabalhos eróticos. Sua mulher é magra, com seios pequenos e bunda pequena, mas tem curvas e pernas longas. Apesar de não ter atributos exagerados, exala sensualidade.

Guido Crepax - desenhista italiano famoso por sua narrativa cinematográfica e por suas histórias que misturavam surrealismo com erotismo. Personagem mais famosa: Valentina. Suas mulheres eram muito magras, com seios pequenos, mas com bunda grande e ancas pronunciadas. É o modelo quadrinístico que mais se aproxima das atuais top-models.

Frank Frazetta - desenhista americano. Na década de 1950 começou fazendo quadrinhos. Depois se notabilizou fazendo capas de revistas, como a Kripta. Suas mulheres são baixas, com pernas curtas, ancas largas e seios grandes. Era de uma época em que não havia essa preocupação exagerada com magreza, de modo que tem uma barriguinha. Num paralelo, poderia se comparar com as índias brasileiras jovens.



Paolo Serpieri - é um desenhista italiano. Sua mais famosa criação é a personagem Druuna, que ele diz ter criado baseado nas mulheres brasileiras e em uma prima. Alta, musculosa, com seios e bundas grandes, Druuna fez de seu autor um homem rico, protagonizando histórias que misturavam sensualidade com ficção-científica.



Robert Crumb - desenhista norte-americano, papa do underground. Sua mulher é uma mulher fetiche, com destaque exagerado para os atributos que chamam atenção dos homens, como os seios, a bunda e as pernas. A grande característica são as pernas muito grossas e grandes. As mulheres de Crumb sempre usavam botas e seu tamanho exagerado fazia com que elas andassem como se estivessem marchando. Ao contrário do restante do corpo, o rosto era desenhado de maneira realista, representando, provavelmente, a personalidade da mulher. Aliás, se não fosse pelo rosto, seria impossível distinguir uma mulher de outra entre as desenhadas pelo Crumb. Por incrível que pareça, já vi mulheres Crumb andando por aí.


Qual a sua mulher de quadrinhos preferida? (eu acabei casado com uma mulher Frazetta)

Brasileiro concorre para publicar HQ em site da DC Comics


Por Marcelo Naranjo, sobre o press release (13/02/08)A HQ The Passenger, de Alexandre Vidal, conta as desventuras de Alberto, um cidadão comum que, após receber um fora de sua namorada, entra em um processo autodestrutivo. Em uma noite de embriaguez, pega o táxi errado e é abandonado numa encruzilhada interdimensional. Agora, completamente perdido, precisa encontrar o caminho de volta. No entanto, cada táxi que ele pega apenas o deixa mais desorientado e longe de casa. O trabalho de Alexandre está no site norte-americano Zuda Comics, de propriedade da DC Comics, que está realizando uma competição na qual, durante o mês de fevereiro, dez criadores terão suas HQs sendo votadas pelo público. Leia mais


Ps: Falex é um velho amigo. Ele foi o primeiro ilustrador da minha série infantil Mundo Dragão. De lá para cá, seu traço melhorou muito, com destaque para a cor. Vale a pena ir no site http://www.zudacomics.com/ e se cadastrar votando nesse talento brasileiro.

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Os nossos super-heróis

Os criadores brasileiros de histórias em quadrinhos são como os heróis que eles inventam: aparecem, brilham e somem. Enfrentam batalha que parece trama de gibi: lutam contra a invisibilidade, devido à falta de editoras, e monstros gringos que dominam o mercado. Depois, mesmo vitoriosos, não conseguem se estabelecer como profissionais e são vistos com preconceito e desprezo. Se os desenhistas têm a opção de se mudar para o exterior, roteiristas são obrigados a se conformar com a rotina de outro trabalho. O resultado é estafa maior do que a de Peter Parker, o Homem-Aranha. leia mais

terça-feira, fevereiro 12, 2008

Plágio


Há algum tempo escrevi uma nota neste blog sobre os alunos que, para não terem o trabalho de pesquisar e produzir seu próprio texto, entram na internet, copiam o texto e colam em seu trabalho, mudando apenas o nome do autor (e, claro, colocando o deles no lugar).
Uma leitora deixou um comentário dizendo que era infantilidade minha achar que o plágio é pernicioso e que ela agride a inteligência do professor. “O mundo é movimentado pelo plágio, se não fosse ainda andaríamos com a roda de pedra”.
É preocupante que alunos universitários ainda recorram ao plágio, mas é mais preocupante ainda que haja pessoas dispostas a defendê-lo, pessoas que acham que o plágio é normal e faz parte da vida.
Essas pessoas, na maioria, confundem plágio com citação ou embasamento. A citação e o embasamento são procedimentos normais em qualquer área de conhecimento e são o que permite a evolução do conhecimento. Já o plágio é não só altamente recriminado, como é crime, segundo a lei 9610, de 19 de fevereiro de 1998.
Segundo essa mesma legislação, no artigo 46, o direito à citação é assegurado para fins de crítica, estudo ou comentários, desde que sejam apenas trechos e seja citados o nome do autor e a origem da obra. A legislação, além de explicar o que é uma citação, o diferencia do plágio. Usar uma frase de um autor, ou uma idéia dele e colocar em meu trabalho, indicando que aquela frase ou aquela idéia não é minha é citação. Tentar fazer com que as pessoas acreditem que determinada frase ou idéia alheia é minha, isso sim é plágio. Mas a legislação deixa claro que isso só pode ser feitos com trechos de obras. Alguns alunos espertos copiam e colam todo um texto da internet e, pelo fato de terem tirado o nome do autor, colocando o deles no lugar, e feito uma ou outra pequena mudança, como colocar a referência do texto na bibliografia, dizem que não é plágio. Por mais que eles argumentem que se trata de uma citação, não há como negar: trata-se de um plágio.
A citação é a base da ciência e da filosofia. Todo grande autor utiliza o conhecimento anterior a ele para avançar a partir daquele ponto. Newton dizia que só tinha sido grande porque havia subido no ombro de gigantes.
Não há nada de errado em usar as informações coletadas por outras pessoas e avançar a partir delas. O que não posso fazer é pegar essa informação pronta e sair por aí dizendo que fui eu que a inventei.
Vamos a um exemplo ilustrativo: o avião. Eu poderia pegar as anotações de Santos Dumond e construir um 14 bis para mostrar para as pessoas e dizer: Veja, fui eu que inventei. Isso seria plágio. Ou eu poderia utilizar os avanços de Santos Dumond para construir um avião melhor. Isso não seria plágio (e seria muito elegante da minha parte dizer que só consegui chegar a esse avião melhor porque usei as descobertas de Santos Dumond).
Por outro lado, temos de fazer uma separação entre as informações que têm um autor definido e aquelas que já fazem parte do conhecimento da humanidade, já de domínio público. Por exemplo, se digo que a Terra é redonda, não preciso referenciar. Todos sabem disso.
Um mundo em que fosse impossível usar as informações criadas ou coletadas por outras pessoas seria um mundo parado. Nada se faria porque as pessoas estariam continuamente precisando repetir o que fez a geração anterior.
Mas, por outro lado, um mundo em que o plágio fosse a regra, também seria um mundo parado. Se cada geração plagiasse a anterior, aí sim, ainda usaríamos rodas de pedra...

Psicopatas: um cérebro perverso

Estudos recentes demonstram que psicopatas têm mentes com características especiais.
Uma das pistas pode estar no lobo frontal.
O auto-controle, o planejamento, o equilíbrio das necessidades dos indivíduos versus as necessidades sociais são mediadas pela parte frontal do cérebro. O córtex frontal está associado também ao medo condicionado. Quando um rato é punido toda vez que acende uma luz em uma gaiola, ele associa a luz à punição e é essa área do cérebro que é acionada.
Antônio e Hama Damasio, dois neurologistas da Universidade de Iowa investigaram as bases neurológicas da psicopatia. Eles demonstraram que indivíduos que haviam tido danos no córtex frontal ventromedial desenvolveram conduta social anormal. Eles tomavam decisões inadequadas e tinham pouca habilidade de planejamento a longo prazo.
Os dois pesquisadores reconstituiram neurologicamente o primeiro caso conhecido de alteração de personalidade em decorrência de um dano cerebral.
No século XIX, na Inglaterra, Phineas Cage, um supervisor de obras ferroviárias, perdeu uma parte do cérebro quando uma barra de ferro atravessou seu crânio após uma explosão. Ele sobreviveu muitos anos, mas se tornou abusivo e agressivo, irresponsável e mentiroso. Um conterrâneo disso dele: "Phineas não é mais o Phineas".
Os psicopatas parecem ter dificuldade também de acionar a área do cérebro responsável pela emoção. Eles só teriam as chamadas proto-emoções - sensações de prazer, fúria e dor menos intensas que o normal, o que os leva a sempre buscar novos estímulos, seja matando uma pessoa ou arriscando tudo num golpe.
Um psicopata entrevistado pelo psicólogo Hare disse: "Quando assaltei um banco, notei que uma caixa começou a tremer e a outra vomitou em cima do dinheiro, mas não consigo entender por quê. Na verdade, não entendo o que as pessoas querem dizer com a palavra medo".
Em 2001, o psiquiatra Antônio Serafim colocou presos de São Paulo para assistir cenas de corpos decapitados, crianças esquálidas com moscas nos olhos, torturas com eletrochoque e gemidos desesperados. Os criminosos tiveram reações físicas de medo, como aumento das batidas do coração, intensificação da atividade cerebral e enrijecimento dos músculos. Os psicopatas não tiveram sequer variação de batimentos cardíacos.
Uma pesquisa nos EUA demonstrou que os psicopatas têm dificuldade de identificar reações de tristeza, medo ou reprovação em rostos humanos.
Um psicopata da Califórnia saiu para comprar cerveja e, ao descobrir que havia esquecido a carteira em casa, pegou um pedaço de pau, bateu em um homem e levou o dinheiro dele.
Uma mulher deixou a filha de cinco anos ser estuprada pelo namorado. Ao ser perguntada por que deixou aquilo acontecer, ela respondeu simplesmente: "Eu não queria mais transar, então deixei que ele fosse com minha filha".
A ausência de medo da punição foi demonstrada por um experimento do psicólogo norte-americano Joe Newman, em 1987. No laboratório havia quatro montes de cartas. Sem que os jogadores soubessem, um deles estava premiado com cartas boas. Aos poucos, no entanto, a quantidade de cartas boas ia rareando até que escolher aquele monte passava a dar prejuízo. Pessoas comuns logo percebiam isso e deixavam de apostar naquele monte. Psicopatas, no entanto, continuavam tentando conseguir a recompensa anterior. "Crianças e adultos psicopatas continuam a ação mesmo repetidamente punidos", explica Newman.
Ou seja, não adianta punir ou ameaçar um psicopata. Se tiver oportunidade, ele fará tudo de novo.
Quando se fez passar por um famoso e violento policial de Curitiba, Marcelo Nascimento (aquele mesmo que se fez passar por filho do dono da gol) foi descoberto. O policial andou com ele um bom tempo, apontando sua arma para a cabeça do rapaz e fazendo roleta russa. Qualquer pessoa normal nunca mais pensaria em se fazer passar por outra pessoa, mas Marcelo já saiu do encontro pensando no próximo golpe que aplicaria.
Isso faz com que os psicólogos concordem num ponto: é impossível reabilitar um psicopata. Solto ele voltará aplicar golpes, ou a matar.

Compre o livro Serial Killer, louco ou cruel? no Submarino.

domingo, fevereiro 10, 2008


Terminei de ler Celular, o mais novo livro de Stephen King. Não é um clássico do terror, como O Iluminado, ou Cemitério. Na verdade, você sente falta daquela ar de tranquilidade que costuma ter os livros de King no início e o terror vai se instalando na vida daquelas pessoas normais aos poucos. Em Celular, o terror é logo no início. Um pulso transforma todas as pessoas que estão usando celulares em zumbis. O personagem principal é um quadrinista que se recusa a ter celulares e, por isso, salva-se do pulso, mas agora precisa sobreviver tanto aos zumbis assassinos quanto aos humanos, que num momento como esse, se tornam ainda mais desunidos. King é um pessimista. Para ele, o homem é o lobo do próprio homem e é numa situação dessas que o pior da humanidade se revela.

Embora não seja um clássico, é uma daquelas obras que te prendem. Li em uma semana. Ontem à noite estava nas últimas páginas e só consegui ir dormir depois de ler a última palavra. Ou seja, é uma boa diversão, mas nada que se compare a outras obras do mestre King, como O corredor da morte.

história dos quadrinhos 24
O carrasco dos gibis



No início da década de 50, o psicólogo alemão naturalizado norte-americano Fredric Werthan publicou uma obra que teve grande influencia sobre o futuro das histórias em quadrinhos. O Livro Sedução de Inocentes acusava os gibis de provocarem preguiça mental e delinqüência juvenil. Para Werthan, as crianças que liam quadrinhos se tornariam marginais e perderiam completamente o gosto pela leitura.
A campanha de Werthan contra os quadrinhos teve início em 1948, com a publicação do artigo Horror in The Nursey na revista Collier. Como resultado direto do artigo, houve uma queima pública de quadrinhos na cidade de Birghnton, Nova York.
Depois disso os jornais e revistas começaram a publicar crimes juvenis inspirados por revistas em quadrinhos. As crianças logo aprenderam que uma maneira fácil de se eximir da responsabilidade por seus atos era colocar a culpa nos gibis.
Foi criada uma comissão no Senado Americano para investigar os supostos efeitos nocivos dos gibis sobre as crianças. Os editores foram chamados para depor, mas o depoimento que causou mais forte impressão foi o do psicólogo inimigo dos gibis. Suas palavras ainda ecoavam na opinião pública quando os senadores aconselharam os editores a criarem um código de censura, antes que alguém o fizesse por eles. As empresas da área entenderam o recado e imediatamente se reuniram para criar o Comics Code – um código que atrasou em mais de 20 anos o desenvolvimento dos quadrinhos na América. As revistas da EC Comics, as mais revolucionárias da época, foram quase que totalmente proibidas. A Mad se salvou apenas por ter mudado de formato, o que a deixou fora do código.
Entretanto, as pesquisas de Fredric Werthan, que deram origem ao livro Sedução dos inocentes, tinham erros metodológicos básicos e graves. O primeiro deles é o teste do falseamento. A metodologia científica prevê que um cientista deve criar uma hipótese e testá-la, procurando não provas de que ela está certa, mas provas de que ela está errada. Além disso, o cientista deve estar atento às chamadas variáveis intervenientes, aquelas coisas que não estão sendo estudadas, mas podem interferir nos resultados. Werthan não fez nem uma coisa nem outra. Ao invés de testar sua hipótese, ele procurou apenas provas de que ela estava correta. Ademais, ele ignorou completamente todas as outras variáveis que poderiam estar provocando a delinqüência juvenil. Num caso de um garoto que matou um homem por diversão, por exemplo, ele ignorou completamente o fato de que o garoto tinha diversas armas em casa e era fanático por elas para concentrar-se apenas no fato de que o garoto lia gibis.
Hoje em dia as pesquisas de Werthan são motivo de piada nos meios científicos, mas tiveram grande repercussão, criando um preconceito contra essa mídia que existe até hoje.

sábado, fevereiro 09, 2008

Psicopatas: modus operandi e assinatura

O modus operandi é a forma como o criminoso comete o crime. É dinâmico e maleável, na medida em que o infrator ganha experiência e confiança.
Um ladrão novato pode entrar em uma casa quebrando a vidraça. Esse é o seu modus operandi. Ele pode perceber que o método anterior é arriscado, pois chama atenção e torna o roubo arriscado e apressado. Numa próxima vez, ele pode levar equipamentos que tornem o arrombamento mais garantido e silencioso, mudando assim seu modus operandi.
Ao contrário do modus operandi, a assinatura nunca muda, pois faz parte da fantasia do psicopata e é sua forma de dizer que aquele crime é de sua responsabilidade.
Todo psicopata sente orgulho de suas ações e sente que fez uma espécie de obra de arte. Alessandro Marques Gonçalves, que se fazia passar por médico, não escondeu a cabeça quando foi preso. Ao contrário, deixou-se filmar à vontade.
O promotor de eventos Michael Alig era querido por todos e foi o grande responsável por difundir a cultura clubber em Nova York, organizando festas itinerantes. Em 1996 ele matou um amigo em sua casa. Quando o corpo começou a feder, ele retalhou-o em pedaços e jogou os restos no rio Hudson. Dias depois num programa de TV, o promotor simplesmente contou o que tinha feito em detalhes, orgulhoso. Os jornalistas não acreditaram, mas pouco tempo depois a polícia achou os resto do corpo no rio.
Quando Francisco das Chagas, responsável pela morte e esmaculação de vários meninos no Pará e Maranhão, foi preso, um outro preso pediu que ele assumisse o assassinato de uma criança que ele havia matado. Chagas ficou indignado: "Eu não mato desse jeito. Não vou assumir nunca o seu crime. Você paga o seu e eu pago os meus".
A assinatura é a expressão do orgulho que os psicopatas têm de seus crimes. Em Macapá um assaltante costumava defecar na sala das casas das vítimas. Essa era sua assinatura.
Alguns exemplos de assinaturas são:
- Manter atividade sexual em uma ordem específica;
- usar repetidamente um tipo de amarração em suas vítimas;
- Infligir a diferentes vítimas o mesmo tipo de ferimento;
- Dispor o corpo da vítima de uma maneira peculiar e chocante;
- torturar ou mutilar suas vítimas através de um ritual.
No filme Seven, a assinatura do psicopata eram as mensagens relacionadas aos sete pecados capitais. Em jogos mortais, a assinatura é o fato do psicopata colocar a vítima em situação em que ela tenha que lutar por sua vida.
Ilana Casoy, no livro Serial killer: louco ou assassino? Dá um exemplo para distinguir o modus operandi da assinatura.
Um estruprador entra em uma residência e encontra um homem e uma mulher. Manda que o marido deite no chão de barriga para baixo e coloca uma xícara com píres sobre suas costas. Diz que se ouvir que seu ouvir barulho da xícara caíndo, mata a esposa e, em seguida, dirigi-se ao quarto com a mulher e a estupra.
Outro estuprador entra numa casa e encontra uma mulher sozinha. Faz com que ela ligue para o marido, usando qualquer desculpa, fazendo com que ele venha para casa. Quando o marido chega em casa, o criminoso o amarra e o faz asssistir ao estupro da esposa.
O primeiro estuprador tem um modus operandi, mas não uma assinatura. Seu objetivo é simplesmente violentar a mulher sem ser ameaçado pelo esposo.
O segundo estuprador tem uma assinatura. Ele não quer apenas estuprar a mulher, quer fazer isso na frente do marido, como forma de humilhar e controlar os dois, algo que faz parte de suas fantasias.

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

O site do Centro de Ensino Superior do Amapá publicou uma notícia sobre meu livro a respeito do nazismo (Confira aqui ). Agradeço.

quinta-feira, fevereiro 07, 2008


Aí está a capa do meu livro sobre o nazismo. Ele pode ser encontrado na maioria das bancas de revista, ao preço de R$ 12,90.
O Universo HQ publicou uma relação dos 10 mais importantes quadrinistas de todos os tempos. A lista está bem redondinha, tendo nome como Stan Lee, Jack Kirby, Alan Moore e Will Eisner, mas faltou um nome nacional. Eu apostaria em Maurício de Souza (criador dos únicos quadrinhos infantis que conseguiram suplantar a Disney) e Cláudio Seto (o líder da geração Grafipar).

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

A cidade dos quadrinhos


O amigo José Aguiar nos apresenta, num ótimo artigo para o Omelete, como foi o festival de Angouleme deste ano. É impressionante ver como os quadrinhos são tratados como arte na Europa. E como uma cidade inteira pára por causa dos quadrinhos (na verdade, a cidade ganha muito com o turismo criado pelo festival). Algum prefeito poderia ter uma idéia assim no Brasil. Já temos um festival de literatura, em Parati, poderia ter um festival de quadrinhos em alguma outra cidade...

terça-feira, fevereiro 05, 2008

Pobre quando sobe em gillete...


Antigamente se dizia que pobre, quando sobe em gillete, faz discurso. Isso vale para pobres de espírito. O indivíduo compra um som novo e faz questão que todo mundo saiba. Como? Colocando a música no volume máximo. O pior é que é sempre a pior música possível. Alguém já viu alguém colocar música alto para ouvir algo que preste? Vocês já conheceram alguém que gostava de ouvir música clássica em alto e bom som? Ou Beatles? Ou Chico Buarque? Ou Roberto Carlos da década de 1970? Claro que não! Quem tem um mínimo de refinamento sabe que música alta demais vira barulho. Geralmente quem coloca música alta tem péssimo gosto musical e, ao invés de se envergohar, faz questão que todos saibam disso. É como aquele piloto de fórmula 1 que dizia com orgulho que nunca tinha lido um livro.
Tem também a burrice: o indíviduo, quando tem um som de qualidade ruim, aumenta o volume para compensar, e isso distorce ainda mais o som. Quanto pior fica, mais ele aumenta...
Nada melhor do que passar o carnaval lendo, melhor ainda se for quadrinhos. Então coloco abaixo uma foto de uma das minhas estantes de quadrinhos. No destaque, uma foto de uma katana que comprei em uma importadora em Macapá e que guardo junto com minha coleção de Lobo Solitário.

Que viagem!


É impressão minha ou os temas do carnaval são uma tremenda viagem? Uma escola que tinha como tema coleções trazia um carro que era um pavão! Realmente dava um efeito bonito, com o pavão abrindo suas asas, mas fiquei sem entender qual a relação com o tema. Quantas pessoas você conhece que coleciam pavões? Parecia que colocaram ali só porque ia ficar bonito. Outra escola tinha como tema o cabelo e colocaram um carro em homenagem ao Sítio do Pica-pau Amarelo!

Uma boa dica para quem está aprendendo a desenhar é o blog Desenhista auto-didata. Lá é possível baixar livros antigos sobre desenhos, ver vídeos com lições, conferir sites com referências visuais e até ler textos sobre tipos de papéis ou de lápis. Muito bom.

Leituras



O filme Eu sou a lenda me fez lembrar de um pocket (livro de bolso) de ficção-científique que li quando era adolescente. Era a história de um rapaz que se submetia a uma operação no olho. Quando acordava, descobria que todos haviam se transformado em zumbis por causa de uma luz estranha, chamada de O Olhar da Górgona. Apenas as pesoas cegas, ou que estava em locais em que não entrava a luz é que continuavam normais. Lembro que li umas três vezes, até porque era um livro pequeno.
Esses pockets (especialmente os do Perry Rhodan) fizeram parte da minha formação intelectual. Acho que todo bom leitor já passou por essa fase de ler tudo que chega à mão. Eu lia muitos clássicos (Machado de Assis, José de Alencar, etc), mas também lia muitos pockets. Quando não tinha outra coisa para ler, pegava um livro do Júlio Verne, que era sempre diversão garantida. Também foi nessa época que descobri Stephen King. Peguei alguns bons livros, como Carrie, Zona Morta e O Iluminado, mas só fui realmente me tocar o quanto King é bom escritor ao ler O corredor da morte (adaptado para cinema como À espera de um milagre), já bem mais recentemente.

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

Cientistas criam rato que pode ser infectado com gripe

Cientistas britânicos afirmam ter criado ratos geneticamente modificados que podem ser infectados com o vírus da gripe, abrindo caminho para o desenvolvimento de novos tratamentos para gripe e doenças respiratórias mais severas.
Os especialistas, do London’s Imperial College, afirmam que o rinovírus – causador da maioria dos casos de gripe e resfriado – também desencadearia doenças como bronquite crônica aguda, asma e enfisema, que pode ser fatal.
Das 100 variantes comhecidas do rinovírus, 99% atacam ao se acoplar a uma determinada molécula receptora encontrada na superfície de células humanas.
Os vírus não conseguem se acoplar à mesma versão da molécula receptora em ratos.
A nova pesquisa obteve sucesso em modificar essa molécula em ratos, tornando-a mais parecida com a versão humana e permitindo que os animais sejam infectados com o vírus. Leia mais

Ps: Issa dá um ótimo enredo de ficção-científica apocalíptica, não é mesmo?

domingo, fevereiro 03, 2008


Fomos assistir A Bússula de ouro, baseado no livro de Philip Pullman. Confesso que ainda não li o livro, mas o filme é bom. Embora as referências diretas à Igreja Católica tenham sido retiradas, ainda dá para perceber um discurso anti-clerical e em defesa da liberdade de pensamento e da tolerância. Interessante como sub-texto. Interessante também os daemons, que representam a alma da pessoa encarnada em um animal. Embora a maravilhosa Nicole Kidman faça parte do elenco, quem toma conta do filme é a menina Dakota Blue Richards .

história dos quadrinhos

O terror da EC

No início dos anos 1950, a nona arte viu nascer e morrer a melhor edi­tora de HQs de todos os tempos: a EC.
A editora tinha surgido no início da década de 40, publicando coisas insossas, como adaptações da Bíblia e coisas do gênero. Com a morte de Max Gaimes, em 1947, seu filho, William Gaines, foi obrigado a assumir a editora. Nessa época ele foi procurado pelo desenhis­ta e roteirista All Feldstein que tinha uma proposta completamente inova­dora. Em maio de 1950, Gaines e Feldstein lançaram uma nova linha de gibis: dois de histórias de crimes, dois de guerra e três de terror. Nes­sas revistas desfilaram os melhores artistas da época, de Joe Orlando a All Williamson.
O sucesso foi imediato. Milhares de garotos americanos passaram a devorar sua dose mensal de horror e fantasia. Escritores famosos, como Stephen King, eram fanáticos pela EC quando crianças. No filme “Con­ta comigo’ baseado num livro de King, um dos garotos aparece lendo uma revista da EC. Gente famosa, co­mo o escritor Ray Bradbury, colabo­rava com a EC.
Até aí, tudo bem. O problema é que a EC era uma editora crítica, tal­vez a primeira da historia dos quadri­nhos. A EC fazia propaganda pacifista durante a guerra da Coréia, questio­nava os heróis e as instituições ame­ricanas. Numa das histórias um homem é encontrado próximo de uma moça atropelada e é torturado uma noite inteira até admitir que cometeu o cri­me. No final da história o policial que o torturou vol­ta para casa e trata de limpar a mancha de sangue no pára-brisa de seu carro. Ele era o assassino...
A revolução da EC, entretanto, não ficou só no conteúdo. Mudou também a forma. Todas as histórias da EC seguiam um certo ritmo óbvio até o final - quando davam uma guina­da de 180 graus, numa conclusão totalmente imprevista. Isso desconcertava o leitor, levando-o a uma leitura criti­ca da realidade.
A festa não durou muito. Gaines foi chamado para depor numa comis­são do Senado americano liderada por Frederick Wethan e fez o que pôde para defender suas publicações. Não adiantou muito: as editoras (para as­segurar suas vendas) criaram um có­digo de ética que praticamente proibia as revistas da EC. O resulta­do foi uma das épocas mais medío­cres da história dos quadrinhos. Os grandes artistas, desiludidos com o fim da EC, deixaram de lado os qua­drinhos, indo a maioria parte deles pa­ra a publicidade.
Das revistas da EC, a única a per­manecer foi a MAD — durante décadas uma das revistas mais vendidas nos EUA e no mundo. O curioso é que ela é pu­blicada pelo mesmo grupo proprietá­rio da DC — a editora que liderou o levante contra as revistas de Gaines...

sábado, fevereiro 02, 2008


Comprei numa banca de revista o desenho animado do Superman da década de 1940, feito pelos irmãos Fleischer. O desenho usa uma técnica chamada rotoscopia, que o deixa extremamente realistas e dá aos personagens movimentos elegantes. Na rotoscopia, os animadores se baseavam em movimentos de pessoas reais, filmados. Os roteiros eram simples, até porque não havia muito o que inventar em oito minutos. Além disso, as histórias em quadrinhos da época também eram simples, com uma estrutura quase repetitiva: surge uma ameaça, Lois Lane vai investigar, acaba se metendo em encrenca e é salva pelo herói. O interesse se dá mesmo pela ótima animação. No episódio piloto foram gastos 50 mil dólares, o dobro do que se usava na época. Veja abaixo o primeiro episódio e leia aqui uma ótima resenha de Roberto de Souza Causo sobre o DVD.
Para quem está perguntando a respeito do meu livro sobre o nazismo... ele está sendo vendido nas bancas de revista, normalmente. Aqui em Macapá encontrei em várias bancas. Creio que não está sendo vendido em livrarias...
Já está nas bancas o meu livro 200 perguntas sobre nazismo. Na edição final, não saiu com esse nome. Para quem quiser procurar nas bancas, a revista é fácil de achar. No alto está escrito, em letras vermelhas NAZISMO com o subtítulo ¨revelações sobre Hitler, o maior assassino da humanidade¨. A referências às perguntas vem lá embaixo: ¨200 respostas para dúvidas perturbadoras¨. No geral, a edição ficou muito boa, com uma diagramação caprichada, que inclui um glossário em todas as páginas, explicando palavras mais difíceis. Pena que meu nome aparece apenas no expediente. Vou tentar conseguir a capa para postar aqui.

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Marketing de guerrilha


As ações de guerrilha estão se tornando cada vez mais comuns. Em Belém, em frente ao shoping Iguatemi, vi uma ação interessante, com vários papais noéis que ficavam na frente dos veículos, segurando placas, quando o sinal fechava. A foto acima foi tirada aqui em Macapá, nos cruzamentos da Padre Júlio com Cândido Mendes. Quando o sinal fecha, duas pessoas seguram uma faixa com ofertas de celulares enquanto um palhaço faz malabarismos.