domingo, dezembro 31, 2017

Grafipar, a editora que saiu do eixo


No final da década de 1970, Curitiba se tornou a sede da principal editora de quadrinhos nacionais. A produção era tão grande que se formou até mesmo uma vila de quadrinistas. No livro Grafipar, a editora que saiu do eixo, eu conto em detalhes essa história. O livro inclui também algumas HQs publicadas na época e análise das mesmas.
Pedidos: profivancarlo@gmail.com.

Pequeno dicionário das expressões paraoras

Belém, como toda a Amazônia, é rica em tudo. Em bio-diversidade, em minérios, e até em expressões e lendas. O caso das expressões é particular porque eu acabei participando, direta ou indiretamente, da criação de algumas que se tornaram célebres. O que apresento a seguir é uma amostra de palavras e expressões relacionadas por mim e por Alan Noronha (algumas definições são dele). Tal dicionário pode ser útil, caso você tenha a temerária idéia de visitar Belém. Saber que égua não é xingamento pode ser tão útil quanto saber que, em Curitiba, salsicha é vina...
Égua - essa é, depois de deveras, a única palavra brasileira que pode ser usada em qualquer situação. Você pode usar égua para expressar dor, tristeza, alegria, admiração, espanto e até mesmo enfado. Se, por exemplo, passar pela sua frente uma morena jeitosa, você pode exclamar deliciado: “Égua!”. E não se preocupe que ela não vai achar que você está chamando-a de eqüina. Se, por outro lado, descer um disco voador no seu quintal, não pense duas vezes. Grite: “Égua!”.
Pai d´égua - é uma derivação do égua. Significa legal, bacana. Se um paraense gostar de você, vai dizer que é um cara pai d´égua. Sinta-se orgulhoso, pois você acaba de receber um grande elogio
 - é o primo pobre do égua. Também pode ser usado em qualquer situação, mas não tem autonomia para constituir uma frase. Geralmente é usado para dar ênfase à frase: “Mas quando, já?”; “Mas maninho, tu já bebe...”.
Mofino - entristecido, quieto. Geralmente boladas no saco, foras da namorada e ônibus que não param (muito comuns em Belém) deixam o indivíduo mofino.
Noiado - redução de paranóico que, com o tempo, ganhou outras significações. Usa-se para designar um indivíduo neurótico, problemático. Você, por exemplo, pode estar mofino porque é um indivíduo noiado. Mas a experiência tem demonstrado que, assim como chifre, nóia é coisa que botam na sua cabeça.
Rolar o mal - jogar sinuca. Diz a lenda que um metaleiro que jogava sinuca soltava a cada dois segundos: “Pô, cara, muito mal”. Assim que ele saiu, os outros começaram a usar a expressão, por sarro, até que a expressão acabou se aplicando ao próprio jogo. Esse é um termo que surgiu num grupo de amigos meus e acabou se alastrando assustadoramente pela cidade. Estar em mal significa estar em situação de sinuca. Em Belém você pode convidar um amigo para rolar o mal, ao que ele vai responder, indignado: “Eu não. Você só gosta de deixar a gente em mal”.
Ah se eu te pego, te requebro, na cabeça do meu prego - cantada sutil e malevolente. Deve ser empregada no tom de voz adequado.
Pariceiro - colega, amigo. Pejorativo muito usado pelas mães em referência aos amigos do filho.
Pano de bunda - trouxa, mala. Normalmente usado pelas mães que querem expulsar os filhos de casa. Exemplo: “Você só vive com esses seus pariceiros! Pega os seus panos de bunda e vai morar com eles!”.
Teba - grande. Geralmente usado para aquilo. Comum a expressão “Olha a teba!”, com gesto indicativo do tamanho da coisa em questão.
Miúdo - pequeno, de pouco valor.
Graúdo - grande. Certa vez fui assaltado e o e ladrão, depois de examinar minha carteira, perguntou enfurecido: “Cadê o dinheiro graúdo?”. Eu só tinha dinheiro miúdo...
Rolar o chocolate - fazer amor. Essa expressão surgiu depois que passou no cinema o filme Como Água para Chocolate e chegou a ter uma certa popularidade. Atualmente foi substituído por comparecer. Há também quem use conhecer, no sentido bíblico.
Tocar piano - é o que você faz quando está com uma garota, mas não pode rolar o chocolate. Foi inspirada no filme O Piano. Talvez por causa da origem nobre, não chegou a ter ampla repercussão, embora fosse a expressão predileta de alguns alunos meus. Provavelmente porque eles ainda não haviam chegado na idade de rolar o chocolate.
Hermético - fechado, difícil. Palavra recuperada do português formal, de uso corrente em alguns bairros.
Leso - doido, abobalhado. Se, por exemplo, você tem oportunidade de rolar o chocolate com uma gatíssima, mas acaba só tocando piano, então você corre o risco de ser chamado de leso.
Broca - comida. Comendo uma broca, você deixa de estar brocado.
Cachorro-quente - a expressão não é pitoresca, mas o que ela representa sim. Belém é, provavelmente, o único local do Brasil onde o cachorro-quente é feito com carne-moída (chamada de picadinho). Em cada esquina de Belém há uma banca de cachorro-quente e essa é, pasmem, a razão pela qual a McDonalds demorou tanto a se instalar na cidade...

Linguagem corporal

Quero lhe pedir um favor. Dê uma olhada nessas duas garotas e diga quem é mais bonita. Não tentem racionalizar, simplesmente digam qual delas parece mais bonita e atraente.
Garota 1
Garota 2


Embora as duas fotos sejam quase iguais, a maioria dos leitores, deve ter achado a primeira jovem mais bonita. A única diferença entre as fotos é que, na primeira foto, a garota teve a pupila dilatada. A pupila dilatada demonstra interesse, inclusive sexual, e os homens são programados para reagir a esse fato achando bonitas garotas que estão interessadas neles. Uma estratégia evolutiva, sem dúvida, que demonstra bem as pequenas mensagens subliminares que nosso corpo envia e que são decodificadas por outras pessoas de forma inconsciente.
A nossa incrível capacidade de ler as mensagens subliminares enviadas pelo corpo de outras pessoas é demonstrada na situação de duas pessoas andando num corredor apertado. Na maioria das vezes, as pessoas desviam para lados opostos, evitando se trombar, sem que para isso precisarem trocar uma única palavra.
Vale lembrar que, na maioria das vezes, nem mesmo a pessoa que envia a mensagem, tem consciência disso. É um processo quase que totalmente incosciente de envio, recebimento e decodificação de mensagens.
Tudo na pessoa fala alguma coisa sobre ela: as roupas, os cabelos, os gestos, o sorriso, o olhar e até mesmo a forma como elas imitam inconscimente as outras, o chamado eco posicional. Subalternos costuma adotar posturas semelhantes às de seus chefes como uma forma de dizer: ¨Eu quero ser como você¨. Bons vendedores não só adotam posturas corporais semelhantes às de seus clientes, como ajustam o tom de voz para criar uma empatia.
O eco posicional pode revelar até mesmo interesse romântico. Lembro de uma vez em que vi um rapaz e uma moça num ponto de ônibus. Os dois obviamente estavam flertando, embora nenhum dos dois tomasse a iniciativa de iniciar a conversa. Mas o corpo deles falava, e muito. Quando ela cruzava as pernas, ele cruzava. Quando ele olhava para a esquerda, ela olhava. Quando ele coçava uma parte do corpo, ela coçava... e ficaram nesse jogo de repetições de movimentos por bastante tempo, seus corpos dizendo um para o outro: ¨Eu sou parecido com você e estou interessado. Venha conversar comigo¨.
Um bom conhecimento da linguagem corporal ajuda em quase todas as atividades. A mais óbvia é a área de marketing. Mas até um roteirista de quadrinhos deve ter um conhecimento preciso da linguagem corporal. No meu livro Roteiro para Quadrinhos eu falo, por exemplo, da sequência em que Alan Moore indicou que o personagem Rorschach, de Watchmen, é homossexual.
Nessa sequência, o herói teve uma briga com o amigo Coruja e os dois fazem as pazes. Rorschach pede desculpas e oferece a mão. O Coruja aceita as desculpa e aperta a mão do outro, mas Rorschach não quer largar. Reparem como o Coruja usa a outra mão para se livrar do aperto. Reparem também como o Coruja está constrangido. Ele olha para os lados, evitando o rosto de Rorschach, pois sabe que aquele não é um aperto de mãos normal, e, assim que se solta, afasta-se. Ao mesmo tempo, Rorschach acaricia a própria mão e as manchas em sua máscara formam um sorriso, talvez o único sorriso de toda a história. Sua postura corporal é de garotinho apaixonado...

Astrologia divertida

Astrologia Divertida foi uma revista em quadrinhos lançada em 1991 pela editora Globo, escrita e desenhada pelo mestre dos quadrinhos, Will Eisner. Acreditando ou não em astrologia, vale a leitura, principalmente pelo humor de Eisner. Mas essa revista acabou nem sendo notada pelos fãs de quadrinhos porque nas bancas era colocada junto com as de horóscopo. Eu dei sorte na época de ver o nome do Eisner na capa e não me arrependi é um ótimo exemplo sobre como quadrinhos podem tornar mais divertido qualquer assunto. Mas são poucos os fãs que têm. Quem quiser ler, há uma versão em scan (é preciso ter o programa CDisplay para ler) que pode ser baixada clicando aqui.
Arianos não sabem mentir.

sábado, dezembro 30, 2017

Gian Danton na Wikipédia

Já faz tempo que tenho um verbete na Wikipédia. Não sei quem criou o verbete, mas é alguém que está antenado com minha produção, pois mantém as informações sempre atualizadas (confesso que até mesmo eu às vezes consulto o verbete para conferir informações como datas etc). Para ler o verbete, clique aqui.

Um erro de pronome

Muitos alunos dão pouca importância ao estudo da Língua Portuguesa. De certa forma, é até compreensível. As atenções estão voltadas para as disciplinas específicas do curso. Entretanto, ignorar o estudo da língua portuguesa pode acabar se tornando um erro fatal.
    Muitos especialistas consideram a nossa época a era da comunicação. Assim, quem não sabe se comunicar corretamente, fica de fora  de sintonia com o mundo e tem menos chances de conseguir um bom emprego. Uma ficha preenchida com erros de português certamente  não ajuda a conseguir um bom emprego.
    E, vejam bem, expressar-se bem não significa apenas escrever corretamente, de acordo com a gramática. Significa também dar fluência ao texto, torná-lo agradável e objetivo. Um relatório claro, sem erros ortográficos ou de pontuação, com frases curtas, tem mais chances de ser lido. 
    Entretanto, um bom conhecimento de nossa língua pode acabar influenciado até em nossa vida amorosa. É o que mostra o escritor Monteiro Lobato no conto “O Colocador de Pronomes” do livro Negrinha.
    A história se passa em uma cidadezinha do interior. Havia ali um pobre moço que definhava de tédio no fundo do cartório. Era escrevente, mas gostava de ler e, pior, de escrever versos lacrimogêneos. 
    Tudo ia na santa paz até que o moço se apaixonou pela filha mais moça do Coronel da cidade, a Laurinda, linda flor de 17 anos.  A filha mais velha, Do Carmo, era o encalhe da família. Já velha para casar, não conseguia bom ou mau partido. Também, pudera: era vesga, histérica, manca de uma perna e meio aluada. Se a mais nova era o ideal de beleza, a outra era feia até não poder mais.
    Pois se apaixonou o pobre rapaz e, para extrema infelicidade, escreveu um bilhetinho à amada: “Anjo adorado. Amo-lhe”. 
    O Coronel, entretanto, interceptou o bilhetinho e chamou o seu autor:
-    É seu? – disse, estendendo o papel para o rapaz.
-   É... – gaguejou o rapaz.
-    Pois agora... – ameaçou o vingativo pai... é casar!
O moço, que já se imaginava morto, ressuscitou. Casar com a filha do Coronel! A moça mais bonita de Itaoca!
O Coronel gritou lá para dentro:
- Do Carmo! Vem abraçar o seu noivo!
O escrevente piscou seis vezes e, enchendo-se de coragem, corrigiu o erro. O bilhete fora escrito para Laurinda...
- Sei onde trago o nariz, moço. – esbravejou o Coronel. Você mandou o bilhete à Laurinda dizendo que ama-lhe. Se amasse a ela, teria dito “amo-te”. Dizendo “amo-lhe”, declara que ama uma terceira pessoa, no caso a Do Carmo. 
E, pacientemente, o velho explicou que os pronomes se dividem em três: de primeira pessoa, quem fala; de segunda pessoa, a quem se fala, e de terceira pessoa, de quem se fala. E o lhe é pronome de terceira pessoa. 
Portanto, nada de dizer “amo-lhe” ou “convido-lhe”. Expressões com essas demonstram que se ama ou se está convidado uma terceira pessoa.
Quanto ao moço? Casou-se mesmo com a megera. Tudo por causa de um pronome...

O escritor é alguém que acredita em mentiras


Na introdução do livro de contos Pesadelos e paisagens noturnas, Stephen King diz que se tornou escritor porque sempre foi crédulo demais:

"Acreditava em tudo que me contavam no pátio da escola. Engolia mentironas e mentirinhas com a mesma facilidade."

Para ele, esse "defeito" é algo essencial no trabalho de um escritor:

"Nunca dei muita bola para a realidade, pelo menos no meu trabalho escrito. Acho que mito e imaginação são, de fato, conceitos intercambiáveis e que a crença é a fonte de ambos. Ver o impossível... e depois traduzi-lo em palavras. Continua sendo fazer com que você acredite no que eu acredito, pelo menos durante algum tempo."

O conto A Casa da rua Maple é um bom exemplo disso. Nele, quatro crianças, vítimas de um padastro tirano percebem que podem se livrar dele quando descobrem que a casa está se transformando numa nave espacial. O conto foi baseado em uma figura de um livro que mostrava uma casa alçando vôo. A premissa é absurda, mas ganha relevância e credibilidade na pena de King, que, como sempre, usa sua técnica de mostrar pessoas normais se deparando com situações estranhas. O leitor vai desvendando o bizarro ao mesmo tempo que os personagens e, quando percebem, estão tão envolvidos quanto eles... aceditando piamente no que o escritor está contando.

Neil Gaiman em Conhecimento Prático Literatura

Neil Gaiman foi um autor que iniciou nos quadrinhos, mas se tornou uma sensação na literatura. Muitos de seus fãs literários nem mesmo conhecem sua trajetória nos quadrinhos. Foi para dar uma ampla visão desse grande autor que publiquei na revista Conhecimento Prático Literatura 24 a matéria “Neil Gaiman: o escritor dos sonhos”. No texto eu falo do início da carreira do premiado roteirista, em Sandman e Orquídea Negra, e a analiso suas incursões literárias e os vários prêmios conseguidos. 

A arte fantástica de Marc Simonetti


Marc Simonetti é um dos principais ilustradores da atualidade, em especial graças ao seu trabalho nas capas francesas e brasileiras da série Crônica de Gelo e Fogo. Simonetti ilustrou também livros de  H. P. Lovecraft. 












Livro conta a história do criador do Capitão Gralha


Informamos ao nosso distinto público que se encontra à venda o livro Francisco Iwerten - A Biografia de uma Lenda ao preço promocional de 15 reais apenas até o início do ano. Aproveite o clima natalino para presentear seus amigos com essa maravilhosa biografia. Interessados, favor contatar o senhor Gian Danton através do e-mail profivancarlo@gmail.com e mencionar este anúncio. 

sexta-feira, dezembro 29, 2017

Ponto de venda: erros comuns na vitrine

Não transforme sua vitrine num ambiente poluído: mostrar "tudo" o que se tem na loja dificulta a visualização e evita que o cliente se detenha para apreciá-la.

Cuidado com a utilização de fio de nylon para pendurar mercadorias na vitrine. Nada de fio grosso! Também cuidado com os alfinetes aparecendo.

Não coloque na vitrine mercadorias de qualidade diferente ou sem afinidade, como um tecido de seda ao lado de outro para forrar colchões.

Não coloque mercadoria amarrotada ou velha na vitrine.

Coordene promoção e propaganda e avise funcionários.

Faça vitrines com temas e troque-as a cada 15 dias.

Não faça cartazes amadores.

Não coloque coisas demais na entrada da loja, para não prejudicar a entrada do cliente.
Não deixe que vendedores e seguranças fiquem na frente da vitrine ou na porta.
Não se esqueça do preço dos produtos.
Não mantenha na loja produtos sujos, rasgados, amarrotados.

Cuidado com cartazes malfeitos ou que enganem o consumidor. Informações importantes (sobre exceções) devem constar na comunicação. 

A memorável seção de cartas da Calafrio

Uma das atrações da primeira versão da Calafrio era a seção de cartas respondidas pelo carrancudo mestre Reinaldo de Oliveira. Na nova versão, o editor Daniel Saks emula o estilo de Reinaldo, fazendo com que essa seja uma das partes mais curiosas da revista. Suas respostas são sempre sinceras e ácidas, principalmente diante de supostos colaboradores que entendem pouco do mercado de quadrinhos.
Algo, no entanto, é preocupante: a quantidade de candidatos a colabores que não enviam quadrinhos, enviam ilustrações e chegam ao ponto de dizer que são quadrinhos prontos, só faltando o texto. É um total desconhecimento sobre a linguagem de quadrinhos, sobre a importância do roteiro (lembrando que, sim, é possível ter quadrinhos mudos, sem texto, mas mesmo esses precisam ter uma sequência de imagens que faça sentido, que conte uma história).
Em tempo: a revista pode ser pedida através do e-mail revistacalafrio@gmail.com.


Iznogud, que queria ser califa no lugar do califa

Como escrever a mesma história várias vezes e mesmo assim não ser chato? Esse é o grande desafio e Iznogud, genial criação de Goscinny (criador de Asterix) com traço de Tabari. Iznogud (um trocadilho com a exprssão It´s no good - não é bom) é o grão vizir de um califado árabe e passa todas as histórias tentando se livrar do califa Harrum ahal Mofadah. 
A história é sempre a mesma: o protagonista tentando se tonar califa e sempre se dando muito mal no final, geralmente sendo vítimas das próprias armadilhas. O leitor sabe disso desde o início e é inclusive informado pelo ajudante do grão-vizir Omar Vadinho. O curioso é descobrir como isso irá acontecer, como um plano teoricamente perfeito acabará sendo um fracasso por pura incopetência ou azar.
Se, por exemplo, Iznogud monta um labirinto para colocar ali o Califa, todo mundo (inclusive ele) acabará entrando no labirinto, menos o Califa. Se ele descobre uma maneira de tornar o Califa invisível, todos à sua volta ficarão invisíveis, menos o Califa. Mesmo que nunca tivesse escrito Asterix, Goscinny já seria um dos maiores roteiristas de todos os tempos, apenas por sua atuação em Iznogud. 
No Brasil foram publicados 8 álbuns pela editora Record: 
O grão-vizir Iznogud
Os complôes do grão-vizir Iznogud
As férias de Iznogud
Iznogud o infame
Iznogud vai pro espaço
O computador das arábias
Primeiro de abril em Bagdá
Uma cenoura para Iznogud

quinta-feira, dezembro 28, 2017

As aventuras do Capitão América - sentinela da liberdade


Publicada pela editora abril em 1992, As aventuras do Capitão América ia na contramão da maior parte do que se fazia na época – na chamada era Image. Com desenhos de Kevin Maguire e texto de Fabian Nicieza, a minissérie em quatro partes usava um estilo vintage para contar as primeiras aventuras do sentinela da liberdade.
O clima de matinê já era evidente desde as capas, com imagens em preto e branco como se fossem frames de cinema e chamadas espetaculares: Ação! Romance! Drama!
O desenho de Maguire é perfeito para a proposta da série, com destaque para as expressões faciais dos personagens e diagramação que lembra a era de ouro (com quadros redondos, por exemplo).
Por outro lado, o texto de Nicieza não decepciona. Diante de um excelente narrador gráfico, como Maguire, seu texto poderia se tornar redundante, mas, ao contrário, seus diálogos são inspirados, com destaque para a caracterização de Bucky.

É curioso que nessa onda de republicações e encadernados, nenhuma editora tenha pensado em trazer de volta essa história. 

O grande segredo, de Fritz Lang

O grande segredo é filme de Fritz Lang, de 1945.
Lang é um mestre do suspense e usa todos os seus recursos narrativos nesse triller de espionagem em que um cientista americano tem que levar um físico italiano para os EUA como forma de evitar que os alemães construam a bomba atômica.
Lang usou um argumento super atual na época com maestria. O roteiro é muito bem construído e vai numa espiral em que um fato puxa outro, que puxa outro, que puxa outro. Quando parece que as coisas vão acalmar é exatamente quando elas complicam.
Destaque para a composição das cenas, com uso sempre inteligente de espelhos e da profundidade de campo, como na cena em que os dois cientistas estão conversando e o retrato de Mussolini na parede parece olhar para eles, criando um clima de angústia no expectador. Lang sabia usar como ninguém o cenário como elemento narrativo e as inovações trazidas por Orson Welles em Cidadão Kane cairam como uma luva para esse filme. 
Também vale destacar que a película não se limita ao aventuresco. A personagem Gina, de Lili Palmer, por exemplo, acaba ganhando grande profundidade, em oposição ao herói, que pelos padrões da época precisava ser alguém infalível.
Um clássico, sem dúvida.

Família Titã - a HQ que revolucionou os quadrinhos nacionais

A Insólita Família Titã é uma espécie de tragédia grega protagonizada por um trio de super-heróis que recebem seus poderes inesperadamente e logo precisam resolver uma questão de convívio entre si, envolvendo o eterno conflito amor x ódio, o que torna essa aparentemente despretensiosa historieta em uma saga exemplar sobre a convivência e as atitudes humanas.Pedidos: profivancarlo@gmail.com. Valor: 25 reais (frete incluso)

Perry Rhodan em Conhecimento Prático Literatura

A partir do número 21, a revista Discutindo Literatura passou por uma reformulação editorial e passou a se chamar Conhecimento Prático Literatura. Minha primeira colaboração com essa nova fase da revista foi um artigo sobre a série alemã de ficção científica Perry Rhodan. É a maior série literária do mundo, com milhares de livros já publicados. No texto eu destrincho o início da série e destaco o fato de que, apesar de ser uma série de ficção popular, muitos livros tinham conteúdo literário relevante. 

A praga do Power Point

Dia desses vi um professor gritando e brigando com deus e o mundo por causa de um data-show. Fiquei curioso e resolvi passar pela sala dele e conferir como ele usava o recurso. Lá estava um power point com texto imenso, em corpo 18, fundo preto, e nenhuma imagem. Ou seja, ele estava brigando pelo direito de torturar os alunos.
Para começar, claro, o bom professor é aquele capaz de se aptar. Se não tem data-show, usa outra estratégia. Professor que só sabe dar aula com data-show é medroso: ele se esconde por trás do recurso e sem ele se sente perdido da mesma forma que o professor que só dava aula com umas fichinas velhas e carcomidas. Um dia os alunos sumiram com as fichinhas e o professor não conseguia mais dar aulas.
Claro, o power point e o data-show podem ser ótimos recursos, mas só se bem usados ou usados com o mínimo de inteligência. Caso contrário, só provoca sono no aluno (lembro dos alunos de um determinado professor dizendo que dormiam em todas as aulas que ele usava data-show, até por causa da luz apagada).
Abaixo alguns pontos importantes na hora de usar esse recurso:
1) Para começar, é preciso lembrar que se trata de um recurso audio-VISUAL.  Ou seja: você usa quando tem algo para mostrar, um gráfico, uma tabela, uma imagem, um vídeo, um organograma, um fluxograma. Se é só para colocar texto para os alunos lerem, melhor entregar uma apostila. Fuciona melhor e não dá sono. Uma vez um professor de pós-graduação pediu data-show apenas para colocar o título do módulo para os alunos. Durante 3 dias o data-show mostrou só o nome da discíplina.
2) O que é importante deve vir em destaque. Vale uma animação, uma setinha apontando para uma parte importante do texto... Só não se deve exagerar.
3) Olha o tamanho da letra (uma vez uns alunos apresentando trabalho colocaram o texto numa fonte tão pequena que eles mesmo tinham dificuldade para ler). Tamanho mínimo: 24.
4) Uma informação em cada slide. Não junte várias informações em um único tópico.
5) Ilustre. Em uma aula sobre a filosofia aristotélica não custa nada colocar a imagem do Aristóteles. Isso vai ajudar os alunos a visualizarem o assunto. Lembre-se: o data-show é um recurso audio-visual.
6) Não se limite a ler o que está escrito no slide. Seus alunos sabem ler, pelo menos teoricamente. Ler em um momento ou outro para destacar uma informação, tudo bem. Mas quem fica lendo slide dá mensagem clara: "Eu não conheço muito desse assunto, então vou me apegar nesse slide, e tomara que ninguém faça perguntas!".
7) Fundo preto doi na vista. Os fundos claros são muito mais agradáveis.
8) Não passe muito tempo em um único slide. Máximo cinco minutos em cada slide, ou você estará dando a impressão de que não precisava do recurso ou que não sabe se organizar. Eu figo agoniado quando vejo que slide não passa. Dá a impressão de que a pessoa está enrolando.
9) Tenha sempre um plano B. Só professor limitado deixa de dar aula porque o recurso furou. Certa vez faltou energia e levei meus alunos para debaixo de uma árvore por causa do calor. Foi a minha melhor aula com essa turma. Fora da sala de aula, todo mundo pareceu se interessar mais pelo assunto e a discussão do ponto foi ótima.

quarta-feira, dezembro 27, 2017

200 perguntas sobre nazismo


200 perguntas sobre nazismo foi um livro que escrevi para a editora Escala lançado em banca no ano de 2009. Era um daqueles livros no estilo perguntas e respostas. O livro inteiro foi escrito no feriado do carnaval (na época eu escrevia muito rápido). A diagramação era interessante, com o uso de links, com informações sobre algo que era citado no texto (algo que seria usado profusamente pela Escala em outras publicações). Entretanto, era difícil identificar o título na capa e até meu crédito tinha que ser procurado pelo leitor no expediente. Posteriormente, a Escala lançou pelo menos duas revistas com conteúdo  retirado deste livro. 

Lição de humildade

Certa vez Jesus estava reparando como os convidados escolhiam os melhores lugares à mesa. Então fez esta comparação:
Quando alguém convidá-lo para uma festa de casamento, não sente no melhor lugar. Porque pode ser que alguém mais importante tenha sido convidado.
Então quem convidou você e o outro poderá dizer a você: “Dê esse lugar para este aqui.” Aí você ficará envergonhado e terá de sentar-se no último lugar.
Pelo contrário, quando você for convidado, sente-se no último lugar. Assim quem o convidou vai dizer a você: “Meu amigo, venha sentar-se aqui num lugar melhor.” E isso será uma grande honra para você diante de todos os convidados. (Lucas 4.7)

A arte incrível de Dennis Oliveira


Dennis R. Oliveira é formado em Publicidade & Propaganda, desenha desde criança, mas passou a publicar fanzines em 2005. Nerd apaixonado por cultura pop e quadrinhos, em abril de 2009 lançou a compilação de Histórias em Quadrinhos chamada Pequenos CONTHQS, iniciando um projeto de quadrinhos solidários – cuja renda foi destinada a instituições de combate ao câncer. Em 2010, Dennis desenhou os números 4 e 5 do gibi do super-herói Tormenta, publicação da Editora Júpiter II, editou e ilustrou pela Universidade Federal de São João Del Rey (UFSJ) a graphic novel DESTEMIDO, adaptação das vivências do húngaro Mihály Oláh na II Guerra e sua chegada no Brasil. 2011 foi o momento de retomada do projeto de quadrinhos solidários com o lançamento da HQ intitulada O último conto do Caçador Lunar, no início do ano, e Os Guardiões, durante o Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ, em novembro 2011) em Belo Horizonte, MG. Desde então tem produzido conteúdo para diversos fanzines como o Querela 2.0, FOLHAZINE, Universo Compacto (este distribuído no FIQ 2013 com sucesso de crítica), e colaborado com revistas como Vulto, Dragão Negro, além de publicar quadrinhos de vários tipos no Social Comics. Com um traço fortemente influenciado pela linguagem dos desenhos animados, seu desenho lembra Alex Toth e Bruce Tim. Confira abaixo alguns de seus desenhos e uma história em quadrinhos com roteiro de Gian Danton.