segunda-feira, abril 29, 2024

The Witcher

 


The Witcher é a adaptação da Netflix da série de livros de fantasia do polonês Andrzej Sapkowski. O personagem foi criado no início da década de 1980 para um concurso de uma revista de fantasia. O conto ficou em terceiro lugar, mas o autor gostou do resultado e foi ampliando o universo do personagem com outros textos. Na década de 1990 o herói estreiou cinco romances. Depois foi adaptado para os games, que o tornaram realmente famoso fora da Polônia.
A série da Netflix se debruça sobre os contos e romances e a plataforma já anunciou a segunda temporada.
A trama se passa num mundo fantástico dominado por magia e povoado de seres fantásticos, como elfos, dragões e similares. Nesse mundo, feiticeiras são treinadas para se tornarem conselheiras de reis e meninos são treinados para se tornarem bruxos. Há um problema aqui. A palavra escolhida pelo tradutor pode dar a entender que se trata de alguém que lida com magia, o que não é verdade. Embora possam fazer alguns atos mágicos, os witchers são na verdade guerreiros, caçadores de monstros.
O protagonista da história é Geralt de Rivia, um bruxo envolvido com uma trama muito maior, que pode terminar com o fim da civilização. Duas personagens femininas se destacam: a feiticeira Yennefer, uma porqueira vendida pelo padastro por quatro moedas que descobre ser uma das feiticeiras mais poderosas de sua época e Cirila, a herdeira de um reino invadido que procura por Geralt, com o qual tem uma relação de destino.
A série foi anunciada pela Netflix como uma nova Guerra dos Tronos, o que certamente é um exagero, mas não deixa de ser uma boa atração para quem gosta de fantasia.
Henry Cavill surpreende no papel do bruxo. Ou talvez tenha encontrado o papel de sua vida: um caçador de monstros que não tem emoções, e, portanto, não precisa demonstrá-las. Se Henry Cavill no papel de um choroso Superman era vergonhoso, aqui ele parece perfeito.
A trama geral é séria e dramática, no estilo Guerra dos Tronos, mas há capítulos, como o da caça ao dragão, que têm o clima do desenho Caverna do Dragão ou dos seriados de fantasia que passavam na Globo nas tardes dos anos 1990, a exemplo de Xena.
Os roteiristas optaram por fazer uma narrativa não-linear, o que deixa interessante a história, permitindo que seja contada a origem de personagens como a feiticeira sem um longo primeiro ato com praticamente nenhuma ação.
Resumindo: The Witcher pode não ser o novo Game of Thrones, mas agrada. E se tiver um final melhor que o de GOT, já está valendo e muito.

Super-homem vs Apocalypse - a revanche

 

Na década de 1990 até o Super-homem, o mais antigo super-herói, precisava ser descolado. E o que significava ser descolado? Simples: roupas estranhas, anatomia duvidosa, cabelos compridos e roteiros sem muito sentido.
Ótimo exemplo desse Homem de aço descolado é a minissérie “Super-homem vs Apocalipse - a revanche” publicada pela editora Abril no ano de 1995.
A história, escrita e desenhada por Dan Jurgens, contava como o herói conseguiu finalmente derrotar o vilão responsável pela sua morte. Sim, amigos, ele tinha morrido, assim como o vilão, mas naquela época ninguém permanecia morto por muito tempo nos quadrinhos.
Com os dois – herói e vilão – de volta à vida, Superman passa a caçar seu oponente. Nisso, Apocalypse chega a Apokolips, o mundo governado por Darkside e quase mata o principal vilão da DC.
Á certa altura um personagem estrategimente escolhido para servir de muleta narrativa mostra para o Superman a origem de Apocalypse: ele foi criado artificialmente para ser invencível. Quer criar alguém invencível? A receita é simples: crie um bebê e jogue-o no meio de monstros. Depois recolha o que sobrar e crie outro bebê que será jogado no meio de monstros, e assim infinitamente, até que o bebê “evolua” para matar os monstros. Darwin deve estar tendo um ataque cardíaco lá no céu dos cientistas. Se essa origem já não fosse maluca o bastante, Dan Jurgens ainda dá um jeito de ligá-la ao superman: o planeta repleto de monstros no qual a criança apocalipse foi criada era nada mais nada menos que.... advinhem... Kripton!!!! Parabéns, Dan Jurgens, exceto pelo fato de que isso simplesmente vai contra toda as outras representações de Kripton já publicadas.
Por que razão o Super-homem precisaria de pochetes? 


E o meio do caminho, para vencer o monstro, o homem de aço é equipado com uma roupa que parece ter saído diretamente de algum designer da Image Comics, com direito a pochetes na perna e capa armada para cima, além de um cinto cruzando o peito. Detalhe: nada disso serve para absolutamente nada durante a história.
Além disso, o desenho de Jurgens imita John Byrne sem nunca acançá-lo e sofre do mal dos músculos que não existem (minha filha, que está estudando anatomia na faculdade, ficou indignada ao ver a revista).
No final, essa minissérie acabou se tornando célebre por uma razão que tinha pouco a ver com seu conteúdo: foi uma das tentativas da Abril de lançar capas diferenciadas. A capa do número 1 era platinada e chamava atenção nas bancas. Tanto que dos três volumes dessa série, apenas o primeiro, com essa capa diferenciada, é raro de encontrar em sebos a preços. Os outros dois você acha fácil com preços que vão de 2 a 3 reais. 

Basílica de Sacré-Cœur

 


A Basílica de Sacré-Cœur (Sagrado Coração) é uma das mais famosas igrejas de Paris. Construída no final do século XIX, ela resgatou a arquitetura romana e bizantina, com paredes sólidas.
A igreja é adornada com belíssimos vitrais, pinturas e esculturas – e uma réplica do santo sudário. E, embora tenha um estilo arquitetônico oposto ao de Notre Dame, também tem várias gárgulas que podem ser vistas na lateral do prédio.

A basília fica no alto do Monte Martre, o local mais alto de Paris e de lá é possível observar toda a cidade. Nos arredores há dezenas de lojas de lembrancinhas, café, restaurantes e quiosques nos quais são vendidos os tradicionais sanduíches parisienses, com pão baguete.

Liga Extraordinária: século

 

Liga Extraordinária é um dos projetos mais curiosos de Alan Moore, por uma série de motivos. Para começar, como surgiu. O desenhista inglês Kevin O`Neil ouviu o boato de que Alan Moore iria fazer um projeto com ele. Não era verdade, mas quando foi conferir a história com o próprio Moore, os dois tiveram a ideia de realmente fazer uma série. Além disso, a proposta é interessante: reunir heróis da literatura popular do século XIX em uma liga para combater grandes perigos.
A primeira geração tinha o Capitão Nemo (do livro 20 mil léguas submarinas, de Júlio Verne), Nina (de Drácula, de Bran Stock) o aventureiro Allan Quatermain (De As minas do rei Salomão, de Henry Rider Haggard), Dr. Jekyll (de O médico e o monstro, de Robert Louis Stevenson), e Hawley Griffin (de O Homem Invisível, de H.G. Wells).
A história fez grande sucesso e ajudou a popularizar o subgênero steampunk nos quadrinhos. Também deu origem a um filme, absolutamente esquecível.
Liga Extraordinára Século integral, publicado pela editora Devir em 2015 reúne uma história posterior da Liga, ambientada entre os anos 1910 e 2009. É centrado em Nina, Alan e um agregado: o imortal Orlando, que de tempos em tempos se transforma em mulher. Os três investigam um mago que pretende gerar o anti-cristo e as investigações passam da era vitoriana para a era hippie, chegando n a era atual (embora em uma realidade paralela).
Essa saga foi escrita quando Alan Moore já estava em guerra declarada contra a DC, que comprara a editora Widstorm, e, portanto, o universo ABC, criado por ele. Em decorrência disso, Moore resolve literalmente chutar o balde, sendo mais provocativo que nunca. O anti-cristo, por exemplo, é um Harry Potter enlouquecido. À certa altura ele atinge os heróis com um raio saído diretamente de seu... pênis!
Um dos problemas da série é que o clima steampunk, que caracterizava a primeira história aqui se perde completamente, perdendo muito de seu charme. Outro problema: há um intervalo de tempo muito grande na trama, e, no meio dele, um outro álbum, Dossiê Negro. Quem não leu o Dossiê Negro, como eu, fica perdido em muita coisa.
De resto, é uma boa trama, com sequências memoráveis. Destaque para a sequência de alucinação de Nina ou aquela em que o mago troca de corpo pela primeira vez.

domingo, abril 28, 2024

Grandes Heróis Marvel 18: Homem-aranha

 



Frank Miller desenvolveu um traço e um estilo narrativo tão próprios que, para a maioria dos leitores, é difícil identificar suas influências. No entanto, ele deve muito a Steve Ditko. Fica muito fácil perceber isso na história Espiral de ameaças, publicada no Brasil na Grandes Heróis Marvel 18, de dezembro de 1987.
A história, no entanto, é de 1980, ou seja, é anterior à antológica fase de Miller no Demolidor.
O roteiro é de Denny O´Neil, editor do Demolidor e que, segundo Miller, foi quem lhe ensinou muito sobre a narrativa.
Na história, o Doutor Destino contrata um cientista para construir uma máquina que abriria um portal para a dimensão de Dormammu (inimigo do Dr. Estranho). Quando a máquina fica pronta, ele manda o próprio cientista, temendo os perigos da viagem. Lá, o rapaz recebe de Dormammu poderes sobrenaturais como forma de se vingar de Strange. Preso, Strange envia um pedido de ajuda que acaba sendo captado por Peter Parker.
A história une um bom texto com um desenho inspirado, nitidamente influenciado por Steve Ditko (co-criador tanto do Homem-aranha quanto do Dr. Estranho, os dois heróis da história).
Sintonia entre os criadores. 

Mostra também uma sintonia única entre os dois autores. O´Neil escreve as legendas como se fossem trechos de uma obra arcana, o livro de Vishanti, e Miller as coloca no texto com uma diagramação diferenciada, com capitulares e bordas.
A primeira página da história, aliás, é um primor, com um personagem de cada lado, o texto no meio e as bordas formadas por demônios.
A sequência em que o cientista se vê na dimensão de Dormammu é igualmente inspirada: os primeiros quadros sem cenário e o último, de impacto, uma explosão de formas grotescas e psicodélicas no melhor estilo Ditko. Um deleite para os fãs e uma perfeita antecipação do mestre que Miller se tornaria.
Miller mostrava influência de Steve Ditko. 


O volume ainda inclui a história Karma, com roteiro de Chris Claremont, menos inspirada, mas igualmente divertida. Nessa HQ, o Homem-aranha e o Quarteto Fantástico enfrentam uma dupla de órfãos vietnamitas com poder mutante de se apoderar de corpos: um deles é maligno, ou outro benigno, como se fossem reflexo do Yin Yang. Aqui vemos a diagramação inovadora de Miller e sua narrativa revolucionária com forte uso dos contrastes. Mas o texto de Claremont parece estar muito aquém do desenho – além do final abrupto. Além disso, o arte-finalista Bob Wiacek em especial no começo, tenta modificar o desenho de Miller, aproximando-o do traço dos desenhistas do aracnídeo da época, como Jim Money.

Jornada nas Estrelas - Lamento para Adonis

 


Pavel Checkov é um dos personagens mais carismáticos da primeira formação de Jornada nas Estrelas. Sua estréia aconteceu em Lamento para Adonis, segundo episódio da segunda temporada, e desde o primeiro momento ele já se destaca.
Na história, a Enterprise é aprisionada por uma mão de energia. Ao descer para investigar, Kirk descobre que um extraterrestre que diz ser Apolo é o responsável – e tudo leva a crer que a visita de seu povo à Terra fez com que os gregos criassem seus mitos a partir desses viajantes.
Aí entra o jovem russo com cabelo Beatles: no momento em que o extraterrestre diz que é Apolo, este responde que é o Czar da Rússia para, no momento seguinte, se desculpar: “Eu nunca vi um deus antes”.
Lamento por Adonis é o tipo de trama que não funcionaria com um atores que levassem a história sério demais, até por conta dos efeitos especiais toscos da época. Os atores, no entanto, conseguem dar uma leveza à trama que nos faz esquecer o quanto é inverossímil um alienígena usar uma mão para prender a Entreprise apenas para ser idolatrado.

Conan – A ira de Anu

 

A ira de anu, história publicada no volume 10 da revista Conan the barbarian é um exemplo das qualidades de Roy Thomas como grande narrador. Ele estava preparando a adaptação de uma história original de Conan, Inimigos em casa, quando percebeu que o primeiro parágrafo da história já dava uma outra HQ. Nesse parágrafo, Robert E. Howard informa que Conan estava preso e condenado à morte após ter imposto uma vingança a um corrupto sacerdote de Anu, que ordenara a morte de um ladrão amigo do cimério.

Thomas imaginou toda uma situação a partir desse pequeno resumo. Na história, Conan se associa a um ladrão Gunderlandês para roubar diversos tesouros que são entregues para o sacerdote de Anu, que os revende.

Conan enfrenta um homem-touro sobrenatural. 


O templo, um local onde os soldados não podem entrar, é guardado por um homem-touro que pode ser invocado pelo sacerdote.

Quando este trai a dupla e ajuda a armar uma tocaia, Conan decide vingar o colega enforcado em praça pública e acaba enfrentando o homem-touro – e é nesse ponto que temos uma típica história do cimério, com ele enfrentando uma ameaça sobrenatural.

Na sequência, a força do texto de Thomas se destaca: “Eis outro momento capaz de congelar a alma... monstro e bárbaro fitam um ao outro. Em seu quase paralisado corpo, Conan sente o bafo ardente da perdição”.



Outro que se destaca é Barry Smith, que à essa altura se sentia cada vez mais à vontade no título. A sequência do enforcamento do ladrão é um primor narrativo. Smith contorna a censura da época mostrando apenas as pernas do ladrão, mas nos cinco quadros conseguimos perceber claramente o que está acontecendo, além de acompanhar a reação do cimério.

Fundo do baú - Mulher Maravilha

 


A Mulher Maravilha é uma das personagens mais clássicas da DC Comics. Mas, ao contrário de outros colegas, como Batman e Super-homem, ela não teve seriados na era de ouro ou mesmo na era de prata. Na verdade, parecia que nunca teria uma versão televisiva ou cinematográfica.

Na década de 60 executivos fizeram um piloto protagonizado por Ellie Wood que foi um fracasso total. Também, pudera. Era um seriado pastelão, com a atriz fazendo caras e bocas, olhando-se longamente no espelho antes de entrar em ação ou brigando com a mãe, que não a deixava sair de casa.

Em 1974 tentaram outro piloto protagonizado por Cathy Lee Crosby que foi outro fracasso. Tanto visualmente quanto em termos de história essa versão fugia muito do que os fãs de quadrinhos conheciam.

A versão protagonizada por Cathy Lee Crosby era muito diferente dos quadrinhos


Mas em 1975 os executivos finalmente acertaram a mão e lançaram a versão protagonizada por Lynda Carter. Essa nova versão era bem mais fiel aos quadrinhos. No episódio piloto, o capitão Steve Trevor cai na ilha paraíso e assim as mulheres que lá viviam descobrem que o mundo está ameaçado pelos nazistas (os novos representantes do patriarcado que havia feito com que as amazonas fugissem para a ilha).

A rainha decide que irá enviar uma campeã para combater esse mau. E quem acaba sendo escolhida é sua própria filha, Diana. Chegando aos EUA a heroína, após deixar Trevor num hospital, entra quase que imediatamente em ação lutando contra sabotadores e espiões. Ou seja: tudo muito parecido com as histórias clássicas da personagem, escritas por Charles Moulton.

A atriz Lynda Carter conquistou os fãs com seu carisma. 


A série foi exibida com sucesso pela ABC e depois passou para a CBS, que atualizou as aventuras para os dias atuais.

Uma das curiosidades dessa versão era o rodopio da protagonista, o que fazia com que Diana Prince se transforme na Mulher Maravilha. Inicialmente era apenas um rodopio, mas por sugestão de Lynda Carter foram acrescentados efeitos luminosos e estrondos. O efeito causava verdadeira sensação entre os fãs e é até hoje lembrado, assim como Lynda Carter, considerada durante muito tempo como a única Mulher Maravilha – até o surgimento dos filmes protagonizados por Gal Gadot, igualmente carismática. 

Mundo sem fim

 


Mundo sem fim é a continuação de Os pilares da terra, clássico da literatura histórica de autoria de Ken Follett. Da mesma forma que Os pilares da terra, Mundo sem fim se passa na Idade Média, na imaginária cidade de Kingsbridge, mas pouco mais de um século depois.
Follett é aquilo que no cinema chamam de artesão competente: não é genial e nem de longe de propõe a fazer alta literatura, mas tem uma incrível capacidade de engendrar tramas bem elaboradas, construir bons personagens e produzir livros em que tudo se encaixa com perfeição, com um quebra-cabeça.
Se Os pilares da terra já mostravam todas essas características, elas ficam ainda mais destacadas em Mundo sem fim. A isso acrescenta-se uma mais elaborada pesquisa histórica e um pano de fundo que por si só chama a atenção do leitor: a nova história se passar no período da guerra dos 100 anos entre França e Inglaterra e da peste negra (ou peste bubônica).
Follett conta em detalhes vivos o efeito da devastação da guerra e evolui para a mortandade absoluta da peste, que dizimou quase metade da população de algumas cidades. Ninguém sabia o que provocava a doença.
A peste negra colocou em cheque o conhecimento médico da época, baseado na ideia dos humores, e criou uma cisão entre conservadores e progressistas (os que acreditavam que a melhor forma de entender as doenças era observar os doentes e, assim, tentar identificar formas de evitar que doenças se espalhassem). Mundo sem fim mostra esse conflito, exemplificado entre uma das personagens, uma freira, que usa máscara para atender os pacientes e lavava as mãos com vinagre, e os médicos tradicionais que consideravam isso besteira (e morriam como moscas). Curiosidade: Hoje sabe-se que o vinagre na verdade afastava as pulgas, que eram provavelmente os vetores da doença.
Aliás, todo o livro, assim como o anterior, parece se equilibrar na relação conservadores x progressistas ou teóricos x práticos. Tanto em Os pilares da terra quanto em Mundo sem fim, o foco é a catedral e os homens visionários que estiveram por trás dela, homens muito além de seu tempo.

O melhor lugar do mundo


A narração inicial do filme O melhor lugar do mundo, feita pelo protagonista, descreve a Ilha de Santa Maria como um paraíso, um local em que todos vivem felizes com o resultado de sua pesca.

Tudo muda, entanto, quando uma fábrica de peixes se instala em uma cidade próxima. A fábrica tira todo o mercado dos pescadores, fazendo com que a ilha entre em decadência e vá perdendo moradores, alguns para cidades do México, outros para os EUA.

O protagonista é German, interpretado por Guillermo Villegas, que, quando vê sua esposa indo embora, decide fazer algo. Existe a possibildade de uma empresa beneficiadora de pescados se instalar na ilha, mas para isso exigem um médico.

Quando um médico é obrigado pelo hospital a passar um mês na ilha, eles fazem de tudo para que ele decida se instalar definitivamente ali.

As estratégias adotadas pelos habitantes locais geram muitos momentos de humor, como quando eles fingem gostar de futebol americano quando descobrem que o médico é fanático pelo esporte.

No final, além do tom de humor, uma lição: na maioria das vezes a felicidade está em coisas simples.

A direção de Celso García deixa o filme leve e divertido desde a primeira tomada. Colabora para isso o ótimo uso da trilha sonora e as atuações inspiradas.

O melhor lugar do mundo é um daqueles tesouros escondidos da Netflix que certamente agradará quem gosta de comédias leves.  


sábado, abril 27, 2024

Quarteto fantástico e o Olho maligno

 

Boa parte do segredo do sucesso do Quarteto Fantástico na fase Stan Lee-Jack Kirby era um ritmo frenético, com várias coisas acontecendo ao mesmo tempo e mais de uma narrativa prendendo a atenção do leitor.

É o que vemos, por exemplo, em Fantastic Four 54.

A história começa com os heróis ainda no reino de Wakanda num torneio de beisebol protagonizado por eles mesmos, depois numa noite de gala com um dos maiores pianistas do mundo – numa sala do trono impressionante que só Jack Kirby conseguia fazer, repleta de detalhes.

Jack Kirby e suas splash pages repletas de detalhes. 

Mas os heróis estão de partida e cada um recebe um presente. Sue recebe vestidos, Reed uma vara de pescar sônica (o que quer que isso seja), Bem ganha um exercitador e Wyatt Wingfoot ganha um livro sobre recordes mundiais. Mas o Tocha Humana está triste e nenhum presente é capaz de alegrá-lo. A razão é a saudade de sua querida Cristalys, que tinha ficado presa junto com os outros Inumanos numa barreira criada por Maximus, o irmão louco de Raio Negro (e, enquanto acompanhamos o Quarteto, acompanhamos também os inumanos tentando se libertar da barreira).

Para ir atrás de sua amada, o Tocha ganha um girocruzador. Aí vai a imaginação prodigiosa de Stan Lee para criar máquinas estranhas e explicações absurdas. O girocruzador, por exemplo, funciona através de um “elemento de tensão magnética energizada por fricção”, o que quer que isso seja.

No meio do caminho até onde os Inumanos estão presos, Tocha e seu amigo Wyatt se deparam com ninguém mesnos que um cavaleiro medieval adormecido. Quando acorda ele se revela como dententor do olho do mal, uma arma praticamente invencível.

O flash back conta uma história alternativa. 

E vemos uma daquelas sequencias de flash back memoráveis, em que a história do mundo é recontada numa espécie de história alternativa, em que os tapetes mágicos da pérsia eram, por exemplo, balões. Então, na mesma história de 20 páginas temos a trama de Wakanda, a trama dos Inumanos e a trama do Olho do mal e no meio disso, muita ação e cenas de tirar o fôlego. Nas mãos dos roteiristas atuais, isso ia se estender por pelo menos 20 edições.

Nessa época, Stan Lee ainda carregava muito de textos os balões, mas com o tempo isso seria mais equilibrado.

Panteão de Paris

 


O Panteão era originalmente uma igreja dedicada a Santa Genoveva. Quando eclodiu a Revolução Francesa, o prédio foi transformado em um ponto histórico, onde são enterrados os grandes nomes franceses. Voltaire e Rousseau estão enterrados lá, um de frente para o outro. Ali também está o túmulo do famoso escritor Victor Hugo.
A arquitetura neo-clássica, por si só já é digna de nota, mas o local tem muitos outros atrativos. O edifício é no formato de uma cruz grega e tem várias pinturas e estátuas, inclusive dois conjuntos frente a frente: um em homenagem a Rousseau, outro em homenagem a Voltaire.
Revolucionários saúdam a deusa da razão (Danton é o último da esquerda) 

Homenagem a Voltaire
A nave principal é curiosa: o altar foi substituído por um monumento em homenagem à revolução francesa (é possível ver, entre as estátuas, Danton, saudando Marianne, a deusa da razão e da liberdade). 
Pêndulo de Foucault

Um pouco antes temos o Pêndulo de Foucault, a experiência realizada por Jean Bernard Léon Foucault para demonstrar a rotação da terra.
O panteão é uma verdadeira viagem pela história e ciência francesas.
Túmulo de Voltaire
Túmulo de Rousseau.

Karatê Kid 2

 

O primeiro Karatê Kid parecia um filme tão redondo, tão bem fechado com Daniel Larusso ganhando o campeonato, que uma continuação parecia não fazer sentido.

 Mas a continuação não só aconteceu, como foi lançada apenas dois anos depois - e não fez feio.

Em karatê Kid 2, o senhor Miyagi precisa voltar ao Okinawa, pois seu pai está morrendo. Daniel o acompanha. Mas há um conflito esperando por eles. Sato, o melhor amigo de Miyagi, jurou matá-lo. Miyagi estava apaixonado por uma garota, Yukie, mas esta estava prometida para Sato. Para evitar uma luta com seu melhor amigo, Miyagi fogiu para os EUA em consonância com sua filosofia pacifista. Mas Sato quer a todo custo forçar uma luta até a morte entre os dois como forma de lavar a sua honra. Enquanto essa trama se desenvolve, Daniel se apaixona por Kumiko, sobrinha de Yukie, e acaba se tornando desafeto do sobrinho de Sato.

O interessante do filme é o fato dele aprofundar a história e a personalidade do senhor Miyagi, assim como as origens de seu estilo de luta. Também merece destaque a personalidade do professor, que só recorre à violência como último recurso.

A trama paralela, com os adolescentes refletindo praticamente a mesma história dos mais velhos, conquistou o público, apesar de alguns pontos do roteiro terem ficado sem explicação: por exemplo, por que o senhor Miyagi finalmente não ficou com Yukie?

Talvez o aspecto mais negativo do filme tenha sido seu nome em português. “A hora da verdade continua” é, provavelmente o subtítulo mais preguiçoso de todos os tempos.

Dicas de criatividade

 


 


Para ser uma pessoa criativa, você precisará viver  de forma criativa.. Uma pessoa avessa a novas idéias, novos conceitos, jamais terá uma idéia criativa.

Além disso, é necessário ver as coisas com olhos de criança, ou de filósofo: como se cada coisa fosse diferente a cada dia.

Dessa percepção podem surgir ótimas idéias. Quer um exemplo? Todo mundo que olhava
para garrafas plásticas de refrigerante via apenas uma garrafa. Mas, de repente alguém olhou para uma garrafa e viu uma flor. Outra olhou e viu um coelho de páscoa.

Hoje é comum usar garrafas de refrigerante usadas para fazer enfeites, mas isso não teria acontecido se uma primeira pessoa não tivesse olhado de maneira diferente para uma garrafa.

Para ser criativo também é importante reservar um tempo livre. Pessoas muito atarefadas dificilmente conseguem ser criativas. É o que Domenico de Masi chama de ócio criativo. Brincar com os filhos, ouvir uma música, ler tranquilamente um livro... são atividades que despertam a criatividade.  Às vezes temos ótimas idéias até quando estamos tomando banho.

O governo norte-americano pagava Von Newman, um dos criadores da cibernética, por cada idéia que ele tivesse enquanto estivesse se barbeando...

Outra maneira de ser criativo é fazer conexões. Pessoas criativas fazem conexões inesperadas. Os exemplos são muitos. Os inventores do radar, por exemplo, basearam-se no radar do morcego. Da constatação de que o morcego usa o radar para se movimentar sem bater em obstáculos, alguém teve a idéia:e se usássemos esse mesmo princípio para aviões?

Nós já sabemos que criatividade é a capacidade de resolver problemas. Imagine, então, que você tem um problema. Imagine, por exemplo, que você é um publicitário  encarregado de fazer uma
propaganda de uma panificadora Y.

Comece associando a idéia de panificadora com outras idéias, inclusive as mais absurdas.

Um exemplo absurdo: panificadora e vacas.

Aparentemente padarias e vacas não têm qualquer relação. Pense, então, na expressão e se... . E se uma manada de vacas entrasse na padaria à procura de pães?
- Mas vacas não comem pão!
- Para ver como são gostosos os pães da panificadora Y!

Claro que qualquer coisa criada com esse método deve passar, depois, pela fase da avaliação. Mas na fase inicial não descarte nenhuma idéia, mesmo uma absurda como a exposta acima.

Uma das propagandas mais famosas do Brasil foi claramente criada com esse método. Todo mundo conhece a propaganda da Bombril, com seu simpático garoto-propaganda.

Os anúncios da Bombril sempre faziam conexões inesperadas. 


O primeira dessa série de anúncios aconteceu numa época de eleições. O publicitário relacionou propaganda política com propaganda da Bombril.Ele se perguntou: E se eu fizesse uma propaganda mostrando o Bombril como um político?

O resultado foi uma peça publicitária que mostrava um homem em um palanque, dizendo: "Amiga eleitora, chegou a hora de escolher quem sempre foi eleito pela maioria... quem sempre colocou tudo em pratos limpos, talheres limpos, panelas limpas... chegou a hora de escolher quem tem
um passado brilhante. Chegou a hora de eleger mais uma vez Bombril".

O anúncio fez tanto sucesso que a fórmula foi usada por décadas.

Um outro exemplo.

Agora uma propaganda sobre óleo para motor. Relacione com algo que aparentemente não tem nada a ver com carros. Um tigre, por exemplo. O que um tigre tem de semelhante a um carro? A velocidade. O anúncio poderia mostrar um tigre correndo ao lado do carro e o texto: "Ponha um tigre no seu motor. Use óleo X..."

Certa vez desafiei meus alunos a fazerem uma propaganda relacionando postes com salsichas Sadia.

Um dos grupos teve uma idéia muito criativa: um homem estava preso por longo período em um local no qual não se servia salsichas. Ao ser liberto, a primeira coisa que ele vê é um poste e a fome faz com que ele tenha uma alucinação em que o poste se transforma em uma enorme salsicha, que abocanha com grande fome.