sábado, dezembro 31, 2022
Lugar Nenhum, de Neil Gaiman
Ironias quadrinísticas
A arte impressionante de Michael Whelan
Michael Whelan já ilustrou livros, revistras e capas para diversos autores de ficção científica como Isaac Asimov e Ray Bradbury. Mas é mais conhecido por suas ilustrações de dragões produzidas para a trilogia Dragonflight.
Batman – Ninguém escapa do Desafiador
No número 86 da revista The Brave and the Bold, Batman enfrentou ninguém menos que o Desafiador. Esse personagem é um fantasma que tem como poder a capacidade de incorporar em pessoas, fazendo com que elas façam aquilo que ele quer.
É exatamente isso que acontece na história. Batman e Robin
estão enfrentando uma gangue quando de repente Robin pega uma arma e tenta
atirar no amigo. Quando ele é desarmado com um tapa, o Comissário Gordon entra
no local e também tenta atirar no cavaleiro das trevas.
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Robin tenta matar Batman... |
Segue-se uma sequência realmente empolgante do Batman fugindo
pela rua e sendo atacado por diversas pessoas aleatórias. A sequência é
brilhante principalmente pelo trabalho genial do desenhista Neal Adams, cuja
arte e diagramação eram movimento puro.
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... e outras pessoas fazem o mesmo. |
O roteiro de Bob Haney, que começa bem degringola quando
tenta explicar porque o Desafiador está tentando matar o cavaleiro das trevas.
É preciso forçar muito para aceitar a premissa. Além disso, a confusão da trama
a partir de certo ponto também não ajuda.
As vacinas e a evolução da ciência
O grande argumento dos que são contra a vacina para covid é dizer que uma vacina leva anos, décadas para ser criada.
De fato, a vacina para febre tifóide levou 104 anos.
Conan – O espelho de Karam-Akkad
Quando Barry Smith saiu da revista Conan the barbarian, Roy Thomas exigiu que a revista fosse desenhada pelo artista mais caro da Marvel, John Buscema. Quando havia lançado a revista, anos antes, ele queria que Buscema desenhasse o título, mas Martin Goodman queria um desenhista mais barato – e foi assim que Smith veio para o título.
Agora a situação mudara e Thomas se tornara editor-chefe da editora – a o gibi do cimério se transformara num dos mais vendidos do mercado.
Apesar do trabalho verdadeiramente espetacular de Barry Smith no título, o que os leitores devem ter pensado ao ler Conan – the barbarian 25 foi: John Buscema nasceu para desenhar o bárbaro, a começar pela splash page inicial, com o feiticeiro encapuçado segurando uma jóia na qual aparece Conan.
O tal do Karam-Akkad (incrível como os feiticeiros da era hiboriana tinham nomes ridículos!) tinha um espelho no qual via o futuro. E nesse espelho aparecera Conan matando-o, em meio à imagem com o leão, uma águia e uma serpente. Essa é a razão pela qual o feiticeiro colocara a cabeça do cimério a prêmio.
Uma das melhores sequências é quando o feiticeiro explica ao Tarim encarnado a origem do espelho – e vemos uma sequência simplesmente impressionante do Rei Kull. Como sabia que ia entrar muito texto, John Severin, desenhista desse trecho, aliviou o cenário, dando uma leveza única para as duas páginas.
Mas não é só os artistas que brilham. Roy Thomas dá um show num roteiro em que tudo se encaixa, inclusive a simbologia expressa no espelho.
Uma curiosidade é que, ao assumir o título, John Buscema exigiu que a arte-final fosse feita pelo irmão, Sal. De fato essa edição conta com a arte-final de Sal Buscema, mas logo no número seguinte ele seria substituído pelo filipino Ernie Chan.
No Brasil essa história foi publicada em Superaventuras Marvel 14.
sexta-feira, dezembro 30, 2022
Fundo do baú - Agente 86
Kull, o conquistador, e a gata falante
As histórias do rei Kull se passavam num passado longíncuo em que a magia era tão presente quanto a realidade. Isso dava margem para que o trio Gerry Conway (roteiro) e Marie e John Severin (desenhos) criassem as mais curiosas histórias. Nenhuma delas, no entanto, parece tão inusitada quanto “A gata falante” publicada em Kull the conqueror 7.
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Monstros, feiticeiros, zumbis tudo bem. Mas uma gata falante? Impossível! |
A história inicia com Kull chegando no palácio e encontrando os soldados lutando contra um desconhecido. O tal homem chegou a matar dois soldados ao tentar entrar no palácio. Logo se descobre seu objetivo: ele é um plebeu apaixonado por uma nobre, Lady Delcardes. Apesar dos assassinatos, Kull não sentencia o homem à prisão, mas apenas ao exílio. Pouco tempo depois, assassinos tentam matar o rei e são impedidos por Brule, o lanceiro, que foi avisado pela... gata de Lady Delcardes!
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Kull enfrenta muitos perigos... |
Todos ficam espantadíssimos ao saber que a gata fala e faz previsões. Algo no mínimo inusitado numa série em que aparecia todo tipo de criatura sobrenatural e o inimigo do protagonista era um mago.
Algum tempo depois a gata avisa o rei que Brule corre perigo no lago proibido, o que leva a uma sequência de ação em que o rei enfrenta todo tipo de monstro e consegue uma espada mágica que pertenceu a antigos reis. No final ele descobre que Brule nunca esteve ali.
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... e ganha uma espada maneira! |
Apesar do bom texto e do desenho mais do que competente dos irmãos Severin, essa é uma trama em que quase nada parece fazer sentido, deixando várias pontas soltas: como o servo que controlava a gata sabia da tentativa de assassinar o rei? Por que o feiticeiroThusa Doom envia o rei numa jornada que no final o colocará numa situação ainda mais favorável?
Entenda por que os comentários estão sendo moderados
- Gian, entrei no seu blog e tentei comentar numa matéria, mas não ele não foi publicado imediatamente
- Infelizmente eu tive que acionar a moderação de comentários.
- Caramba, são dezenas de comentários iguais o cara já começa te chamando de stalinista!
O que são paradigmas?
Aquaman, o filme
A história de Cleópatra
quinta-feira, dezembro 29, 2022
Homem-aranha e Punho de Ferro - Por uns punhos a mais
Marvel Team-Up era uma revista que mostrava encontros dos mais inusitados heróis da Marvel com o Homem-aranha. Como o gibi do aracnídeo era de longe o mais vendido da editora, essa era uma forma de também de promover heróis menos conhecidos, ou que tinham surgido há pouco tempo.
No número 31 o Aranha se encontra com Punhos de ferro, um herói criado na onda dos filmes e seriados de kung-fu. Como é comum no padrão da revista, os dois personagens se encontram, brigam entre si e só depois param para conversar. Essa história não foge do padrão, mas se destaca pelo texto divertido e original de Gerry Conway: “Eu vou gravar essa história porque, se o que me disseram é verdade, não vou me lembrar de nada amanhã de manhã... e não posso esquecer dessa aventura de jeito nenhum. Tudo começou quando madruguei pra tomar café da manhã a poucas quadras do meu novo cafofo. Eu não dormi... tava quase amanhecendo... e eu sabia que, se quisesse sobreviver ao dia seguinte, precisava de comida. Mas o meu café... veio acompanhado de muita violência”.
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O café da manhã de Peter Parker é interrompido por um porradal. |
Na sequência, o Punhos de ferro entra no café brigando com dois bandidos e quebrando tudo.
Só no final da história vamos perceber que é Peter Parker que está narrando a história e porque ele está fazendo isso – o que gera uma bela ironia.
O vilão é outra sacada interessante: ele é um homem que nasceu velho e rejuvenece a cada dia. Sim, uma versão quadrinística de Benjamin Button. Mas aqui a coisa vai um pouco mais além: tudo nele é reverso, inclusive suas falas, que são de trás para a frente.
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O culpado é um vilão que fala ao contrário. |
Esse vilão provoca a briga do aracnídeo contra o Punho como forma de captar a energia deles e tentar reverter o processo, algo muito mal explicado e bem forçado.
Os desenhos são de Jim Mooney, um desenhista subestimado da Marvel, que, embora não fosse genial, conseguia bons resultados. O problema aqui é que a arte-final é de Vince Colletta.
Em tempo: o título da história é uma referência direta ao filme Por uns dólares a mais, do cineasta italiano Sergio Leone.
No Brasil essa história foi publicada em Almanaque do Homem-Aranha 2, da RGE.