quarta-feira, abril 30, 2008

A imprecisão do tempo


Com a criação do relógio, surgiu a visão mecanicista e determinista do mundo. Ou seja, o mundo passou a ser visto como um relógio, uma máquina determinada e previsível. Até mesmo a educação e o trabalho passaram a ser regidos pelo relógio. Um professor, por exemplo, passou a ser pago quantidade de horas que lecionava.
Mas essa visão mecanicista do mundo parte da idéia newtoniana de que o tempo é um valor absoluto. Ou seja, o templo flui da mesma maneira em todos os lugares do universo. A teoria da relatividade de Einstein, no entanto, mostrou que essa idéia é equivocada. O tempo não é um valor absoluto, mas relativo. O mesmo evento visto por duas pessoas pode ser percebido em momentos diferentes, dependendo do ponto de observação.
Tanto a velocidade quanto a gravidade podem afetar o tempo. O tempo passa mais devagar para pessoas que estão em alta velocidade. Isso é exemplificado pelo chamado “paradoxo dos gêmeos”. Temos dois gêmeos, João e Maria. Um deles, Maria, faz uma viagem espacial à velocidade da luz. Para ela, a viagem dura apenas um ano, mas quando ela volta, descobre que seu irmão está 10 anos mais velho. Em viagens de avião, essa diferença é mínima, mas pode ser percebida por relógios atômicos. Isso significa que enquanto você faz uma viagem de avião, o tempo corre mais lento para você do que para quem está parado.
Da mesma forma, o tempo passa mais lentamente para quem vive em um planeta com alta gravidade. Esse achatamento do tempo já foi demonstrando em submarinos, que estão mais próximos do centro gravitacional da Terra.
Fora os aspectos físicos, há aspectos psicológicos que influenciam na percepção do tempo. Situações de tensão e preocupação podem fazer o tempo correr mais lentamente. Foi o que descobriu o professor Antônio Damásio, diretor do Departamento de Neurologia da Universidade de Iowa. Na edição nacional da revista Scientific American (n.5), ele publicou um artigo explicando como o cineasta Alfred Hitchcock dilatou o tempo no filme Festim Diabólico. A película conta uma história que se inicia às 15:30 e termina às 21:15. ou seja, o tempo dramático é de 105 minutos. Ocorre que o filme foi feito em tempo real, sem cortes, e resulta em 8 rolos de 10 minutos. Ou seja, 80 minutos.
Em outras palavras, o tempo real do filme não bate com o tempo percebido pelos expectadores.
Como o filme deixa os expectadores tensos o tempo todo, parece que se passou mais tempo. Segundo Damásio, “Quando estamos incomodados e preocupados, freqüentemente sentimos o tempo passar mais devagar, porque nos concentramos nas imagens negativas associadas à nossa ansiedade”.
Em outras palavras, uma aula monótona e desinteressante parece decorrer em maior tempo do que uma aula divertida e interessante, que parece passar mais rapidamente, por mais que nos dois casos, os professores passem exatamente 50 minutos do relógio em sala de aula (aliás, pela lógica do relógio, o primeiro professor deveria ganhar mais, já que passou mais tempo em sala de aula).
Essa extensão do tempo pode mesmo ser uma estratégia de sobrevivência, pois nos dá maior prazo para reação em situações de perigo.
Em setembro de 1980, o piloto de testes da marinha americana Russ Stromberg sofreu um acidente após decolar de um porta-aviões. Até o avião mergulhar no mar, ele teve 8 segundos para decidir o que fazer para se salvar. Tudo entrou em câmara lenta, disse ele, depois. Ele primeiro tentou religar o motor. Como isso não funcionou, ele decidiu se ejetar, mas para isso ele precisava verificar se estava segurando corretamente a barra do assento ejetor. No final, ele acabou se ejetando 10 metros acima da água. Mais tarde ele tentou descrever tudo que lhe passara pela cabeça durante a queda e levou 45 minutos. Ou seja, embora o tempo de relógio do acidente tenha sido de 8 segundos, para Stromberg se passaram algo em torno de 45 minutos...
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Há pouco tempo publiquei aqui uma resenha muito elogiosa sobre a volta da revista MAD pela Panini. Na minha resenha eu saudava o fato deles terem mantido na revista o grande Ota, editor da revista no Brasil desde a primeira versão, pela editora Vechi, na década de 1970. Agora o Neorama dos Quadrinhos publicou uma entrevista na qual o Ota na qual ele espinafra a Panini e diz, entre outras coisas, que a verba para adaptar a revista ou produzir material nacional é mínima. De fato, a melhor época da Mad era quando ela satirizava novelas e políticos brasileiros.
Outro case legal de marketing viral foi a campanha lançada pela Mearin Motos, uma concessionária Honda de uma cidadezinha no interior do Piaui. Eles fizeram propagandas satirizando heróis famosos, como o Hulk e o He-man. Ficou tão tosco que acabou virando hit na net (reparem no sotaque nordestino do Hulk!):




Aqui a sátira dos X-men:


O sucesso da campanha fez com que eles decidissem criar um herói próprio, o Super Mearin:


Compre livros sobre Marketing Viral No Submarino.

Finalmente aprendi como colocar contadores no blog. Instalei um contador que me dá os usuários on-line, o que eles estão lendo, e de onde são. Algumas surpresas: a maioria não entra na página principal, o que significa que chegam a este blog pesquisando temas específicos no google. Além disso, a maioria dos leitores não é do Amapá. Eles espalham-se por todo o Brasil e outros países. Ontem houve visitantes da Turquia, Luxemburgo, Portugal, Espanha e EUA. Aliás, dos Estados Unidos é que vêem mais visitantes externos. Aparentemente, os posts mais pesquisados são um texto meu sobre Música e história, outro sobre Subliminares e uma notinha sobre mídia espontânea, além de um post sobre poesia grega, na qual publico uma poesia que Platão escreveu para seduzir um rapaz (será que os leitores estão interessados no filósofo, em poesia, ou na fofoca?).
Compre livros de Platão no Submarino.

terça-feira, abril 29, 2008


Mais uma pérola do site Desencannes, que publica as propagandas que são criadas nas agências, mas não chegam sequer a ser mostradas para os clientes.
Dê uma chance à outra paz e compre um CD de John Lennon no Submarino.

O barulho também mata

Embora não pareça, o barulho é uma das principais causas de morte no mundo todo, segundo OMS. Calcula-se que milhares de pessoas morrem anualmente vítimas deste problema.
A música, a palavra e a voz consomem grande parte de nossas vidas. Um mundo sem som seria triste, mas seu excesso também não é agradável. Tudo deve estar na medida certa: assim é o que determina a Organização Mundial da Saúde (OMS), que acaba de elaborar um relatório sobre a poluição acústica denunciando o aumento no número de mortes provocadas pelo barulho ao longo do planeta.
Segundo o relatório, publicado na revista "New Scientist", estes desagradáveis sons acabam com a vida de milhares de pessoas no mundo todo. É um problema grave, que ainda não recebeu a atenção necessária.
De acordo com os autores do estudo, a exposição a níveis de barulho superiores aos 50 decibéis representa cerca de 210.000 do total de mortes provocadas por ataques cardíacos anualmente. Leia mais

A revista francesa Bouche du Monde publicou um texto meu ¨A seita dos 500 quadrinistas¨(La secte des 500 bédéiste). A Bouche é editada pelo brasileiro naturalizado francês Eduardo Pinto Barbier e publica autores do Brasil, Canadá, França, Portugal, Argentina e Alemanha.

Conheça aqui o blog da revista ou compre-a no site do Quarto Mundo.
Comercial da Twist que transformou-se em viral. O pobre homem não consegue parar de dizer ¨Caramelo!¨até que encontra alguns amigos e seus problemas se resolvem.


Clique aqui para baixar o vídeo (está no formato FLV, então é preciso um leitor de FLV para ver, que pode ser baixado aqui)
O Submarino está fazendo uma promoção de quadrinhos, com frete grátis. Destaque para o álbum Os Maiores Super-Heróis do Mundo: Edição Definitiva. que, de R$ 129,00 está por R$ 103,20.

segunda-feira, abril 28, 2008

Inferno exotérmico ou endotérmico?


Essa eu recebi por e-mail:


Prova de engenharia química da UFBA. Pergunta feita por Professor(a) da matéria Termodinâmica, no curso de engenharia da UFBA em sua prova final. Esse Professor(a) é conhecido por fazer perguntas do tipo: 'Por que os aviões voam?' em suas provas finais. Sua única questão nessa prova foi: 'O inferno é exotérmico ou endotérmico?' Justifique sua resposta.
Vários alunos justificaram suas opiniões baseadas na Lei de Boyle ou em alguma variante da mesma. Um aluno, entretanto, escreveu o seguinte:



'Primeiramente, postulemos que o inferno exista e que esse é o lugar para onde vão algumas almas.. Agora postulamos que as almas existem, assim elas devem ter alguma massa e ocupam algum volume. Então um conjunto de almas também tem massa e também ocupa um certo
volume. Então, a que taxa as almas estão se movendo para fora e a que taxa elas estão se movendo para dentro do inferno? Podemos assumir seguramente que, uma vez que uma alma entra no inferno, ela nunca mais sai de lá. Por isso não há almas saindo. Para as almas que entram no inferno, vamos dar uma olhada nas diferentes religiões que existem no mundo e no que pregam algumas delas hoje em dia. Algumas dessas religiões pregam que se você não pertencer a ela, você vai para o inferno ... se você descumprir algum dos 10 mandamentos ou se desagradar a Deus, você vai para o inferno. Como há mais de uma religião desse tipo e as pessoas não possuem duas religiões, podemos projetar que todas as almas vão para o inferno.. A
experiência mostra que pouca gente respeita os 10 mandamentos. Com as taxas de natalidade e mortalidade do jeito que estão, podemos esperar um crescimento exponencial das almas no inferno.
Agora vamos olhar a taxa de mudança de volume no inferno. A Lei de Boyle diz que para a temperatura e a pressão no inferno serem as mesmas, a relação entre a massa das almas e o volume do inferno, deve ser constante. Existem, então, duas opções:
1) Se o inferno se expandir numa taxa menor do que a taxa com que as almas entram, então a temperatura e a pressão no inferno vão aumentar até ele explodir, portanto EXOTÉRMICO.
2) Se o inferno estiver se expandindo numa taxa maior do que a entrada de almas, então a temperatura e a pressão irão baixar até que o inferno se congele, portanto ENDOTÉRMICO.
Porém, se nós aceitarmos o que a menina mais gostosa da UFBA me disse, no primeiro ano: 'Só irei pra cama com você no dia que o inferno congelar', e, levando-se em conta que AINDA NÃO obtive sucesso na tentativa de ter relações amorosas com ela, então a opção 2 não é verdadeira. Por isso, o inferno é exotérmico.'
O aluno tirou 10 na prova.

CONCLUSÕES:
'A mente que se abre a uma nova idéia jamais volta ao seu tamanho original'. (Albert Einstein)
'A imaginação é muito mais importante que o conhecimento'. (Albert Einstein)
'Um raciocínio lógico leva você de A a B. A imaginação leva você a qualquer lugar que você quiser'. (Albert Einstein)

domingo, abril 27, 2008

Brichos, filme de animação que conta com a direção de arte do amigo Antonio Eder, vai passar na TVE dia 2 de maio. A informação é do Neorama dos Quadrinhos. Pena que aqui em Macapá não tenha nem TVE, nem TV Cultura.

História dos quadrinhos

Saudades da guerra

Na década de 1950 os super-heróis, que sempre foram as estrelas dos gibis, entraram em crise. Os editores começaram a procurar outros gêneros, que pudessem chamar a atenção da garotada. A E.C. acertou a mão com o terror, mas seu sucesso teve um fim com a perseguição dos conservadores norte-americanos. Outras editoras tentaram o gênero romântico, com algum sucesso.
Uma das iniciativas mais interessantes foram os quadrinhos de guerra, um gênero muito bem explorado pela DC Comics na revista Our Army at War. Foi nessa revista que surgiu o Sargento Rock, o mais famoso herói de guerra dos quadrinhos. O personagem foi criado por Robert Kaningher, um veterano escritor e editor de gibis. Ele é tido com um dos mais prolíferos autores do gênero, tendo publicado e escrito histórias da Mulher-maravilha, Canário Negro, Besouro Azul e Capitão Marvel, mas ficou conhecido mesmo por seus heróis de guerra.
Kaningher criou o sargento baseando-se no lutador Rocky marciano, um grande ídolo do boxe norte-americano. Rocky jamais perdeu uma luta e sua grande arma era a obstinação. A primeira história do sargento Rock mostra justamente ele como lutador, numa narrativa paralela à sua atuação na guerra. Por pior que estejam as coisas, por maior que seja a dor ou a adversidade, ele sempre está de pé, dizendo seu bordão: ¨Vamos, lute!¨.
Para ilustrar essa pequena HQ, que se tornou antológica, Kaningher chamou Joe Kubert, um jovem desenhista, mas que já se tornara um referencial de qualidade no meio. Ele havia criado, por exemplo, os quadrinhos 3-D, que precisavam ser lidos com óculos especiais e foram uma grande febre na década de 1950, rendendo dinheiro o suficiente para que ele comprasse sua casa. Kubert tinha um traço elegante e inovador para a época. Sua arte-final suja casou perfeitamente com o personagem durão.
A primeira história do personagem, intitulada apenas como Rock, foi publicada na revista G.I. Combate 68.
Mas a estréia oficial se deu com a história A Rocha da Companhia Moleza (The Rock of Easy Co.), publicada na revista Our Army at War 81, de abril de 1959. Por alguma razão, Kurbert não assumiu o desenho, que acabou sendo feito por Ross Andru e Mike Esposito. Nessa história o sargento ganhou um batalhão, a companhia moleza, composta de vários personagens carismáticos.
A partir daí o personagem virou a grande atração da revista, ao ponto do gibi mudar de nome para Sargento Rock, na década de 1970.
A revista foi publicada por 11 anos, sendo descontinuada apenas em 1988. Mas, mesmo assim, o sargento e sua companhia continuaram fazendo aparições especiais em aventuras de outros personagens.
Outra grande criação da dupla Kaningher-Kubert foi Ás Inimigo. Criado na década de 1970, o personagem era um aviador alemão da I Guerra mundial, um homem que tinha como único amigo um lobo da floresta.
Os roteiros de Kaningher descreviam em detalhes as batalhas aéreas, as táticas dos pilotos e as regras que regiam o comportamento dos mesmos. Kubert não ficou atrás e pesquisou pesado para caracterizar o personagem: ¨Como sempre fazia, fui a bibliotecas e livrarias atrás delas. Procurei saber o máximo sobre batalhas aéreas da 1ª. Guerra Mundial. Eu queria que os leitores aceitassem o Ás Inimigo como algo realmente crível, assim como eu havia aceitado a premissa da história. Então estudei os interiores dos aviões, seus detalhes e sua construção. Onde a madeira era usada? Qual era a aparência do esqueleto do avião? Descobrir as respostas para essas perguntas ajudou-me a compreender melhor qual a sensação de voar naquelas máquinas antiquadas¨.
O resultado disso é que, embora Kubert tenha feito vários personagens de sucesso, o Sargento Rock e o Ás Inimigo são sempre os mais lembrados pelos leitores.

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sábado, abril 26, 2008




Mafalda é uma das melhores personagens dos quadrinhos. Criada pelo argentino Quino, ela encanta pela sua visão crítica da realidade. Agora suas tiras podem ser lidas no blog Clube da Mafalda.
Compre álbuns da Mafalda no Submarino.

Para meus alunos de Marketing Global, aí vão os links das apostilas:

Apostila de propaganda

Apostila de propaganda no marketing internacional

Apostila de Merchandising

Apostila de Relações Públicas

Olha aí o cartaz do filme Wanted, baseado na HQ de Mark Millar na qual o mundo foi dominado por super-vilões. Na imagem, Angelina Jolie, que faz o papel de Rapoza, responsável pelo treinamento do personagem principal.

Pow pin buf é um evento de quadrinhos, que aconteceu em Curitiba em que as pessoas fazem quadrinhos, curtem quadrinhos e brincam com a linguagem dos quadrinhos. Confiram no blog.

sexta-feira, abril 25, 2008

A gramática do poder

No livro A Gramática do Poder, Isaac Epstein, professor da Umesp, analisa as relações de poder do ponto de vista da semiótica (teoria dos signos). Seu objetivo era descobrir os mecanismos de poder, desnudando-os.
Epstein percebeu que nesse tipo de relação, há um código fraco e um código forte. Toda vez em que falamos uma palavra, por exemplo cadeira, essa palavra é emitida e compreendida através de um processo que passa por três momentos, o chamado triângulo semiótico.
Em uma das pontas do triângulo, temos o referente, o objeto ao qual estamos nos referindo, o caso, a própria cadeira. Na outra ponta, o significante, no caso, a palavra cadeira. E, finalmente, na última ponta, o significado, a imagem mental que o receptor faz da cadeira a partir da percepção da palavra. O significado é, portanto, a compreensão que se tem da mensagem.
No código forte, a relação entre esses três elementos é coesa. Cada significante remete a um só significado. O código forte utiliza uma linguagem unívoca, denotativa.
Já no código fraco, a relação entre os elementos é frágil. Cada significante pode remeter a dois ou mais significados, utilizando-se uma linguagem equívoca, conotativa.
Segundo Epstein, o código forte é característico dos detentores do poder, das classes privilegiadas. Quem detém o poder deve utilizar uma linguagem que não dê margem para dupla interpretação: Faça isso! Faça aquilo!
A própria arquitetura das fábricas e empresas é caracterizada por esse código, com espaços racionalmente divididos, com utilização delimitada. Há a área de alimentação, a área de produção, a área burocrática... tudo está em ordem.
Ordem, aliás, é uma palavra-chave no código forte, ao contrário do código forte, que constantemente se utilizada do caos, da entropia.
Como demonstração do código forte, nos regimes autoritários, cada aspecto da vida das pessoas é rigorosamente vigiado e normalizado e qualquer fuga das regras é exemplarmente punida.
O código forte é definido pela frase: “Manda quem pode e obedece quem tem juízo”.
Marginalizados no jogo do poder, só resta ao despossuídos a utilização do código fraco. Se o poderoso tem o mando, a regra, a ordem, aqueles têm o jeitinho, a malandragem.
O código fraco permite ao oprimido contestar o poder sem se expor a um confronto aberto, no qual ele obviamente perderia.
Na época da ditadura, os intelectuais criticavam o regime através de peças de teatro, filmes e músicas. A partir do recrudescimento da censura, as críticas precisavam se tornar veladas, equívocas. Um dos meus exemplos prediletos é música Jorge Maravilha, de Chico Buarque. Os militares só perceberam o caráter equívoco da música, quando os estudantes começaram a cantar o refrão nas passeatas: “Você não gosta de mim, mas sua filha gosta”. Explica-se: a filha do presidente Médice dera uma entrevista na Hebe em que dizia que seu cantor predileto era justamente o Chico Buarque...
Na guerra, enquanto o código forte é característico dos exércitos regulares, com sua rígida hierarquia, suas normas, regras e noções sobre como deve ser uma batalha.
No outro oposto, utilizando o código fraco, temos a guerrilha e o terrorismo, com sua estrutura multi-facetada e seus métodos nada convencionais. É George W. Bush usando o código forte (guerra declarada de um país contra outro) e Osama Bin Laden utilizando o código fraco (o inimigo pode estar em qualquer lugar e pode atacar utilizando as formas mais inusitadas para isso – como as facas usadas para seqüestrar os aviões nos ataques de 11 de setembro).
O humor, com seu duplo sentido e trocadilhos, é característico do código fraco. Raramente o poder, a autoridade, utiliza a linguagem do riso.
Segundo Freud, o riso serve como resistência às autoridades e como escapatória à sua pressão.
Exemplo disso, os brasileiros, no período colonial, eram incapazes de confrontar o poder da metrópole e se vingavam contando piadas de português. O grande poeta russo Puchkin dizia ao escritor Gogol: Faça o povo rir. Quem ri não tem medo.

quinta-feira, abril 24, 2008


Uma iniciativa interessante de marketing, muito utilizada nos filmes, é fazer cartazes que aguçam a curiosidade do consumidor, criando expectativa. Esse cartaz do filme do Spirt é um bom exemplo. Uma mesma imagem foi dividida em três cartazes. O primeiro que aparece nos cinemas é o da esquerda, composto apenas por uma mancha vermelha num fundo preto e os dizeres ¨Minha cidade grita¨. O segundo cartaz a ser visto mostra já a imagem de uma gravata vermelha sobre um fundo preto e a legenda ¨Ela é minha amante¨ e, finalmente, no último cartaz, aparece a imagem do Spirit e os dizeres: ¨E eu sou seu espírito¨ (um trocadilho com o nome do personagem). Isso leva o consumidor a ir compondo o significado total em sua mente, participando, assim, da propaganda. É como o anúncio da Caixa que dizia ¨Vem pra caixa você também...¨e deixava que o receptor completasse o ¨Vem¨. Se o filme do Spirit vai ser bom, não sabemos, mas a campanha promocional está dando um show.

No episódio Dois Maus vizinhos, da sétima temporada dos Simpsons, o ex-presidente (e pai do atual presidente norte-americano) George Bush se muda para a vizinhança dos Simpsons. Bush antipatiza com Barte e bate nele após ele destruir suas memórias e o que se segue é um verdadeira guerra entre Homer e o ex-presidente.
O episódio, hilário, mostra bem o que é uma democracia de verdade: até mesmo um ex-presidente pode ser satirizado. A liberdade de imprensa está na Constituição dos EUA. No Brasil, quem faz uma caricatura de um senador é processado e condenado. Devíamos aprender algo com os americanos (e com os Simpsons).
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Na passagem da tocha olímpica pela Austrália, os manifestos contra a forma como a China está tratando o Tibet aconteceram no ar. Um avião escreveu Free Tibet nos céus. Por aqui, já estou me preparando... para boicotar a olimpíada.

quarta-feira, abril 23, 2008

Uma questão de vírgula

Essa eu achei no blog Kafé Roceiro:

Se o homem soubesse o valor que tem a mulher andaria de quatro à sua procura.

A frase tem duas interpretações, completamente diferentes, dependendo de onde está a vírgula. As mulheres provavelmente colocam a vírgula depois de ¨mulher¨. Os homens colocam a vírgula depois de ¨tem¨.


terça-feira, abril 22, 2008


O site 100 grana revelou o teaser trailer do filme do Spirit. Eles não gostaram, mas eu achei bacana. Confira aqui.
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Os psicopatas estão em todos os locais. Recentemente um atacou e matou um menino de quatro anos, na cidade de Bragança, no Pará. O provável assassino era amigo da família e já tinha cumprido pena por estupro e assassinato (crime pelo qual não foi condenado, por falta de provas). Apesar de seus antecedentes criminais (que provavelmente não eram conhecidos pela família), o psicopata era acima de qualquer suspeita. Quando o menino desapareceu, ele foi solidário com a família e foi um dos que mais se empenharam na busca do corpo. Confira a história toda no jornal O Liberal.

segunda-feira, abril 21, 2008


história dos quadrinhos 30
A primeira exposição

Em 1951, o mundo parecia odiar os quadrinhos. As denúncias do psicólogo Fredric Werthan (segundo o qual os gibis eram os responsáveis pela delinqüência juvenil) haviam provocado a instalação de um inquérito no senado norte-americano. No Brasil, os professores tiravam cinco minutos em todas as aulas para falar dos perigos desse novo meio de comunicação. E as crianças que se aventuravam a levar gibis para a escola acabavam vendo suas revistas queimadas nos pátios na hora do recreio.
Nesse ambiente extremamente negativo, surgiu a primeira exposição internacional de quadrinhos e o primeiro evento a destacar o caráter artístico da nona arte. E essa exposição aconteceu no Brasil, por fãs, que depois se tornaram alguns dos mais importantes quadrinistas brasileiros.
O grupo era composto por Jayme Cortez, Syllas Roberg, Reinaldo de Oliveira, Miguel Penteado e Álvaro de Moya. Para montar a exposição, eles enviaram cartas para alguns dos principais quadrinistas americanos, pedindo originais. Surpreendentemente, foram atendidos. De repente eles se viram com originais de Ferdinando, de Al Capp, Flash Gordon e Nick Holmes, de Alex Raymond, Buzz Sawyer, de Roy Crane, Steve Canyon, de Milton Caniff, Big Bem Bolt, de Johnny Hazard e até mesmo uma página do raro Karzy Kat. Como os quadrinhos não eram considerados arte na época, ninguém se preocupava em guardar originais. Entre jogar no lixo e enviar para uma exposição no Brasil, ficaram com segunda opção, daí a facilidade de conseguir material.
Além dos originais, havia um painel com desenhos de Spirit, de Will Eisner, com um texto explicando como o autor explorara a linguagem dos quadrinhos.
Outro painel mostrava os escritores ligados de alguma forma aos gibis, como John Steinbeck, Thomas Mann, Thorton Wilder e Dorothy Parker.
Outro painel mostrava ilustrações de livros infantis que haviam sido calcadas de histórias em quadrinhos (um exemplo era o trabalho de André Le Blanc, que ilustrava os livros de Monteiro Lobato e, posteriormente foi para os EUA, onde se tornou assistente de Will Eisner).
O objetivo da exposição era mostrar que, por trás dos gibis ou das tiras, havia toda uma linguagem artística sendo criada, que deveria ser considerada. Entretanto, os resultados não foram os esperados. Os editores de quadrinhos, ao invés de incentivar os organizadores da exposição, passaram a persegui-los, achando que eles queriam banir os comics importados, trocando-os por material nacional. Muitos perderam seus empregos e foram para a publicidade. Miguel Penteado e Jaime Cortez fundaram uma editora, a Outubro, que publicava só quadrinhos nacionais.
Anos depois, num encontro em Nova York, os intelectuais franceses se vangloriavam de terem sido os primeiros a perceber a importância dos quadrinhos, ao que Milton Cannif respondeu: ¨Muito antes de vocês, europeus, os brasileiros fizeram uma exposição, falando as mesmas coisas que vocês falam agora¨.
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domingo, abril 20, 2008


Fomos assistir Super-herói, o filme. É mais uma comédia adolescente escrachacada, na linha de Todo Mundo em Pânico. Dá para dar algumas rizadas, mas acho que falta imaginação. Os roteiristas parecem estar mais preocupados em fazer piadas sexuais ou escatológicas do que em fazer algo criativo. A cena em que o clima romântico entre a mocinha e o herói é interrompida pelos peidos da tia é um exemplo disso. São quase cinco minutos de peidos. Saudades da série Apertem os cintos, o piloto sumiu, que seguia a mesma linha, mas era muito mais criativo.

Passou o aniversário de Monteiro Lobato e eu, com várias atividades, acabei esquecendo. Lobato nasceu no dia 18 de abril de 1882. Foi tão importante para a literatura infantil que a data passou a ser também o dia do livro infantil. Há alguns anos escrevi uma biografia de Lobato para uma editora que faliu, mas depois publiquei na net, na forma de e-book, pela Virtual Books, e em capítulos, no site Burburinho. Uma notícia boa sobre Lobato é que as suas obras, tanto infantis quanto adultas, estão sendo relançadas pela editora Globo, com ilustrações muito bonitas, em policromia. A Brasiliense, que até então tinha os direitos vinha fazendo algo que era um verdadeiro crime cultural: as obras de Lobato não tinham divulgação e ainda mantinham a mesma diagramação de 30 anos atrás, com ilustrações em preto e branco! Com isso, toda uma geração estava crescendo sem ter contato com esse grande autor.


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sexta-feira, abril 18, 2008


Um ótimo exemplo de educação humanista é o filme Escritores da Liberdade, baseado numa história real. Compre o filme no Submarino.

A pedagogia humanista


“Não sabemos quanta capacidade de criação é morta nas salas de aula”
Alexander Neill

Em oposição à pedagogia tradicional, que tinha como valores a disciplina, a transmissão de conteúdos do professor para o aluno e a memorização, surgiram vários paradigmas educacionais propondo novos pontos de vista. Um deles foi a chamada educação humanística, também chamada de não-diretiva, representada pelo escocês Alexander Neill e pelo norte-americano Carl Rogers.
Nessa abordagem o aluno não é um simples depositário de conhecimentos e a função do professor não é apenas transmitir informações, mas principalmente criar condições para que os alunos aprendam.
Para esse paradigma, o objetivo da educação é a realização plena do ser humano e o uso pleno de suas potencialidades e capacidades.
O homem é visto como uma totalidade, um organismo em processo de integração, uma pessoa na qual os sentimentos e as experiências exerçam um papel muito importante, como fator de crescimento. Enquanto na educação tradicional, o professor deve se manter o mais distante possível do aluno, e não deve se envolver emocionalmente, na educação humanística só há aprendizado quando há envolvimento emocional.
Essa postura não aceita qualquer projeto social que seja baseado no controle e na manipulação das pessoas, ainda que isso seja feito com a justificativa de “tornar as pessoas mais felizes”. Ao contrário, as pessoas devem ser acostumadas desde pequenas à autonomia e a assumirem a responsabilidade das suas decisões pessoais.
Na escola de Summerhill, que Alexander Neil fundou e dirigiu durante anos na Inglaterra, todas as decisões importantes eram tomadas em assembléias aos sábados, em que participava toda a comunidade acadêmica, do diretor aos alunos mais jovens. Ali todos tinham direito a um voto. Eram nessas reuniões que se estabeleciam as regras da escola: quando e como ver televisão, a que horas ir deitar, quando acordar, qual a próxima peça de teatro a ensaiar, que comida a maioria prefere, o que fazer com a menina que gosta de quebrar janelas...
Segundo Rogers, o indivíduo é capaz de dirigir-se a si mesmo, de encontrar na sua própria natureza o seu equilíbrio e os seus valores. A alienação do homem consiste em não ser fiel a si mesmo. Para esse autor, somente quando o homem sente-se incondicionalmente aceito, ele se atreve a aceitar-se como é e abrir-se para o processo de aprendizado.
Um testemunho de um professor de Summerhill, publicado na revista Realidade (1968), dá o tom da relação dos professores com os alunos em uma escola em que não era obrigatório nem mesmo freqüentar as aulas: “Você não sabe o que é ter uma classe onde quem está lá porque quer, porque escolheu aprender... Como em Summerhill ninguém pergunta a ninguém se vai ou não para a escola, ficamos logo viciados em sinceridade. Preciso estudar para acompanhar a criançada. Quem resolve aprender, não só vai a todas as aulas, como não dá folga para a gente: quer saber cada vez mais”.
Esse paradigma parte da crença rousseauriana na bondade original: “Crianças livres e felizes não têm probabilidade de ser cruéis. A crueldade, em muitas crianças, nasce da crueldade que adultos exercem sobre eles”, dizia Neill. Da mesma forma, as crianças têm uma curiosidade natural, uma vontade de aprender, que a escola deve estimular.
Aos que acusavam seu método de criar deliquentes, Neill respondia que o que torna as pessoas neuróticas e delinqüentes são o moralismo e a repressão sexual. Para ele, a neurose é conseqüência da falta de amor e de aceitação. Para Neill, por exemplo, o interesse das crianças em assuntos escatológicos surge da própria repulsa com que os pais tratam esse assunto: “Lembro-me de uma menina de 11 anos. Seu único interesse na vida eram os banheiros, os buracos de fechadura. Substituí aulas de geografia por outras referentes ao seu assunto predileto, o que a fez muito feliz. Dez dias depois, quando quis continuar as lições especiais, ela protestou, entediada: Não quero mais ouvir falar nisso. Estou farta de falar nessas coisas”, conta Neil.
É importante destacar a diferença que Neil faz entre liberdade é licenciosidade. Licenciosidade é fazer o que se quer. Liberdade é agir dentro de limites estabelecidos pela liberdade do outro. Um aluno de Summerhill podia fazer o que quiser, desde que não incomodasse os outros. Se isso acontecesse, o caso seria levado à assembléia.
Um equívoco comum é com relação à forma como esse paradigma via a figura do professor. Rogers preferia chamar os professores de facilitadores. Essa palavra foi se deformando com o tempo e hoje perdeu quase completamente seu significado original. Para muitos, o facilitador é alguém que transfere a responsabilidade de aprendizado para o aluno. Exemplos disso são os professores que no primeiro dia de aula dividem os assunto pelos diversos alunos e os mandam depois apresentar o resultado dessa pesquisa (que quase nunca é pesquisa, mas apenas repetição de idéias de um autor já demarcado, numa relação, no fundo, bastante autoritária).
O facilitador, para Rogers, é alguém que: tem confiança na relação pedagógica e cria um clima apropriado para a convivência; informa, apresenta aos alunos uma base para que eles possam avançar; aceita o grupo e cada um de seus membros (essa aceitação deve ser não só intelectual, mas também afetiva); alguém que se converte em um membro do grupo e participa ativamente do ato coletivo da aprendizagem; é congruente, isto é, consciente de suas próprias idéias e sentimentos.
Ou seja, facilitador é alguém que cria condições para o aprendizado, incentivando os alunos a se aprofundarem nos assuntos de acordo com seus interesses. Por exemplo, após uma aula sobre a África, os alunos poderiam se aprofundar em temas como o tráfico de escravos, as religiões africanas, etc... e depois compartilharem suas descobertas com os colegas. É muito diferente de simplesmente deixar os alunos darem aulas no lugar do professor, como alguns têm entendido a proposta humanística.
Anos depois de serem expostas, as idéias humanísticas ainda nos fazem pensar. Especialmente porque boa parte de suas propostas foram deturpadas. A não-diretividade tem sido vista como um “deixai fazer, deixai passar” que não é encontrado na proposta original. Pensadores como Alexander Neill e Carl Rogers nos mostram que a educação deve ser centrada no aluno, mas que o professor deve providenciar-lhe uma base que lhe permita aprender. Além disso, eles nos ensinam a importância da afetividade no processo educacional. Os alunos só aprenderão se for estabelecido um clima de amizade, em que todos sejam aceitos com suas próprias características.
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O blog Que Diabos fez um interessante post sobre as mentiras do primeiro de abril. Confira.
Compre, no Submarino, o livro as mentiras que os homens contam, de Luís Fernando Veríssimo (aproveita a promoção!).

Perguntar não ofende...


Se eu desse um tiro no meu vizinho toda vez que ele coloca brega em volume máximo, isso seria considerado homicídio ou utilidade pública? (ou, talvez, legítima defesa?)

O site 100 grana divulgou as fotos dos primeiros bonecos de ação do filme Watchmen. Estão ficando bem legais, apesar do Coruja estar suspeitamente parecido com o Batman...


Compre obras de Alan Moore no Submarino.

quarta-feira, abril 16, 2008

terça-feira, abril 15, 2008


Você quer levar vantagem em tudo, certo? Essa era a frase que o jogador Gerson falava em uma propaganda de cigarro. A propaganda ficou tão famosa que deu origem à chamada lei de Gerson: o princípio de que se deve levar vantagem em tudo, preferencialmente passando por cima dos outros. Um bom exemplo da lei de Gerson é o meu vizinho. Não paga IPTU, não paga energia, tem uma siderúrgica clandestina e vai levando vantagem em tudo. Denunciei-o para a CEA, pois, se ele não paga a energia que consome, eu você e todos nós que pagamos imposto a conta de energia, pagamos por ele. Depois de um mês, eles finalmente apareceram. Foram lá, conversaram com ele, cortaram a ligação clandestina, mas não se preocuparam nem mesmo em recolher os fios. Antes que eles entrassem no carro, o vizinho subiu na escada e religou a ligação clandestina. Eles fizeram que não viram. O importante é levar vantagem em tudo, certo?
Compres livros sobre ética no Submarino.

Uma das minhas diversões é colecionar bonecos de chumbo. Sempre fui fascinado por miniaturas. Quando vou a Belém, costume comprar alguns na feira hippie. Agora, a editora Planeta de Agostini está lançando, em bancas, uma coleção de soldados de chumbo. O primeiro número, por apenas R$ 7,90, traz um soldado napoleônico e um canhão. A miniatura é perfeita nos mínimos detalhes. Claro que, como sempre faz nessas situações, a editora lança um primeiro número muito barato e logo encarece. O preço definitivo sai a R$ 29,90. Mas vale comprar o primeiro número. Não vou colecionar, mas meu filho já me pediu para comprar os soldados da II Guerra Mundial. Entrando no site, descobri que a próxima coleção a ser lançada será sobre Star Wars... e o primeiro número vai ser o boneco de Darth Vader. A previsão de lançamento em bancas é para a primeira quinzena de abril em São Paulo, o que significa que deve chegar em Macapá em maio.

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Marketing de guerrilha

Hoje o mundo vive uma guerra. Nessa guerra, as batalhas não são travadas com metralhadores ou tanques, mas com muito dinheiro, propagandas e estratégias promocionais. É a guerra de Marketing, cujo objetivo é a atenção do consumidor. Empresas como a Coca-cola, Pepsi, Nike e muitas outras investem bilhões de dólares anualmente para não serem derrotadas. Nesse cenário, só resta uma saída para as pequenas empresas: quebrar as regras, usar técnicas não-convencionais. Isso é chamado de marketing de guerrilha.
Num cenário em que os consumidores estão cada vez mais saturados de informação, o marketing de guerrilha acabou não só dando uma possibilidade de sobrevivência para as pequenas empresas, como conseguiu destacar seus produtos no meio do marasmo publicitário, tanto que hoje até mesmo grandes empresas usam armas de guerrilha.
Mas o que é o marketing de guerrilha?
A principal arma do marketing de guerrilha é a chamada mídia espontânea. Ou seja, colocar o próprio consumidor para fazer propaganda de seu produto. Como fazer isso? Uma forma óbvia é deixar o consumidor satisfeito. A loja Stew Leonard tem consumidores tão fieis que eles levam as sacolas da loja e tiram fotos com essas sacolas nos mais diversos locais do mundo.
Outra maneira de fazer isso é estimular a participação, a curiosidade e a criatividade. Um exemplo disso foi quando Maurício de Souza colocou o elefante Jotalhão no molho de tomate da Cica. Como muitas vezes eram as crianças que iam comprar o molho na mercearia, elas logo pediam: ¨Moço, me vê um elefante!¨.
O marketing de guerrilha tem, além da participação dos clientes, outras características importantes. Uma delas é a desobediência às normas estabelecidas. O guerrilheiro usa mídias não convencionais e ataca a qualquer momento, em qualquer local. Até mesmo no banheiro. Um canal pago de esportes colocou propagandas em mictórios nos estádios de futebol. Além do cartaz adesivo na parede (em um local em que a pessoa é obrigada a ver se quiser usar o mictório), havia uma bolinha e um gol. Enquanto fazia suas necessidades, o consumidor via a propaganda e tentava, fazer gol, direcionando a bolinha. Certamente muita gente foi ao banheiro só para conhecer a novidade.
Alunos meus fizeram uma ação de guerrilha para um restaurante na orla do Araxá. Foram colocadas três faixas. A primeira delas perguntava: ¨Está com fome?¨, a segunda indagava ¨Já jantou hoje?¨ e a terceira trazia o nome do restaurante, junto com um convite para jantar. As faixas, seguradas pelos alunos, eram dispostas a cada 50 metros, de modo que a pessoa ia tendo contato com a mensagem aos poucos, ficando curiosa. Muita gente parou para perguntar do que se tratava... e o retorno foi tão bom que os donos do restaurante não conseguiram dar conta da demanda.
Um supermercado de Macapá colocou malas com a sua logomarca e os dizeres ¨Bem vindo a Macapá, gente boa¨ na esteira de bagagens do aeroporto da cidade.
Quando o livro ¨O doce veneno do escorpião¨, de Bruna Surfistinha, foi lançado em Portugal, os editores usaram uma estratégia de guerrilha: espalham pelos bancos da praça fotos da autora com um recado manuscrito e o endereço do site de divulgação.
Em Belém, durante o natal, vi uma interessante ação de guerrilha na frente de um shopping. Quando o sinal fechava, vários papais noéis ficavam na frente dos carros segurando placas com propagandas de uma loja. A ação era tão curiosa que muitas pessoas paravam para ver.
A estratégia de divulgação do chocolate Twist mostra bem como uma estratégia de guerrilha pode conquistar o público, tornando-se um viral de grande poder. A propaganda do produto, lançada exclusivamente na Internet, especialmente no Youtube, mostrava um homem que tinha como cacoete gritar ¨Caramelo!¨. Ele acabava gritando caramelo até nos momentos mais impróprios, como na hora do casamento. Procurando ajuda em um psicólogo, ele acaba encontrando dois outros homens com problemas semelhantes. Um grita ¨Biscoito!¨, o outro grita ¨Chocolate!¨. Ao encontrar o caramelo, os dois se completam e se tornam grandes amigos. Como o Twist é feito de caramelo, biscoito e chocolate, a propaganda fala, de forma divertida, da composição do produto. Mas o seu caráter divertido fez com que virasse um hit na net. Posteriormente foram colocados atores em filas de cinema. De repente eles começavam a gritar ¨Caramelo!¨ao o que o restante da fila respondia: ¨Chocolate!¨, ¨Biscoito!¨. Ou seja, a propaganda do biscoito virou quase uma brincadeira, que as pessoas se divertiam em espalhar.
O marketing de guerrilha pode ter, portanto, ótimos resultados, mas desde que seja bem feito. É necessário conhecer exatamente quem é o público-alvo, seus costumes, locais que freqüenta... no caso do Twist, as ações de guerrilha aconteciam nos cinemas porque o público desse produto gosta de assistir filmes e adora comer chocolates durante as sessões.
Além disso, é necessário ter uma prefeita noção do posicionamento, da imagem que se quer passar ao consumidor. Uma ação de guerrilha mal-feita pode acabar com o poscionamento de um produto, ou criar um poscionamento errado.
Por fim, as ações de guerrilha devem trabalhar com orçamento enxuto, mas não se deve fazer economia burra. Folhetos mal-feitos, faixas com erros ortográficos e fantasias precárias podem criar uma péssima imagem da empresa ou do produto. Melhor contratar um profissional para confeccionar os materiais promocionais.

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segunda-feira, abril 14, 2008

O legal dessa piada é que ela pode ser adaptada. Ao invés de axé, pode ser techno-brega, melody...

Sozinha no mundo

Li Sozinha no mundo, romance juvenil de Marcos Rey. Confesso que já tinha comprado há muito tempo, mas fui deixando de lado porque a capa parecia infantil demais. O título também é melodramático, assim, fui lendo os outros que tinha do Marcos Rey e deixando esse de lado. No entanto, tive uma surpresa ao ler este. É um típico suspense, no melhor estilo do autor de O mistério do cinco estrelas. O livro conta a história de Pimpa, uma menina do interior, que viaja com a mãe para São Paulo em busca de um parente desconhecido que poderá ajudá-las. No entanto, a mãe morre durante a viagem e uma falsa assistente social passa a perseguir a menina por toda a cidade. Por que a menina está sendo perseguida tão implacavelmente? Que interesse a mulher tem numa pobre órfã?
Sozinha do mundo é um ótimo exemplo de um romance em que todos os detalhes se encaixam. Essas histórias de suspense fizeram com que Marcos Rey se tornasse um best-seller entre os autores juvenis. Chegou a vender um milhão de exemplares, juntando todos os livros. Se fosse nos EUA, venderia um milhão só de O mistério do cinco estrelas, seu livro mais famoso.
Sozinha no mundo tem mais o charme dos desenhos realistas de Marcus Sant´Anna e a diagramação meio antiquada, mas que lembra as boas leituras da infância (a nova geração, que não teve contato com a coleção Vaga-lume, não sabe o que perdeu).
Compre livros do Marcos Rey no Submarino.

domingo, abril 13, 2008

O Nome da Águia


O amigo e grande escritor Alexandre Lobão está lançando mais um livro. Veja a sinopse abaixo:

Às vésperas das eleições americanas de 2012, um antigo segredo édescoberto em um bunker nazista, enterrado desde a Segunda Grande Guerra.Um segredo que não só revolucionará a forma como entendemos nossa história eas Sagradas Escrituras, como também pode levar o mundo à beira de uma novaguerra.Um romance onde cada detalhe, minuciosamente pesquisado e embasado em fatosreais, contribui para tornar tênue a fronteira entre o real e o imaginário,e onde cenas de suspense, emoção, mistério e ação se completam em umanarrativa ágil e surpreendente!Descubra O Nome da Águia em http://www.onomedaaguia.com/, com curiosidades, imagense referências diversas que ampliam a experiência do livro!
Quando morei em Curitiba, fiquei impressionado não só com a cosciência ecológica da maioria da população, mas também da imprensa. Os jornalista eram orientados a cobrir todos os eventos que abordassem o tema. Assim, muitos grupos aproveitavam. O pessoal que praticava rapel tirava pelo menos um dia durante o ano para limpar as montanhas, recolhendo lixo industrial (latas, garrafas, plásticos). O pessoal que descia a serra de bicicleta também tirava pelo menos um dia para limpar a estrada da Graciosa... e a imprensa sempre cobria, pois se entedia que era um exemplo que devia ser divulgado. De fato, bons exemplos, quando divulgados, geram outros.
Em Macapá é muito raro ver grupos se organizando para deixar a cidade mais limpa. Esse movimento dos blogueiros é um exemplo raro... que poderia ser seguido por outros grupos. Por exemplo, um grupo de pessoas que se reúne para jogar futebol no final de semana poderia tirar um dia para limpar a região próxima do local em que jogam bola. Pequenas atitudes como essa podem ajudar a diminuir os casos de dengue em Macapá. Fica a dica.

Voluntários participam no RJ de mutirão contra dengue

Cerca de três mil voluntários participaram hoje de um mutirão contra a dengue organizado pelo governo estadual em 96 comunidades de seis municípios do Rio de Janeiro: a capital, Niterói, São Gonçalo, São João do Meriti, Duque de Caxias e Nova Iguaçu. A epidemia já tinha 75.399 casos contabilizados em todo o Estado este ano até quinta-feira, com 80 mortes, e mais 79 casos de óbitos em investigação sob suspeita de dengue. Leia mais

Ps: No Amapá, quem está fazendo um mutirão contra a dengue são os blogueiros. Outros grupos de pessoas poderiam aderir, não é?

sábado, abril 12, 2008

O nome do pato


Lição de globalização com os personagens de Walt Disney

Por Max Gehringer

Eu queria ter contado esta história há tempos, e só não o fiz antes porque me faltavam alguns dados históricos -- que consegui agora graças a uma mãozinha de meu prezado tio Fábio, um colecionador de preciosidades.
O assunto é sério -- aquela eterna disputa, tão comum em multinacionais, entre os brasileiros com mania de mudar tudo e os globalizadores em geral (ou seja, qualquer executivo instalado acima da linha do Equador), que acreditam que um entendimento é sempre possível, desde que seja em inglês.
Onde está a verdade? Naquela mistura de bom senso e criatividade, duas coisas que vivem se atropelando quando o assunto é "o Brasil contra o mundo ou vice-versa". Eu vivi uma situação dessas há dez anos, quando estávamos implantando um novo processo no Brasil e trombei de frente com um Boeing lotado de americanos e mexicanos.
Eles se bandearam para cá só para ter a certeza de que nenhuma alteração seria feita, por mínima que fosse, e eu estava convencido de que, sem o jeitinho tupiniquim, nada daquilo iria funcionar.
Após muitas e muitas horas de árduas e infrutíferas discussões, finalmente consegui encontrar um exemplo que eles entenderam: Walt Disney.
A história que eu contei para eles foi a seguinte: em 1950, quando os personagens de Disney chegaram ao Brasil, havia uma importante decisão a tomar -- como eles se chamariam por aqui? Quase ninguém sabia falar inglês direito no país naquela época, especialmente as crianças, que eram o público-alvo das publicações.
Num tempo em que nomes de artistas como John Wayne e Jerry Lewis eram pronunciados jon vâine e jérri lévis, seria prudente manter os nomes originais de personagens como Gyro Gearloose e Scrooge McDuck?
Outros países haviam tido essa mesma dificuldade antes do Brasil, e nem sempre as soluções haviam agradado às duas partes. Por isso, era preciso tomar cuidado para evitar o que ocorrera com personagens de outras editoras -- como na Argentina, onde pruridos idiomáticos haviam feito com que o marinheiro Popeye fosse rebatizado de "Spaghetti" e Batman se tornasse "El Murciélago".
Podiam até ser nomes sugestivos, mas, como ponderavam os executivos da matriz -- e muitos continuam ponderando com todo furor -- não adianta nada ganhar em apelo regional se, com isso, perde-se em algo muito mais importante: a força mundial de uma marca.
O primeiro time de tradutores e redatores da então recém-criada Editora Abril adotou o que hoje seria chamado de "estratégia global regionalizada".
O passo inicial dos brasileiros foi garantir a benevolência da turma da Disney, e isso foi conseguido com a promessa de manter o nome original dos dois principais personagens. Assim, Mickey ficaria sendo Mickey e Donald ficaria sendo Donald (parece óbvio, mas, na Itália, Mickey já era Topolino e Donald era Paperino -- e na Suécia Mickey havia virado Musse Pigg!).
E aí veio a aplicação prática das três regrinhas elementares da boa globalização:
1. Não mudar o que não precisa ser mudado - Pluto seria Pluto, porque já era um nome bom, pronunciável e sonoro.
2. Mudar o que obviamente precisa ser mudado - Gyro Gearloose se tornaria o Professor Pardal. Uncle Scrooge McDuck viraria Tio Patinhas e The Beagle Boys seriam os Irmãos Metralha. Mais do que caracterizar personagens, nos anos seguintes esses três nomes se tornariam sinônimos populares de gente que inventa o que não é preciso (Professor Pardal), de pão-duro (Tio Patinhas) e de gangues das mais variadas espécies (Irmãos Metralha).
Nacionalizar nomes é algo bem mais complexo do que aparenta ser. Gladstone Gander, o nosso "Gastão", é Narciso Bello na Espanha, Panfilo Ganso no México e Gontrand Bonheur na França. Ou seja, "Gastão", mais que uma tradução ou uma adaptação, é uma aula de simplicidade. O mesmo ocorre com o Tio Patinhas, que na França se chama Oncle Balthazar Picsou, na Alemanha, Onkel Dagobert Duck, na Suécia, Farbror Joakim von Anka, e na Itália, Zio Paperon De Paperoni.
3. Mudar parcialmente o que pode ser sutilmente melhorado. - Aí começam as sutilezas. Mickey Mouse não precisaria do "Mouse" no Brasil, onde "rato" é meio pejorativo e "camundongo" é muito longo, e por isso ficou só Mickey. Mas Donald Duck ficava melhor com o "Pato" antes do nome. E sua eterna namorada, Daisy Duck -- Pata Margarida, em tradução literal --, soava melhor sem a "pata" e ficou só Margarida. Nada mais que a aplicação do bom senso.
Nas empresas, não é raro que os pioneiros que contribuíram com grandes idéias no passado sejam esquecidos depois de algum tempo. Felizmente, a história do desembarque bem-sucedido dos personagens da Disney no Brasil ficou documentada.
Jerônimo Monteiro, o primeiro tradutor e redator da Editora Abril, batizou o Tio Patinhas e os sobrinhos de Donald, Huguinho, Zezinho e Luisinho -- no original eles eram Huey, Dewey e Louie (e a filha pré-adolescente de Jerônimo Monteiro, Terezinha, foi quem sugeriu o nome "Irmãos Metralha").
Depois de Jerônimo, viriam Alberto Maduar, criador dos nomes do Professor Pardal, do Lampadinha, do Gastão e da Maga Patalógika (que era Maga De Spell em inglês), e Álvaro de Moya -- desde sempre, a pessoa que mais entende de história em quadrinhos no Brasil.
A tradição de acertar nomes de personagens teve seu último grande momento na década de 70, quando chegou ao Brasil o primeiro livro de Calvin & Hobbes, e o nome do tigre foi abrasileirado para "Haroldo". É só olhar para ver que ele tem mesmo cara de Haroldo, e não de Hobbes.
Mas os personagens mais recentes -- Beavis & Butthead, os Simpsons, a turma sádica de South Park e Dilbert -- mantiveram os nomes originais. Seria interessante saber como aquela gente talentosa, de achados antológicos como "Recruta Zero" e "Brucutu", encontraria uma definição bem brasileira -- e bem marota -- para "Butthead"... coisa que jamais saberemos porque, ultimamente, a globalização virou rua de mão única. E isso só leplime a cliatividade, como ponderaria Hortelino Trocaletra. Digo, Elmer Fudd.

Max Gehringer (max.g@uol.com.br) é autor do livro Máximas e Mínimas da Comédia Corporativa.

Fonte: Revista Exame
Compre obras do Max Gehringer no Submarino.

Transmissão matutina de "Os Simpsons" é suspensa na Venezuela


da Folha Online
A emissora venezuelana de televisão Televen confirma que retirou de sua programação a série norte-americana "Os Simpsons", veiculada durante as manhãs no país, após ser advertida pelo Conselho de Telecomunicações (Conatel), órgão público que regula o setor.
TV venezuelana retirou "Os Simpsons" (foto) do ar após advertência de órgão do governo
Embora os diretores da emissora tenham afirmado que não receberam reclamações dos espectadores, o Conatel informou na última quarta-feira (2) que chegaram ao órgão pedidos para que o desenho animado fosse retirado do horário da manhã, alegando que "não favorecia a formação integral das crianças". Leia mais


Ps: E ainda dizem que a Venezuela não é uma ditadura...
Se você mora na Venezuela e, por causa de Hugo Chaves, não pode assistir aos Simpsons, compre no Submarino os DVDs.

sexta-feira, abril 11, 2008

Para quem achava que os blogs não são um poderoso meio de comunicação, a Alcinea Cavalcante está dando uma lição com a sua campanha contra a dengue (à qual aderiram vários blogs, inclusive este). Todos os locais denunciados como possíveis focos do mosquitos foram visitados por fiscais da prefeitura e já estão limpos. Parabéns à Alcinea pela iniciativa e à prefeitura por ter respondido à campanha.

Quadrinhofilia



¨Quadrinhofilia¨ (HQM, 94 páginas) é um álbum que reúne os vários anos de experiência do quadrinista curitibano José Aguiar. São histórias solo e em parceria com roteiristas (entre eles, este que vos escreve) e desenhistas.
Entre as várias HQs, ¨Catarrinho de amor¨, sobre pessoas que colocam nomes absurdos em seus filhos é, certamente, a que vai agradar mais aos leitores interessados no lado cômico, que José Aguiar já havia explorado no álbum Folheteen.
Outro grande destaque do livro é ¨Baile de Salão¨, produzida numa época em que o artista redescobria o carnaval. Quem conhece o carnaval de Curitiba sabe o quanto essa homenagem tem de espantoso. Há uma lenda segundo a qual os guardas mandam sentar quem resolve dançar durante a apresentação das escolas de samba da capital paranaense. Aguiar parece alguém que nunca comeu melaço e se espanta com o sabor. Sua HQ tem gosto de nostalgia e romantismo e talvez desperte os leitores para a magia dos carnavais antigos.
¨Genealogia do mal (ou eu fui um bebê diabo no ABC paulista)¨ é uma demonstração de como um desenhista competente e um roteirista inspirado podem criar uma HQ de fôlego. Na época em que existia a revista Manticore, havia a proposta de publicar um especial apenas com mitos urbanos e ABS Moraes escreveu sobre o bebê diabo, um personagem criado pelo jornal Notícias Populares num dia em que não havia nenhum crime para preencher a manchete. Altamente influenciado por autores como Warren Ellis, que elevaram o texto quadrinístico a um patamar poucas vezes alcançado, Moraes construiu uma HQ que mexe com o leitor, ao mesmo tempo em que sugere que a imprensa marrom é cria da ditadura militar. Aguiar captou o espírito sombrio da história e ainda contou com a sorte. Para não comprometer a arte final de Jairo Rodrigues, ele pintou em aguada sobre a cópia xerox. A tinta não pegou direito e deu um efeito macabro que contribuiu em muito para o clima da HQ. Os leitores que compram mensalmente revistas como a Pixel Magazine vão imediatamente perceber as semelhanças de narrativa (e talvez percebam, perplexos, que existem sim grandes roteiristas em terras tupiniquins)
Em ¨Quadrinhos e outras bandas (desenhadas)¨, José Aguiar aventura-se no gênero jornalístismo quadrinístico (que tem como grande representante Joe Saco, de Palestina), mas fazendo algo que se aproxima mais de um blog e pode dar abertura para um novo gênero, o diário quadrinístico. A história conta sua viagem à Europa e seu contato com a realidade dos quadrinhos daqueles países, em muitos aspectos semelhantes à nossa.
O volume tem três trabalhos com roteiro meus. Um deles, ¨O Gabinete do Dr. Caligari¨ é uma adaptação do filme expressionista homônimo. Qualquer adaptação de uma linguagem para outra é difícil, mas no caso, tendo como base um filme mudo, as dificuldades são ainda maiores. Há duas armadilhas: ou só usar o texto da legenda do cinema, ou empanturrar as páginas de texto, fazendo algo que mais se aproxima da literatura. Creio que nessa história nenhum dos erros foi cometido. O texto prima por uma simplicidade poética e casa perfeitamente com o desenho. Aliás, esse é provavelemente um dos melhores trabalhos de José Aguiar. Em Caligari ele usa a cor como elemento narrativo. Isso é demonstrado, por exemplo, na cena em que Caligari é preso pelo narrador, ou na cena em que o oposto acontece. Nas duas, os personagens principais se destacam dos outros por um tom de sépia.
Os outros dois trabalhos em parceria comigo são ¨Entropia¨ e ¨Invasão¨. Nesses dois casos, os roteiros originais foram perdidos e acabaram sendo, com autorização, reescritos pelo desenhista. O resultado é curioso, embora revele uma narrativa bastante diferente da original.
Em ¨Entropia¨, um astronauta no espaço vê a Terra sendo invadida por extraterrestres e depois sendo destruída por explosões nucleares. A história é uma metáfora a respeito da Entropia, conceito da física segundo o qual tudo no universo tende a estados de maior caos. Reescrito, o texto acabou focando a saudade.
A maior diferença, no entanto, é em ¨Invasão¨. Originalmente, a história era uma homenagem aos quadrinhos de terror da EC Comics, editora que revolucionou o gênero na década de 1950. A EC era tão inovadora que provocou a fúria dos conservadores norte-americanos. Ao ser reescrita, a HQ se tornou uma crítica a esses mesmos quadrinhos, critica essa pontuada pelo uso constante da palavra ¨clichê¨.
Apesar da diferença de textos, os desenhos das duas histórias são muito competentes. Entropia é um belo exercício de ficção-científica e as imagens em preto e branco de Invasão lembram os melhores momentos da revista italiana Dylan Dog.
Aliás, Dylan Dog é uma influência tão óbvia que ganhou até uma homenagem na coletânea, na história curta ¨Pirata!¨. Essa HQ faz parte de um grupo que pode ser definido como estudos de linguagem. Esses estudos vão mostrando, ao mesmo tempo, a evolução do artista e as suas inquietações estéticas. Talvez o ápice dessas experimentações seja ¨Absoluto¨, uma HQ em preto e branco que brinca com o título aos moldes da poesia concretista.
A edição da HQM é caprichada, com boa impressão e papel de boa gramatura (exceção à capa, que poderia ser mais grossa, para evitar que o volume se abrisse). A qualidade de impressão destaca o projeto gráfico, elaborado pelo curitibano Líber Paz, que compôs a capa do álbum como fotografias penduradas numa parede antiga. Esse mesmo visual acompanha o início das histórias, num cuidado digno de nota. Além disso, o álbum traz um pósfacio do próprio José Aguiar, no qual ele explica o contexto em que foram realizadas as HQs. Quadrinhofilia é, portanto, uma das grandes pedidas do quadrinho nacional para 2008.

Olha a dengue aí...


Na praça Nossa Senhora da Conceição tem uns castelinhos que deveria servir para que as crianças brincassem, mas que acabou se tornando um hotel de luxo para o mosquito da dengue. Olha a quantidade de lixo, especialmente de garrafas de refrigerante e de água mineral! (e os garis da prefeitura, pelo jeito, nem chegam perto para limpar).
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