segunda-feira, outubro 31, 2022

Iznogud, que queria ser califa no lugar do califa

 

Como escrever a mesma história várias vezes e mesmo assim não ser chato? Esse é o grande desafio e Iznogud, genial criação de Goscinny (criador de Asterix) com traço de Tabari. Iznogud (um trocadilho com a exprssão It´s no good - não é bom) é o grão vizir de um califado árabe e passa todas as histórias tentando se livrar do califa Harrum ahal Mofadah. 
A história é sempre a mesma: o protagonista tentando se tonar califa e sempre se dando muito mal no final, geralmente sendo vítimas das próprias armadilhas. O leitor sabe disso desde o início e é inclusive informado pelo ajudante do grão-vizir Omar Vadinho. O curioso é descobrir como isso irá acontecer, como um plano teoricamente perfeito acabará sendo um fracasso por pura incopetência ou azar.
Se, por exemplo, Iznogud monta um labirinto para colocar ali o Califa, todo mundo (inclusive ele) acabará entrando no labirinto, menos o Califa. Se ele descobre uma maneira de tornar o Califa invisível, todos à sua volta ficarão invisíveis, menos o Califa. Mesmo que nunca tivesse escrito Asterix, Goscinny já seria um dos maiores roteiristas de todos os tempos, apenas por sua atuação em Iznogud. 
No Brasil foram publicados 8 álbuns pela editora Record: 
O grão-vizir Iznogud
Os complôes do grão-vizir Iznogud
As férias de Iznogud
Iznogud o infame
Iznogud vai pro espaço
O computador das arábias
Primeiro de abril em Bagdá
Uma cenoura para Iznogud

A flor de vidro

 


Em 1995, George Martin, autor de Guerra dos Tronos, era um desconhecido no Brasil. A apresentação de sua novela a flor de vidro, publicada na revista Isaac Asimov Magazine 4, dizia o seguinte: “George R.R. Martin escreveu vários episódios de Além da Imaginação e um conto seu, publicado em 1985, ganhou um dos prêmios nébula daquele ano e concorreu ao oscar da ficção científica, o troféu Hugo”. Ou seja: era só mais um autor publicado pela revista. Entretanto, sua novela ganhou destaque na capa e abriu a revista, reflexo direto da qualidade da narrativa.
Martin propõe uma trama interessante: um jogo da mente. Três jogadores disputam como prêmios corpos de três prisioneiros. Se forem vencendores, ganham o novo corpo. Mas os jogadores podem também disputar entre si – nada impede, por exemplo, que um assuma o corpo do outro. Da mesma forma, os prisioneiros podem escapar ilesos, ganhando a liberdade.
A narradora é a Sábia, a mestra responsável por comandar o jogo, que se vê diante de uma situação inusitada quando um androide resolve participar. O androide que afirma ser um lendário herói espacial.
A narrativa de Martin é minunciosa, focada principalmente na caracterização dos personagens e na construção lenta da trama (características também fundamentais em Guerra dos Tronos). Há também as elipses, momentos não contados da trama, que o leitor deve deduzir, outra característica dos livros sobre Westeros.
Há também um forte tom alegórico, a começar pela flor de vidro do título, que torna-se um símbolo de toda a discussão por trás da trama.
E, claro, uma referência óbvia: a coisa toda parece um enorme RPG.

Jornada nas estrelas – O mundo finito

 


O mundo finito, episódio da terceira temporada de Jornada nas Estrelas, apresenta um plot já usado anteriormente no seriado: um computador dominando um povo inconsciente sobre sua condição.

A trama já pode ser deduzida pelo título original do episódio: For the world is hollow and I have touched the sky (O mundo é oco e eu toque o céu). A frase, dita por um dos personagens à certa altura, resume toda a ambientação: um mundo oco que na verdade é uma nave espacial. Há dez mil anos, uma raça alienígena percebeu que seu sol iria se transformar numa supernova e escolheu um grupo para ser enviado para um lugar seguro em uma nave espacial. Por alguma razão, que não é devidamente explicada no episódio, a nave tinha o formato de um planeta. É possível deduzir que isso tivesse a intenção de manter a sanidade da gerações vindouras, evitando a claustrofobia, mas o roteiro não deixa isso claro.

Em algum momento (isso também não é explicado), o computador responsável pela navegação tomou o poder e instituiu uma espécie de religião na qual as pessoa são punidas se fizerem qualquer coisa que revele que estão numa nave (como subir numa montanha, o que permitira tocar o céu, ou ler o livro deixado pelos “criadores”).

O que há de interessante aqui é a relação de McCoy com Natira, a alta sacerdotisa. McCoy está sofrendo de uma doença incurável, o que faz com que ele decida ficar na nave asteróide, mesmo sabendo que esta vai se chocar com um planeta habitado.

A trama é muito parecida com A síndrome do paraíso, episódio da mesma temporada, mas se destaca por abordar a questão da religião e de como ela pode ser uma fonte de cegueira e obediência cega.

O roteirista Rick Vollaerts aborda de forma competente os dois aspectos principais da trama.

Em tempo: as roupas dos habitantes da nave, em especial dos soldados, poderia constar em qualquer baile de carnaval.

X-men – Magneto triunfa

 


Magneto triunfa é a primeira grande história da dupla Chris Claremont e John Byrne à frente dos X-men. Na história, publicada em X-men 112 e 113, Magneto sequestra os heróis, levando-os para sua base na Antartida, onde eles são presos em cadeiras que anulam seus poderes e os deixam como bebês – para aumentar a metáfora, o vilão coloca uma babá robótica para cuidar deles.

Claremont tinha uma boa noção de que o desenvolvimento da trama era também a evolução dos personagens. Assim, por exemplo, os mutantes inicialmente cometem o erro de atacar magneto separadamente e só depois aprenderem a trabalhar em equipe.



Fica claro nessa história que Ororo era a personagem predileta de Claremont. Uma das melhores sequências da história é totalmente focada nela. Presa na cadeira, tempestade relembra seus tempos de criança, quando era uma ladra na cidade do Cairo capaz de abrir qualquer fechadura. As cenas do presente, com a personagem tentando se libertar a um grande custo são alternadas com cenas de flash backs. São três páginas de conflito puramente psicológico, mas totalmente empolgantes e envolventes.

Por outro lado, John Byrne nos desenhos e Terry Austin na arte final pareciam cada vez mais entrosados. As cenas de luta, com splashs grandiosos e texturas kirbyanas pareciam realmente colossais – e revelavam a forte influência de Jack Kirby sobre Byrne.

domingo, outubro 30, 2022

Afeganistão

 

Um resumdo que é o Afeganistão: 

- País de religião única em que qualquer outra religião é proibida; 
- Milícias andando armadas pelas ruas e atirando em qualquer pessoa, por qualquer motivo, inclusive pela forma como as pessoas estão vestidas; 
- Religiosos mandam em todo mundo e decidem tudo, inclusive a forma como as pessoas devem se vestir; 
- Não existe Supremo Tribunal federal. Os suspeitos são julgados por um tribunal religioso; 
- Não tem vacina e cientistas são perseguidos; 
- Professores devem seguir cartilha religiosa e meninas são proibidas de frequentar as escolas. 

Fundo do baú - Pernalonga

 


Pernalonga, um dos protagonistas mais famosos dos desenhos animados, surgiu como personagem secundário.

A origem do coelho malandro estava nos Looney Tunes. Na época, a Disney fazia sucesso com as Silly Symphonies (Sinfonias bobas) e os irmãos Warner resolveram criar um produto para competir. Para isso chamaram um parente distante, Leon Schlesinger. Schlesinger copiou descaradamente a Disney, produzindo curtas musicais chamados Looney Tunes (Músicas loucas).

Eles criaram até uma imitação de Mickey e Minie, Bosko e sua namorada Honey.

Bosko e Honey, os primeiros personagens de Looney Tunes. 


Em 1933 os diretores que haviam criado Bosko foram a MGM e levaram o personagem junto. A Warner Bross precisava de um substituto. Uma nova geração de jovens animadores se juntou para criar personagens que se tornariam célebres e um estilo de animação único. O primeiro personagem criado foi o porco Gaguinho. Em 1937 surgiu Patolino. Logo depois viria um coelho maluco e violento, que atormenta a vida do Gaguinho durante uma caçada.

A primera versão do Pernalonga. 


Os irmãos Warner não gostaram do caráter violento do coelho. Os produtores mudaram a personalidade para malandro, assim como seu visual. Surgia assim o Pernalonga. O original, Bugs Bunny, poderia ser traduzido como Coelho Maluco.

A nova personalidade e até o visual do personagem eram parcialmente baseados no personagem falastrão interpretado por Clark Gable no filme Aconteceu naquela noite. No filme, inclusive, Gable aparece comendo uma cenoura, numa imagem muito parecida com a eternizada pelo Pernalonga.




Clark Gable serviu de base para o Pernalonga.


Com o tempo, o coelho ficaria tão popular que se tornaria a principal atração da série.

Ao mesmo, a equipe de animadores da Warner desenvolvia um estilo próprio, indo na contramão da Disney, que se destacava pela busca do realismo. Nas animações da Warner, o surreal e o non-sense eram a base. Assim, nos desenhos do Pernalonga tudo poderia acontecer.

Com o tempo, o coelho migrou do cinema para a televisão e conquistou uma geração de fãs com seu jeito malandro e seu famoso bordão: “O que que há, velhinho?”.

Demolidor contra o Dentes de sabre


No início de sua atuação no título do Demolidor, a roteirista Ann Nocenti estava nitidamente testando possibilidades. Afinal, substituir Frank Miller no título era um fardo e tanto. “Pressumi que as pessoas odiaram qualquer coisa que eu fizesse”, declarou ela.

Essa insegurança sobre que caminhos seguir fica bem nítida no número 238 de Daredevil.

Na história, o Dentres de Sabre está morando nos subterrâneos de Nova York e sequestra uma garota. Como ouve que o Demolidor é o defensor daquela região, ele decide enfrentá-lo.

O roteiro usa a briga entre vilão e herói como uma metáfora da violência instintiva. 


A motivação é fraca, mas é usada pela roteirista para abordar a questão da violência selvagem, instintiva. Esse mote fica claro logo no início da história, quando dois cachorros brigam num beco por um resto de comida. E, mais à frente, quando um gato caça um rato, mas não sabe o que fazer com ele. “Quando animais se tornam domesticados demais ou vivem num lugar artificial como esta cidade, eles ficam isolados demais da natureza de seus instintos. Ele anseia pela caçada, mas nunca vai saber por quê”, explica um homem a respeito dos gatos.

Assim, o arranca-rabo entre super-heróis era apenas uma desculpa para falar de outras questões, uma abordagem que Nocenti exploraria mais e com mais propriedade em histórias futuras.

Entenda por que os comentários estão sendo moderados

 


 - Gian, entrei no seu blog e tentei comentar numa matéria, mas não ele não foi publicado imediatamente 

- Infelizmente eu tive que acionar a moderação de comentários. 

- Mas por quê? 
- Olha o tipo de comentário que os bolsominions estavam postando. 



- Caramba, são dezenas de comentários iguais o cara já começa te chamando de stalinista! 

- Pois é, virei um "extremista de esquerda stalinista"! 
- Caramba! 
- É o culto à personalidade. Como eles consideram o Bolsonaro um semi-deus, qualquer um que não o idolatre é imediatamente chamado de comunsita, petista, stalinista, dentista, skatista, surfista, remista. E pode colocar na conta vários outros "comunistas": Jim Starlin vira marxismo cultural, Raul Seixas vira marxismo cultural, Alan Moore vira marxismo cultural. E, para eles, comunista precisa ser preso ou morto. Para eles a Globo é comunista, a Folha de São Paulo é comunista, o Estadão é comunista. Esse tipo de gente só se informa pelo zap zap e por canais bolsonaristas como o Terça-livre. Qualquer coisa fora disso é comunismo. 
- O cara está te chamando de lulo-petralha?!!!



- Pois é, eu que nunca votei no PT, que sempre critiquei o PT, que na época da faculdade vivia em pé de guerra com os petistas da turma, de repente virei petralha só porque me recuso a idolatrar o mito. 
- E você praticamente nem fala de política no seu blog. 
- Pois é. Mas a estratégia deles é Dart Vader: ou você idolatra o Capitão ou é comunista, stalinista, petista, skatista, surfista, dentista, remista. Teve um "amigo" bolsominions que ameaçou me dar um soco só porque eu disse que político é para ser cobrado não para ser idolatrado. Outro disse que o pior tipo de "comunistas" são os "isentões": isentão aí significa alguém que se recusa a idolatrar o mito deles, mas ao mesmo tempo não idolatra o Lula, que se recusa a tecer elogios à ditadura militar, mas também não elogia a Coréia do norte. Antigamente para ser comunista precisava ser fã do Karl Marx, precisava ler o Manifesto Comunista, precisava acreditar em ditadura do proletariado. Hoje em dia, para ser comunista, basta não idolatrar o mito.
- Ele te acusa de cometer um gesto lulo-petista. Que gesto lulo-petista é esse?
- Me recusar a idolatrar o mito. Para quem escreveu esse comentário, qualquer um que não idolatre o mito está cometendo um gesto lulo-petista. Ou seja, na cabeça dele, está cometendo um crime. São pessoas que só se informam pelo zap zap e por vídeos de teoria da conspiração.
- Caramba, estou lendo aqui. O cara está ameaçando te denuncia... Te denunciar para quem? 
- Para os militres, provavelmente. 




- Estou vendo aqui. Ele te acusa de doutrinar os alunos. Fui seu aluno e você nunca falou de política em sala de aula. 
- Deve ser porque uso camisas da Marvel em sala de aula. Dizem que estou doutrinando os alunos a gostarem da Marvel. Nisso, confesso, sou culpado. Mas em minha defesa posso dizer que gosto da DC quando ela é desenhada pelo Garcia-Lopez.... rsrs... 
- Nossa, o cara diz que vai fazer você perder o emprego! Chega até a te chamar de estelionatário! 
- Só faltou dizer que vai me prender e  torturar pessoalmente para que eu confesse todos os meues crimes...kkkk Tudo isso porque eu me recuso a idolatrar o Capitão. E é esse pessoal que diz que é a favor da liberdade. A liberdade que eles querem é a liberdade de poder denunciar e prender quem pensa diferente deles. E como você pode ver, postaram essas ameaças dezenas de vezes no blog antes que eu bloqueasse os comentários. É por isso que não é mais possível comentar no meu blog. Infelizmente, tive que bloquear essa possibilidade de contato com meus leitores por causa desse tipo de comentário ameaçador.   
- Assustador, melhor manter os comentários do blog moderados mesmo.  
- Pois é. Melhor do que dar voz a gente desse naipe, que só se informa pelo zap zap e acredita em todas as teorias da conspiração possíveis. 

Neil Gaiman – o escritor dos sonhos

 


Até há pouco tempo, as histórias em quadrinhos eram consideradas uma subliteratura e acreditava-se que nenhum escritor sério se ocuparia de escrever gibis. O sucesso de Neil Gaiman, um escritor vindo dos quadrinhos, tem mudado a forma como as pessoas encaram essa nova mídia.
Gaiman fez parte de uma geração de artistas britânicos que, na segunda metade da década de 1980, sacudiu os comics americanos. Naquela época, vários artistas, entre desenhistas e roteiristas, invadiram a DC Comics e, embora trabalhassem com personagens menores, fizeram com que eles vendessem tão bem quanto as maiores estrelas da casa, como Batman e Superman.
Neil Gaiman sempre foi fã de quadrinhos e escrevia textos, em jornais locais, sobre o assunto. Quando soube que os editores da DC Comics, uma das mais importantes editoras dos EUA, estavam visitando a Inglaterra em busca de talentos, aproveitou a chance para mostrar seu trabalho em conjunto com o amigo Dave Mckean. Para isso, ele escolheu uma personagem obscura da década de 1970, que não interessava a nenhum artista famoso na época: a Orquídea Negra.
A minissérie de luxo Orquídea Negra se tornaria um sucesso e revolucionaria o mercado com sua arte fotográfica e texto poético; mas, antes que fosse publicada, os editores sugeriram que Gaiman escrevesse um título mensal. Gaiman começou então sua carreira emSandman, sendo Dave Mckean responsável pelas memoráveis capas. A primeira seqüência delas mostrava uma prateleira de madeira na qual o artista juntava cacarecos, desenhos e colagens. Ninguém nunca tinha visto aquilo numa história em quadrinhos e muitos certamente compraram Sandman pela primeira vez por causa das capas. Mas o que fez com que eles continuassem a comprar foi o texto excelente de Gaiman.
Em Orquídea Negra e Sandman, Neil Gaiman elevou os quadrinhos a um nível literário poucas vezes alcançado. Qualquer um que botasse os olhos naqueles gibis sabia que estava diante de um grande escritor. O autor trazia conceitos, técnicas e abordagens da literatura, fazendo com que intelectuais se tornassem fãs de Sandman. Até mesmo as mulheres, que normalmente são avessas aos comics americanos, acabaram se rendendo a Sandman. Nas filas de autógrafos, especialmente no Brasil, havia geralmente mais mulheres que homens.
O trabalho em Sandman angariou para Gaiman vários prêmios literários. Assim, muitos se perguntaram como Gaiman se sairia num livro.   


Lugar nenhum
A primeira incursão de Gaiman na literatura foi uma parceria com Terry Pratchett no livro Belas maldições (1990), lançado no Brasil pela Bertrand Brasil. Nessa obra, um anjo e a serpente que tentou Eva no Paraíso são mandados à Terra para preparar o apocalipse, mas acabam gostando tanto do planeta que resolvem sabotar o plano. Interessante que os dois autores atualizaram vários conceitos, como por exemplos os quatro cavaleiros do apocalipse. Estes trocaram os cavalos por motos. Guerra é uma bela mulher que distribuiu seu atributo por onde passa; Fome é um executivo do ramo dos alimentos, que criou uma marca de comida que não engorda, mas também não alimenta. Peste aposentou-se com a invenção da penicilina, dando lugar à Poluição.
A primeira incursão solo de Gaiman na literatura foi Lugar Nenhum, escrito em 1996 e lançado no Brasil em 2007 pela Conrad.
Lugar Nenhum é adaptação de uma série de TV escrita por Gaiman para o canal britânico BBC. O personagem principal é Richard Mayhew, um jovem escocês que leva uma vida normal em Londres. Tem um bom emprego, mas meio chato, e namora uma garota ideal, embora meio chata.
Mas um dia ele encontra uma garota ferida na rua e, após socorrê-la, sua vida muda completamente. Seus colegas e até sua namorada o ignoram, como se ele não existisse, e seu apartamento é alugado para estranhos. Ele não consegue nem mesmo pegar um táxi. É que ele passou a fazer parte da Londres de Baixo, onde vivem os tipos mais excêntricos: assassinos letrados, monges negros, nobres decadentes, falantes de ratês e muitos outros. Agora, para recuperar sua vida de volta, Richard precisa ajudar Door, a garota esfaqueada, a descobrir quem matou sua família.
Gaiman preferiu, em seu primeiro romance, seguir a mesma linha fantástica que o caracterizou em Sandman. Ele decidiu pisar em terreno conhecido e que domina como ninguém. Vale lembrar que muitos afirmam que Harry Potter é uma cópia de Os livros da magia, obra em quadrinhos escrita por Neil Gaiman.
Se em Sandman e Orquídea Negra, Gaiman trouxe para os quadrinhos técnicas e temas literários, em Lugar Nenhum ele faz o caminho inverso. Trouxe para a literatura os avanços alcançados por ele nas HQs As semelhanças narrativas são óbvias.
 Está ali, também, em Lugar Nenhum, os pequenos contos em meio às histórias maiores, que caracterizavam o roteiros de Gaiman. Em Lugar Nenhum acompanhamos, por exemplo, a história de Anaesthesia, uma garota que acompanha Richard pelo perigoso caminho até o Mercado Flutuante, onde ele deverá se encontrar com Door. A mãe de Anaesthesia ficou louca e ela foi mandada para morar com uma tia, que morava com um homem: "Ele me machucava. Fazia outras coisas também. No fim, eu contei pra minha tia e ela começou a me bater. Disse que eu estava mentindo. Disse que ia me entregar para a polícia. Mas eu não estava mentindo. Então eu fugi. Era meu aniversário". Com o tempo a menina foi se tornando invisível às pessoas, e um dia, quando acordou, fazia parte da Londres de Baixo.
A história da menina mostra a preocupação de Gaiman de construir um perfil até mesmo para os personagens menores. Cada um tem sua história de vida, sua personalidade e até seus cacoetes. As descrições detalhadas fazem com que, com o tempo, o leitor comece a ver essa outra Londres como um mundo ainda mais real do que aquele em que vivemos. São poucos os escritores que conseguem nos mergulhar assim em um mundo construído por eles.

Contos
Gaiman é um ótimo contista, o que faz de seus livros de contos itens obrigatórios na coleção de qualquer fã. No Brasil foram lançados duas dessas coletâneas.
Em Fumaça e espelhos (lançado no Brasil pela Via Lettera), Gaiman mostra todo o seu potencial para histórias fantástica, que prendem a atenção do leitor. Até mesmo uma pequena narrativa, incluída na introdução, destaca-se. Nela, um casal recebe de presente de casamento uma história em um envelope. Trata-se de uma perfeita descrição da cerimônia. Quando teve o primeiro filho, a esposa abriu o envelope e o que estava ali era uma versão distorcida dos dois anos felizes que os dois haviam passado juntos. No papel, a mulher havia recebido uma mordida na face, resultando numa cicatriz muito feia. E começou a beber para suportar a dor. A narrativa vai avançado e logo o leitor desconfia que o presente é exatamente esse: tudo de ruim que poderia acontecer na vida do casal acontece ali, na história.
O conto dá a tônica da coletânea.
Outro grande destaque é Procurando a garota. Nesse, um rapaz de 19 anos se apaixona por uma menina em uma foto da Penthouse. Charlotte era diferente das outras. Era sexo. Vestia sexualidade como um véu translúcido, como um perfume intoxicante. Anos depois, ele vê a mesma garota na revista, agora com outro nome, mas ainda com 19 anos. Inicia-se então uma busca por essa menina que encarna a sensualidade e que, provavelmente, está lá, em todos os lugares, todos os tempos, deslizando pelas fantasias dos homens, sempre uma menina. No conto, resumem-se todos os elementos que compõe o estilo de Gaiman: os arquétipos, o fantástico invadindo a vida de pessoas normais e a poesia.
Em Coisas Frágeis,  Gaiman resolveu fazer uma homenagem aos escritores que o influenciaream. A obra é dedicada a Ray Bradbury, Harlan Ellison e Robert Scheckley.
Ray Bradbury notabilizou-se por trazer a poesia para a ficção científica. "A Vez de Outubro", segundo conto da coletânea, tem influência óbvia desse autor norte-americano. Na história, os meses do ano se reúnem ao redor de uma fogueira, comendo lingüiças assadas e bebendo sidra. A estrutura ¨pessoas reunidas para contar histórias¨ é um verdadeiro fetiche para Gaiman, que já a usou diversas vezes em Sandman.
            "Um Estudo em Esmeralda" surgiu de um pedido de Michael Reaves, que estava editando uma coletânea. O organizador queria um texto que juntasse Sherlock Holmes com
Lovecraft. Gaiman viu-se em apuros. Afinal, Lovecraft lidava com o irracional, a loucura, enquanto Conan Doyle apreciava a racionalidade em suas histórias. Apesar da incongruência de estilos, Gaiman fez um bom trabalho. Foi a partir desse conto que o autor se tornou membro do Baker Street Irregulars, um grupo de entusiastas de Sherlock Holmes fundado em 1934 por Christopher Morley e que já teve em seus quadros gente famosa, como Franklin D. Roosevelt e Isaac Assimov.
Um dos pontos altos de Coisas Frágeis é "Golias", um conto escrito para o site deMatrix, explorando o universo da série. Gaiman leu o roteiro do primeiro filme, antes que ele fosse lançado no cinema e escreveu essa narrativa. Nela, a Terra está sendo atacada por uma forma de vida alienígena e a única forma de salvar o planeta é despertando um dos humanos escravizados pela Matrix. Gaiman brinca com a idéia de tempo psicológico, fazendo uma história que, surpreendentemente, tem final feliz. Mesmo que uma felicidade virtual. "Golias" tem o mesmo nível do primeiro filme e é superior aos outros dois da trilogia.
"O Pássaro-do-Sol" tem jeito de deliciosa sobremesa. É um conto sobre um grupo de pessoas, o Clube Epicuriano, que dedica sua vida a experimentar pratos inusitados. Foi escrito como presente de aniversário para a filha de Gaiman, quando ela fazia 18 anos. Ele pretendia imitar o estilo de R. A. Lafferty. "Suas histórias eram incríveis, estranhas e inimitáveis ― logo na primeira frase, você já sabia que estava lendo um conto de Lafferty". O resultado foi um conto saboroso e diferente.
Stardust
Stardust talvez seja a mais famosa obra de Gaiman, depois de Sandman. Mistura de quadrinhos com literatura, essa história teve origem em outubro de 1991. Gaiman estava numa festa, com vários escritores, desenhistas e editores quando aproveitou para fazer uma proposta para Charles Vess, um desenhista especializado em fantasia com o qual ele gostaria muito de trabalhar.
Gaiman contou a história de uma cidade do século XIX separada por um muro. Do lado de cá, era uma cidade normal, do lado de lado, um mundo de magia. O personagem principal era um garoto que atravessava o muro para trazer para moça um presente: uma estrela cadente (que, do outro lado, transformava-se numa linda mulher). Contou também sobre as bruxas, que queriam a estrela para renovar sua beleza e vários outros interessados na estrela.
Vess ficou empolgado, pois era o tipo de história na qual ele gostava de trabalhar, mas não queria fazer uma história em quadrinhos. Sua proposta era fazer algo que há muito tempo não era feito para o público adulto: um livro ilustrado, com uma figura em cada página.
Gaiman concordou que seria divertido fazer a história na forma de livro, mas pensou que ninguém se interessaria em publicar. No final das contas, a própria DC acabou publicado a história com uma minissérie de luxo, com miolo e capa de boa qualidade, em 1997. A acolhida do público foi tão boa que a série acabou sendo reunida em um único volume em 1997. Recentemente, o livro foi publicado numa forma mais convencional, num livro sem ilustrações, ainda com bastante sucesso.
Se a carreira de Stardust já era vitoriosa na literatura, tornou-se realmente espetacular com o lançamento de um filme, com elenco e orçamento milionário.


Deuses americanos
Outro livro de sucesso de Gaiman foi Deuses Americanos, lançado no Brasil pela Conrad. Nele, um homem sai da prisão depois de três anos e descobre que não tem para onde ir, pois sua mulher morrera num acidente e ele não tinha dinheiro ou casa. Então ele é abordado por um homem que lhe dá um serviço pouco comum: ser segurança de um deus. É quando o personagem se vê no meio de um guerra entre deuses astecas, sumérios, africanos e nórdicos, além de entidades relacionadas ao mundo moderno.
Gaiman continuou o tema ¨deuses vivendo junto a humanos¨ em Os Filhos de Amansi (Conrad), considerado por muitos críticos sua obra-prima. O volume conta a história de um tímido americano que vive como pacato contador em uma empresa londrina. Quando seu pai morre, o rapaz descobre que ele era Anansi, uma divindade trapaceira e brincalhona da mitologia africana e sua vida muda completamente.
O livro chegou a primeiro lugar na lista dos mais vendidos do New York Times.
Mais recentemente, Gaiman resolveu investir em literatura infantil com o livro Coraline (2002), uma assustadora fantasia para crianças (o escritor admitiu que está treinando as crianças para aprenderem a gostar de seus livros desde pequenos), com ilustrações de seu parceiro Dave McKean. A obra conta a história de uma menina que se muda para um prédio antigo e descobre um apartamento que deveria estar vazio, mas na verdade está cheio de criaturas estranhas. Do outro lado da porta há um mundo mágico onde há brinquedos incríveis e vizinhos que nunca falam seu nome errado. Mas ela logo descobre que aquele mundo é tão mortal quanto encantado. O livro foi adaptado como animação pela Pandemonium Films e está sendo  distribuído pela Disney.

O resultado tem sido não só uma boa aceitação do público, mas também o aplauso da crítica. Gaiman é um autor premiado. Em 1991, faturou o Fantasy World Award pela revista Sandman. No ano seguinte o regulamento foi alterado, impedindo que quadrinhos concorressem, de modo que Gaiman é o único roteirista de quadrinhos a já ter conseguido um prêmio. Em 2002 ele foi agraciado com o Hugo, por Deuses Americanos. No mesmo ano ele levou para casa o Nebula, outro grande prêmio de ficção-científica e fantasia. Em 2003, o Nebula veio por conta de Coraline. Em 2004, ele ganhou o prêmio Hugo pelo conto Um estudo em esmeralda. Além dos prêmios literários, Gaiman faturou 13 prêmios Eisner por seu trabalho com quadrinhos. 

Informação relevante

 


“Como faço para conservar meu casamento?”; “De que maneira posso me tornar mais feliz?”; “O que posso fazer para que formigas não ataquem minhas flores?”; ”Que tipo de filme devo assistir no final de semana?”; "Qual o melhor local para viajar no final de semana?".
              Essas são perguntas que dificilmente serão respondidas consultando-se um catálogo de biblioteca. No entanto, são perguntas importantes para as pessoas. As respostas a essas perguntas fazem parte do universo relevante.
              Esse é o tipo de informação que não se encontra em bibliotecas ou na educação formal (muitas bibliotecas talvez contenham essas respostas, mas a organização dos catálogos, essencialmente classificadora, torna quase impossível encontra-las).
              Geralmente essas notícias são fornecidas por amigos ou conhecidos. Se quero viajar no final de semana e não sei para onde ir, é mais prático pedir sugestão a um amigo do que consultar uma biblioteca ou um site.
              O cérebro humano lida melhor com a informação relevante do que qualquer computador ou biblioteca. Para uma pessoa que viaja muito, lembrar-se de locais agradáveis é uma informação muito relevante e, portanto de fácil recuperação.
              Embora nossa cultura dê pouca importância ao universo relevante, ele é de grande importância.
              Na verdade, o universo classificador está tão entranhado em nosso pensamento que a própria divisão de informação classificador, relevante e relacional tem como base o universo classificador.
              Entrentanto, o desenvolvimento da inteligência artificial só pode ocorrer se for construída uma máquina capaz de processar os três tipos de informação.

Fanzine Sequência

 

Sequência foi um fanzine editado por mim e por Antonio Eder na década de 1990. Era um fanzine de quadrinhos sobre quadrinhos. Ou seja: todas matérias eram sobre nona arte e até mesmo as HQs eram metalinguísticas (HQs sobre balões, por exemplo). A última página era de dicas do Antonio para iniciantes. Em uma delas, por exemplo, ele falava sobre tipos de papéis usados para desenhar quadrinhos e cortou e colou exemplos de cada um. Apesar de ter durado pouco, foi um zine que marcou época.

A morte te dá parabéns e o roteiro em loop

 

O roteiro em loop é uma das estruturas narrativas mais interessantes.
Difícil descobrir quando foi inventado, mas há registro de tramas que vão e voltam desde a década de 1930, com uma história do Sombra, publicada em pulp fiction, em que um cientista à beira da morte revive continuamente o dia 31 de dezembro a fim se vingar do homem que o prejudicou. No filme britânico Dead of Night (1945), um arquiteto acorda com uma ligação. É um convite para verificar algumas reformas em uma casa, chegando lá encontra vários convidados e revela que viu a todos em um sonho recorrente ao mesmo tempo em que começa a antecipar acontecimentos. A trama se desenrola até o final dramático e novamente começa com o arquiteto acordando e recebendo a ligação.
Mas o recurso ficou realmente famoso com o filme Feitiço do tempo, de 1993 (roteiro de Danny Rubin e Harold Ramis, direção de Harold Ramis), com Bill Murray como protagonista que fica preso no dia da marmota, revivendo eternamente as mesmas 24 horas.
Mas muitos outros aproveitaram essa estrutura, que já apareceu em Simpsons, Arquivo X e no filme alemão Corra Lola, corra!
A mais nova incursão nessa estrutura narrativa é o filme A morte te dá parabéns
, dirigido por Christopher Landon (de atividade paranormal) com roteiro do escritor de quadrinhos Scott Lobdell. 
Na história Tree (Jessica Rothe) é uma patricinha convencida e arrogante, que trata mal e desdenha de todos que conhece e acaba sendo morta. Ela acorda no mesmo dia e acaba sendo morta novamente e isso várias vezes. 
O grande desafio do roteiro em looping é manter o interesse do expectador, que corre o risco de se entediar com a redundância das repetições de trama. O segredo está em repetir a trama básica, mas ir introduzindo modificações que tornam a história interessante. E, ao mesmo tempo, criar marcações que mostrem desde o início que o dia está se repetindo. Ou seja: Tree irá acordar no quarto de um menino desconhecido, pede um remédio para dor de cabeça, sai, vê um casal ser molhado por regador automático, um carro disparar o alarme e um aluno desmaiar. E, ao final do dia, é morta. O que acontece no recheio desses dois extremos é o ambiente em que o roteirista trabalha as mudanças e aprofunda a personagem. 
Embora tenha uma pegada de filme teen (o que talvez desagrade alguns), A morte te dá parabéns
 consegue manejar bem esses elementos entregando, inclusive uma virada final que fecha as pontas soltas e faz o expectador pensar: “nossa, era óbvio!” 
Enfim, um filme que se segura pelo roteiro, algo raro nos dias atuais.

sábado, outubro 29, 2022

Capitão América – o Caveira Vermelha vive!

 

Stan Lee e Jack Kirby fizeram várias histórias curtas para as revistas mix de terror e monstros da Marvel (na época em que ela nem se chamava Marvel). Quando os super-heróis estouraram, eles trouxeram essa expertise para o gênero, produzindo histórias fechadas, que tinha o clima dos contos de fantasia e terror, mas, ao mesmo tempo, continuavam, perfazendo uma trama maior e mais complexa.

Exemplo disso é a história O caveira vermelha vive, publicada em Tales of suspense 79.

Uma das técnicas usadas nessas histórias curtas é apresentar uma situação inusitada, aparentemente incompreensível, que aguça a imagina do leitor e faz com que ele vá até o final para saber o que realmente está acontendo.

Na história em questão, o capitão está enfrentando homens uniformizados numa splash page grandiosa típica de Kirby, com o herói pulando sobre os vilões, que atiraram a esmo, sem conseguir acertá-lo. Mas nas páginas seguintes descobrimos que ninguém mais está vendo os vilões. Para o público que passa na rua, o capitão está lutando contra ele mesmo.

Ninguém além do Capitão consegue ver os vilões. O herói teria enlouquecido? 


Chega um ponto em que o próprio herói começa a duvidar de sua sanidade – e procura um médico, que aconselha psicanálise, ao que ele retruca: “Mas a psicanálise pode levar meses! Não tenho tanto tempo!”.

Claro que, no final de tudo descobre-se que era tudo um plano do Caveira Vermelha para desacreditar o sentinela da liberdade – um plano que acaba naufragando graças à astúcia do capitão.

Era por esse tipo de história, repletas de ação e suspense, que o Capitão América se tornou um dos melhores personagens da Marvel. 

Dia nacional do livro: A minha lista dos melhores

 Hoje é o Dia Nacional do livro. 

Para comemorar, a lista dos 50 livros que considero essenciais. 
Fiquei tentado a colocar quadrinhos, mas preferi fazer uma lista só de HQs, que sairá em breve.


1.     História do mundo para crianças, de Monteiro Lobato

2.     Urupês, de Monteiro Lobato

3.     1984, de George Orwell

4.     Farenheit 451, de Ray Bradbury

5.     Admirável mundo novo, de Adous Huxley

6.     Robison Crusué, de Daniel Defoe

7.     As viagens de Gulliver, de Jonathan Swift

8.     O nome da rosa, de Umberto Eco

9.     O último mamífero do Martinelli, de Marcos Rey
10.   As aventuras de Sherlock Holmes, de Arthur Conan Doyle

11.   Fundação, de Isaac Asimov
12.   Os pilares da terra, de Ken Follett
13.   Guerra dos mundos, de H. G. Welles
14.   Guerra dos tronos, de George Martin
15.   Eu robô, de Isaac Asimov

16.   Crônicas Marcianas, de Ray Bradbury
17.   O caso dos dez negrinhos, de Agatha christie
18.   O Aleph, Jorge Luis Borges 
19.   Um Estudo em Vermelho, Arthur Conan Doyle
20.   O Homem Ilustrado, Ray Bradbury

21.   Viagem ao centro da terra, de Julio Verne
22.   Histórias Extraordinárias, Edgar Allan Poe
23.   À espera de um milagre, de Stephen King
24.   Cemitério, de Stephen King
25.   Quatro estações, de Stephen King

26.   Um conto de duas cidades, de Charles Dickens
27.   Revolução dos bichos, de George Orwell
28.   Noites na Taverna, Álvares de Azevedo
29.   O Relato de Arthur Gordon Pym, Edgar Allan Poe
30.   A Ilha do Dia Anterior, Umberto Eco
31.   Eu Sou a Lenda, Richard Matheson
32.   Assassinato no Expresso do Oriente, Agatha Christie
33.   Elefantes não esquecem, de Agatha Christie
34.   O espião pacifista, de Donald Westlake
35.   Safra vermelha, de Dashiell Hammett
36.   O sequestro do metrô, de John Godey

37.   Carrie, de Stephen King
38.   O cair da noite, de Isaac Asimov
39.   A máquina do tempo, de H. G. Wells
40.   Conto de Natal, de Charles Dickens
41.   Operação cavalo de troia, de J.J. Benitez
42.   O hobbit, de J.R.R. Tolkien
43.   O chamado de Cthulhu, de H.P. Lovecraft

44.   As crônicas de Narnia, de C.S. Lewis
45.   O mistério do cinco estrelas, de Marcos Rey
46.   As aventuras de Xisto, de Lúcia Machado de Almeida
47.   O capote, de Nicolai Gógol
48.   O Nariz, de Nicolai Gógol
49.   Medo e delírio em Las Vegas, de Hunter Thompson
50.   Oliver Twist, de Charles Dickens